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Este colunista esteve ausente nas últimas semanas, quatro para ser mais exato. Um mês. Quanta coisa aconteceu em um mês, não? Destacam-se: os títulos da Libertadores e do Brasileiro pelo Flamengo, os avanços dentro do Congresso Nacional sobre a regulamentação do clube-empresa, o sucesso do Red Bull Bragantino e o insucesso do Cruzeiro Esporte Clube.
Em todos os casos, o que há de comum entre eles é a quebra de paradigmas, exceto o último. O rompimento com o passado, com o lugar comum e com a mesmice. No caso cruzeirense é um retorno ao passado. Aliás, não consigo associar o Cruzeiro à má gestão. Outrora lembrado pela solidez, constância, filosofia de trabalho e credibilidade, o clube belorizontino passou o ano de 2019 – às vésperas do seu centenário – mergulhado em denúncias e escândalos, e não há dúvidas de que elas, em parte, contribuíram para deixar o clube à beira do descenso para o campeonato brasileiro de 2020 (este texto está sendo escrito em um sábado, 7 de Dezembro).

O “Ninho do Urubu”, centro de treinamento do Clube de Regatas do Flamengo. (Foto: Divulgação/Reprodução)

 

Flamengo e Red Bull Bragantino são os principais protagonistas do exemplo de que a seriedade, transparência e comunicação na gestão do esporte conduzem aos resultados esperados. O clube carioca tem particularidades que o paulista não tem, e vice-versa. Ao mesmo tempo ambos deixam de maneira escancarada o esquecimento com as velhas práticas do passado e o compromisso com um método de trabalho inserido dentro de um planejamento estratégico, quer seja dentro ou fora de campo.

No âmbito político, o processo de regulamentação do clube-empresa avança e já é marco bastante importante, uma vez que o potencial que o futebol possui para gerar emprego, renda e riqueza no Brasil ainda está muito aquém. Um ambiente regulamentado sugere mais segurança e será capaz de atrair investimento estrangeiro, assim como é o Paris na França, com capital do Qatar; o Manchester City na Inglaterra, com recursos de Abu Dhabi, e vários exemplos mundo afora, inclusive no Uruguai.

O efeito mais positivo que tudo isso tem para o futebol do Brasil e, consequentemente, para o esporte do país é o que popularmente conhecemos como “subir a barra”. Os eventos/fatos que aconteceram no espaço de um mês, mencionados no primeiro parágrafo tornaram-se exemplo e referência do que deve ser (ou não) feito.

Uma má gestão, com gastos irresponsáveis, sem transparência ou comunicação pode trazer títulos rapidamente, alegria e felicidade – que acabam por ser efêmeras. Entretanto, ela conduz o clube para uma espiral viciosa e a bancarrota torna-se caminho natural. Boas práticas de gestão do esporte podem em um primeiro momento não trazer títulos, entretanto acabam por ser a base para triunfos muito maiores. Não há dúvidas de que o torcedor do Flamengo orgulha-se dos títulos recentes, mais ainda pela grandeza, solidez e exemplo que o clube é atualmente.

O Red Bull Bragantino, que recentemente conseguiu acesso à Série A do Campeonato Brasileiro. (Foto: Divulgação/Reprodução)

 
Dá-se um passo à frente para dar mais cinco mais adiante.
Com tudo isso, passo a passo e cada passo por vez enxergam-se mudanças em como o futebol tem sido trabalhado no Brasil. Esta coluna sempre reforça a questão do profissionalismo e uma melhor gestão a fim de otimizar o potencial que o esporte tem em gerar empregos, renda e riqueza. O cenário hoje é muito, mas muito melhor do que há cinco anos e, para esta coluna, surpreendentemente melhor do que se imaginava. Que continue assim.

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Em tempo mais uma citação que se relaciona com o tema da coluna:

A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”

Eduardo Galeano, escritor uruguaio (1940-2015)

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