Hora do troco

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Na última semana, o técnico Dunga convocou a seleção brasileira para dois jogos amistosos no final de março. No meio da tarde de quinta-feira, as emissoras de TV a cabo exibiram, ao vivo, a entrevista coletiva do treinador para anunciar os nomes e justificá-los.
 
Na TV, uma imagem que talvez apenas a esposa de Dunga esteja acostumada a ver: um close no treinador, de maneira tão absurda, que mal dava para ver o seu cabelo. Antes, só na intimidade do lar seria possível ficar tão próximo de uma pessoa. Hoje, a cobertura do esporte na televisão brasileira faz com que literalmente entremos nos olhos de nosso entrevistado.
 
O close exagerado em Dunga tinha um objetivo claro. No que restava de fundo da imagem, era possível ver apenas um borrão verde. Não dava para distinguir as marcas do Guaraná Antarctica, da Nike e da Vivo, patrocinadores da CBF e principais mantenedores de um dos maiores produtos comerciais do futebol tupiniquim.
 
Já virou regra para os esportistas brasileiros terem suas caras deflagradas e seus patrocinadores encobertos quando é preciso dar uma entrevista para a televisão. Em nome da “imparcialidade” jornalística, muitas vezes a TV desinforma o telespectador, enquanto deforma a cara do seu entrevistado. A exceção sempre é na corrida de São Silvestre, quando as marcas que estão no pódio também são parceiras das emissoras que exibem a corrida.
 
Nas transmissões internacionais, geralmente podemos ver os entrevistados mais “limpos” no ar, com um panorama de fundo. Mas isso só acontece porque as imagens são geradas pelos organizadores do evento.
 
Até hoje, talvez o único caso que isso não aconteça é com o iatista Roebrt Scheidt. Maior vencedor da categoria e maior bandeira de um dos esportes mais vitoriosos do país, Scheidt se deu ao luxo de enfrentar as televisões. Como seu sucesso independe da aparição na TV, o iatista deu um ultimato aos câmeras.
 
Recentemente, Scheidt afirmou que só daria entrevista se não fosse feito um retalho de sua cara para esconder a marca dos patrocinadores. E ainda foi além. Se sua exigência não fosse cumprida, ele nunca mais daria entrevista para a televisão. O iatista só começou a gravar a entrevista depois que conferiu o panorama dado a ele e ao backdrop com a marca dos seus patrocinadores.
 
Obviamente nenhum câmera irá correr o risco de não ter a imagem e a entrevista para colocar no ar. Como ele justificaria isso para o editor? Scheidt sabe da importância que tem no meio esportivo e decidiu bater o pé. Foi a hora do troco na “isenção” jornalística. Foi a hora de mostrar quem é mais importante. E não apenas por que ele é oito vezes campeão mundial…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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