Escada para o fracasso

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Reconhecido, com méritos, como o clube mais profissional do Brasil, o São Paulo começa a dar mostras de que o sucesso subiu à cabeça. Tal qual um jogador que, após seguidas críticas elogiosas da imprensa resolve achar que está acima do bem e do mal, o Tricolor paulista começa a agir como se, de fato, estivesse num estágio superior a todos os outros clubes.
 
E isso é perceptível no comportamento de seus dirigentes nas declarações para a imprensa. Desde as repatriações de Adriano e Carlos Alberto, em que o clube fez questão de se posicionar como o “salvador de craques adormecidos”, até o último sábado, quando o presidente Juvenal Juvêncio mais do que pisou na bola em entrevista antes do jogo contra a Portuguesa.
 
Juvêncio afirmou que o rival não poderia nunca ser considerado um time grande, já que não tinha grande torcida. Para ele, a Lusa era “um time pequeno”.
 
Juvenal, pegou mal.
 
A Lusa não só ganhou por 2 a 0 como jogou para arrasar o Tricolor. Não tem um time tão bom quanto o do rival, sem dúvida, mas teve o ingrediente que sempre tempera qualquer confronto: a vontade do cala-boca.
 
Para piorar a situação de Juvêncio, sua declaração colocou a própria torcida são-paulina contra o dirigente. Para começar, não existe mais tanta rivalidade contra a Portuguesa quanto no passado. Além disso, o dirigente deu a declaração exatamente num momento tenso do clube, que ainda não se acertou nos campeonatos que disputa, apesar de só ter perdido dois jogos nesta temporada.
 
Não existe clube que saiba tão bem usar a imprensa para comunicar seus feitos como o São Paulo. Mas nos últimos tempos seus dirigentes têm exagerado na certeza de que são melhores do que os outros.
 
Ninguém está livre do erro. Ainda mais quem costuma estar por muito tempo no topo sofre com a pressão dos outros sobre eles. É o caso de Barak Obama nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Tudo corria bem, até ele começar a ganhar muito. Os jornalistas começaram a vasculhar todo seu passado em busca de alguma falha que possa ser explorada.
 
O sucesso muitas vezes causa inveja. Quando as pessoas começam a falar mais do que devem, é sinal de que o sucesso subiu à cabeça. E que o tombo está próximo.
 
O segredo tricolor é trabalhar incessantemente em busca de um objetivo. Este ano, parece que seus dirigentes já estão certos de que o objetivo será alcançado pela superioridade do clube. E é aí que está metade do caminho percorrido para o fracasso.
 

Para interagir com o autor: erich@cidadedofutebol.com.br

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