A função da imprensa

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Pelé disse que não falou aquilo. Robinho disse que tudo bem. E a imprensa no mundo todo noticiou a “reconciliação” entre o Rei do Futebol e seu súdito mais notório, pelo menos dentro da Vila Belmiro.

Na semana passada, uma troca de farpas entre Pelé e Robinho ocupou boa parte do noticiário em todo o mundo. Tudo porque, numa palestra, o ex-camisa 10 do Santos deu a entender que Robinho teria feito uso de drogas e, com isso, manchado a sua imagem.

O ex-número 7 do mesmo Santos ameaçou processar Pelé num texto publicado em seu site oficial. Depois da repercussão do episódio, que forçou o Rei a cancelar um evento (com a devida cobertura da imprensa) que teria com o presidente mundial da Puma, o recuo veio na mais manjada das desculpas:

Não foi bem aquilo que eu disse. A imprensa deturpou o que eu falei”…

Menos, Pelé, menos. Não só porque o seu passado de frases antológicas o condena, mas porque você, mais do que ninguém, tem de saber muito bem qual a função da imprensa no cotidiano de um esportista, ainda mais alguém tão famoso quanto Pelé.

Qualquer evento que tenha Pelé terá a presença de pelo menos um representante da mídia. E qualquer frase que ele disser será estampada nos jornais, sites, revistas, canais de TV, emissoras de rádio, sinais de fumaça ou qualquer outro meio de comunicação existente.

Porque Pelé é notícia. Em qualquer circunstância. Por isso mesmo ele deve ter dito o que disseram que ele disse na semana passada. E depois quis jogar a culpa na imprensa “sensacionalista”, que busca sempre “vender jornal”.

Ora, a essência do ser humano é sempre retratar aquilo que foge do comum quando encontra um conhecido. No caso de vermos um acidente na rua, logo saímos contando, nos mínimos detalhes, aquele fato que nos tirou do cotidiano.

A imprensa é o termômetro disso. É a fuga do cotidiano repetitivo das pessoas. E, para alguém como Pelé, ou mesmo Robinho, qualquer deslize pode ser “fatal”.

Não cola mais dizer que a imprensa deturpou uma frase, colocou-a fora do contexto ou qualquer coisa do gênero. Não porque de uma hora para outra a mídia se tornou o exemplo mais bem acabado de racionalidade e correção. Muito pelo contrário. Porque Pelé já sabe há 50 anos o que é ser o alvo da mídia durante 150% do seu tempo.

O esporte tem de saber começar a usar a imprensa a seu favor, em vez de criticá-la depois de uma frase fora do eixo ou de um comportamento infeliz. Se não for a mídia dando atenção para um atleta ou uma modalidade, muitas vezes o ostracismo chega para engoli-los. 

Com um pouco de preparo e muita atenção nos atos e frases, Pelé não correria nunca o problema de ter de desmentir algo que fez. Pelo contrário, sempre seria visto como uma pessoa infalível, ganhando ainda mais poder de barganha em diversas coisas que faz.

Robinho poderia, por exemplo, aprender com atos bonitos do maior ídolo do futebol mundial. E não sair facilmente transferindo a culpa para a “imprensa”, como se não fosse também dela uma parte da responsabilidade do grande sucesso que essas duas figuras tiveram.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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