Vitrine ou vidraça?

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O Brasil deu ontem seu primeiro passo concreto para abrigar a Copa do Mundo em 2014. Após 19 meses de muito lobby político e quase nenhuma ação prática, o país definiu as 12 sedes do Mundial que será disputado daqui a cinco anos.

Propalada como uma “escolha técnica”, a definição das sedes foi pautada pela política. No final, surpreenderam as vitórias de Natal e Cuiabá, regiões com pouca tradição no futebol nacional e com diversas dúvidas sobre aproveitamento futuro da infraestrutura que uma Copa do Mundo obriga um país a ter. Da mesma forma, Manaus tem sua escolha muito contestada, mas o potencial turístico da região amazônica justifica a decisão “técnica”.

Abrigar uma Copa do Mundo é uma oportunidade única para o desenvolvimento de uma nação. Não apenas no futebol, mas em diversos outros setores do país. Só que é preciso ter o mínimo de dedicação e de planejamento para que o retorno seja obtido.

Já se passou um ano e sete meses do anúncio de que o Brasil abrigaria a Copa para que tivéssemos as definições das sedes. A Fifa, que no passado havia afirmado ser inviável uma edição de Mundial com mais de dez sedes, abriu uma exceção para o país e permitiu que fossem 12 cidades escolhidas. E, durante 19 meses, o que se viu foi um intenso jogo político para definir as vencedoras.

Outro ponto ainda em aberto é a definição do Comitê Organizador da Copa. Até agora não foi indicado quem será o diretor executivo do órgão, que é o meio-campo entre a Fifa e o país-sede, é quem teoricamente desburocratiza todo o processo dentro e fora do Brasil.

Tudo isso faz com que a oportunidade única de o país abrigar uma Copa, de ser uma vitrine para o mundo, seja colocada em xeque. O torneio fará com que o planeta volte seus olhos para cá pelos próximo cinco anos. Investimentos serão feitos, países estarão dispostos a mostrar seus serviços para o Brasil, que pode alavancar sua economia e revelar o grande país que tem potencial para ser.

Muito dinheiro será gasto na construção e melhoria de infraestrutura, e mais um punhado para erguer ou melhorar os estádios que farão parte da competição. Do jeito que a coisa está, porém, o Brasil pagará por mais de 30 anos a conta pelo sonho de ter feito uma Copa do Mundo. 

Sem o planejamento, a iniciativa privada está longe de fazer parte da história desse Mundial.

E a vitrine vai se tornando, a cada dia que passa, uma vidraça. E a pedra vem vindo em direção a ela com cada vez mais força. Daqui a cinco anos, estoura…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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