Como correr menos, com um jogador a menos: lições do português

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

A Uefa Champions League 09/10 foi bem diferente das últimas, nas quais as equipes inglesas mostraram suas forças em todas as fases da competição.

Foram muitas novidades ao longo da jornada, com confrontos interessantes de equipes de diferentes países, e especialmente nas semifinais da competição, com times da França (com um treinador francês), Alemanha (com um treinador holandês), Itália (com um treinador português) e da Espanha (com um treinador espanhol).

Um dos jogos mais esperados e interessantes foi o confronto entre Barcelona e Internazionale de Milão, justamente na fase semifinal da competição. As equipes que já haviam se enfrentado na etapa de grupos; voltaram, no momento decisivo, a se encontrar, alimentando o imaginário de torcedores e imprensa, e promovendo mais uma vez o debate sobre como parar equipe espanhola.

Pois bem. No 1º jogo, em Milão, vitória da equipe italiana por 3 a 1. Com pressing alto, ataque a bola com muita intensidade no campo todo, e transições em altíssima velocidade, a Internazionale “amarrou” o Barcelona em uma armadilha bem desenhada.

O resultado, porém, não deixou apreensivo nem mesmo o mais descrente jornalista catalão, pois as duas equipes ainda teriam de jogar a 2ª partida em Barcelona, onde a equipe da Espanha “atropelaria” o time de José Mourinho.

Pois bem.

No 2º confronto, jogo até certo ponto equilibrado até os 28min do 1º tempo, quando Thiago Motta, da equipe italiana, foi expulso.

A partir daí… Bom, a partir daí, a Inter abriu mão totalmente de ficar com a posse da bola, de buscar o campo de ataque e fez o que parecia impossível. Mais uma vez “amarrou” a equipe do Barcelona, que apesar do grande volume de jogo, deu pouquíssimo trabalho ao goleiro Júlio César.

Algumas coisas interessantes podem ser destacadas nesse jogo.

Fazer frente ao Barcelona, em um jogo 11 contra 11, já não é tarefa muito fácil. Com um jogador a menos, alguns problemas habituais podem se tornar grandes problemas. Podemos destacar, por exemplo:

a) A equipe do Barcelona tem como característica predominante a manutenção e valorização da posse da bola, com jogo de ataque apoiado. Com um jogador a menos, como pressionar a bola, e como roubá-la?

b) Com um jogador a menos, maiores as dificuldades para se construir um jogo ofensivo rápido, ocupando espaços adequados para progredir ao campo adversário e terminar a jogada com finalização. Como conseguir atacar, liberando um número menor de jogadores para participar efetivamente da fase ofensiva da equipe?

c) A equipe do Barcelona, em dificuldades, investiria na velocidade das transições ofensivas; fase do jogo em que a equipe italiana teria maior vulnerabilidade e desequilíbrios. Como não correr riscos, com um jogador a menos, nas transições ataque –> defesa?

d) Com um jogador a menos desde os 28min do 1º tempo, como resistir “fisicamente” ao jogo nos mais de 60 minutos próximos?

Pois bem. A equipe italiana conseguiu resolver a maioria dos problemas que poderiam se tornar grandes com a perda de um jogador.

Como tinha conquistado uma vantagem no jogo na Itália, pôde abrir mão de resolver aquele que talvez fosse o maior de seus problemas, e que certamente dificultaria na administração dos outros: não precisava atacar.

Como não precisava atacar, logo, também não precisava se preocupar em ficar com a bola, nem tampouco progredir com ela e com a equipe para o campo de ataque.

O que fez, então, a equipe italiana?

Jogou dando uma aula de compactação, com um bloco defensivo bem baixo (na linha 5), flutuando de um lado ao outro no campo de jogo, exercendo pressão sobre a bola e abrindo mão, totalmente, de ficar com sua posse.

Para se ter uma ideia, a equipe do Barcelona, segundo a Uefa, realizou 627 passes (com 89% de aproveitamento), contra 160 passes (com 42% de aproveitamento) da equipe de Milão.

Abaixo, outros dados do jogo (retirado do site da entidade).


 

Apesar do grande volume de jogo, quase nenhum ataque espanhol configurou-se como perigo efetivo ao gol da Inter.

Outro fato que merece destaque é que mesmo com um jogador a menos, a equipe de José Mourinho, com sua ocupação zonal do espaço de jogo, conseguiu que seus jogadores percorressem, em média, distância similar a percorrida pelos jogadores do Barcelona. Foram 10,18 km da equipe espanhola contra 10,02 km da equipe italiana.

Ou seja, o problema de resistir por mais de 60 minutos ao jogo foi resolvido também com maestria.

Muitos disseram e continuarão dizendo que o que fez a Inter de Milão foi algo muito diferente de futebol; algo muito feio, lamentável.

O que eu acho?

“Que é por dentro das coisas que as coisas são como são”.

Por hoje é isso…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso