O jogo proibido

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Uma rede importante de televisão aberta, em seu telejornal de horário nobre, iniciou nesta segunda-feira uma série de reportagens que mostra o “outro lado do futebol”, intitulado “O JOGO PROIBIDO”. Nele relata os escândalos e envolvimento de atletas da modalidade com os submundos, promiscuidades e tudo mais de ruim que pode se julgar socialmente e politicamente incorreto.

Abrindo um parêntese, devo dizer que esta é uma questão super relevante de debate e o fiz em algumas oportunidades, inclusive em textos e colunas aqui neste portal, que se refere à responsabilidade dos clubes na educação de jovens jogadores para os tornarem melhores cidadãos, ou seja, referência para aquelas pessoas que os idolatram e tem os atletas como modelo de conduta a seguir.

Mas desta feita vou inverter um pouco os papéis e pensar que o futebol como um todo é uma enorme corporação (o que na verdade é…). Vamos falar então em “Futebol S.A.”, formado pelas entidades de administração e prática desta modalidade. Se a “Futebol S.A.” fosse unida de fato, operando em um mercado de acordo com sua missão, visão e valores, deveria, perante informações que denigrem sua imagem corporativa, exercer uma força contrária para reverter aquilo que a opinião pública traduz sobre suas atitudes.

Longe de querer defender a atitude repugnante de algumas estrelas de nosso futebol. Reforço: bem longe disso, até porque concordo que algumas barbáries cometidas não fazem parte daquilo que defendemos como socialmente responsável e correto por cidadãos. Apenas fico impressionado como a opinião pública trata, em inúmeras situações, o futebol à margem da sociedade.

Pegam depoimentos de “mulheres da vida”, como é o caso da reportagem ora comentada, que relatam histórias espetaculosas havidas com jogadores e envolvimento com drogas como uma verdade fim. Maquiam reportagens como se isso acontecesse apenas no ambiente dos jogadores de futebol e que a culpa toda está centrada única e exclusivamente nos clubes, por formarem incorretamente seus craques.

Acredito que haja sim um distanciamento dos clubes daquilo que chamamos de educação esportiva para a tal educação social, sendo que eles têm sua parcela de culpa. Também não estou aqui para dizer se o que a série de reportagens mostra é verdade ou não, mas sim para, se é fato tudo o que ocorre no meio do futebol, é fácil imaginar que isso acontece em todos os graus da nossa sociedade.

Não sejamos hipócritas em afirmar (e acreditar) que é porque os atletas são provenientes de classes econômicas inferiores e depois percebem elevados vencimentos, não tendo limites sobre suas ações posteriormente junto à sociedade como um todo. Jogadores de futebol não são aberrações da natureza, tal e qual muitas vezes a mídia os trata.

A necessidade de educação, sociabilização e respeito ao próximo de crianças e adolescentes é um problema sério em todos os setores de nosso país, não só no futebol. É um problema de Estado. Na forma em que é conduzida a informação para o público, o senso comum vai traduzir que nenhum jogador de futebol tem valor social e que, em consequência disso, não vale a pena mais “perder tempo” (e dinheiro) com ele(s), comprando ingressos para ver seres irresponsáveis que saem do jogo e vão para prostíbulos ou “encher a cara”.

Esse tipo de mensagem é péssima para a indústria do esporte e do futebol em particular, podendo ter efeitos nocivos no médio-longo prazo para os negócios, a comercialização da imagem dos jogadores, a venda de direitos de transmissão, a constituição de produtos licenciados etc., devendo ser combatida, em ações preventivas e também contrárias pela “Futebol S.A.”.

Ou a organização se une para transmitir mensagens mais positivas em relação àquilo que ela realiza e defende, protegendo sua imagem corporativa ou então as informações negativas, pouco a pouco, vão minar a intenção de investimentos públicos e privados. 

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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