Qual é a hora de parar?

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Saudações a todos! Nesta sexta-feira aproveitarei um assunto que foi o grande destaque da semana para trazer uma reflexão a vocês. Ronaldo Luís Nazário de Lima, o maior artilheiro de todas as Copas, de talento ímpar e indiscutível, e ainda com 34 anos, parou. O “Fenômeno” parou?

Muitos acham que mesmo acima do peso, mesmo sem o arranque que foi sempre sua marca registrada, ele ainda poderia jogar por mais dois ou três anos e seria sempre destaque. Outros acham que ele deveria ter parado há um ano, após jogar a primeira temporada no Corinthians e assim encerrar a carreira com o destaque de ter sido campeão da Copa do Brasil, com a taça na mão. Isto sem falar que assim teria evitado o Tolima… Ah, quanta dor de cabeça esse Tolima me deu! Mas é melhor pularmos essa parte.

Mas existe uma regra para saber a hora de parar? Sim, existe e contarei no fim desta coluna. Antes, quero trazer para vocês algumas informações do mundo coorporativo.

Há alguns anos existia nesse ambiente um ranço, posso até chamar de uma regra, que pessoas com mais de 40 anos já estavam fora do mercado de trabalho, deveriam se aposentar. De fato, as pessoas que se aproximavam dessa faixa etária já programavam sua aposentadoria, pensavam o que fazer com fundo de garantia, se comprariam um sítio no interior e viveriam pescando, se investiriam em novo negócio e continuariam no dia a dia agitado da metrópole, ou seja, tinham dúvidas sobre o que fazer, com a única certeza de que em curto período de tempo estariam fora do mercado formal de trabalho.

Para sorte de muitos (inclusive a minha), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aumentou o número de idosos no Brasil. Já há mais pessoas da Terceira Idade do que crianças no nosso país. As regiões Sul e Sudeste são as que mais se concentram essa fatia da população E embarcada nesta realidade, a situação da empregabilidade no Brasil também mudou.

Já faz algum tempo que os profissionais com mais de 40 anos têm espaço garantido no mercado de trabalho, e como o assunto é “fenômeno”, um fenômeno vem acontecendo nos últimos 10 anos.

Com o aquecimento do mercado e com a consequente alta no emprego, profissionais com 40, 50 e 60 anos estão a todo vapor e em plena atividade profissional. Existe espaço para todos. Os experientes mais graduados ocupam posições de liderança nas empresas e passam aos mais jovens, que chegam às empresas muito bem formados, porém carentes de vivência coorporativa, toda sua experiência, sua bagagem, seus acertos e seus erros. E essa mescla entre juventude e experiência tem trazido ganhos significativos para as organizações. Outros profissionais com essa faixa etária atuam como consultores, aplicando sua experiência em projetos pontuais, nos quais não existe a necessidade de horários rígidos e de rotina. Os menos graduados também estão em plena atividade, principalmente em funções em que o contato com o publico é exigido, como em lojas de cadeias de fastfoods, livrarias e pizzarias, entre outros.

Nessas atividades, eles explicam para o público detalhes sobre os produtos vendidos, já que têm paciência e educação para dar as explicações. Em contrapartida, o público também tem com eles a mesma paciência e educação. Como resultado, as empresas têm clientes mais satisfeitos, o que é bom para todos.

Agora, se a regra de parar aos 40 não existe mais, qual a regra que vale? Eu conto:

1) Trabalhe todos os dias como se fosse seu primeiro dia na empresa, com dedicação, afinco, vontade e felicidade;

2) Mantenha-se atualizado com as tendências de sua área;

3) Saiba o que os mais jovens estão fazendo, que tecnologia e instrumentos eles usam para se comunicar. Entre no mundo deles, pois você aprenderá muito também;

4) Mantenha sempre o bom ambiente de convívio com os colegas de trabalho, deixando de lado o ar “sabichão” de quem já passou por muitas experiências;

5) Leve soluções, evite problemas. Uso aqui a sabedoria do filósofo Bruce Willis, bem apresentada por um de seus personagens: “Se você não faz parte da solução, por favor não faça parte do problema”.

Sem ser piegas, se você faz a maioria das ações que citei acima, com felicidade e prazer, independente de ter 40, 50 ou 60 anos, você ainda tem muitas partidas e muitos campeonatos para jogar.

Fazendo um paralelo com o mundo do futebol, aqui no Brasil temos um exemplo indiscutível, que independentemente da idade, exercendo sua profissão com felicidade, dedicação e prazer, tem tido sucesso garantido. Rogério Ceni, com 38 anos, 20 deles dedicados ao São Paulo, está em plena forma e continua sendo o primeiro jogador a chegar e o último a sair dos treinamentos. Alguém imagina o São Paulo sem o Rogério? Aliás, a dedicação e o sucesso são tão grandes que muitas pessoas têm até dúvida se chamam o Rogério do São Paulo ou o São Paulo do Rogério!

Agora, se na sua empresa ou em sua atividade você não tem mais essa garra, se lhe falta vontade, está sem felicidade, chegou a hora de pendurar as chuteiras e preservar sua imagem de campeão que construiu ao longo dos anos.

Tenho certeza de que refletindo sobre o assunto você encontrará exemplos de profissionais que foram além do que deveriam e desmancharam a imagem de campeão, e outros que souberam a hora de parar e brilham eternamente.

Aproveitem os exemplos e apliquem na sua rotina. E não esqueçam: ser feliz em tudo o que se faz é a chave do sucesso!

É isto pessoal. Intervalo, vamos aos vestiários e nos vemos na próxima semana.

Abraços a todos!

Para interagir com o autor: ctegon@universidadedofutebol.com.br  

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