Venho discutindo bastante questões que envolvem todo o processo de treino. Abordei teorias, métodos, atividades, intervenções, etc.
Nesta semana vou abordar algo que deve nortear todo esse processo: o jogo!
Todo o processo de treino deve ser orientado pelo e para o jogo. A visão que temos desse fenômeno é que orientará toda a sistematização, intervenção e elaboração das atividades.
Em décadas passadas, o jogo era visto como a soma de suas partes; logo, o treino buscava treinar cada parte isoladamente a fim evoluir o todo, em que cada uma delas seria somada às demais e assim o todo era formado.
Atualmente, os paradigmas que norteavam essa prática vêm se modificando e o paradigma da complexidade ganha cada vez mais “adeptos” que notam a necessidade de olhar para o jogo não mais como uma soma de partes, mas como um fenômeno complexo onde as partes se relacionam, se influenciam, integram e constituem o próprio o todo.
Partindo desse pressuposto, devemos buscar mais referências para intervir e orientar um processo, pois não basta dizer que é complexo e ponto!
É preciso entender o caos!
Entender que mesmo em um ambiente caótico, há padrões e esses padrões podem ser observados e representados através de diagramas. Será?
Para isso é preciso estudar a geometria desde a analítica até a fractal.
É preciso entender de sistemas!
Mas o que tudo isso tem a ver com o jogo?
Tudo a ver!
Como afirma Manuel Sérgio:
“Quem quiser entender de futebol só estudando futebol, nunca vai saber tudo sobre futebol.”
Devemos refletir sobre o que devemos estudar, então…
Cada um terá sua resposta, pois a leitura, assim como o treino, depende de nossa interpretação, que é orientada por paradigmas e por experiências prévias…
Tentemos, então, olhar para o jogo como ele é e pensar sobre o que devemos saber para entendê-lo um pouco mais.
Peço licença e gostaria de terminar com dois “parágrafos abertos” para o Professor Doutor Wilton Santana, a quem tive o privilégio de conhecer pessoalmente no último fim de semana:
Um dos primeiros livros que li foi: “Futsal : apontamentos pedagogicos na iniciação e na especialização”. Nele vi que o processo de ensino poderia ser organizado de uma forma diferente. Naquele momento muitas dúvidas foram geradas e os paradigmas começaram a ser superados e quero te agradecer por isso. Assim como ao Rodrigo Leitão, que me indicou essa excelente leitura.
Espero que um dia você volte para prática, de preferência em uma equipe da liga nacional, pois precisamos mudar muitas coisas no campo e na quadra. Enquanto esse dia não chega, espero que continue disseminando seus conhecimentos e mudando paradigmas assim como ocorreu comigo.
Obrigado e até a próxima!
Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br