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Após abordar a estruturação da linha defensiva e da linha média nas colunas “O esquema tático: estruturando a linha defensiva” e “O esquema tático: o losango da linha média” respectivamente, vou abordar nesta semanae a linha ofensiva. Com isso chegaremos ao fim da discussão sobre a estruturação do esquema tático de uma equipe hipotética, certo?

Errado, pois a discussão que iniciamos é apenas uma parte fractal de uma infinidade de conceitos. A ideia com cada uma dessas colunas, que inclusive já alertei, foi ilustrar como o esquema tático pode ser pensado e como podemos operacionalizar seu desenvolvimento na prática.

Além do mais, abordei esquemas particulares a partir de modelos hipotéticos; em outros momentos posso abordar novamente esses assuntos sobre uma nova perspectiva a fim de fomentar outro tipo de discussão.

Pois bem, vamos então para a linha ofensiva!

Há algum tempo ouvi um atacante de “ofício” falar sobre sua adaptação no futebol europeu. Logo do início de sua fala o atleta afirmou que o atacante lá fora tem que marcar e marcar muito, pois o mesmo era a primeira linha de marcação de sua equipe. O atleta completou dizendo que diferentemente do Brasil, onde o atacante só joga com bola, na Europa os atacantes têm seu papel definido nos diferentes momentos do jogo.

Essa discussão parece trivial, mas quero debater com vocês muito mais que marcar ou não marcar, pois a fala do atleta carrega muito mais que isso e nos leva a pensar de como nossa cultura nos faz tomar determinadas decisões e molda nossa percepção de mundo!

Voltemos nossa visão para a linha ofensiva…

No momento que tive contato com a entrevista acima, já estudava complexidade, caos, sistemas, etc., e para mim era claro que todos os jogadores têm suas funções que se integram e formam o todo complexo. Se uma das partes, que no caso são os atacantes, não tem uma função definida nos diferentes momentos do jogo, o todo pode não atingir seu nível máximo potencial circunstancial e com isso posso acumular insucessos ao longo de todo o processo.

O primeiro passo, então, é definir as referências organizacionais que nortearão as ações da linha ofensiva nos diferentes momentos do jogo.

Como de praxe, vou ilustrar como isso pode ser feito através de um Modelo de Jogo hipotético.

No Modelo de Jogo de uma equipe hipotética, o treinador definiu que a equipe estruturaria sua linha ofensiva com dois jogadores. Na organização defensiva, tais atletas deveriam se posicionar em zona direcionando o portador da bola para as laterais do campo, onde o jogador do lado da bola deveria se preocupar prioritariamente com o passe na paralela e o atacante oposto deveria fechar as linhas de passe para a região central em progressão do campo.
 


 

Na transição ofensiva, os jogadores dessa linha participam do balanço dispostos em linha o mais aberto possível a fim de dificultar o balanço defensivo da equipe adversária. Imediatamente após a recuperação da posse de bola, ambos devem buscar dar profundidade à equipe criando linhas de passe em progressão de preferência nas costas de seus marcadores.


 

No momento ofensivo, os atletas dessa linha devem buscar criar espaços na linha defensiva a fim de facilitar a chegada ao gol adversário. Para isso, o jogador da linha da bola deve dar amplitude para a equipe, enquanto o jogador oposto à região da bola deve dar profundidade na região central, integrando-se a essa linha o meia oposto à região da bola é que dá amplitude à equipe pelo outro lado.


 

Na transição defensiva, os jogadores dessa linha devem atacar o portador da mesma imediatamente após a sua perda a fim de recuperá-la o mais rápido possível; se isso não ocorrer, os mesmos devem pelo menos temporizar a jogada.


 

Assim, definimos a forma como a linha ofensiva irá se comportar nos diferentes momentos do jogo.

Abaixo, elenco três atividades para o desenvolvimento desses conteúdos de meio Modelo de Jogo. Cada atividade busca desenvolver o comportamento específico dos atacantes nos quatro momentos do jogo concomitantemente. Claro que a ênfase existe e precisa ser observada também.

Atividade 1

Descrição
– Atividade de 2 X 2, onde o objetivo das equipes é fazer o gol nos golzinhos. Ambas as equipes deve proteger os gols na linha de fundo do campo e o golzinho na vertical no meio. Com isso, os jogadores sem bola devem fechar o meio e a paralela a fim de impedir a pontuação adversária.

Regras e Pontuação
– Marca 1 ponto quando equipe fizer o gol nos golzinhos na linha de fundo.
– Marca 1 ponto se a equipe conseguir passar com a bola dominada por entre o golzinho do meio ou fizer um passe certo por dentro do mesmo.


 

Atividade 2

Descrição
– Atividade de 6 X 5 + Goleiro, onde o objetivo da equipe composta por seis jogadores sem bola é pressionar a equipe adversária tentando recuperar a bola nas laterais do campo e protegendo os golzinhos; com bola, o objetivo é fazer o gol.

A equipe composta por cinco jogadores, quando está sem bola, deve recuperar a posse de bola evitando a finalização adversária, e com bola deve manter a posse de preferência fazendo passes por entre os golzinhos adversários.

Regras e Pontuação

Equipe Azul
– 1 ponto quando recuperar a bola nas laterais do campo.
– 3 pontos quando fizer o gol.

Equipe Amarela
– 1 ponto quando fizer o gol nos golzinhos.
– 2 pontos se trocar 10 passes


 

Atividade 3

Descrição
– Atividade de 11 X 11, quando a bola sair do jogo, em lateral, o goleiro da equipe que ficará com a posse de bola realizará a reposição, os mesmos devem buscar os atacantes do balanço ofensivo. Sem bola, os jogadores devem proteger os golzinhos também.

Regras e Pontuação
– 1 ponto quando a equipe fizer um passe certo ou conduzir a bola por entre os golzinhos, tanto na vertical como na horizontal.
– 3 pontos se equipe fizer o gol.
– 5 pontos se equipe fizer o gol através da reposição de bola do goleiro.


 

Gostaria de deixar um desafio: peço que observem cada um das atividades das três colunas que compõem o esquema tático, analisem e vejam o que pode ser mudado e quais atividades podem vir antes ou depois de cada uma delas. Peço também que tente olhar para cada uma delas de
uma maneira diferente, onde a lógica é o pano de fundo.

Até a próxima!

Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br

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