Futebol: criar mais oportunidades ou aproveitar melhor as chances criadas? – reflexões a partir da Lógica do Jogo

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O futebol é um jogo de oportunidades criadas ou de chances convertidas em gols?

Não sei se a pergunta acima foi suficientemente esclarecedora para ilustrar o cerne da questão que a envolve.

Então, para não correr riscos, vejamos de outra forma.

Na Champions League 2011/2012, o confronto entre FC Barcelona e Chelsea, já pela fase eliminatória (semifinais) nos mostrou dois jogos muito parecidos, em que uma das equipes manteve a bola quase que a todo o tempo em seu campo de ataque, “sondando” a todo instante a meta adversária – gerando um número razoável de finalizações e chances de gol (inclusive um pênalti).

A outra, a equipe que saiu vitoriosa dos confrontos, defendendo-se a todo custo com todos ou quase todos seus jogadores, esperando um momento para ser implacável, um momento para ter uma chance, uma real chance que fosse, para fazer gols – (jogo 1: Chelsea 1 x 0 FC Barcelona / jogo 2: FC Barcelona 2 x 2 Chelsea / placar agregado: FC Barcelona 2 x 3 Chelsea).

Vejamos abaixo a figura com o número de finalizações de cada equipe nos dois jogos (dados retirados de www.uefa.com):

Podemos observar que nos dois jogos a equipe do Barcelona finalizou mais do que o Chelsea (totalizando 36 a 11). Diferença grande, que diminui quando olhamos apenas para aquelas que foram em direção ao gol (11 a 4).

Finalizações!

Mas quando observamos aquilo que realmente pode contar pontos na tabela – os gols –, o placar, no quesito arremates, favorável ao FC Barcelona, se inverte: 2 a 3 gols à favor da equipe inglesa.

No primeiro jogo entre as duas equipes, mais interessante ainda: o Chelsea teve apenas uma finalização correta (a do gol), e o FC Barcelona, com suas 19 oportunidades, nada.

Em um levantamento rápido que realizei na Champions League 2011-2012, na 2012-2013, e no Campeonato Brasileiro 2013 (esse último com o auxílio do notável do Café dos Notáveis “Panis Baguetes”) fica evidente que aquelas equipes que mais finalizam a gol ou fora dele nos jogos, tendem a fazer mais gols e a assumir um lugar melhor na classificação dos Campeonatos. Existe uma relação direta entre número de finalizações, gols e vitórias – direta, mas não de 100%.

E ela (a relação) fica melhor ainda, quando consideramos apenas as finalizações que foram em direção ao gol.

Pode parecer óbvio, mas não é.

Sob o ponto de vista da Lógica do Jogo (em maiúsculo, por se tratar da lógica inexorável do jogo de futebol), cumpre melhor com ela em uma partida, aquela equipe que vence – ou por dominá-la (circunstancialmente ou cronicamente) ou por compreender e utilizar melhor a imprevisibilidade ao seu favor.

De qualquer forma, e em outras palavras, isso quer dizer que o futebol é mais do que um jogo de oportunidades criadas. Ele é um jogo de chances concretizadas (convertidas em gol)!

Claro, analisando as competições que já mencionei, e outras de nível técnico-competitivo menor, fica muito evidente que quanto menos uma equipe finaliza à gol em uma partida, mais eficiente ela precisa ser nas suas finalizações, se ela almeja vencer.

Mais evidente ainda é que quanto maior o nível competitivo, menor é o desperdício no que diz respeito ao número de finalizações criadas e aos gols feitos (e aí, nesse caso, finalizar mais representa fazer mais gols).

E se o aproveitamento de chances construídas em um jogo é o que conta, não quero dizer, evidentemente, que uma equipe vencerá mais se finalizar menos (e nem necessariamente se finalizar mais). Ela vencerá mais se aproveitar melhor as oportunidades de gol criadas – desde que ela aproveite um número maior do que sua adversária!

Então, nos treinamentos, qual parece ser o melhor caminho para que jogadores e equipes cumpram melhor a Lógica do Jogo, e com isso vençam mais? Investir em criar mais oportunidades, e então melhorar seu aproveitamento? Investir em chances?

Analisando desta forma pode até parecer que estou fragmentando a análise das sequências ofensivas e das finalizações em um jogo. Mas, garanto, não estou!

A complexidade sistêmica das minhas indagações moram justamente na ideia de que de certa forma, não está à mercê do acaso o fato de equipes, como por exemplo a do Chelsea no exemplo acima, vencerem jogos mesmo finalizando em média 5,5 vezes por partida.

Não! Não é o acaso; são as circunstâncias…

Mas essa é uma outra e longa discussão que prometo retomar mais para frente…

Por hoje é isso!

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