Soluções paliativas

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Final de ano e começam a aparecer as "soluções salvadoras" e, naturalmente, paliativas para os problemas das organizações ou do futebol como um todo. Surgem, por assim dizer, as ideias que prometem resolver, mas que no fundo só diminuem o incêndio que não se apaga efetivamente.

Duas destas "soluções" chamam atenção, por combinarem com fatos recentes: (1) a troca de técnicos no final do ano para tentar livrar algumas equipes do rebaixamento; (2) os debates sobre o calendário do futebol brasileiro.

Na primeira, das atitudes mais comuns em clubes brasileiros. Mostra a total falta de planejamento e de análise sobre prós e contras ao tomar tal decisão. Na realidade, os dirigentes não percebem que ao fazer esta mudança na reta final da competição apenas chamam para si a responsabilidade de eventual fracasso, ao invés de compartilhar com todas as pessoas envolvidas – principalmente com o próprio treinador e jogadores, que poderão resolver de fato a manutenção.

No fim das contas, os treinadores, tanto o anterior quanto o novo (este último que poderá sacramentar o rebaixamento), acabam "lavando as mãos". O antigo acaba justificando que não teve tempo para contornar a situação. O novo dirá a mesma coisa, respaldado na famigerada "herança maldita".

Ao invés de endossar o comprometimento de um grupo (que começa pelo seu treinador e vai até seus comandados, incluindo todo o staff da equipe) que tem trabalhado o ano todo em prol de um resultado e que poderia assumir para si o intento de mudança, acabam por deixar no ar as responsabilidades sobre o descenso.

Quanto ao calendário, apesar do amplo e positivo debate que o grupo "Bom Senso Futebol Clube" tem procurado gerar nas últimas semanas com vistas a melhoria do futebol brasileiro como um todo e, impactando, necessariamente, no calendário – mas tendo outros anseios em voga – surge uma notícia nesta terça-feira que assusta: http://www.espn.com.br/noticia/365751_decisao-da-cbf-por-limite-de-jogos-pode-fazer-clubes-esvaziarem-os-estaduais-entenda.

A reportagem mostra que se reduziu o contexto do problema do calendário simplesmente ao número de jogos, quando a questão que se está levantando é muito mais ampla. Limitar a quantidade de jogos por atleta não resolve o problema dos jogos pouco atraentes mercadologicamente.

Pelo contrário: continua afastando o torcedor pela excessiva oferta de partidas ao longo do ano, assim como da cobertura da mídia, que se torna enfadonha e desgastante. Também não protege de forma eficiente o atleta.

E pior, imputa mais uma conta aos clubes, que, conforme a reportagem citada, sugere que estes assumam a responsabilidade por mais uma conta, que é a contratação de mais jogadores para seus elencos – nunca é demais lembrar a antiga discussão sobre o elevado (e crescente) endividamento dos clubes e sua capacidade real de solução deste problema. Quer-se, com isto, aumentar ainda mais seus custos, sem que isto represente um retorno proporcional em receitas.

Enfim, resta torcer para que soluções paliativas diminuam em intensidade e escala. E que o movimento do "Bom Senso Futebol Clube" (e análogos) continue avançando e ganhando força para que, no futuro, tenhamos melhores soluções para os dois problemas levantados nesta coluna.

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