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A partir desta coluna, pretendo compartilhar uma série de experiências enriquecedoras das quais tive oportunidade de participar, na ocasião do Fórum Internacional Gols pela Vida sobre Responsabilidade Social no Esporte.

Idealizado pelo Complexo Pequeno Príncipe, de Curitiba, na esteira da importância havida com o esporte por meio da relação com Pelé, padrinho do Instituto de Pesquisas Pelé Pequeno Príncipe, foi lançada a plataforma de iniciativas de responsabilidade social no esporte chamada Programa Gols pela Vida.

O objetivo principal do fórum foi apresentar à comunidade socioesportiva do Brasil palestras, painéis e cases de relevo em todo o mundo, no que concerne às melhores práticas de governança corporativa no esporte orientadas, estrategicamente, pela responsabilidade social.

Nesse sentido, foi um grande privilégio receber o Secretário da ONU para Esporte, Desenvolvimento e Paz, Wilfried Lemke que, em seu discurso, apresentou como a entidade internacional tem atuado globalmente para empoderar crianças e jovens por meio de iniciativas esportivas diretamente realizadas ou influenciando políticas públicas nacionais. Questões de gênero, de inclusão, de acesso aos direitos básicos, de esporte, saúde, educação, paz, liderança e protagonismo embarcadas num dos melhores veículos: o esporte.

O discurso do Ministro do Esporte no Brasil, Aldo Rebelo, reforçou a importância do esporte na vida de todos no país como forma de exercício pleno da cidadania, em que pese não desceu ao detalhe sobre a política nacional do esporte – ou a falta dela.

A importância do Programa Gols pela Vida como estratégia virtuosa de visibilidade e captação de recursos para o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe também foi evidenciada na apresentação feita pelo Diretor Corporativo do Complexo Pequeno Príncipe, José Álvaro Carneiro. Como pano de fundo deste contexto, o Programa Gols pela Vida também se destina a construir o legado social do Pelé, iniciado em seu sonho do milésimo gol dedicado às crianças em 1969 e que encontra eco nesta plataforma desde 2005.

Outro painel de destaque foi encabeçado por Ana Moser e a Diretora Executiva, que descreveram como surgiu a iniciativa da ONG presidida por ela, Atletas pelo Brasil, ao reunir os principais atletas do país engajados em transformar a sociedade por meio do esporte, influenciando políticas públicas e dando suporte aos atletas que desejam atuar no terceiro setor esportivo. Também abordou como se deu a criação do seu Instituto Esporte & Educação e os programas adotados pela instituição.

Em seguida, os jornalistas Paulo Calçade (ESPN), Leonardo Mendes Jr. (Gazeta do Povo) e Erich Beting (Máquina do Esporte) abordaram, criticamente, o papel da mídia no que tange à valorização e divulgação das iniciativas ligadas à responsabilidade social; a liberdade de imprensa; o embate entre conteúdo editorial e interesses econômicos; a importância dos ídolos; novas mídias.

Já a palestra da Profª Lisa Delpy Neirotti, da George Washington University, mostrou a realidade da filantropia esportiva nos EUA – e, sem querer, mostrou como estamos atrasados em relação a eles – além de trazer cases de franquias esportivas nesta área e quais são os cursos oferecidos na instituição para quem deseja atuar na área de gestão esportiva e responsabilidade social no esporte. Isso inclui atletas, ex-atletas, celebridades, artistas.

O painel do Bom Senso FC contou com Paulo Calçade e Leonardo Mendes Jr. novamente, em conjunto com os diretores executivos do movimento, Enrico Ambrogini e Ricardo Martins. Como surgiu o movimento, qual a pauta de reivindicações, a estratégia de posicionamento frente à CBF, às TVs, aos sindicatos, aos jogadores, a relação com a mídia, comparações com ligas estrangeiras, dentre outros assuntos que foram discutidos.

Outro excelente painel foi conduzido pelos brilhantes João Paulo Medina e Eduardo Tega, da Universidade do Futebol, que receberam Rodrigo Fonseca, do Unicef e Amanda Denti, do Santos FC e seu programa Muito Além do Futebol. Nele, abordaram-se os perigos que crianças e jovens enfrentam no inóspito contexto da base do futebol rumo à ascensão social, e como estas instituições estão capacitando profissionais segundo diretrizes modernas de garantia de direitos, humanização e acompanhamento transdisciplinar.

Uma das mais comentadas e concorridas apresentações foi a de Alex White, executivo da Premier League Charitable Fund, instituição que a liga inglesa criou para fomentar a responsabilidade social no futebol do país, cuja essência é fortalecer o elo dos clubes em sua relação comunitária. O lema de “inspirar, investir e apoiar” é seguido à risca, com uma série de programas realizados em conjunto com clubes e demais parceiros, incluindo investimentos financeiros diretos. Um grande exemplo corporativo para nossas associações e federações esportivas.

Outro esperado painel abordou violência e racismo no esporte. Contou com grandes especialistas nestes temas – Prof. Dr. Luiz Carlos Ribeiro, do Núcleo de Estudos sobre Futebol e Sociedade da UFPR e Angélica Basthi, Mestre em Comunicação pela UFRJ. Às vésperas das eleições, a mistura de história, políticas públicas, economia, futebol, racismo, violência e inclusão social rendeu elogios.

Houve tempo, ainda, para que os Programas Try Rugby (Premiership Rugby) e Premier Skills (Premier League), fomentados no Brasil pelo British Council e em parceria com SESI e FDE-SP, levantassem o exemplo de como é possível integrar setor público, iniciativa privada e terceiro setor em programas socioesportivos internacionais, fortalecendo o esporte, a saúde, a educação, a leitura e a inclusão social.

O ativista de direitos humanos, escritor, consultor da UNESCO, Don Mullan, emocionou a todos com o seu relato sobre o papel de um ídolo do futebol – nesse caso, Gordon Banks – na vida positiva dos jovens.

Em uma história que envolveu detalhes do contexto histórico efervescente entre Irlanda, Inglaterra, IRA, Copa do Mundo, Pelé, Gordon Banks, guerra e paz, amor e ódio, restou a mensagem de que o esporte serve para unir as pessoas. O jornalista Juca Kfouri também ressaltou a importância de exemplos esportivos a serem seguidos pelos jovens, ao contar pitorescas histórias de sua infância, além de fechar sua participação analisando, criticamente, o contexto esportivo no Brasil e a falta de políticas públicas consistentes na área esportiva de base educacional, em detrimento dos megaeventos esportivos.

Por fim, o painel de encerramento contou com o gerente-executivo do Instituto Compartilhar, que trouxe importantes e positivos dados alusivos aos egressos dos programas realizados pela ONG do Bernardinho. O representante da Fundación Leo Messi apresentou alg
umas realizações da instituição na Argentina, África e os planos pro Brasil. Por fim, o Secretário de Esportes, Lazer e Juventude de Curitiba, Aluisio Dutra Jr. abordou o conceito de “alfabetização esportiva” que sua gestão procura, estrategicamente, implementar na cidade.

De fato, o lema da Premier League também nos serve de energia e modelo após a realização do Fórum Gols pela Vida, haja vista que o pioneirismo dessa troca de experiências pressupõe muito de “inspirar, investir e apoiar” o desenvolvimento e a transformação social pelo esporte, quando o Complexo Pequeno Príncipe decidiu-se por protagonizar, junto a valiosos parceiros como a Universidade do Futebol, Atletas pelo Brasil e Máquina do Esporte parte desta mudança positiva para o país.

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