Entre o Direito e a sua chuteira

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Bem-vindos a nossa última coluna de maio aqui no “Entre o Direito e o Esporte”. Hoje vamos fechar o nosso mês do “marketingdo futebol”. E depois de ver nessas semanas o que a gente acha “Entre o Direito e o Marketing do Futebol” e falar um pouco sobre o direito do autor e os sinais distintivos no esporte, nessa sexta-feira vamos conversar sobre as “criações e os segredos industriais” no futebol.
Para deixar tudo do jeito que a gente gosta e mais organizado, segue o mapa do dia: vamos começar com o que é o desenho industrial e como isso aparece na chuteira que a gente acha na loja; depois vamos ver o que é a patente e como isso faz uma chuteira nova aparecer na loja; e fechamos com o segredo industrial e como isso faz com que aquela chuteira daquela marca® que você gosta seja diferente daquela cópia quase igual que a gente não deveria comprar naquele lugar, sabe?
Bora lá, então?

Fonte: www.footyheadlines.com

 
Só de olhar de cara eu te pergunto: o que essa chuteira (que o Pierre-Emerick Aubameyang usou um tempo atrás) tem de diferente da que ele usa hoje? Fácil, a resposta mais simples é “todo esse design chique aí”. E esse é bem o nosso primeiro ponto do dia, o desenho industrial! Que é “todo esse design chique aí” ou, em outras palavras, a forma e o padrão gráfico dessa chuteira.
Essa “cara” da chuteira pode ser protegida quando registrada como “desenho industrial”. Essa “cara” é o “jeitão” da chuteira (como ela aparece para a gente). Essa “cara” tem uma forma (aspectos tridimensionais, como o tamanho) e o padrão gráfico (aspectos bidimensionais, como as cores).
A forma e o padrão gráfico deixam essa chuteira “única”, como essa cor meio amarela (ou laranja?), verde e preta em umas formas diferentes (o swoosh da Nike, as estrelinhas, a forma do raio, e por aí vai) no tipo (Hypervenon) criado pela gigante do Oregon nos Estados Unidos.
Isso dá o valor de mercado ($) dessa chuteira e facilita o trabalho da Nike na hora de fazer o marketing da chuteira e vender para quem joga bola no final de semana, por exemplo. Sem essa proteção, tudo isso seria bem mais difícil.
Fonte: www.footyheadlines.com

Agora você me diz “beleza, concordo. Só que não é só isso que faz diferença nesse trem aí, amigo!”. E eu vou concordar com você, e te agradecer por me lembrar disso! Essa chuteira também é diferente porque ela é feita de alguns materiais específicos colocados juntos de uma maneira determinada (tipo para construir um muro, sabe? Tijolo, cimento, tijolo).
E aí que está o ponto principal! Isso tudo depende de dois tipos de “criações industriais”: a patente de invenção (como os materiais específicos) e a patente de modelo de utilidade (a maneira determinada de colocar esses materiais específicos). E o jeito “mais fácil” de ver isso é olhar bem embaixo da chuteira, olhar as travas da chuteira.
Essas travas são feitas com um material específico que alguém criou para resolver um problema técnico (“como fazer uma trava boa”) das chuteiras de futebol (patente de invenção). Essas travas têm esse material específico colocado de uma maneira determinada para melhorar a função de cada trava (“como melhorar o jogo de quem usa a chuteira”) quando alguém usa lá no gramadão (patente de modelo de utilidade).
Essas patentes novas, criativas e que podem ser copiadas para todas as chuteiras, servem como um dos melhores “jeitos” para diferenciar a chuteira daquela marca® que você gosta, daquela outra que você sente que não te cai bem na hora de dar uma caneta. Sabe?
Fonte: www.footyheadlines.com

 
Agora, tudo isso parte de uma ideia só: para você proteger tudo isso, você precisar registrar cada uma dessas ideias. E registrar quer dizer que todo mundo vai saber o que você faz, com o que você faz e o jeito que você faz essa chuteira. E tem coisa que a gente não quer que todo mundo saiba, né?
Lembra aquela história da “fórmula da Coca-Cola”? Aquela história que quase ninguém sabe do que ela é feita. História que leva a ideia de “segredo industrial”. Isso quer dizer que a Coca-Cola não registrou com o que e o como ela faz o seu refrigerante, e o motivo é simples: se ninguém sabe o “que” e o “como”, não tem como copiar.
A mesma coisa pode acontecer no futebol e com as chuteiras. A Nike tem até um caso interessante sobre isso quando “processou” (lá nos Estados Unidos) três designersque saíram de lá e pularam o muro para a Adidas (que também tem um pé ali no Oregon). E “processou” justamente porque eles levaram alguns desses segredos para a rival, segredos que ainda eram conceitos e por isso não tinham sido registrados.
Esse know-how (o conhecimento técnico dos funcionários) é valioso e pode valer mais a pena deixar ali dentro de uma “porta fechada” do que registrado e numa redoma de vidro para todo mundo ver.
Bom, aqui chegamos ao fim do nosso mês de maio aqui na Universidade do Futebol – o mês de tudo o que a gente acha “Entre o Direito e o Marketing do Futebol”. E agora quando amanhã você for assistir a final da Champions League® já vai saber dizer como funciona toda aquela história do hino, do símbolo, e até daquele tipo novo de tecnologia de transmissão da partida no conforto do seu sofá. Né?
Fico por aqui hoje e nos vemos na próxima sexta-feira para começar um novo mês do nosso futebol aqui no “Entre o Direito e o Esporte”. O mês da Copa do Mundo! Combinado? Deixo meu convite para falarem comigo por aqui, pelo meu LinkedIn ou pelo meu Twitter. Bom final de semana para vocês, e vejo vocês no fechamento do mês de maio por aqui!

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