Jardine, o fracasso tricolor e os experientes rindo a toa. Mais uma vez

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A tragédia anunciada do São Paulo se cumpriu. O roteiro parecia já traçado desde o final do ano passado. André Jardine efetivado, reforços caros chegando sem muito critério e uma direção de futebol totalmente perdida. Em meus textos e comentários pontuei que o roteiro do fracasso se desenhava de maneira estupidamente bem feita. Não quero me gabar. Longe disso. Não faz sentido. Mas se o sucesso deixa pistas e rastros também funciona assim o fracasso. E o São Paulo cumpriu direitinho cada passo para se dar mal.
André Jardine é mais um dos jovens treinadores que não consegue se firmar no hostil ambiente do futebol profissional. A irrecusável e tentadora proposta de um time grande caiu em seu colo, mas faltaram competências para a sustentação do trabalho. Jardine pode até ter os seus méritos em metodologia de treinamento e possuir ideias de jogo interessantes. Porém, faltaram habilidades de comunicação, de liderança e um melhor entendimento de como gerir o pouco tempo que haveria de trabalho e a enorme pressão para obter desempenho e resultados rápidos.
É claro que a situação de Jardine é apenas um sintoma que o doente São Paulo apresenta hoje. O clube está pressionado pela falta de títulos e acaba dando vários tiros no próprio pé em função de sua administração confusa e em vários setores amadora. Porém, se os jovens treinadores forem esperar o cenário ideal para triunfarem no futebol brasileiro é melhor esperarem sentados.
Ainda não há o entendimento dessa nova geração de qual é o real perfil de treinador que a nossa cultura pede. Não vejo nenhum desses jovens profissionais com uma abordagem mais direta do trabalho, principalmente com relação a gestão do grupo e a forma de conduzir os conteúdos de jogo. O comando de pessoas não permite concessões a todo momento. Independentemente da idade do técnico e do perfil do grupo de atletas em questão. Temporizar para sobreviver no cargo acaba se tornando auto-destrutivo. E dentro das quatro linhas há formas de organizar equipes, mesmo com pouco tempo de treino, para que padrões com e sem a bola que te aproximem da vitória sejam rapidamente levados a campo.
Sobre liderança, como exemplo, em algum momento surgiu um José Mourinho em Portugal, jovem de tudo, sem ter sido jogador profissional, peitando atletas, dirigentes e jornalistas que se colocassem entre o seu trabalho e os troféus que ele almejava. Ou, para ficar no futebol brasileiro mesmo, no início dos anos 90, apareceu um tal de Vanderlei Luxemburgo, que havia sido um jogador apenas mediano, usando ternos, não se submetendo a jogadores tarimbados e que conseguiu se destacar também em uma entre-safra de treinadores.
É claro que o que vai sustentar qualquer trabalho é a qualidade, o desempenho, o resultado. Porém, Mourinho, Luxemburgo e tantos outros que eu poderia citar, se impuseram com uma comunicação agressiva e eficaz e conquistaram um espaço de muito destaque no mercado muito por conta disso. Enquanto os jovens treinadores atuais não entenderem que isso conta, continuaremos tendo Felipão, Cuca, Abel Braga e tantos outros mais experientes, comandando os maiores clubes e tendo os melhores salários. Porque esses entendem o que a nossa cultura pede. Se isso vai nos fazer evoluir é outra conversa. Mas é assim que a banda toca no futebol tupiniquim. Para o bem e para o mal.
 

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