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Em 2014, o Brasil sediou a Copa do Mundo FIFA, atraindo os olhares de diferentes culturas e civilizações para o nosso país. Porém, um dos fatores marcantes daquele mundial foi a histórica goleada sofrida pela seleção do Brasil diante da Alemanha (7-1). A referida derrota repercutiu não somente nas ruas e bares, mas também no ambiente acadêmico-científico. Perguntávamos a nós mesmos: como pode a seleção pentacampeã mundial, com tamanha tradição futebolística, sofrer uma derrota tão avassaladora?

Desejosos de compreender os motivos que fizeram o Brasil sucumbir perante a campeã Alemanha, buscamos neste artigo compreender a dinâmica tática coletiva defensiva das equipes semifinalistas e finalistas do mundial de 2014 (Alemanha, Argentina, Holanda e Brasil). Para isso, 533 jogadas defensivas realizadas nas semifinais e finais foram analisadas a partir da metodologia observacional, que contém uma matriz conceitual com variáveis relacionadas à zona de recuperação da bola, pressão defensiva, remoção de profundidade do ataque adversário, tempo gasto para recuperar a bola, número de faltas, entre outros. A campeã Alemanha foi a única seleção que apresentou maior quantidade de pressão coletiva na região da bola (pressing). Nas imagens a seguir, observa-se a preocupação dos alemães em restringirem o espaço e o tempo dos jogadores brasileiros que recebiam a bola nos espaços entrelinhas, gerando superioridade numérica no centro de jogo.

Imagens: Reprodução/Paulo Henrique Borges

O controle de profundidade do ataque adversário, para explorar a lei do impedimento, também foi um comportamento tático coletivo amplamente realizado pelas equipes investigadas. Dessa forma, as seleções subiam ou desciam as suas linhas defensivas no campo de jogo para deixarem, eventualmente, os atacantes impedidos, bem como para evitar um passe em profundidade. A subida das linhas defensivas ocorreu sobretudo em três situações: I) jogadas que o atacante com a posse da bola estava marcado; II)  atacante dominava a bola de costas para a defesa; e III) atacante conduzia a bola para trás (bola coberta). Pelo outro lado, quando o atacante não estava marcado e conduzia para a frente sem oposição (bola descoberta), as linhas baixavam, conforme indica a figura a seguir:

Imagens: Reprodução/Paulo Henrique Borges

Interessante observar que as equipes que estavam perdendo os seus jogos foram aquelas que mais retiraram profundidade do ataque adversário, buscando uma maior compactação intersetorial para facilitar a retomada da bola. A tendência das seleções semifinalistas em “encurtar” os espaços do portador da bola e possíveis linhas de passe contribuiu para a observação da compactação intersetorial (principalmente entre defesa e meio-campo), a criação de superioridade numérica na região da bola (lado forte/lado fraco) com uma intensa pressão neste local (pressing).

Imagens: Reprodução/Paulo Henrique Borges

Observou-se, ainda, que durante o tempo regulamentar das partidas, as equipes procuraram orientar o posicionamento inicial dos defensores a partir de um bloco baixo (figuras a seguir). Porém, quando houve prorrogação, as equipes subiram os seus blocos defensivos para o meio do campo (bloco médio).

Imagens: Reprodução/Paulo Henrique Borges

A partir dos resultados encontrados nesta análise, sugere-se aos treinadores de futebol a organização da fase defensiva de suas equipes pautada nas seguintes ideias: I) pressionar o homem da bola e espaços adjacentes; II) criar um permanente sistema de coberturas, garantido pela compactação intersetorial e pela retirada de profundidade do ataque adversário; III) cobrir e reforçar permanentemente o eixo central do campo, de modo a possuir superioridade numérica na região do centro de jogo; e IV) recuperar a bola o mais próximo possível da meta adversária.

Quando conjugados, estes comportamentos táticos defensivos poderão evitar o sofrimento de gols em jogos decisivos, contribuindo para a robustez defensiva das equipes brasileiras.

Para ler o artigo completo, o texto está em inglês, clique aqui.

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