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Nas últimas semanas um tema tem gerado bastante repercussão no ambiente futebolístico: a atualização dos treinadores de futebol brasileiros.

Motivado pela distância observada entre o nosso jogo e o futebol alemão na última Copa do Mundo e também pelo equilíbrio atingido por seleções de pouca tradição no futebol mundial, o tema foi discutido na contratação do novo técnico da seleção brasileira; na repetição dos treinadores em algumas das principais equipes do país após quase vinte anos; no treino de finalização aplicado recentemente por um destes treinadores; e até no Modelo de Jogo do Fluminense, comandado por Cristóvão Borges e que tem impressionado pelo elevado índice de passes certos no Campeonato Brasileiro.

Dunga, em entrevista coletiva, afirmou estar mais preparado para assumir a seleção brasileira. Assistiu a muitos jogos, viajou e conversou com pessoas do meio sobre alguns elementos que conotam a evolução do jogo de futebol. É fato, porém, que após a Copa do Mundo de 2010 ficou um longo período em inatividade.

Wanderley Luxemburgo (Flamengo-RJ), Levir Culpi (Atlético-MG), Muricy Ramalho (São Paulo-SP), Abel Braga (Internacional-RS) e Felipão (Grêmio-RS), em 1995, eram os treinadores das mesmas equipes que estão à frente em 2014.

Um questionamento natural oriundo desta notícia diz respeito ao avanço esperado na atuação prática destes profissionais após dezenove anos. A julgar pelos treinamentos realizados tanto pela seleção brasileira durante a Copa como pela equipe paulista, com finalizações sem adversários, previsíveis, com bolas marcadas e num “ambiente fechado”, a esperada atualização de alguns deles não apresenta evidências tangíveis.

Já em relação a Cristóvão Borges, há poucos meses no comando da equipe carioca e elogiado sobre a qualidade de jogo apresentado por sua equipe, o mesmo assumiu a necessidade de capacitação, mencionou as fontes que pesquisou/estudou futebol e afirmou que hoje se sente um treinador melhor preparado.

Em declaração recente apontou que enfatiza nos treinamentos a assertividade dos passes e a qualidade técnica do futebol brasileiro simulando as situações semelhantes àquelas que acontecerão nos jogos.

De que forma ele tem aplicado, não sabemos. Sabemos, no entanto, que tem dado resultado.

E em sua opinião, caro leitor, como se dá a atualização específica de um treinador de futebol?

Fazer cursos é suficiente para melhorar a atualização profissional?

Assistir jogos do futebol europeu credenciam nossos treinadores para trabalhar em alto nível?

Conversas informais sobre treinamentos possibilitam uma intervenção precisa no sistema caótico que é uma equipe de futebol?

Repetir treinos que deram certo no passado é a fórmula atual para conquistar resultados?

Nós, profissionais da modalidade das mais diferentes áreas de atuação, tendemos a simplificar os problemas (e as soluções) para as questões que têm refletido nosso atraso.

Sob este viés, consideramos a atualização profissional como uma condição que se adquire com atitudes isoladas, desconectadas da prática.

Em hipótese alguma devemos negá-la, pois cada reflexão e aprendizagem diária pode nos moldar na direção de uma melhor atuação profissional.

E para uma prática atualizada do ponto de vista da complexidade e especificidade, podemos remeter à corrente dos treinadores que preparam suas equipes para o jogo, jogando (com os devidos ajustes técnico-físico-tático-emocionais de cada atividade).

Pode ser que estes treinadores tenham chegado à conclusão de que a melhor maneira de aperfeiçoar o treino (ambiente predominante de intervenção do treinador e construção da equipe) é operacionalizando-o, com os constantes ajustes do nosso crescimento diário e respaldado pela interdisciplinaridade que, nos dias de hoje, compõe uma equipe de futebol.

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