Blindagem felipônica

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Luiz Felipe Scolari chegou ao Palmeiras, criou uma regra para que os jogadores não dessem entrevista à beira do campo, reclamou da arbitragem, da imprensa, da torcida e… Agora, numa vitória extraordinária sobre o Vitória, voltou a ser o Rei Felipão, aquele que é especialista em mata-mata, que sabe conduzir um time como poucos, que tem a sina de ser um vencedor.

Por trás de todo esse sucesso de Felipão está uma interessante estratégia de tratamento com a mídia que o treinador adota e que, aos poucos, cria num time o ambiente propício para que os atletas tenham calma para trabalhar, a imprensa deixe de ser tão perseguidora e, por fim, a equipe consiga se tornar vitoriosa.

Felipão usou a velha tática de criar e derrubar crises para desviar o foco de atenção. Quando chegou ao Palmeiras, o treinador encontrou um clube em frangalhos, com crise de identidade e sem resultados dentro de campo. Para encerrar com especulações em torno de atletas e dirigentes, ele assumiu o papel de porta-voz do time.

Ninguém mais falou, apenas ele. E, nessas declarações, o treinador passou a ser um espanta-crise. Ou um gerador de outros problemas, que não a sua equipe. Uma derrota e a culpa foi do árbitro. Um empate bobo dentro de casa, falha da torcida, que não pressionou o quanto deveria. Outro empate bobo, fora de casa, e declarações de que a coisa não ia bem por falha dele…

A estratégia desviou o foco do time e passou a ser o treinador. Atletas proibidos de falar logo após o jogo. Com a cabeça fria depois de passarem pelo vestiário e, quem sabe, até com um discurso previamente acordado, os jogadores começaram a falar só na saída do estádio.

Aos poucos, a biruta virou. E, ao que tudo indica, mudou o vento desde a quinta-feira, quando heroicamente o Palmeiras conseguiu a classificação na Copa Sul-Americana aos 43 minutos do segundo tempo, numa festa emocionante, unindo time e torcida como há cerca de dez anos não acontecia, justamente quando Scolari era o comandante do time campeão da América.

A seu estilo Felipônico, Felipão dá uma aula de como gerenciar crises, manipular o comportamento da mídia e, o mais importante, dar tranquilidade para sua equipe. Dizer que tudo isso é sorte é ser muito superficial. Mas que, sem dúvida, o imprevisível é sempre mais a favor de Scolari, isso é inegável…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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