Entrevista Tática: Almir Dias, meio-campista do Novorizontino-SP

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

Após o final de uma temporada, as novas contratações para a reformulação do elenco devem ser feitas considerando diversos fatores. Um deles, sem dúvida, é o histórico do atleta e a sua intencionalidade de jogar em alto nível. Para isso, uma observação prévia deste atleta em ambiente de jogo pode trazer muitas respostas à diretoria e comissão técnica quanto à certeza da contratação.

E essa foi uma das características que favoreceram a contratação de Almir Dias, meia de 30 anos, que será o atleta mais velho do jovem elenco do Novorizontino que disputará a série A3 do Campeonato Paulista em 2013. Confira a entrevista com o jogador:

1-Quais os clubes que você jogou a partir dos 12 anos de idade? Além do clube, indique quantos anos tinha quando atuou por ele.

Dos 11 aos 18 anos – São Paulo Futebol Clube;
Dos 19 aos 21 anos – Portuguesa de Desportos, equipe que subi para o profissional;
22 anos – Rio Preto-SP;
23 anos – Catanduvense-SP;
24 anos – Guaratinguetá–SP;
25 anos – Gratkorne-AUS;
26 anos – Toledo-PR;
26 e 27 anos – Guarani-SP
28 anos – Noroeste-SP;
29 anos – Cianorte-PR e Botafogo-PB
30 anos – Olímpia-SP e Grêmio Novorizontino-SP

2-Para você, o que é um atleta inteligente?

Primeiramente é amar o que faz. Gostar do seu corpo e cuidar dele porque ele é o combustível para ter uma ótima carreira. Se policiar em saber o que pode, o que não pode e ser verdadeiramente profissional, tanto dentro, como fora de campo.

Ter um cuidado especial com a alimentação para que tenha uma carreira longa e duradoura, além de respeitar seus comandantes e dar o respeito para ser respeitado dentro do grupo!

3-O quanto o futebol de rua, o futsal ou o futebol de areia contribuiu para a sua formação até chegar ao profissional?

O futsal me deu dinâmica e evolui a minha parte técnica. Acredito que ele estimula o jogador a pensar rápido. Já o futebol de rua, com certeza me deu a malandragem que só o jogador brasileiro tem.

4-Em sua opinião, o que é indispensável numa equipe para vencer seu adversário?

Primeiramente ter um espírito de vencedor. Após isso, ter um plano de jogo definido e determinado, com disciplina tática, para ser feito na certeza de que já deu certo.

Determinação, foco, coragem, concentração, humildade, respeito e atitude, juntamente com o improviso do atleta dentro de campo são fundamentais.

5-Quais são os treinamentos que um atleta de futebol deve fazer para que alcance um alto nível competitivo?

O futebol evoluiu muito. Temos que trabalhar muito em conjunto, unindo a qualidade técnica e junto com ela a parte física. Hoje, se tem condição de fazer a parte física sem deixar a técnica de lado e, para isso acontecer, é preciso de bola e mais bola. Fazendo isso, acredito que o jogador fica em ritmo de competição o mais rápido possível.

6-Para ser um dos melhores jogadores da sua posição, quais devem ser as características de jogo tanto com bola, como sem bola?

Eu sou um meia armador e tenho em minha mente que tenho a obrigação de fazer meu time jogar. Dando velocidade na bola, fazendo o time ser rápido quando tem que ser e sabendo cadenciar quando tem que cadenciar, ao ficar com a posse de bola.

No clube em que jogo, tenho de ser o “rei” em assistências, até porque sou um meia armador.

Acho importante também finalizar de média distância e também entrar na área porque hoje é necessário ao meia moderno. É preciso também colocar sua qualidade individual e o improviso que todo grande meia tem que ter.

Sem a bola, ajudar na marcação, não que você vai ser um exímio marcador até porque não sou defensor, mas tem que vir compor o espaço, procurar marcar já no campo de ataque ou, no mínimo, matar a jogada por lá.

7-Quais são seus pontos fortes táticos, técnicos, físicos e psicológicos? Explique e, se possível, tente estabelecer uma relação entre eles.

Tático: Tenho o privilégio de dentro de campo ter uma leitura rápida do adversário e da partida e, com isso, me adéquo à forma do adversário jogar e vou procurar explorar o ponto fraco dele e também em relação a posicionar meus companheiros, pois tenho essa leitura.

Técnicos
: Visão de jogo, enfiadas de bola, bola longa, bola parada e chute de media distância.

Psicológico
: Eu não perco a cabeça jogando. Sou muito frio e me mantenho focado e concentrado os 90 minutos.

Físico
: Muita força na perna e acredito que uma boa explosão curta. Suporto os 90 minutos estando com ritmo de jogo. Um jogador precisa de tudo isso e esse conjunto é importante para que ele dê o melhor de si numa partida e ao longo da competição.

8-Pense no melhor treinador que você já teve! Por que ele foi o melhor?

Tive vários treinadores e onde passei fui vencedor, conseguindo acessos, títulos e sempre chegando na reta final das competições. Vou citar quatro:

Amauri Knevitz: porque sabe montar um time e extrair o melhor de cada jogador.

Luciano Dias: por saber ser comandante, disciplinador e principalmente vencedor.

Leston Junior: porque me fez sentir à vontade dentro de campo e me fez ter de volta a alegria de jogar futebol e fazer o melhor que eu posso.

Élio Sizenando: Estou o conhecendo agora, mas é um treinador que gosta do verdadeiro futebol jogado e faz isso sem medo de ser feliz. Isso faz com que o nosso futebol brasileiro seja resgatado. É um treinador novo e em sua primeira competição conquistou o acesso.

Tenho certeza que serei feliz porque a minha qualidade e forma de jogar se encaixam com a filosofia de trabalho dele e na forma que enxerga o futebol.

9-Você se lembra se algum treinador já lhe pediu para desempenhar alguma função que você nunca havia feito? Explique e comente as dificuldades.

Sim. Amauri Knevitz, no Noroeste-SP. Ele me colocou para jogar de terceiro volante e foi muito bom porque aprendi muito e pegava muito na bola porque a saída era sempre comigo e também chegava sempre de frente.

A dificuldade surgia porque tinha que jogar numa faixa de campo e chegar à frente e voltar rápido no meu setor. Com isso, como não era acostumado, sofri um pouco no começo tanto que saia em todos os segundos tempos porque não aguentava fisicamente. Depois que me acostumei, aí foi embora…

10-Qual a importância da preleção do treinador antes da partida?

Muito grande. Porque ali saímos da preleção sabendo o ponto forte, fraco, o que temos que fazer e explorar do adversário. Passa a confiança do trabalho da semana em prol do jogo. Nos motiva a en
trar em campo com olhos de águia, querendo a vitória a todo custo, mas bem organizado. Essas palavras vindas do comandante fortalecem o grupo porque ele é o líder e nos passa a confiança.

11-Quais são as diferenças de jogar em 4-4-2, 3-5-2, 4-3-3, ou quaisquer outros esquemas de jogo? Qual você prefere e por quê?

No 4-4-2 tradicional, saio muito aos lados do campo para marcar. No 3-5-2 com dois volantes, jogo só do meio para frente e com liberdade dos dois lados.

No 4-3-3, gosto muito porque tenho três opções de passe à minha frente e liberdade no meio para criar e chegar na área. Jogo boa parte centralizado, mas com liberdade, em momentos do jogo, de cair pelas pontas e estou sempre perto do gol.

12-Comente como joga, atualmente, sua equipe nas seguintes situações:

•Com a posse de bola;
•Assim que perde a posse de bola;
•Sem a posse de bola;
•Assim que recupera a posse de bola;
•Bolas paradas ofensivas e defensivas.

Com a posse: Jogamos com dinâmica, transição rápida, chegando ao campo de ataque e valorizando muito a posse com toques rápidos e sempre em direção ao gol.

Sem a posse de bola: Procurar marcar no campo de ataque e recuperar a bola o mais rápido possível. É um time bem compacto dentro de campo.
Assim que recuperar a bola: Fazer a bola chegar ao campo de ataque rápido e assim criar as jogadas e defini-las em gol.

Nas bolas paradas ofensivas, atacamos a bola entrando cada um no seu setor com muita força e nas defensivas marcamos por setor, agredindo a bola e não deixando o adversário nem encostar nela, com muita atenção no rebote, tanto para ganhar, quanto para puxar rápido o contra ataque.

13-O que você conversa dentro de campo com os demais jogadores, quando algo não está dando certo?

Procuro orientar a partir do que trabalhamos a semana e também da forma que li o jogo desde o apito do árbitro. Se algo está dando errado, tento motivá-los porque qualidade tem e naquele dia pode estar dando errado. Prefiro não criticar, pois posso afundar de vez o meu companheiro e eu preciso dele bem, concentrado e motivado para ter a certeza de que vai fazer a jogada certa.

Tenho que ser um líder e até por ter essa qualidade, os jogadores têm que ver em mim uma referência dentro de campo. Tenho que passar confiança.

14-Como você avalia seu desempenho após os jogos? Faz alguma reflexão para entender melhor os erros que cometeu? Espera a comissão técnica lhe dar um retorno?

Sou um jogador que me cobro muito. Às vezes, o time ganha e eu não faço uma partida que seja boa aos meus olhos, chego em casa e quem aguenta o meu mau humor são minha esposa e meus filhos. Logo eles já sabem que não estou legal. No mesmo dia, já penso o que fiz de certo e errado em cada lance e em cada jogada, tanto com a bola, quanto sem ela.

Na reapresentação do elenco, vejo a opinião da comissão e procuro extrair o máximo para não cometer mais os mesmos erros e ir crescendo jogo a jogo na competição.


15-Para você, quais são as principais diferenças entre o futebol brasileiro e o europeu? Por que existem estas diferenças?

Estamos atrás e os resultados dos últimos anos de nossa seleção mostram isso. A Europa evoluiu e nós paramos no tempo. Preocupamo-nos muito com força, tamanho, dinheiro e o futebol jogado de verdade, que enchia os olhos dos torcedores e que acontecia com a maior naturalidade, foi acabando.

16-Se você tivesse que dar um recado para qualquer integrante de uma comissão técnica, qual seria?

O meu recado é que eles devem cuidar de cada jogador com muito carinho, atenção, respeito e profissionalismo. Fazendo sempre o melhor e cobrando porque sabe da qualidade de cada jogador que tem em mãos e deve procurar extrair o “máximo do máximo” de cada um. Somente com jogadores e comissão juntos é que podemos ser vencedores e ficarmos gravados na história de um clube!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

Leia mais:
Entrevista Tática: Oliver Minatel, atacante do Nacional da Madeira-POR
Entrevista Tática: Nei, lateral-direito do Internacional
Entrevista Tática: Dante, zagueiro do Borussia M’Gladbach-ALE
Entrevista Tática: Gilsinho, atacante do Corinthians
 

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso