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Vida de jogador de futebol

A mente humana costuma idealizar modelos para entender e interpretar o mundo. Entretanto, não poucas vezes, estes modelos nos traem. Pense, por exemplo, num jogador de futebol e provavelmente virá à mente a imagem de um milionário, com mais ou menos talento, mas ignorante ou com pouca cultura e incapaz de fazer muita coisa além de jogar futebol.

 

Este é um estereótipo que em absoluto corresponde à verdade. Em primeiro lugar porque as estatísticas nos demonstram que a esmagadora maioria da categoria dos futebolistas, no Brasil pelo menos, não é milionária e está no lado oposto deste modelo idealizado por muitos. E mesmo aqueles que estão se dando bem na profissão, em grande parte, lutam e se sacrificam para manter este padrão, fato que não é devidamente reconhecido pela opinião pública.

 

Nesta segunda-feira, voltando da Holanda, tive a oportunidade de viajar ao lado do goleiro Gomes, ex-jogador do Cruzeiro, atualmente jogando no PSV da cidade de Eindhoven e que sonha, ainda que de forma remota, com uma convocação para a Copa do Mundo da Alemanha.

 

O goleiro, com certeza mais famoso na Holanda do que no Brasil, tinha acabado de jogar, no domingo, uma partida pela final da Copa da Holanda contra o arqui-rival Ajax. Gomes lamentou o fato de estar empatando a partida em 1 a 1 até poucos minutos antes do final e, numa bobeada da defesa do PSV, acabou perdendo não só o jogo como também o título.

 

Sem dormir direito à noite este simpático e bom atleta ainda teve disposição para conversar um pouco comigo sobre sua vida na Holanda, suas perspectivas profissionais, sua família, sobre sua esposa e o filho Flávio, recém-nascido, além de falar sobre a comparação do futebol holandês com o brasileiro, entre outros assuntos.

 

Fui premiado por um depoimento que demonstrou como pode ser saudável, estimulante e interessante a vida de um jogador de futebol. O goleiro Gomes disse-me, dentro de sua simplicidade, como conseguiu sair da relativa pobreza e administrar sua carreira, com a ajuda de alguns amigos, de uma forma sólida.

 

Gomes é capaz de treinar, jogar futebol e ainda planejar suas finanças, ajudar a família formada por pai, mãe e nada menos do que doze irmãos. E ainda encontra tempo para estudar inglês e neerlandês, o idioma oficial falado na Holanda.

 

Enfim, um exemplo de bom profissional que faz perfeitamente o contraponto com aquele modelo que às vezes colocamos em nossa cabeça.

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br