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A vertente física do jogo de futebol no treinamento com Jogos – parte II

Há algumas semanas foi publicada uma coluna com o objetivo de auxiliar na elaboração de um microciclo de treino, mais especificamente na vertente física do jogo, a partir de um olhar sistêmico para a modalidade.

Para dar sequência a discussão serão apresentados alguns exemplos de quais comportamentos de jogo podem ser treinados nos diferentes tamanhos de campo e tempo de estímulo. Nesta semana, as considerações serão relativas aos Jogos de até 30” de duração (por série).

Para relembrá-los, seguem, abaixo, os dois gráficos, em que o primeiro aponta as exigências físicas predominantes nas atividades em função do tamanho do campo e do tempo de estímulo por série e o segundo mostra o metabolismo predominante, também em função do tamanho do campo e do tempo de estímulo por série:

 

Dentre as sugestões para as atividades de até ½ do campo e até 30” de duração estão: finalização, reposição do goleiro com as mãos, assistência, cruzamento, penetração, ultrapassagem, drible, mobilidade com e sem trocas de posição, 1×1, desarme, pressão, recuperação imediata da posse e retirada do setor de recuperação. Para garantir a intensidade do exercício, em que para jogar bem (vencer) serão necessárias altas velocidades de decisão e execução, algumas regras são importantes. São elas: limitação ou restrição de passes para trás, pontuação para passes diagonais e pra frente, maior pontuação para gols de contra-ataque, maior pontuação para gols de fora da área, pontuação para recuperação da posse de bola e tempo para finalizar. Saber quais e quando utilizá-las é função da comissão.

Para estas atividades, trabalhar com pequenos e médios grupos com, no máximo, 6 x 6 jogadores. De acordo com a necessidade da equipe, objetivos diferentes podem ser propostos. Exemplificando: uma equipe (de atacantes) pode ter como maior objetivo pontuar marcando gol e a outra equipe (de defensores) sair rápido do campo de defesa, retirando a bola do setor de recuperação e pontuando com passes entre gols caixote ou ultrapassagens com a bola dominada em setores delimitados.

Em relação ao mesmo tempo de estímulo e dimensões oficiais, ou então ¾ do campo, as sugestões de atividades pouco diferem das expostas acima, porém, existem algumas ressalvas: trabalhar preferencialmente com médios grupos, saber que aumentará a incidência de passes longos e diminuirá a incidência de finalização.

Com o campo maior, há a possibilidade de reposição do goleiro com os pés e também a de reunir os 22 jogadores para um jogo de bolas paradas ou jogadas ensaiadas, distribuindo os pontos para o jogo de acordo com os objetivos desejados (ataque a bola, gol de cabeça, gol direto, saída do goleiro, etc.).

É importante lembrar que mesmo com poucos jogadores a plataforma de jogo (referência estrutural que orienta a equipe para o cumprimento da lógica do jogo) não pode ser negligenciada. Por mais que seja um jogo em dimensões reduzidas e por um curto espaço de tempo, esta referência também deve nortear as ações individuais e coletivas da equipe para dar maior ordem a grande desordem que caracterizam estas atividades.

E para garantir a qualidade/intensidade das ações com o acúmulo de séries é importante respeitar o tempo de pausa que, para estas atividades, geralmente são aplicados pelo menos duas vezes o tempo do esforço. E é durante a pausa o momento ideal para os ajustes/intervenções para a qualidade do treino e que preferencialmente devem ser feitos por um profissional da comissão que não esteja conduzindo o Jogo (pois este estará com outro(s) grupo(s) em estímulo enquanto o primeiro se recupera).

Para concluir, pensando na manutenção do “estado de Jogo” durante toda a atividade, o acúmulo de pontos permite a competitividade e o treinar complexo das quatro vertentes do jogo como afirma o treinador Rodrigo Leitão, “a todo o tempo o tempo todo”.

Em outra oportunidade, a continuação do tema com as considerações para as atividades de até 5 minutos de duração.

Enquanto isso, aguardo sugestões, críticas e opiniões.
 

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Punição disciplinar aos clubes por violência de torcedores

Na última rodada do campeonato brasileiro de futebol, novamente, foram transmitidas ao vivo cenas lamentáveis nas arquibancadas do Mané Garrincha envolvendo as torcidas de Vasco e Corinthians.

Em razão destes incidentes a Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) denunciará as duas equipes, com fulcro no artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que trata de deixar de tomar providências capazes e prevenir ou reprimir desordens ou invasão do campo.

As penas previstas são a perda do mando de campo de uma a dez partidas, disputa dos jogos com portões fechados e multa variável de R$100 a R$100 mil reais.

Segundo o procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, a denúncia trará pedido para que, caso a pena seja perda do mando de campo, ela seja cumprida sem a presença da torcida do clube infrator para evitar que a punição seja cumprida em Brasília com seus torcedores.

A confusão entre os torcedores se deu no intervalo da partida entre Vasco e Corinthians quando membros das torcidas organizadas do Corinthians se aproveitaram da ausência de divisórias de separação e invadiram o setor destinado aos vascaínos. Ademais, o contingente policial era pequeno e teve muita dificuldade em conter o tumulto.

A briga terminou com alguns feridos, incluindo três policiais, e chamou a atenção o fato de terem sido identificados um vereador da cidade de Francisco Morato e um dos torcedores detidos em Oruru, pela morte do menino Kevin Espada.

Segundo o Estatuto do Torcedor, os organizadores (clube mandante se entidade organizadora) dos eventos esportivos devem, junto com o Poder Público, criar um plano de ação para garantir a segurança durante as partidas. No caso em comento caberia ao Vasco da Gama, mandante, estabelecer medidas para garantir a segurança no evento.

Diante da história rivalidade entre as torcidas (inclusive com casos de morte) o plano de ação deveria prever divisão entre elas e maior contingente policial. Destarte, durante o tumulto o que se viu foi uma imensa dificuldade dos policiais em conter a violência.

Diante disso, percebe-se que o Corinthians não dispunha de meios legais e efetivos para tomar providências capazes de impedir ou reprimir as desordens.

Se havia membros de torcidas organizadas sabidamente violentos no tumulto, isso decorre da inoperância do Estado em puni-los e, se houve negligência ou falta de planejamento para evitar e lidar com eventuais tumultos, isso se deve à falta de um plano de ação efetivo cujo a responsabilidade legal é do mandante, da CBF e do Poder Público.

De fato, os clubes devem participar da luta contra a violência sendo, inclusive punidos, mas não há que se demonizar as torcidas organizadas, punir os clubes e deixar de apontar os erros e a culpa do Poder Público e da Confederação Brasileira de Futebol.

Que sejam aplicadas punições exemplares a todos os envolvidos a fim de desestimular a falta de zelo na elaboração dos planos de ação e as práticas violentas de alguns torcedores.

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Como o autoconhecimento pode contribuir para uma nova carreira

Toda mudança, em geral, pode causar desconforto e elevar o nível de stress dos atletas profissionais. Mas como conseguir praticar o futebol profissional quando o atleta percebe que o final da carreira atual está próximo do fim?

As fases de uma carreira esportiva vão desde sua iniciação, passando pela fase de desenvolvimento, pela excelência e por fim chegando na fase de aposentadoria da carreira como atleta profissional.

Nesta última fase, o atleta passa a diminuir seu envolvimento com treinamentos intensos e competições oficiais. A transição desta etapa, aposentadoria, para outra atividade profissional talvez seja a transição mais conflituosa, devido ao envolvimento com ajustes sociais, físicos, pessoais, ocupacionais e financeiros. É uma fase que deve ser tomada como a principal meta do planejamento de carreira esportiva para um atleta de alto nível, mas parece que no Brasil ainda não estamos sensíveis para este planejamento.

É justamente neste campo que um Coach pode contribuir imensamente com os atletas profissionais e uma das suas grandes missões, em minha opinião.

Trata-se de contribuir com o autoconhecimento do atleta no início de seu planejamento de carreira, pois ao se conhecer o atleta terá uma visão muito mais clara e genuína acerca de sua nova atividade profissional. Costumo dizer em palestras e treinamentos que o autoconhecimento é uma oportunidade de nos olharmos no espelho da vida e podermos clarificar nossa consciência quanto ao nosso real perfil comportamental.

Existem diversas ferramentas para promover o autoconhecimento, das quais enquanto Coach destaco duas:

1.DISC
 

  • Uma ferramenta que permite que as pessoas compreendam rapidamente suas preferências de comportamento no trabalho, através de quatro tendências básicas: Dominância, Influência, Estabilidade e Conformidade. Esta ferramenta tem sido utilizada há 30 anos por mais de 45 milhões de pessoas no mundo, assim como foi traduzida e validada em mais de 25 idiomas.

    Aponto como uma grande vantagem do DISC a capacidade de interpretar a relação entre os quatro fatores (Dominância, Influência, Estabilidade e Conformidade) para traçar um perfil comportamental.

    O DISC é ideal para prever a forma como um indivíduo age e interage com os outros. Detecta suas motivações, forças e pontos que precisam ser desenvolvidos, bem como sua reação a um conjunto específico de circunstâncias.
     

2.ENEAGRAMA
 

  • Definido como um sistema preciso e profundo que descreve nove padrões de comportamento e seus diferentes níveis de consciência, ajudando, assim, as pessoas a evoluírem pessoal e profissionalmente.

    O Eneagrama já conta com validação científica e acadêmica, incluindo diversas teses de mestrado e doutorado nos EUA e na Europa. No mundo dos negócios, o Eneagrama vem sendo descoberto por alguns cursos de MBA de instituições, como Stanford e Loyola, nos EUA, e FGV e USP, no Brasil.

    Além disso, importantes organizações multinacionais também já utilizam o modelo do Eneagrama com suas equipes. Alguns exemplos são: 3M, IBM, Motorola, Boeing, Disney, Sony, Du Pont, Procter &Gamble etc. No Brasil, podemos citar ainda: Embraer, VIVO, Subsea7, COSAN, Souza Cruz, Oi, Skanska, Oracle, Perdigão, entre outras.

Bem, como disse antes, acredito plenamente no autoconhecimento como grande alavanca para um bom planejamento e uma adequada transição de carreira para os atletas profissionais no Brasil. Chegou a hora de utilizarmos o autoconhecimento com nossos atletas profissionais.

Porém, também deixo uma alerta em forma de reflexão: até quando o Brasil irá ignorar o planejamento da carreira esportiva?

Concentrar-se apenas na formação de novos atletas pode ser um contrassenso caso não tenhamos projetos adequados para o planejamento da carreira e o inevitável momento de transição para uma nova carreira profissional! Vale conhecer o trabalho realizado pela Sociedade Brasileira de Coaching Esportivo, que é pioneira no Brasil neste tipo de serviço.

Até a próxima!

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Mais uma vez a violência…

Novamente, a violência das torcidas organizadas volta às manchetes e às análises de alguns especialistas do meio esportivo. Evidenciada, sobretudo, pela confusão causada por torcedores de Vasco e Corinthians no último final de semana em Brasília.

E o problema não são as leis. São, como muitas no Brasil, a aplicação delas. O Estatuto do Torcedor está aí para provar isso. E se o Estado é inoperante ou ineficiente para efetivar um controle sobre atos desta natureza, será que as entidades do futebol também devem se omitir de qualquer ação mais proativa, como o fazem hoje e historicamente?

Por outro lado, o Prof. Dr. Gustavo Pires (no livro “Agôn, Gestão do Desporto, o Jogo de Zeus”, 2007, p. 11) debate a questão da violência como uma manifestação venal da construção histórica-sociológica do homem e, portanto, ligada ao desporto. A guerra, na verdade, era controlada pela prática esportiva e assim surgiu os “Jogos e tornaram a paz gloriosa, através do prazer lúdico da violência controlada”. Em uma das passagens do livro, Pires comenta:

“Aqueles que através de um discurso pseudomoralista pretendem castrar o desporto em geral e o futebol em particular das suas origens antropológicas que têm a ver com a necessidade de extravasão [sic] da violência (geralmente virtual) que cada homem contém dentro de si, transformando o jogo numa mera recreação, em que o objetivo se resumo a curtir o deleite da destreza do gesto acrobático e da estética geométrica da progressão no terreno, que também se encontram em muitas outras atividades humanas, podem estar a fazer com que o futebol se desligue dos laços que ainda o prendem às suas verdadeiras raízes que se encontram nas origens da humanidade, fazendo com que deixe de ter a atração mágica que, semana após semana, época após época, conduz aos estádios quer direta, quer indiretamente através da televisão, dezenas de milhões de espectadores por todo o mundo, independentemente do seu estatuto social, credo, gênero ou idade”.

É bem verdade que a “violência” a qual Pires refere está relacionada à prática do esporte. Mas serve para entendermos que ela dificilmente será totalmente controlada e anulada em se tratando de esporte.

O que assusta, especialmente no caso citado no 1º parágrafo, é a inércia e a falta de um posicionamento mais firme e decisão das organizações do próprio esporte. Enquanto não entendermos que a questão da violência das torcidas deve fazer parte sim de uma pauta das entidades de administração e de prática do esporte, no sentido de perceber que um controle mínimo (ou mesmo um posicionamento mais efetivo que iniba algumas dessas práticas) contribuirá para a entrega de um espetáculo mais palatável para o consumo, não consigo enxergar uma solução consistente no curto-médio prazo.

E esta questão está longe da visão minimalista de aumentar ou reduzir o preço de ingressos. Precisamos, enfim, entregar mais e melhor para que haja efetivamente um retorno positivo dos próprios torcedores no viés do consumo ou mesmo na ampliação dos investimentos de patrocinadores privados por conta do espetáculo ímpar proporcionado nas arenas. Eis a agenda positiva que precisa ser levada a cabo nas pautas (e atitudes) dos organismos do futebol…

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Legado: quando o futuro encontra o passado

Não só por razões profissionais do momento, com também pela identificação com o tema da responsabilidade social no futebol, volto a abordá-lo, após brevíssimo “período sabático” que me manteve afastado da Universidade do Futebol.

Destreinado, aos poucos pego o “ritmo de jogo” nesse contato com você, leitor.

E, como aprendi desde sempre, ritmo de jogo se adquire jogando. Ou, ao que me toca, escrevendo.

Talvez por estar, deliciosamente, mergulhado na leitura do livro “Cuentos de Fútbol”, que reúne textos de ilustres autores latinoamericanos sobre futebol e cujo organizador é Jorge Valdano – o filósofo dos gramados – salta-me a inspiração para tentar “contar uma história”.

Pois bem.

Onde você acha que Pelé disputou seu milésimo jogo?

O milésimo gol, sim, é fácil. Até as histórias de tentativas, venturas e desventuras para que o Rei, finalmente, o marcasse e acabasse com a expectativa, conhecemos.

Todos queriam estar presentes nesse momento histórico. Algo como todos os que, vivos à época, afirmarem que estavam no Maracanã na final de 1950…

1971. 26 de Janeiro. Suriname. País vizinho ao Brasil ao norte. Faz calor – mesmo porque, lá, as duas estações são “calor” e “muito calor”.

Pelé chega com o Santos para disputar um amistoso contra o Transvaal, equipe da capital do país, Paramaribo.

Um único jornalista, da revista Placar, foi incumbido de acompanhar esse pouco conhecido episódio do futebol brasileiro. A missão: entregar a Pelé uma “Bola de Prata”, prêmio recém-instituído pela revista, como homenagem ao grande ídolo pelo seu 1000º jogo.

O estádio, de dimensões acanhadas para hospedar o Rei (13 mil lugares), possuía a grandeza da solidariedade humana: o lucro da partida serviria para ajudar na construção de um viaduto que pretendia servir para a redução do número de acidentes e mortes no trânsito local.

Em meio ao Primeiro-Ministro local, representante do Reino da Holanda e de estupefatos jogadores do Transvaal, Pelé recebe as homenagens e, com o jogo correndo, Pelé, no seu milésimo jogo, faz seu gol número 1070, de pênalti.

2013. 26 de agosto. Curitiba. Frio típico da cidade, daqueles em que se faz piada que “aqui, até o verão tira férias em outro lugar”.

O maior hospital pediátrico do Brasil recebe a visita de três ídolos do Botafogo, dentre eles, um craque que, um dia, foi criança no Suriname.

Clarence Seedorf. Na visita ao Complexo Pequeno Príncipe, conversa a respeito do Programa Gols pela Vida, que tem como padrinho Pelé, e que se presta a promover o legado social do grande ídolo do futebol brasileiro, na aproximação da família do futebol junto à causa da saúde infantil por meio de um grande conjunto de iniciativas.

Seedorf também fala, com orgulho, de sua entidade “Champions for Children” e do trabalho desenvolvido junto às crianças do Suriname, tendo o futebol como vetor de educação, saúde e protagonismo juvenil.

Disse a mim que seu maior sonho e, também, desafio, é fazer com que a instituição permanece viva por muitos anos, sem dele depender, porque isso é o seu LEGADO para o futuro.

Pelé, antes mesmo de Seedorf nascer, havia feito seu milésimo gol e dedicado às crianças do Brasil, afirmando que se lhes devia dar atenção e carinho, pois sempre seriam o futuro de um grande país.

Antes mesmo de Seedorf nascer, no Suriname, Pelé também havia feito seu milésimo jogo. Quis o destino que fosse lá mesmo.

Seedorf cresceu e se tornou jogador de futebol. Mais do que ídolo, virou exemplo, daqueles que são condecorados pela Fundação Nelson Mandela com o título de “Legacy Champion”, por promover a integração e igualdade étnicas.

O futuro, hoje, visitou o passado, no encontro do sonho de dois craques da bola em torno da responsabilidade social por meio do futebol.

Um grande gol pela vida, que encontrará eco até mesmo quando não estivermos mais aqui.
 

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Conversa

Questionado no último domingo sobre a estreia do zagueiro Antonio Carlos, que havia sido contratado do Botafogo, o técnico Paulo Autuori enfatizou a liderança do defensor.

"Isso é algo que eu venho cobrando de todo o time. Precisamos nos comunicar mais e melhor", disse o comandante do São Paulo após a vitória por 2 a 1 sobre o Fluminense.

Como na vida, a comunicação muitas vezes é subvalorizada no futebol. Não há relação que se sustente sem atenção a isso.

Ao contrário de modalidades em que as movimentações são marcadas e treinadas com base em repetição, o futebol está alicerçado em improvisos. Por isso, qualquer lance tem potencial para mudar o panorama de um jogo. Muitas vezes, falha de atenção ou erros individuais são imperceptíveis para quem apenas vê uma partida.

Em campo, portanto, os jogadores são submetidos constantemente às duas situações: há erros, falhas ou apenas adversários mais perspicazes, e eles precisam perceber isso a tempo, planejar uma estratégia contrária e comunicar isso ao time.

Exemplifico: um jogador pega a bola na direita, faz uma trajetória em diagonal e dribla três adversários. Os defensores que ainda estiverem postados precisam pensar rapidamente em meios de compensar os espaços abertos e evitar que a bola chegue ao gol.

A lista de decisões possíveis passa por "fazer a falta", "tentar o desarme individual", "tentar o desarme com dois jogadores" ou "posicionar o corpo para impedir que ele seja obrigado a mudar de direção", por exemplo. Há muitas outras hipóteses, e a decisão é sempre de quem está em campo.

Quando eu digo que o campo dá total autonomia, muita gente já questionou e citou os treinos. Por mais que a defesa seja preparada para lidar com ataques que tenham mais adversários ou lances individuais, por mais que os movimentos sejam ensaiados, o futebol sempre tem peculiaridades. É praticamente impossível que um lance no jogo seja a repetição exata de uma simulação feita durante a semana.

O que acontece no jogo pode remeter a exemplos dos treinos, e isso pode automatizar as decisões dos atletas. Para amenizar a margem de erro, contudo, o melhor é que esses atletas consigam entender o que está acontecendo e planejar soluções. Essa capacidade de resolver problemas em um espaço curtíssimo de tempo é o maior diferencial de qualquer esporte coletivo.

Tomada a decisão sobre o que fazer para interromper a jogada do adversário, cabe ao jogador comunicar isso. Não há estratégia eficiente se for totalmente individual, descolada das ações do restante do time. Se todos tiverem iniciativa ou se ninguém tiver, as chances de o lance prosseguir são igualmente grandes.

É importante que as decisões, por mais individuais que sejam, tenham reflexo no contexto. Um zagueiro pode optar por fazer a falta para interromper o lance individual do rival, mas os companheiros dele devem se posicionar para evitar a sequência do lance. E se o atleta que sofreu a infração conseguir tocar a bola, por exemplo? E se esse toque for direcionado ao espaço deixado pelo defensor que foi fazer a falta?

Não existe decisão, por mais técnica que seja, que possa ser dissociada da comunicação. E quando eu digo comunicação, não precisa ser necessariamente um estímulo verbal. Atletas podem se falar por gestos, olhares ou até pela movimentação. O corpo também fala.

Dissociar processos é um dos erros mais comuns no esporte. É como o jogador que tem excelente índice de aproveitamento de finalizações nos treinos, mas não repete isso nos jogos. Ele pode ter a mecânica certa, o movimento correto, mas precisa saber colocar isso em prática com ações dos rivais, pressão da torcida, cansaço e outros fatores.

Volto a Paulo Autuori. Depois da vitória sobre o Fluminense – o São Paulo não triunfava desde a segunda rodada do Campeonato Brasileiro – o técnico enalteceu o ambiente que tem sido criado no time do Morumbi. "Eu acredito na harmonia", afirmou o técnico.

Conheci um jogador que pedia para levar tapas na cara antes de entrar em campo, só para aumentar a motivação. O nadador Cesar Cielo faz alto parecido ao desferir fortes tapas contra o próprio peito nos momentos que precedem as provas. Comunicação é passar mensagens. Nem sempre com harmonia.

O contraexemplo de Autuori é o técnico Dunga, que tem feito boa campanha com o Internacional no Campeonato Brasileiro. Ele pode até criar um ambiente de harmonia, mas não se comunica assim.

Dunga é raiva, é explosão, é pressão. É radicalmente o inverso de profissionais como Autuori ou Oswaldo de Oliveira, que comanda o Botafogo. E existe um estilo melhor entre os dois caminhos?

Não, não existe.

Sempre que foi questionado sobre o excesso de palavrões à beira do campo, o técnico Vanderlei Luxemburgo respondeu coisas como "ali, no calor do jogo, é impossível pedir por favor". Se você vociferar um pedido a alguém na rua, dificilmente será atendido.

Comunicação é conhecimento. É conhecer o ambiente, por exemplo, e saber que a linguagem usada durante um jogo de futebol não é pertinente em outros ambientes. Mas também é conhecer o receptor da mensagem e saber como ele lida com cada tom.

Há jogadores que se assustam com gritaria e que não rendem bem com esse tipo de cobrança. Outros, como o que eu relatei, preferem tomar tapas na cara só para atingir o grau certo de adrenalina.

A comunicação eficiente em campo segue o mesmo roteiro do que acontece fora das quatro linhas. É fundamental conhecer o assunto, o ambiente e o destinatário. A grande diferença entre as duas situações é a velocidade. Em campo, além de conhecer tudo isso e lidar com a pressão, jogadores, treinadores e outros profissionais precisam tomar decisões muito mais urgentes.

Urgência só não pode ser confundida com "de qualquer jeito". A boa comunicação é a que tem estratégias prontas para lidar com esse prazo curtíssimo. É a que entende que não se pode tratar indivíduo algum com base em generalizações.

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O fator gramado: o vantajoso “não jogar futebol” vs o jogar futebol

São inúmeros os estudos e as observações estatísticas que vêm nos últimos 15 anos – mais formalmente – analisando a suposta vantagem de equipes como mandantes, jogando dentro dos seus “domínios”.

Há também pesquisas que evidenciam, por exemplo, a influência do mando de jogo nas decisões da arbitragem (especialmente na incidência de cartões amarelos e vermelhos) em determinadas competições.

Seja qual for o tipo de análise e abordagem realizada nessas pesquisas, muitos são os motivos e os apontamentos que tentam justificar as significativas diferenças observadas tendo o mando de jogo como variável independente nos estudos.

E ainda que haja evidências certeiras que mereçam nossa atenção dentro da ideia geral e concreta, de que mais do que o mando de jogo, o ambiente e a atmosfera presente nele (no próprio ambiente), são, sistemicamente falando, potencialmente determinantes para o resultado final da partida e até de um campeonato, gostaria de evidenciar neste texto algo que deveria sim, ser valorizado como variável para análise: o fator campo literalmente falando!

E do que se trata o fator campo, literalmente falando? Trata-se especialmente das condições do terreno de jogo (da grama, dos buracos, da areia, etc.) e de suas dimensões.

Claro que uma vitória ou uma derrota podem sim ser analisadas e explicadas por uma série de fatores interligados que compõe no contexto geral o resultado final de uma jogo.

Mas, como desvalorizar (como se faz inúmeras vezes) e negligenciar, por exemplo, a qualidade do terreno de jogo para analisar o desempenho de uma equipe?

No tênis, muitos grandes jogadores em um tipo de piso não são necessariamente os melhores em outro tipo – e se quiserem ser, precisarão treinar muito para que se acostumem com as nuances que um ou outro piso propiciarão à dinâmica do jogo.

Um campo de futebol com grama alta tornará o jogo mais pesado e lento. Um campo úmido, com grama fina e baixa propiciará um jogo muito veloz. Um campo de terreno duro, com muitas falhas na grama, areia e buracos, deixará a bola muito “viva”, e o jogo jogado será outro.

Quando comparamos, muitas vezes o ritmo de jogo jogado no futebol europeu com o futebol brasileiro, há de se levar muito em conta o fator campo (ou melhor, vou chamar de fator gramado). Quando comparamos, muitas vezes a qualidade técnica do jogo europeu com a do futebol brasileiro, precisamos entender o “peso” do fator gramado.

Claro, o fator gramado não é a explicação para tudo – longe disso! Mas, chamo a atenção para o fato de que ele é sim, muitíssimo importante para analisarmos ocorrências do jogo.

Muitas vezes, porém, é mais simples fugir da questão que envolve a qualidade do gramado e partir para uma análise especulativa e imaginativa – por vezes infundada – que tenta explicar êxitos e fracassos (afinal como normalmente se diz: “se o campo estava ruim, estava ruim para as duas equipes”).

E é nessa afirmação que mora um dos grandes equívocos para iniciar a análise de um jogo. O campo está ruim para as duas equipes? Depende do jogo que cada equipe se propõe a jogar.

Uma equipe acostumada a chutões, bolas longas e cruzamentos distantes até a área, pode realmente não ter grandes problemas em um campo todo esburacado, que não favoreça a troca de passes.

Mas, para uma equipe que se propõe a controlar o jogo com bola, trocar passes rápidos e elevar o ritmo do seu jogar, um campo como o descrito no parágrafo anterior não vai ser nada bom.

Então, há de se considerar que um campo bom ou ruim, não é necessariamente bom ou ruim para todas as equipes que jogam nele.

Nas categorias de base do FC Barcelona, por exemplo, mesmo nos treinos em grama artificial, o campo é levemente molhado para a bola deslizar com mais facilidade e exigir dos jogadores mais velocidade e habilidade – não por acaso a sua equipe profissional tem como hábito, em seu campo, de utilizar o mesmo procedimento durante as partidas.

Então, se queremos jogos de melhor qualidade, ritmo e intensidade devemos sim começar por uma atenção especial ao campo de jogo. E não adianta dizermos que os jogadores devem estar habituados a jogar em qualquer tipo de qualidade de gramado. Se queremos excelência no futebol não podemos negligenciar o fato!

O campo ruim, cheio de falhas e desníveis, nivela o jogo a favor das equipes de menor qualidade. O campo com gramado alto (ou muito alto), nivela o jogo à favor da equipe menos veloz e de menor ritmo.

Por que mesmo quando se está evidente a má qualidade do gramado, ao invés de nos atentarmos a isso e cobrarmos melhores condições para deixar o jogo melhor, acabamos por nos deparar muitas vezes com explicações que tentam justificar o mau desempenho de jogadores e equipes a partir de um viés por vezes distante da realidade dos fatos (coisas do tipo: faltou concentração; faltou respeito ao adversário; faltou comprometimento com a equipe)?

Claro, o bom ou mau desempenho, o bom ou o mau resultado têm explicações multifatoriais! Não estou propondo aqui que desconsideremos todas elas!

Mas, de novo, uma equipe que se prepara para jogar futebol em alto nível técnico-tático-físico vai sofrer consequências negativas de um gramado ruim; e claro ela poderá ou não se adaptar rapidamente as condições dele.

Porém, isso não desabona a grande verdade, que é a de que equipes acabam por adotar o campo de jogo como sua armadilha principal para vencer seus adversários!

Isso quer dizer então, que a invés de dirigentes, treinadores, comissões técnicas e jogadores buscarem diariamente evoluir o jogo de suas equipes para efetivamente confrontar modelos e estilos, o que vemos é um “descomprometimento” com a evolução do jogar, à favor de um pacto com um “não jogar futebol que seja vantajoso”.

Temos o dever de dar atenção a isso!!! Se queremos que nosso futebol melhore mais rapidamente, não podemos negligenciar o fator gramado!

Seja no Campeonato Brasileiro de futebol, nos Estaduais e Copa do Brasil nos quais isso é gritantemente evidente, ou ainda nas categorias de base: não podemos permitir que cada vez mais, continue ganhando espaço o desenvolvimento do “não jogar futebol que seja vantajoso”, em detrimento do realmente jogar futebol!

Por hoje é isso!!!

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O fator gramado: o vantajoso "não jogar futebol" vs o jogar futebol

São inúmeros os estudos e as observações estatísticas que vêm nos últimos 15 anos – mais formalmente – analisando a suposta vantagem de equipes como mandantes, jogando dentro dos seus "domínios".

Há também pesquisas que evidenciam, por exemplo, a influência do mando de jogo nas decisões da arbitragem (especialmente na incidência de cartões amarelos e vermelhos) em determinadas competições.

Seja qual for o tipo de análise e abordagem realizada nessas pesquisas, muitos são os motivos e os apontamentos que tentam justificar as significativas diferenças observadas tendo o mando de jogo como variável independente nos estudos.

E ainda que haja evidências certeiras que mereçam nossa atenção dentro da ideia geral e concreta, de que mais do que o mando de jogo, o ambiente e a atmosfera presente nele (no próprio ambiente), são, sistemicamente falando, potencialmente determinantes para o resultado final da partida e até de um campeonato, gostaria de evidenciar neste texto algo que deveria sim, ser valorizado como variável para análise: o fator campo literalmente falando!

E do que se trata o fator campo, literalmente falando? Trata-se especialmente das condições do terreno de jogo (da grama, dos buracos, da areia, etc.) e de suas dimensões.

Claro que uma vitória ou uma derrota podem sim ser analisadas e explicadas por uma série de fatores interligados que compõe no contexto geral o resultado final de uma jogo.

Mas, como desvalorizar (como se faz inúmeras vezes) e negligenciar, por exemplo, a qualidade do terreno de jogo para analisar o desempenho de uma equipe?

No tênis, muitos grandes jogadores em um tipo de piso não são necessariamente os melhores em outro tipo – e se quiserem ser, precisarão treinar muito para que se acostumem com as nuances que um ou outro piso propiciarão à dinâmica do jogo.

Um campo de futebol com grama alta tornará o jogo mais pesado e lento. Um campo úmido, com grama fina e baixa propiciará um jogo muito veloz. Um campo de terreno duro, com muitas falhas na grama, areia e buracos, deixará a bola muito "viva", e o jogo jogado será outro.

Quando comparamos, muitas vezes o ritmo de jogo jogado no futebol europeu com o futebol brasileiro, há de se levar muito em conta o fator campo (ou melhor, vou chamar de fator gramado). Quando comparamos, muitas vezes a qualidade técnica do jogo europeu com a do futebol brasileiro, precisamos entender o "peso" do fator gramado.

Claro, o fator gramado não é a explicação para tudo – longe disso! Mas, chamo a atenção para o fato de que ele é sim, muitíssimo importante para analisarmos ocorrências do jogo.

Muitas vezes, porém, é mais simples fugir da questão que envolve a qualidade do gramado e partir para uma análise especulativa e imaginativa – por vezes infundada – que tenta explicar êxitos e fracassos (afinal como normalmente se diz: “se o campo estava ruim, estava ruim para as duas equipes”).

E é nessa afirmação que mora um dos grandes equívocos para iniciar a análise de um jogo. O campo está ruim para as duas equipes? Depende do jogo que cada equipe se propõe a jogar.

Uma equipe acostumada a chutões, bolas longas e cruzamentos distantes até a área, pode realmente não ter grandes problemas em um campo todo esburacado, que não favoreça a troca de passes.

Mas, para uma equipe que se propõe a controlar o jogo com bola, trocar passes rápidos e elevar o ritmo do seu jogar, um campo como o descrito no parágrafo anterior não vai ser nada bom.

Então, há de se considerar que um campo bom ou ruim, não é necessariamente bom ou ruim para todas as equipes que jogam nele.

Nas categorias de base do FC Barcelona, por exemplo, mesmo nos treinos em grama artificial, o campo é levemente molhado para a bola deslizar com mais facilidade e exigir dos jogadores mais velocidade e habilidade – não por acaso a sua equipe profissional tem como hábito, em seu campo, de utilizar o mesmo procedimento durante as partidas.

Então, se queremos jogos de melhor qualidade, ritmo e intensidade devemos sim começar por uma atenção especial ao campo de jogo. E não adianta dizermos que os jogadores devem estar habituados a jogar em qualquer tipo de qualidade de gramado. Se queremos excelência no futebol não podemos negligenciar o fato!

O campo ruim, cheio de falhas e desníveis, nivela o jogo a favor das equipes de menor qualidade. O campo com gramado alto (ou muito alto), nivela o jogo à favor da equipe menos veloz e de menor ritmo.

Por que mesmo quando se está evidente a má qualidade do gramado, ao invés de nos atentarmos a isso e cobrarmos melhores condições para deixar o jogo melhor, acabamos por nos deparar muitas vezes com explicações que tentam justificar o mau desempenho de jogadores e equipes a partir de um viés por vezes distante da realidade dos fatos (coisas do tipo: faltou concentração; faltou respeito ao adversário; faltou comprometimento com a equipe)?

Claro, o bom ou mau desempenho, o bom ou o mau resultado têm explicações multifatoriais! Não estou propondo aqui que desconsideremos todas elas!

Mas, de novo, uma equipe que se prepara para jogar futebol em alto nível técnico-tático-físico vai sofrer consequências negativas de um gramado ruim; e claro ela poderá ou não se adaptar rapidamente as condições dele.

Porém, isso não desabona a grande verdade, que é a de que equipes acabam por adotar o campo de jogo como sua armadilha principal para vencer seus adversários!

Isso quer dizer então, que a invés de dirigentes, treinadores, comissões técnicas e jogadores buscarem diariamente evoluir o jogo de suas equipes para efetivamente confrontar modelos e estilos, o que vemos é um "descomprometimento" com a evolução do jogar, à favor de um pacto com um "não jogar futebol que seja vantajoso".

Temos o dever de dar atenção a isso!!! Se queremos que nosso futebol melhore mais rapidamente, não podemos negligenciar o fator gramado!

Seja no Campeonato Brasileiro de futebol, nos Estaduais e Copa do Brasil nos quais isso é gritantemente evidente, ou ainda nas categorias de base: não podemos permitir que cada vez mais, continue ganhando espaço o desenvolvimento do "não jogar futebol que seja vantajoso", em detrimento do realmente jogar futebol!

Por hoje é isso!!!

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Tratamento ao torcedor e o match day

Nesta semana foi realizada na cidade de Marília, no interior de São Paulo, a XX Semana Jurídica da Unimar dedicada totalmente ao direito desportivo. Tenho honra de ser homenageado e de lançar durante o evento, junto com o advogado baiano Milton Jordão, o livro Comentários ao Estatuto do Torcedor.

Em razão da Copa do Mundo fala-se muito em padrão Fifa. Entretanto, esta excelência na prestação de serviços ao consumidor dos eventos esportivos já está prevista no Estatuto do Torcedor desde 2003.

A Copa do Mundo significa muito mais que um grande evento esportivo, traz a possibilidade de efetivarmos o que prevê a legislação brasileira de proteção ao torcedor.

Espera-se que o torcedor passe a ser tratado e respeitado como um consumidor que paga pelo serviço e, portanto, tem direito de exigir qualidade desde o momento que estaciona seu carro, desde o momento que deixa o evento esportivo.

Tem-se a grande oportunidade de se trazer o conceito de match day para o Brasil que tem sua importância destacada pelo professor Cristiano Machado Costa, Coordenador do Centro de Estudos e Análises Econômicas da FUCAPE Business School (Vitória/ES)

"As principais fontes de receitas de um clube de futebol são venda de jogadores, patrocínio no uniforme, direitos de transmissão, publicidade estática e naming rights, quadro social, bilheteria e outros bens e serviços (copa, venda de camisetas, produtos licenciados, etc.). A ordem de importância destas fontes de receita varia de clube para clube. Mas uma combinação destas receitas é pouco explorada pelos clubes brasileiros. Essa combinação se dá a partir do conceito de Match Day".

Assim, o Match Day corresponde ao dia de jogo e todas as atividades que giram em torno da partida. Dessa forma, o evento inicia-se horas antes do jogo, ainda longe do estádio, quando o torcedor liga o rádio, vê a TV ou acessa a internet para acompanhar as notícias que antecedem à partida.

Depois, o torcedor desloca-se ao estádio horas antes para passear no museu do Clube, passar na lojinha para adquirir produtos licenciados. Depois deste tour, o torcedor almoça no restaurante temático da arena.

Ao fim do almoço, o torcedor recebe gratuitamente o guia da partida, toma um café expresso ou um sorvete antes de se dirigir à arquibancada.

Enquanto a partida não começa, o torcedor bebe uma cerveja, conversa com amigos, acompanha as notícias no rádio e no celular (conectado ao o wi-fi do estádio).

O jogo começa e o torcedor continua consumindo cervejas, cachorros-quente e pipocas e ao final, passa novamente na lojinha compra uma lembrança deste dia.

Perceba-se que o torcedor e sua família passam o dia no estádio de forma segura e confortável consumindo e gerando recursos para o seu clube.

Se os fatos aqui narrados parecem absurdos para os brasileiros, eles fazem parte da rotina do torcedor europeu. Destarte, o match day potencializa as receitas do clube abrangendo-se bilheteria e todos os outros bens e serviços conjuntamente multiplicando-se por todos os membros da família.

Portanto, não se trata de inventar a roda, mas de utilizar este intercambio internacional oportunizado pelo Mundial e aplicá-lo ao Brasil. O país tem a grande oportunidade de revolucionar o paradigma do tratamento ao torcedor, basta aproveitá-la.

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O poder das metas para o esporte

As metas são de extrema importância na vida das pessoas, pois são através delas que podemos realizar ações e materializar conquistas. A capacidade das pessoas em estabelecer suas metas é a chave-mestra do sucesso. As metas ativam nossa mente positiva, liberando ideias e energia para a consecução das realizações, sem estabelecer metas nós somos levados pelas correntes da vida.

Todos nós temos a capacidade de realizar muito mais do que pensamos, o fato de termos metas claras aumenta a nossa autoconfiança, potencializa as competências e estimula o nosso grau de motivação. Devemos compreender que nós mesmos criamos nosso próprio mundo, isso por que nós nos transformamos naquilo em que pensamos a maior parte do tempo.

Para os atletas acontece da mesma forma, o estabelecimento de metas é fundamental para a conquista dos objetivos na carreira. Mas se para todos nós, atletas ou não, é de extrema importância termos metas, porque será que muitos de nós não estabelecemos metas para nossas vidas?!

Brian Tracy credita as quatro razões abaixo, as prováveis razões pelas quais as pessoas não estabelecem suas metas.

1 – Porque acham que as metas não são importantes
A maioria das pessoas não se dá conta da importância das metas. Caso você tenha crescido numa família ou ambiente no qual as pessoas não estabelecem metas, é bem possível que chegue a idade adulta sem explorar sua capacidade de estabelecer metas.

2 – Porque não sabem como fazer
O segundo motivo pelo qual as pessoas não têm metas é que não sabem como fixa-las. Pior ainda, muitas acham que já possuem metas, quando na verdade possuem apenas uma série de sonhos ou desejos. A meta é clara, escrita e específica; pode ser mensurada e você consegue avaliar se a alcançou ou não.

3 – Porque têm medo do fracasso
O medo de fracassar impede que as pessoas evoluam, o fracasso é doloroso e angustiante tanto do ponto de vista emocional, quanto financeiro.

4 – Porque têm medo da rejeição
As pessoas temem que, se estabelecerem uma meta e não tiverem êxito, serão alvo de críticas e julgamentos. Por este motivo, devemos manter nossas metas em segredo quando começamos a estabelece-las.

Então, afinal qual o melhor caminho para liberar todo o nosso potencial e aumentar nossa capacidade de realização?!

Para ajudar na criação do hábito de estabelecer e alcançar metas e conquistar o sucesso em sua vida, seja na face pessoal como na face profissional, devemos refletir e responder as questões abaixo.

Libere seu potencial (Por Brian Tracy)

1 – Imagine que você tem a capacidade inata de alcançar qualquer meta que venha a estabelecer para si mesmo. O que você realmente quer ser, ter e fazer?

2 – Quais atividades que lhe dão maios sensação de significado e propósito de vida?

3 – Analise o lado profissional e pessoal de sua vida como está hoje e identifique como o seu pensamento criou seu próprio mundo. O que poderia e deveria modificar?

4 – Em que costuma pensar e do que costuma falar a maior parte do tempo? Do que quer ou do que não quer, para sua vida?

5 – Que preço terá de pagar para atingir as metas que são mais importantes para você?

6 – Que iniciativa deveria tomar imediatamente, tendo em vista suas respostas às perguntas anteriores?

A chave da nossa felicidade! Estabelecer metas, trabalhar diariamente para alcança-las e afinal concretizá-las é realmente a chave da felicidade para a nossa vida. Isso é tão poderoso, que apenas o fato de pensarmos sobre nossas metas nos faz mais feliz e positivo, antes mesmo de termos dado o primeiro passo na direção de sua concretização.

E você amigo leitor, também acredita que as metas são uma forma poderosa de vencer os desafios do esporte?