Categorias
Sem categoria

Racismo na Copa do Brasil

Na partida entre Grêmio e Santos válida pela Copa do Brasil, mais do que o resultado (vitória de 2 a 0 do clube paulista), o grande destaque foram as atitudes racistas de parte da torcida gaúcha contra o goleiro Aranha. Atos absurdos como esses sempre causam revolta e devem ser fortemente combatidos.

Sob o ponto de vista desportivo, o Código Brasileiro de Justiça Desportiva prevê em seu artigo 243-G a possibilidade de punições para atos de racismo.

Art. 243-G. Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:

Como se tratou de atos oriundos da torcida, o Grêmio pode ser multado, perder mando de campo e até ser excluído da competição.

Além da punição ao clube, os torcedores identificados poderão ficar proibidos de ir ao estádio pelo prazo mínimo de setecentos e vinte dias.

Vale ressaltar que, apesar de não ter constado na súmula, a Procuradoria do STJD pode efetuar denúncia com base nas imagens. Esta omissão da arbitragem também pode ser objeto de processo disciplinar.

Além da punição desportiva, os torcedores podem ser acionados na esfera criminal já que trata-se de crime de injúria racial tipificada no artigo 140, § 3º do Código Penal Brasileiro que e consiste em ofender a honra de alguém com a utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem.

Ou seja, muito embora comumente tratemos o caso como racismo, tecnicamente o termo é inadequado, já o crime de racismo, previsto na Lei 7.716/89, implica em conduta discriminatória dirigida a um determinado grupo ou coletividade.

Portanto, comete o crime do artigo 140, § 3º do CP, e não o delito do artigo 20 da Lei nº 7.716/89, o agente que utiliza palavras depreciativas referentes a raça, cor, religião ou origem, com o intuito de ofender a honra subjetiva da vítima, como no caso em comento.

Diante do exposto, conclui-se pela clara incidência de falta disciplinar desportiva e de crime de injúria racial e espera-se punições rápidas e efetivas de forma a desestimular situações tão lamentáveis. 

Categorias
Sem categoria

O medo e como enfrentá-lo

Muitos atletas, bem como qualquer outra pessoa, podem ser acometidos pelo medo em diversos momentos de suas carreiras, dificultando o seu desenvolvimento pessoal e esportivo. Esse sentimento pode gerar uma paralisia no atleta e bloquear sua capacidade de executar suas ações mais cotidianas.

De uma maneira geral todos nós tememos os erros, os fracassos, as críticas, bem como a falta de reconhecimento, tememos não suportar a pressão, muitas vezes tememos a própria competição, a rejeição e acreditem, em muitos casos tememos até o sucesso. Os medos que sentimos podem ser classificados em objetivos e subjetivos.

• Medos objetivos: o medo de errar e perder as chances de crescimento profissional, de perder a vaga na equipe ou o medo de passar por necessidades.

• Medos subjetivos (e não menos reais por serem subjetivos): de ser depreciado, desconsiderado no elenco ou de ser humilhado pela crítica ou pelos torcedores.

Mas, muitas vezes o problema em geral não é termos medo, porque na verdade ele é benéfico quando nos alerta de um determinado perigo e nos coloca em prontidão para a necessidade de nos defendermos. O problema é que muitas vezes o medo que sentimos está relacionado com o nosso passado, eventualmente com lembranças desagradáveis, que possuem a capacidade de reduzir consideravelmente nossa autoestima. Como em todo processo de evolução, o desenvolvimento pessoal e profissional de um atleta é um processo de mudanças e no transcorrer destes processos todo atleta pode apresentar defesas pessoais clássicas que a maioria das pessoas utilizam para lidar com o medo presente, como por exemplo:

• Atacar desafios, dedicando-se da maneira extremamente excessiva aos objetivos, gerando impressão de estar sobrecarregado;

• Fingir-se de morto ou camuflado, sempre buscando desviar a atenção para o desempenho de outras pessoas ou áreas e evitando que avaliem o seu próprio desempenho;

• Inventa desculpas muito criativas, porém aparentemente razoáveis para prorrogar seus compromissos;

• Justifica-se sem parar!

Para lidar com o medo é importante sabermos que o nosso mecanismo de defesa se trata de um processo completamente inconsciente e que a melhor defesa na verdade é nenhuma defesa. Quer dizer, em vez de nos defendermos incansavelmente dos outros nós precisamos fortalecer o autoconceito e a autoestima. Refletindo mais ainda, percebemos que o maior desafio para vencermos o medo é sermos capazes de aceitar e compreender a realidade e com isso passarmos a ter coragem para promover as mudanças em nós mesmos que nos levem ao autodesenvolvimento.

Por isso, muitas vezes precisamos enterrar coisas do passado e com os atletas isso também se torna importante. Mas você deve estar se perguntando: porque é importante para qualquer pessoa enterrar o passado para conseguir evoluir? Para responder isso, compartilho três razões apontadas por Ane Araújo publicadas em seu livro denominado Coach:

1º – O passado simplesmente não volta mais, ele passou! Parece tão óbvio, que geralmente não nos damos conta disso.

2º – Qualquer processo de transformação ou de realizações parte necessariamente do nosso presente, e não do passado! O verdadeiro e precioso poder para realizar o que desejamos está no aqui e no nosso agora.

3º – Porque nem sempre é fácil mudar, como parece muitas vezes. Para isso precisamos ter muita coragem e principalmente determinação! Por este motivo é que nos pegamos inúmeras vezes em nossas vidas esperando que os outros mudem, em vez de produzirmos as mudanças em nós mesmos.

Sendo assim, caro amigo leitor, todo atleta precisa encarar o desafio de vencer o medo para poder progredir rumo a sua excelência pessoal e profissional, porém para isso deve estar consciente de que muitas vezes somente após enterrar situações e lembranças do passado ele poderá encarar seus medos e partir numa nova jornada, que praticada essencialmente no hoje e no agora poderá leva-lo ao futuro desejado.

Até a próxima! 

Categorias
Sem categoria

A história se repete…

Há pouco mais de 3 anos o imbróglio envolvendo a negociação de Ronaldinho Gaúcho com o Flamengo, tendo ainda como personagens o Grêmio (que chegou a montar uma festa de apresentação para o atleta) e o Palmeiras, que disputaram até o último dia a “preferência” do jogador, teve um enredo de novela, nada agradável para uma estrela do futebol mundial que fora eleito melhor do mundo em duas oportunidades.

Quem já teve a oportunidade de ler o livro “A Bola não entra Por Acaso”, de Ferran Soriano, percebe no descritivo do autor sobre o craque do Barcelona os inúmeros desentendimentos que teve na relação do clube com o seu empresário, que desgastou uma relação de apreço e culminou com a saída do jogador em 2008, após 5 brilhantes temporadas no clube catalão.

Nesta semana a história se repetiu, dentro de uma possível negociação de Ronaldinho com o Palmeiras, no ano do seu centenário, que não se concretizou. Apesar de ficar difícil fazer uma análise mais coerente e abalizada sobre informações da imprensa, é notória a falta de profissionalismo na gestão da carreira do atleta.

Na realidade, é lamentável que uma carreira construída de forma brilhante nos gramados seja manchada por uma conduta nefasta fora das quatro linhas. Reforça-se, portanto, a necessidade cada vez mais premente de clubes e agentes se prepararem melhor para a formação e a condução da carreira dos astros do futebol, sem negligenciarem ou transferirem responsabilidades neste processo.

O mais triste disso tudo é: ao invés de estarmos celebrando o encerramento de uma carreira de um craque como Ronaldinho, estamos, na realidade, torcendo para que termine logo e, desta forma, nos poupe (enquanto torcedores e brasileiros) da falta de bom senso sobre relações formais com clubes e comprometimento com quem paga seus altos salários. 

Categorias
Sem categoria

Um verdadeiro STAR

É o nome dado para o Programa de MBA Executivo que foi criado pela Escola de Negócios da George Washington University nos Estados Unido, cuja ênfase dos cursos repousa na responsabilidade social corporativa, ética e liderança.

Os focos do curso são liderança, estratégias de sucesso e responsabilidade social. O público-alvo são atletas, músicos e artistas, pois os desafios que estes enfrentam – profissionais e financeiros – são únicos e o MBA os auxilia na construção e implementação de planos de negócio para seus empreendimentos e melhor gestão de carreira e pós-carreira.

É o primeiro MBA totalmente dedicado a este escopo e proporciona aos alunos experiências personalizadas projetadas para se encaixar em seus horários e perfis profissionais não-tradicionais.

O programa é projetado para ensinar estes talentos a como traduzir seu sucesso atual da carreira em negócios e no desenvolvimento social. Os cursos são personalizados em torno da disponibilidade de tempo dos alunos, permitindo-lhes obter um grau avançado de estudos e desenvolver oportunidades de negócios, enquanto administram suas carreiras e vidas pessoais.

“É uma ferramenta para o empoderamento", segundo Sanjay Rupani, diretor de estratégia da GWU. "Ele é personalizado especificamente para ajudar estes ícones talentosos a definir um caminho e encontrar novas oportunidades de carreira e desafios. Nossos alunos têm grande experiência e são líderes naturais. Eles vão gerar resultados muito poderosos para suas comunidades por meio da criação de negócios e atividade filantrópica."

O programa, que inclui cursos a distância e presenciais, também proporciona aos alunos o acesso a uma rede especial de indivíduos e organizações que podem ajudar a expandir seu alcance e influência na comunidade empresarial. Além disso, os alunos são estimulados a criar seus próprios planos de negócios, orientados por professores, mentores e coaches.

"O programa é uma grande oportunidade para eu tomar a experiência de liderança que eu ganhei durante o meu tempo na NFL e traduzi-lo para o sucesso dos negócios fora do campo", afirma um dos alunos, Marques Colston, wide receiver do New Orleans Saints.

"Eu quero estar mais envolvido na minha comunidade e influenciá-la de uma forma positiva. O comprometimento da GWU com a sociedade e a educação personalizada permitem combinar o meu interesse pessoal em fazer a diferença na sociedade com um conjunto de habilidades profissionais para garantir o sucesso dos meus projetos."

Historicamente, nossas estrelas do esporte, das artes e da indústria do entretenimento, não dispunham de ferramentas técnicas e de conhecimento apurado sobre como “devolver” (give back) à sociedade aquilo em que nelas foi depositado como ideário das esperanças e expectativas de transformação social.

Além disso, a cultura do engajamento social, da filantropia e do ativismo transformador, notadamente associada ao terceiro setor (ONG), é muito recente no Brasil e, mais recente e incipiente ainda, no esporte.

Outro aspecto que também desfavorece esse protagonismo é o fato de que o país optou por dissociar esporte e educação, seja com raízes na falta de atenção à base da pirâmide socioesportiva, seja na encruzilhada enfrentada por atletas de alto nível quando o dilema “estudar ou jogar” se impõe – já que o esporte universitário inexiste por aqui.

Criar mecanismos e alternativas para o empoderamento dos nossos atletas ao integrar educação formal e suas vivencias e experiências esportivas é algo poderoso para transformarmos a sociedade.

Mas isso causa até arrepio ao conservadorismo social e dos gestores esportivos, pois estes entendem que “atleta tem que ficar no lugar dele…” De preferencia “quietinho e sem mexer em nada…”

Ao contrário, entendo que o lugar do atleta significa puxar a fila da construção de uma sociedade melhor, pois são grandes exemplos pra todos nós e protagonistas de um Brasil que dá certo.

*STAR: sigla para Special Talent (Talento Especial), Access (Acesso) e Responsibility (Responsabilidade). 

Categorias
Sem categoria

Cent’anni, Palestra. Obrigado, Palmeiras

É.

Nós.

Siamo noi.

É a entrada em campo na Arrancada Heroica de 1942. É o pênalti de Evair no 12 de junho, o de Marcos de 2000 e o de Zapata de 1999. O gol com bola e tudo de Liminha de 1951. A colherzinha de Ademir contra o Botafogo, no Rio-São Paulo de 1965. Os chapéus de Alex de 2002 e o gol de tirar o chapéu e fôlego de César Sampaio de 1993. O drible da vaca de Jorge Mendonça no Dérbi de 1976. O toque por cobertura de Jorginho, no 5 a 1 no Santos de 1979. O gol de Luís Pereira no Inter no Brasileiro de 1973. O gol de Rivaldo no bi-bi de 1994.

É a goleada no Boca na Libertadores. O 5 a 0 no São Paulo da primeira Academia. O 6 a 0 no Santos do trem-bola de 1996. O 8 a 0 de 1993 do Esquadrão de Ferro no Corinthians.

É a Pazza Gioia depois da “Loucura do Século”, na compra do Parque Antarctica, em 1920. É a inauguração do Stadium Palestra Italia, em 1933, antes de elevar o Jardim Suspenso, em 1964.

O gol de Zinho no Dia dos Namorados de fim da fila e o de Ronaldo para manter o jejum em 1974. O gol de Mirandinha no fim do Dérbi de 1986. O gol da virada de Romeiro no supercampeonato de 1959. O gol de Euller na virada contra o Flamengo de 1999. O gol sem cabimento de Oséas na Copa do Brasil de 1998. O de Betinho sem fundamento no bi de 2012.

É o 4 a 1 no Flamengo de 1979. É o time reserva ganhando o Rio-São Paulo de 1993. É o título paulista de 1944 sem Dacunto. O pênalti de 1942 que não pudemos bater. O Dudu voltando para a barreira depois de ter desmaiado na final de 1974 e ainda jogando com duas costelas quebradas em 1972. Julinho voltando machucado para guiar o time nos 4 a 0 de 1958 contra o Corinthians. É o Marcão fechando a meta com o punho aberto e quebrado.

É ser duas vezes campeão brasileiro no segundo semestre de 1967. É ganhar mais um nacional ouvindo pelo rádio, no vestiário, o rival perder o título no Mineirão, em 1969. É a Segunda Academia que ganhava títulos sem precisar fazer gol.

É o primeiro gol do Palestra, de Bianco. É o primeiro jogo, contra o Savóia, em 1915. É a melhor campanha do profissionalismo, em 1996. As maiores goleadas em decisões nacionais (8 a 2, em 1960) e paulistas (5 a 0, em 2008).

É o Brasil de 1965, que venceu o Uruguai jogando pela Seleção. É o Brasil que conquistou o planeta de verde e branco, em 1951.

É o Edmundo chamando os rivais para o drible. Jair Rosa Pinto coberto de lama vibrando no vestiário no título do Ano Santo de 1950. As Cinco Coroas de 1950-51. O primeiro campeão do Rio-São Paulo, em 1933.

É o divino Ademir. O santo Marcos. Um carrinho de Junqueira. Um passe de Romeu. Um gol de Heitor. Uma maluquice de César. A mão de Oberdan. O coração de Fiúme.

O maior vencedor de títulos nacionais. É o Campeão do Século XX. A defesa que ninguém passa em 1947. A linha atacante de raça e graça de 1996. O time que deixou o maior rival na fila em 1974 e acabou com a fila contra ele, em 1993.

Dudu no banco e Ademir da Guia em campo, em 1976. A invasão do gramado em Santo André, no bi paulista de 1994. O meio-campo titular acabando com a fila do Brasil de títulos mundiais no tetra, nos EUA. O show de Alex contra o River Plate, em 1999. São Marcos canonizado contra o Corinthians, na Libertadores.

Os bandeirões subindo e descendo arquibancada. Nós subindo e descendo pelos degraus dos estádios. Subindo pelas paredes de casa. Subindo nos pódios de campeão.

É qualquer lance no Palestra. Todo jogo ouvido pelo rádio. Cada partida vista pela TV. Todos os lances lidos no jornal ou na internet. Qualquer jogo, jogadas e jogadores contados pelo pai, avô e bisavó.

Pimpampum de Filpo. Felipão correndo para os gandulas na final de 1999. Luxemburgo descendo antes da volta olímpica de 1993. Brandão e ponto final. É ponto ganho.

É um gol de cabeça de Leivinha. É Leão dando o tapinha no travessão. Marcos apontando os dedos para cima. Evair abrindo os braços para os céus. César Sampaio com tornozelo inchado em 1993. É Arce cruzando. É Djalma Dias, Aldemar e Geraldo Scotto desarmando. É Djalminha armando. É uma falta do Roberto Carlos ou do Rodrigues.

Djalma Santos desamarrando as chuteiras de Julinho na despedida, em 1967. É gritar Tonhão. É jogar em todas como Lima e Cafu e Fiúme. É treinar na Major Maragliano. É trocar outros clubes para ser palestrino. É o 3 a 0 do primeiro Dérbi. É doar a renda para as vítimas de guerra de 1942. É abrir o clube para as vítimas da gripe espanhola em 1918.

É o primeiro uniforme do filho na porta da maternidade. É a primeira chuteira alviverde. O primeiro chute na bola que o filho gritou algo parecido com o nome do nosso time. A primeira vez que ele cantou o hino. O primeiro craque que ele chamou nosso. O primeiro amendoim que descascamos e cornetamos.

A primeira vez que teu pai te levou. A primeira vez que você levou seu filho. A primeira vez que você foi com seu amor.

Você sabe que não precisa ter visto, lido, ouvido, feito nada disso. Por nada disso ainda explicar o que é o amor.

O que somos nós. É tudo isso. É muito mais que isso. Isso é Palestra. Este é o Palmeiras.

O que é o palestrino?

É tudo que dá errado e que a gente sabe que vai dar certo só por ser Palmeiras. É tudo que dá certo e a gente ainda acha que vai dar errado por ser palmeirense.

É gol contra, é gol perdido, é frango, é falha, é roubo, é furto, é susto, é surto, é drible perdido, é jogo perdido, é campeonato perdido, é ruim e caro, é refugo, é refém, é queda, é derrota, é tristeza, é o grosso em campo, o fino da fossa, o fim do poço, o fim do mundo.

É todo o mundo palmeirense. É todo mundo palmeirense. É o nosso mundo.

Não melhor. Não pior. Mas é nosso. De mais ninguém.

Não tem pra ninguém quando a gente é Academia. Tem só pra nós quando somos Palmeiras com espírito de Palestra.

Nem sempre somos os melhores. Mas, como sempre somos palmeirenses, é mais fácil ser o que somos. Insuportáveis. Insuperáveis para o Palmeiras e para os outros.

Na saúde e nos adversários, na alegria e nos rivais, é um casamento eterno. Palestra e Palmeiras.

Nós.

É o amor.

É o nosso time.

É o Alviverde inteiro.

É.

Nós.
 

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

 

Categorias
Sem categoria

Egoísmo

Faltavam poucos minutos para o clássico entre São Paulo e Santos, no Morumbi, no último domingo (18). Mas não foi sobre o jogo que o presidente da equipe tricolor, Carlos Miguel Aidar, conversou com jornalistas no saguão do estádio. Ele foi questionado sobre atrasos de salários – segundo a revista “Veja”, o técnico Muricy Ramalho não recebe há três meses.

Aidar desmentiu a notícia e chamou de “maldade” o texto da revista. Depois, admitiu que a situação financeira do São Paulo é complicada: “Não temos débitos fiscais, mas temos compromissos bancários a saldar”.

“Deixamos de ter receitas que seriam importantes. Com a Copa, os grandes anunciantes redirecionaram esforços, e nós estamos sem patrocinador principal no uniforme. Fomos desclassificados de forma precoce no Campeonato Paulista, não tivemos receita com venda de jogadores e ficamos sem atividades durante um período grande por causa do Mundial”, continuou o mandatário tricolor. De acordo com Aidar, o São Paulo só não fechará o ano com déficit se negociar dois ou três atletas “por valores expressivos”.

O presidente disse ainda que a situação já era prevista no orçamento do São Paulo, mas que foi agravada pela conjuntura: “Nós temos uma tradição de estabilidade econômica, mas temos de ter sensibilidade para entender o momento”.

O São Paulo gasta quase R$ 10 milhões mensais apenas com a folha de pagamento do elenco. Além disso, teve de pedir socorro à TV Globo no meio do ano – o time recebeu um adiantamento de R$ 50 milhões da emissora, valor sem precedentes na história tricolor.

A situação do São Paulo já seria suficientemente preocupante se fosse um caso isolado, mas é um retrato do que acontece em praticamente todos os times do Brasil. Por contingências do mercado ou por comportamento perdulário – ou ambos, em muitos casos –, é difícil encontrar equipes que não estejam assustadas com os números que serão colocados no balanço de 2014.

Pululam entre dirigentes de equipes brasileiras reclamações sobre o período de inatividade do futebol local para a Copa de 2014. O intervalo interrompeu receitas de match day dos clubes (bilheteria e todo o faturamento associado ao dia de evento). E muitos não souberam conviver com essa estiagem.

É o caso do Náutico. Ao contrário do São Paulo e do rival local Sport, o time alvirrubro não tem contrato com a TV Globo até 2018. A diretoria pernambucana assina vínculos de um ou dois anos com a emissora, o que reduz a perspectiva de receita de médio e longo prazo.

O calendário criado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para 2015 tem um mês de férias e 25 dias de pré-temporada. Gláuber Vasconcelos, presidente do Náutico, já avisou que não tem como custear isso. A ideia do mandatário é dispensar o elenco no fim de 2014 e remontar o grupo pouco antes do início do Campeonato Pernambucano.

A medida é pragmática. Afinal, o Náutico tem de competir com o Sport, que tem receita maior e mais segurança de aporte da TV. A saída é concentrar investimento – é mais fácil disputar com o rival se a temporada tiver apenas dez meses de gasto.

A temporada 2014/2015 do Campeonato Espanhol, que começou no último fim de semana, marcou a estreia do Eibar, promovido pela primeira vez à elite nacional. Proveniente de uma cidade com 27 mil habitantes, trata-se do menor time da primeira divisão.

O Eibar não possui dívida, mas quase foi impedido de disputar a primeira divisão porque não conseguia comprovar receita. O time vendeu cotas sociais e atraiu mais de 8 mil investidores. Conseguiu amealhar 2,1 milhões de euros e foi confirmado na elite.

A situação do Eibar foi motivo de enorme polêmica na Espanha. Como um clube sem dívida pode ser ameaçado de não disputar a elite nacional por não ter faturamento suficiente enquanto a primeira divisão é cheia de equipes com débitos gigantescos?

Os exemplos do Brasil e do Eibar são consequências diretas de modelos parecidos. No Brasil e na Espanha, o futebol é vendido individualmente. Clubes com mais potencial ganham muito mais – e essa lógica não vale apenas para o contrato de TV, seara em que ela fica mais evidente.

O futebol está longe de ser exato. Portanto, nem sempre um investimento maior significa mais sucesso. No entanto, no médio e no longo prazo a diferença de receita provoca um desafio para a gestão de quem recebe menos.

Desde a implosão do Clube dos 13, em 2011, o futebol brasileiro adotou negociação individual de direitos de transmissão. Essa prática já valia para outros contratos, ainda que receitas de outras naturezas fossem menosprezadas pela maioria.

Enquanto esse modelo sobreviver, é fundamental que os clubes brasileiros entendam as consequências. É impossível que equipes com faturamento menor sigam tentando competir em igualdade. É imprescindível que elas assimilem a diferença de receita.

Isso inclui a comunicação, é claro. O Campeonato Brasileiro tem como bandeira o equilíbrio. É a competição em que pelo menos dez ou 12 clubes começam a temporada pensando em título. E isso está errado.

No início da temporada na Espanha, quantos são os times que pensam em título? Mesmo o Atlético de Madri, último campeão nacional no país ibérico, tem investimento estrangeiro e uma política mais austera do que Barcelona e Real Madrid, os campeões de receita do país.

Já passou da hora de os clubes com menor faturamento jogarem limpo com seus torcedores. “Entramos no Campeonato Brasileiro pensando em um lugar entre os dez primeiros da tabela”, por exemplo. Pelo menos enquanto sobreviver o atual modelo egoísta.

Essa não é uma comparação entre tamanho, história ou competência dos clubes. Pelo bem da instituição nos próximos anos, porém, uma equipe que fatura menos precisa mostrar que é impossível competir.

Essa lógica ficaria bem mais evidente se o futebol brasileiro planejasse a temporada. A tese de que o dinheiro se esvaiu por causa da Copa do Mundo é fácil, mas todo mundo sabia que haveria uma Copa do Mundo. Difícil é encontrar um meio para compensar os meses sem receita.

Já passou da hora de os clubes brasileiros estarem menos suscetíveis a intempéries do mercado. Palmeiras, Santos e São Paulo não têm um patrocinador máster atualmente, por exemplo. Ainda assim, investem muito na montagem de seus elencos. Será que essa conta fecha?

A primeira pergunta é por que os clubes brasileiros atraem poucos patrocinadores. O Manchester United, que acaba de incluir na camisa a Chevrolet, tem 38 aportes de fora da Inglaterra. Quantos são os parceiros comerciais do Corinthians ou do Flamengo, independentemente d
a origem?

A segunda pergunta é como isso afeta a receita anual. Clubes podem ficar meses sem receitas milionárias de patrocínio, mas reclamam por passar alguns dias sem bilheteria? Não parece lógico.

A terceira pergunta é por que, em um cenário de baixa, clubes brasileiros seguem investindo e gastando milhões em folhas salariais inchadas. Não adianta ter um carro importado se você não tem onde morar.

Os questionamentos e os problemas do futebol brasileiro são cada vez mais comuns entre os clubes. Enquanto a mensagem para os torcedores for truncada, porém, vamos seguir pensando que a crise é do mercado, e não do modelo. As equipes nacionais choram coletivamente, mas são individualistas ao buscar soluções. 

Categorias
Sem categoria

Improvisar (e) (ou) Formar!

Os problemas do futebol brasileiro se repetem. Em muitos casos, parece que ao invés de buscarmos as melhores soluções para os evidentes elementos que apontam a decadência do nosso espetáculo, preferimos a reprodução fundamentada no conhecimento empírico e que tem contribuído para o reconhecido ciclo vicioso dos processos relativos à modalidade.

Um tema que sempre proporciona grandes debates (o que não significa que ocasionam perceptíveis transformações) é a Categoria de Base e suas responsabilidades num processo de formação.

Na coluna desta semana, o debate proposto diz respeito à definição da posição dos atletas durante o período de formação que, sabidamente, deve proporcionar um rico ambiente de ensino-aprendizagem-treinamento.

Tempos atrás, neste espaço, numa coluna de certa forma voltada às questões mais imediatas na composição do elenco, foi proposto um questionamento quanto à preferência do treinador por jogadores especialistas numa posição, ou então, por jogadores versáteis. Caso tenha interesse de retomar a leitura, clique aqui.

Na ocasião, por não ser este o objetivo, pouco se mencionou sobre a influência das Categorias de Base no resultado final do desempenho global de jogo de um atleta de futebol, o que pode torná-lo tanto especialista como multifuncional.

Nas inúmeras discussões que envolvem este tema, existe uma corrente de profissionais que se posiciona contrariamente quanto à vivência (em treinos, amistosos e jogos) do atleta em diferentes posições ao longo do processo. Para estes profissionais, variar a posição do jogador significa improvisá-lo e, consequentemente, gerar prejuízos imediatos e de longo prazo ao atleta. Sob este viés, um volante em formação, por exemplo na categoria sub-15, com bom 1vs1 defensivo, bom cabeceio, boa antecipação e recuperação, que são algumas das competências necessárias para exercer a função de zagueiro, não poderia desempenhá-la sob pena de limitação atual e futura em sua posição de origem.

Além disso, o discurso adotado por esta corrente diz que a preocupação com o coletivo não deve ser maior que a preocupação individual com o desenvolvimento do jogador. O contrassenso observado é que a aparente preocupação predominante com o desenvolvimento individual vem acompanhada da pressão pelo resultado e seu alcance a qualquer custo (mas isso é tema para outra coluna). Além disso, muitos afirmam que o improviso só deve ser feito na categoria Profissional.

A demanda do futebol moderno tem solicitado jogadores inteligentes, capazes de resolver (em cada vez menor tempo e espaço) os inúmeros problemas que o jogo lhes impõe. Sair jogando mesmo com o adversário em pressão-alta, gerar superioridade numérica em setores perigosos ao adversário, escolher a maneira que vai bater na bola para realizar um passe longo e decidir qual movimentação fazer após a cobrança de uma falta lateral do adversário são apensas alguns dos exemplos das situações-problema que o todo (equipe) e partes (jogadores) devem lidar ao longo de uma partida.

Atletas que sabem “pisar” em diferentes locais do terreno de jogo (que exigem soluções técnico-tática-física-mental diferentes), por possuírem maior inteligência de jogo, tendem a apresentar um significativo leque de possíveis, que são as respostas contextualizadas de cada jogador. E como o jogo de futebol é um confronto de sistemas caótico e dinâmico, por várias vezes em uma partida um atleta é exigido a realizar uma ação distinta daquela predominante em sua posição. Para exemplificar, na última quinta-feira, o Cruzeiro, líder do Campeonato Brasileiro, venceu o Grêmio com o gol originado numa jogada de transição ofensiva feita por Dedé, que recuperou a posse de bola, participou de uma tabela, realizou uma condução e terminou com um cruzamento preciso. Resumindo, um zagueiro que cumpriu de maneira eficaz as regras de ação de um lateral.

E qual o melhor momento para o atleta aprender a desempenhar variadas regras de ação?

Sem dúvida, ao longo do processo de formação.

É consenso que o objetivo das Categorias de Base é formar (bem) integralmente o atleta. Possibilitar que o mesmo vivencie diferentes regras de ação (ofensivas, defensivas e de transição) é o primeiro passo para as experiências futuras em distintas posições. Em fase sensível de aprendizagem, ao contrário do que defende a corrente dos que são contra aos “improvisos”, entender o jogo coletivo e saber desempenhá-lo nos mais diferentes setores do campo permitirá que as experiências vividas e acomodadas se estendam ao longo de toda a carreira. Assim o fazem profissionais como Pirlo, Lahm, Di Maria, Mascherano, Oscar e Rooney.

Os problemas do futebol brasileiro se repetem. Improvisar e formar são excludentes quando deveriam ser complementares.

Qual a sua opinião? 

Categorias
Sem categoria

A punição de Petros foi justa?

O atleta Petros, do Corinthians foi punido pelo STJD com a suspensão por 180 dias em virtude de agressão ao árbitro Raphael Claus na vitória sobre o Santos por 1 a 0, no dia 10 de agosto, na Vila Belmiro. A decisão se deu por 3 votos a 2 dos auditores da Primeira Comissão Disciplinar. A tendência é que o clube alvinegro apresente recurso ao Pleno. Sendo mantida, Petros não jogará mais na atual temporada.

A punição se deu nos termos do artigo 254-A, parágrafo 3º, do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), que trata sobre agressão física a um membro da arbitragem.

Art. 254-A. Praticar agressão física durante a partida, prova ou equivalente. (Incluído pela Resolução CNE nº29 de 2009).
PENA: suspensão de quatro a doze partidas, provas ou equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de trinta a cento e oitenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).§ 1º Constituem exemplos da infração prevista neste artigo, sem prejuízo de outros:

§ 3º Se a ação for praticada contra árbitros, assistentes ou demais membros de equipe de arbitragem, a pena mínima será de suspensão por cento e oitenta dias. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009)

Na tese defensiva, o Corinthians tentou desqualificar a agressão, sob o argumento de que o tribunal estaria transformado o ocorrido em um ato mais grave.

Segundo a defesa, teria havido mero ato hostil e deveria ser apicado o artigo 250, do CBJD, cujo a pena é mais branda:

Art. 250. Praticar ato desleal ou hostil durante a partida, prova ou equivalente.

PENA: suspensão de uma a três partidas, provas ou equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de quinze a sessenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código.

Segundo o § 1º, II, do artigo 250, empurrar acintosamente o companheiro ou adversário, fora da disputa da jogada seria um dos exemplos de ato hostil e, segundo a defesa, teria sido esta a ação de Petros.

Outra possibilidade seria a desclassificação para artigo 258 que também possui penas menores:

Art. 258. Assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva não tipificada pelas demais regras deste Código. (Redação dada pela Resolução CNE nº29 de 2009).

PENA: suspensão de uma a seis partidas, provas ou equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de quinze a cento e oitenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código.

É bastante controversa a interpretação do ato de indisciplina de Petros, mas analisando-se a cena percebe-se que o atleta desvia-se de sua trajetória para agredir o árbitro, o que o enquadraria no artigo 254-A.

Doutro giro, a pena insculpida no artigo 254-A é bastante rigorosa, eis que o atleta ficará praticamente seis meses sem poder exercer sua atividade laboral, o que pode corresponder a 1/20 de sua carreira, considerando-se uma vida útil de 10 anos. Além disso, após seis meses, o atleta necessitará de ainda mais tempo para recuperar condição de jogo.

Nesse sentido, uma interpretação mais benévola do lance, ainda que não seja perfeita, viabilizará um dos princípios norteadores do CBJD, a proporcionalidade, que está disposta no art. 2º, VIII, eis que a punição mínima prevista no artigo 254-A mostra-se extremamente desproporcional ao ato do atleta.

Vale destacar que a atitude do atleta foi tão sutil que ele sequer foi punido durante a partida e nem na súmula, eis que o ato de indisciplina foi incluído em um aditivo que é permitido, nos termos da legislação.

Portanto, o STJD deve avaliar a questão sob o contexto principiológico a fim de assegurar a aplicação proporcional da pena. 

Categorias
Sem categoria

Gerenciando crises no esporte

No mundo do futebol, aonde a pressão por resultados é constante estamos acostumados a ver cenários de crise se instalar nos clubes de uma semana para a outra. Basta que aconteçam duas derrotas seguidas com baixo desempenho de uma equipe que a famosa crise se instala e atualmente se faz extremamente necessário que os técnicos e gestores, enquanto líderes saibam como agir para buscar solucionar as crises quando elas se materializam.

Uma crise sempre exigirá uma tomada de decisão rápida e confiante por parte do líder e o desafio dos técnicos é sobre como tomar uma boa decisão num cenário aonde os eventos se desenvolvem muito rapidamente, as coisas ficam muito confusas e torna-se difícil identificar o que é realmente importante?

Uma saída é conseguir gerenciar as emoções nestes momentos e Normam Augustine em seu livro “Como lidar com as crises”, fornece interessantes informações para solucionarmos situações críticas.

Para começar, numa crise devemos saber que três emoções podem se combinar e gerar estresse nos envolvidos:

• O medo de um desastre ou um novo fracasso;
• A expectativa de um resultado potencialmente positivo;
• E o desejo de que a crise termine.

No futebol, quando sob o estresse gerado numa situação de crise, o técnico sente toda a pressão por necessitar tomar uma determinada decisão e esta pressão excessiva pode certamente levá-lo a um estado de pânico, em que ele apenas toma alguma decisão para passar a mensagem de que algo foi feito ou para sinalizar que ele agiu. Quando na verdade, ao tomar decisão desta forma ele estará apenas desperdiçando energia e seus recursos disponíveis.

Sendo assim, como é possível lidar com as incertezas destes momentos e os medos decorrentes da crise? Nestas situações o técnico deve procurar adaptar suas reações, inclusive conforme o tipo de crise que pode ser repentina ou duradoura. No caso do futebol, as crises são muito mais repentinas, pois com jogos muitas vezes realizados no meio e no final de semana, basta uma semana ruim para que ela se instale na equipe. E o que o técnico pode fazer nestes casos? As dicas abaixo são valiosas:

• Pare: Quando o técnico sentir o primeiro sintoma de ansiedade ele deve parar e optar por enfrentar a crise, mas para isso ele precisará ter a mente clara e menos perturbada possível pela ansiedade;

• Respire: O técnico deve procurar respirar fundo, pois tal qual a palavra “Pare” bloqueia os pensamentos negativos em sua mente, a ação de respirar supera a tendência de prender a própria respiração causada pelo estresse, o que aumenta ainda mais a ansiedade e impede que eleve a consciência sobre a real situação;

• Reflita: Quando se consegue interromper o padrão do estresse através da respiração, o técnico obtém energia e pode passar a se concentrar no problema real ou seja a crise que está enfrentando. Com isso ele poderá ver a situação prática de forma mais calma e realista, diferenciando as distorções causadas pelos pensamentos influenciados pela ansiedade.

• Escolha: Com a atenção concentrada na situação prática, o técnico pode buscar as melhores soluções para os problemas, conseguirá manter o foco em seguir o plano para reagir a crise, construído em conjunto com as pessoas da equipe, e atender às necessidades de todos a quem lidera.

Para finalizar, o técnico ou qualquer outro profissional do esporte que lidere pessoas quando estiver enfrentando uma crise precisará:

• Enfrentar a crise, transformando o medo em ação positiva;

• Estar vigilante, permanecendo atento aos novos acontecimentos e reconhecendo a importância de novas informações;

• Manter o foco nas prioridades, zelando para que todos os envolvidos estejam seguros e que as necessidades mais críticas tenham sido bem avaliadas pelo grupo.

Bem, acredito que você caro leitor já tenha passado por momentos de crise em sua vida profissional certo? Imagine então os técnicos de futebol como se sentem e por isso penso ser muito pertinente a capacidade de se conseguir gerir muito bem uma crise numa equipe de futebol, afinal de contas na próxima semana sempre existirão outros jogos e novas oportunidades de recomeço.

Até a próxima! 

Categorias
Sem categoria

Conhecemos o fã?

Em pesquisa recente da “Sport Business International” em parceria com a PERFORM e a Kantar Media Sport procurou identificar a relação de consumo dos fãs do esporte em relação às diferentes mídias em 16 diferentes mercados. O Brasil está entre estes mercados analisados.

O mais interessante é notar como o brasileiro consome esporte em meio digital de forma superior ou igual a muitos outros mercados mais maduros em termos de negócios. Por exemplo, o brasileiro permanece quase 80% mais tempo por semana em redes sociais consumindo conteúdo esportivo do que o público norte-americano (são 2,5 horas dos brasileiros contra 1,4 horas dos americanos).

Alguns números do Brasil que podem ser destacados:

– São aproximadamente 58 milhões de fãs do esporte;

– 90% dos fãs brasileiros acessam conteúdo esportivo online pelo menos uma vez por semana;

– 44% dos fãs brasileiros buscam notícias de esportistas locais;

– 45% dos fãs brasileiros assistem vídeos ou melhores momentos dos jogos pela internet;

– 46% dos fãs brasileiros compartilharam conteúdo de ídolos do esporte pelas redes sociais.

Enfim, elementos que nos levam a questão inicial: será que entendemos verdadeiramente o atual fã do esporte? Pergunto isso, pois, apenas a título de exemplo, continuo vendo que os projetos de comercialização de propriedades esportivas permanecem vendendo apenas as transmissões na TV como único ou maior ativo da propriedade – e, pior, as empresas comprando e ainda focando muito seu olhar sobre este tipo de retorno.

É redundante falar sobre a abrangência já consolidada da internet no país, que se soma a um potencial ainda enorme de crescimento. E o natural processo de segmentação, muito fáceis de se encontrar no esporte em virtude das diferentes características das modalidades.

Agora, é preciso estabelecer parâmetros mais coerentes no sentido de aproveitar todo esse potencial em favor dos negócios do esporte, passando a conhecer melhor o consumidor que está ali dentro e desenvolver melhores produtos para este público…