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Mês: outubro 2008
Ausência
Informamos que a coluna de Oliver Seitz não será publicada nesta quinta-feira e aproveitamos o espaço para pedir desculpas pelo infortúnio.
Esperamos que a situação seja normalizada na próxima semana e estamos trabalhando para isso.
Obrigado!
Equipe Cidade do Futebol
Estrugiu grande risota entre os “sábios” que vão repetindo até ao cansaço aquilo que lhe ensinaram (não passam daí), quando publicamente comecei a discordar, com alguma originalidade (passe a imodéstia), da Educação Física e do Treino Desportivo que me pareciam ser aceites maioritariamente entre os profissionais destas duas áreas. Já lá vão mais de 30 anos! E recordo com emoção o colorau doce das críticas de Nelson Mendes, professor do Instituto Nacional de Educação Física (INEF) de Lisboa, à ginástica tradicional e ainda a publicação do livro de João Paulo S. Medina, A Educação Física Cuida Do Corpo… E Mente, em 1983.
Tenho verdadeiro horror por fórmulas, cânones de escola e tiranias da moda. Demais, quando em 6 de Outubro de 1968, pisei, pela primeira vez, o chão lajeado do INEF, já eu estudara Gaston Bachelard (1884-1962) e sabia portanto que era também descontínua a História das Ciências, ou melhor: que os momentos mais significativos da história de uma ciência acontecem com as rupturas ou cortes epistemológicos, onde, respeitando-o embora, se considera muito do que é Passado um verdadeiro obstáculo epistemológico. Durante a década de 70, com Louis Althusser, aprenderia depois que o corte deveria ser epistemológico porque era político, ou político porque era epistemológico. Por isso, quando defendi a minha tese de doutoramento, em 1986, tinha (tenho) declarados objectivos epistemológicos e políticos. Para mim, conhecer é fundamentalmente encontrar novas vias de acesso à transformação social!
Em Novembro-Dezembro de 1979, na revista Ludens, do Instituto Superior de Educação Física da Universidade Técnica de Lisboa, escrevi um artigo intitulado “Prolegómenos a uma nova ciência do homem”, sucedâneo de uma descoberta por mim efectuada (como sei bem dos meus limites, admito que outras pessoas o tenham visto antes de mim – só que, por defeito meu, as não conheço) que a Educação Física nasce do dualismo antropológico cartesiano. A educação do físico, dentro da perspectiva mecanicista do tempo e a educação do espírito decorriam de costas voltadas, ou seja, para sermos breves, dominava então o “erro de Descartes”. Não foi por acaso que a expressão Educação Física nasceu, depois deste filósofo que viveu entre 1596 e 1650. Os gregos, pura e simplesmente, ignoravam-na. Jerónimo Mercurialis, na sua De Arte Gymnastica (1569), sustenta que, na Grécia Clássica, eram três os tipos de ginástica: a militar, a médica e a atlética.
A Medicina racionalista destinava-se também àquilo que em nós era físico ou matéria tão-só. Por isso, aos médicos lhes chamavam os físicos. Demeny (1850-1917), na sua obra Les Bases Scientifiques de l’Éducation Physique define assim a Educação Física: “O conjunto de meios destinados a ensinar o homem a executar um trabalho mecânico qualquer, com a maior economia possível, no emprego da força muscular”. O cartesianismo, endomingado pela ciência positiva, atingia o século XX e, porque se arrogava de voz activa, prepotente, na Educação Física, de igual modo se assenhoreou do Desporto que passou a reger-se pelos principios em que abunda o Discurso do Método. Demais, os tratadistas da especialidade consideravam o Desporto um dos aspectos da Educação Física…
E em 1968, quando conheci o INEF mais de perto, até pude gracejar para o Prof. Nelson Mendes: “Aqui, o Descartes continua vivo!”. Tinha (tenho) por Descartes grande respeito e admiração. Ele é um dos marcos da História da Filosofia. Denunciava, sem quaisquer outras exprobações, tão-só o referido dualismo antropológico de que a Educação Física é um dos produtos. Até que, no dealbar da década de 80, da releitura atenta e meticulosa da Fenomenologia da Percepção, de Maurice Merleau-Ponty, encontro a motricidade como intencionalidade operante, como movimento intencional da pessoa humana. E, a partir daqui, compus a seguinte definição de motricidade: a energia para o movimento intencional da transcendência (ou da superação). Portanto, para mim (e neste ponto não estou só) motricidade é mais do que movimento – é movimento intencional da complexidade humana!
É afinal o movimento típico da prática desportiva. Fundamentado na motricidade humana, criei uma teorização original (porque não é plágio) da Ciência da Motricidade Humana (CMH), que se desdobra nas especialidades de desporto, dança, ergonomia, educação especial e reabilitação, actividade motora adaptada, etc. Fundamentado ainda na CMH, como ciência humana, pus em causa o treino analítico e sugeri a inexistência do preparador físico, no treino, que seria substituído por um metodólogo do treino, dado que o treino, em todas as circunstâncias, teria em mente a complexidade humana e não só o físico. Mais tarde, descobri, com alegria, que o actual treinador do Inter de Milão também assevera que não tem preparador físico, no seu departamento de futebol. Fui professor de filosofia, não de futebol, de José Mourinho, em 1981! Se alguns dos meus antigos alunos aplicam ao futebol o conteúdo das lições que me escutaram, tal se deve ao facto de (como eu acentuava nas aulas) só saber de futebol quem sabe mais do que futebol…
Por fim, como ciência humana (e não me alongo mais sobre o tema), a CMH quer ser um conhecimento-emancipação, contra a exploração dos poderosos e a tirania do Estado. Sou socialista e democrata. Sei bem onde levam as democracias sem socialismo e os socialismos sem democracia! Neste momento em que o neoliberalismo entrou em crise agónica, estou a ressoar o que também já assumo, sem equívocos, há muitos anos! A CMH é um saber qu
e exige a acção: não propõe apenas um ideal, postula também a procura de meios concretos, para realizá-lo!
*Antigo professor do Instituto Superior de Educação Física (ISEF) e um dos principais pensadores lusos, Manuel Sérgio é licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa, Doutor e Professor Agregado, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa.
Notabilizou-se como ensaísta do fenômeno desportivo e filósofo da motricidade. É reitor do Instituto Superior de Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares do Instituto Piaget (Campus de Almada), e tem publicado inúmeros textos de reflexão filosófica e de poesia.
Esse artigo acima foi mantido em seu formato original, escrito na língua portuguesa, de Portugal.
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Diversas opiniões sobre esta questão foram expressas pelos integrantes do CEAF-TI, que, cientes da importância do entendimento do todo, chegaram à conclusão que o assunto tratado, nas linhas que seguem, vai além da aplicação e aproveitamento em uma área exclusiva.
Essa afirmação parece clara para você, leitor? A área administrativa de um clube influenciando as aplicações metodológicas? Por acaso os gestores do futebol brasileiro têm essa preocupação? Investir tem a ver com a “filosofia do trabalho de campo” da instituição? Vamos refletir!
Vivemos em um mundo dinâmico e constantemente mutável. O acesso à informação possibilitado pelo avanço dos canais de comunicação permite a troca de conhecimento global, além do acompanhamento de tendências mundiais.
O mundo corporativo vive a era dos sistemas integrados de gestão/produção, onde grandes companhias avançam para a diminuição dos níveis hierárquicos da organização, apostam em capacitação e treinamento para a formação de profissionais multi-especialistas, que entendam o todo e se atualizam constantemente, ajustando suas cadeias produtivas para otimizar tempo/custo/flexibilidade, e, assim, gerar produto ou serviço com qualidade ótima e passível de competitividade com o mercado.
Onde se encontra, então, o futebol nesse contexto?
Há alguns anos, indicou-se que clubes de futebol passariam a ser empresas, geridos como tal, observando-se clubes europeus com receitas invejáveis, caracterizando modelos e exemplos de gestão.
O entrave inicial já pode ser observado em comparação às grandes corporações, que apresentam bem definidos seus objetivos, missão e valores, podendo ser notados facilmente em seus sites institucionais. Já que os clubes brasileiros se tornaram empresas, espera-se que os mesmos apresentem esses critérios determinados. Curiosamente, não é o que ocorre. Porém, como exigir isso deles? Afinal, as comissões diretivas da maioria dos clubes sequer definiram se são instituições formadoras ou de entretenimento!
No início do texto, citou-se a facilidade do acesso à informação e ao acompanhamento das tendências mundiais. Porém, é visível que o futebol brasileiro tarda para seguir tal tendência e cotidianamente dá exemplos de má administração que sempre refletem negativamente em toda organização. Salvo raríssimas exceções, os clubes brasileiros estão fadados às conseqüências das más gestões, ou seja, à falência.
O mundo corporativo, com um acertado pensamento empresarial que preconiza a diminuição da verticalidade da instituição, busca autonomia de seus colaboradores e conseqüente aumento da liberdade para tomada de decisões. Isso se opõe à equivocada organização da maioria dos clubes, que fragmentam seu staff em escalas rígidas e inflexíveis de hierarquia, onde a comunicação e relação entre presidente, diretores, membros das comissões técnicas e demais funcionários praticamente inexistem. Todos se resumem à realização do seu trabalho, desconsiderando se bem feito ou não e sem a necessária reflexão de que o mesmo interfere em toda a empresa.
Por isso se afirma que uma das problemáticas do futebol brasileiro compreende a gestão/produção não integrada? Exatamente!
Para tentar resolver esses problemas, alguns clubes começam a utilizar inovações tecnológicas, como softwares de gestão empresarial. Uma decisão extremamente correta, no entanto, será essa mesma a solução dos problemas? A grande revolução não está na tecnologia e sim nas pessoas que gerenciarão as informações. Mais importante que o software é a contratação ou capacitação de profissionais que consigam obter o máximo de benefícios através dos dados gerados pelo sistema.
Exemplos para elucidar tamanha problemática e algumas inquietações a seguir instigarão você, leitor, que deve estar se perguntando: onde tal texto pretende chegar? Quantas mudanças de treinadores já aconteceram este ano nos grandes clubes do futebol brasileiro? Muitos, e esteja seguro que vários outros ainda perderão seus postos. Quantos diretores de departamentos profissionais de clubes conhecem, ao menos minimamente, o trabalho desenvolvido nas categorias de formação da sua instituição? Acreditamos que uma comum resposta do diretor seria: “O que é trabalho de formação?”
Quantas contratações de jogadores profissionais são realizadas sem que ao menos sejam utilizados antes da rescisão do contrato? Equipes brasileiras, sabidamente “falidas”, desperdiçam milhões de reais em investimentos sem retorno. Quantos empresários detêm o maior percentual do contrato de atletas? Sem dúvida, muitos. Serão essas outras grandes problemáticas do futebol brasileiro?
Ainda exemplificando, quantas instituições oferecem a seus funcionários, dos menores aos maiores cargos, um plano de carreira? Que saibamos, nenhuma! Quantos profissionais de futebol sentem-se estáveis onde trabalham? Estabilidade, no ambiente do futebol brasileiro, certamente é uma palavra longe de ser conhecida. Afinal, existe alguém que esteja há 20 anos como head coach ou manager de um grande clube, como Alex Ferguson é no Manchester United, por exemplo?
Esses exemplos servem para ilustrar o quanto um pensamento fragmentado, voltado ao imediatismo que os gestores do futebol brasileiro preconizam, refletem negativamente na metodologia de treinamento do desporto nacional. Enquanto players e membros diretivos dos clubes assim agirem, exemplos como os apresentados acima perpetuarão, pois fatalmente terão o corpo técnico da sua instituição despreparado, que realizam treinos tecnicista e descontextualizado, que não planeja os objetivos a serem alcançados e que não se importa com o todo da organização.
Enfim, nos parece que treinos de chute ao gol, cruzamento, táticos “sombra” e os famosos rachões nos dias anteriores aos jogos seguirão presentes nas programações de treinos dos clubes que, lamentavelmente, ainda desconhecem o treinamento integrado. Porém, falar sobre este último já é tema para outro artigo.
Estresse coletivo
A cada dia que passa fica cada vez mais a certeza de que, o que era para ser uma grande sacada do futebol como negócio, se transformou no maior vilão da bola neste século XXI. A tal entrevista coletiva pós-jogo é uma das coisas que mais atrapalham e irritam o bom andamento do noticiário esportivo e, também, do dia-a-dia de um clube.
Que o digam Muricy Ramalho, Dunga, Renato Gaúcho, Wanderley Luxemburgo e tantos outros treinadores, carismáticos ou não, que estão atualmente saturados com um modelo adotado no futebol pelos ingleses em meados dos anos 1990.
A entrevista coletiva serve para “livrar” o treinador e os jogadores do calor do jogo. Sim, é muito mais seguro você ter uma entrevista coletiva realizada cerca de uma hora após uma partida do que ali, ainda à beira do campo, irritado ou emocionado pelo resultado.
Quando os ingleses decidiram adotar o padrão de entrevistas coletivas, a idéia era facilitar o trabalho da imprensa e, ao mesmo tempo, reduzir o risco de algo der errado numa entrevista mais acalorada ainda no gramado. Da mesma forma, a coletiva permite agilizar a saída do time para casa após o jogo, uma vez que a imprensa só tem aquela oportunidade para entrevistar os protagonistas da partida.
Mas, num fenômeno mundial, a entrevista coletiva caiu num grande vazio, que destrói o bom jornalismo e altera os ânimos de seus interlocutores. Ainda mais quando o time perde e, à exceção de Muricy Ramalho, quase todo treinador coloca a culpa no árbitro.
Hoje, a coletiva virou também sinônimo para uma enxurrada de repetição de perguntas e respostas com palavras diferentes (ou não!!!) para cada uma delas. “Por que o time perdeu?” e “O time perdeu por que os desfalques fizeram falta” são, necessariamente, a mesma indagação feita com palavras diferentes.
Para piorar, a popularização da TV a cabo, aliada ao fenômeno dos programas pós-jogo, destroçou de vez com qualquer tipo de “glamour” que o futebol tinha no imaginário popular. Hoje é tão banal ouvir os treinadores após uma partida que a opinião deles (e dos comentaristas, claro!) caiu na mesmice.
Atualmente é obrigação um técnico dar entrevista coletiva após o jogo. Os jogadores ainda conseguem se esquivar, mas o treinador nunca pode deixar passar. Isso valoriza a imagem de super-poderosa que é atribuída à classe, mas ao mesmo tempo revela o estado de tensão em que hoje se encontra o relacionamento entre imprensa e clube de futebol.
Nem mesmo quando foi pentacampeão brasileiro Muricy Ramalho aliviou de tom com os jornalistas. Da mesma forma, a cada triunfo ou a cada derrota na seleção, Dunga distribui farpas bem ao seu estilo de quando era jogador.
E isso acontece pela tensão que uma entrevista coletiva carrega em si. Entre os entrevistados está o peso da derrota, a felicidade da vitória ou mesmo a encheção de sempre dizer a mesma coisa. Do lado de quem pergunta, está a ânsia em ser o primeiro, a necessidade em mostrar conhecimento, o desejo de fazer sua pergunta ser “repercutida”.
E o conteúdo, nessas e outras, entra no vazio, fazendo com que aquilo que era para ser uma grande idéia para facilitar o trabalho de todos e tornar a comunicação eficiente se transforme numa fonte constante de gerenciamento de crise.
Entrevista coletiva, hoje, é sinal de estresse coletivo. E a informação que vá para o lixo…
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Mês passado realizamos uma breve revisão sobre o estresse provocado pelos diferentes ambientes para a prática desportiva. Referimo-nos, também, ao calor e à barreira para o rendimento que ele representa para os atletas e, mais especificamente, para os jogadores de futebol. Nesta breve revisão tentaremos abordar os aspectos envolvidos na desidratação dos jogadores, bem como as estratégias mais fundamentadas para a reposição de água e eletrólitos que podem ser perdidos no suor.
Desidratação nada mais é do que a perda em excesso de água do organismo, que, na maioria das vezes, é causada pela transpiração excessiva resultante do forte calor. (BARBANTI, 2003). Pode-se dizer ainda que o processo de desidratação se inicia quando a perda de líquidos pelo suor ocorre em maior intensidade do que a reposição do líquido. (ARAGÓN-VARGAS, 2004). Conforme o organismo sofre queda de água, o sangue conseqüentemente perde parte do seu plasma e com isso ocorre uma dificuldade na manutenção do débito cardíaco (resultado da freqüência cardíaca pelo volume de sangue ejetado a cada sístole), sendo que, desta maneira, pode ocorrer queda de performance. (GONZÁLEZ-ALONSO, MORA-RODRÍGUEZ, BELOW & COYLE, 1997).
Para termos idéia do prejuízo causado pela desidratação no futebol, podemos recorrer ao estudo de Mora-Rodríguez, 2001, citado por Aragón-Vargas, 2004. No estudo, os autores analisaram 11 jogadores de futebol jovens, com faixa etária entre 11 e 13 anos de idade. Em determinado momento, os jovens foram submetidos a um exercício padronizado (dois períodos de bicicleta ergométrica a 45% do consumo máximo de oxigênio) em um calor de 36ºC com umidade relativa do ar de 30%, não havendo ingestão alguma de líquidos, gerando uma desidratação nos jovens de aproximadamente 1,6% do peso corporal. Em outro momento, os mesmos indivíduos realizaram o mesmo exercício, porém, com a ingestão de bebida esportiva comercialmente disponível. Os autores concluíram que quando não houve a reposição hidroeletrolítica, os jovens cometeram mais erros ao fazerem cobranças de pênaltis do que quando se reidrataram com a bebida esportiva.
A partir desta breve revisão, podemos agora partir para as recomendações encontradas na literatura. O ACSM (1996) preconiza que cerca de duas horas antes do jogo os atletas devem ingerir cerca de 500ml de bebida esportiva, repondo, desta maneira, as reservas de líquido corporal, sendo que o excesso de líquido vai ser expelido ao longo destas duas horas. Além disso, imediatamente antes do início do jogo, os atletas devem ingerir mais 250ml de bebida esportiva. Por outro lado, Monteiro, Guerra & Barros (2003) preconizam que durante o jogo os atletas devem ingerir cerca de 150 a 300ml a cada 15-20 minutos de uma solução que apresente concentração de carboidrato de 6% a 8%. Os autores ainda recomendam que a temperatura dessa solução deve estar entre 15ºC e 20ºC. Após o jogo, deve-se ingerir um volume de 150% da perda de suor, sendo que a bebida deve conter sódio para a correta reposição hídrica e eletrolítica. Os atletas devem ser conscientizados a não aguardarem o aparecimento da sede para aí ingerirem líquidos, pois o mecanismo da sede é falho, ou seja, quando ocorre perda de água do plasma sanguíneo, ocorre concomitante aumento da pressão osmótica e, deste modo, o hipotálamo percebe a envia a sensação de sede. Porém, quando esse mecanismo ocorre, o processo de desidratação já se iniciou. (WILLMORE & COSTILL, 2001).
O futebol é uma modalidade extremamente complexa e intermitente, que apresenta diferenças fisiológicas em relação às diferentes posições dos jogadores. Em 2007, Bloomfield, Polman & O’Donoghue realizaram importante revisão sobre as demandas físicas de diferentes posições na Liga Inglesa de Futebol (FA Premier League Soccer), constatando pelo estudo que diferentes posições exigem diferentes gamas de movimentos, de intensidade e volume. Além disso, podemos dizer com segurança que, na mesma posição de jogo, ocorrem grandes variações de jogador para jogador.
Dessa forma, tentamos, em poucas linhas e de maneira prática e objetiva, fazer uma breve revisão sobre as estratégias de ingestão e reposição de líquidos antes, durante e após uma modalidade esportiva intermitente e acíclica – no nosso caso, o futebol.
Qualquer dúvida entre em contato com o e-mail: lfelipeef@uol.com.br
Bibliografia
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. ACSM “Position stand on exercise and fluid replacement. Medicine and Science in Sports and Exercise. v. 28, n. 1, 1996, i-vii.
ARAGÓN-VARGAS, L. F. Hidratação no Futebol. In: BARROS, T. L. & GUERRA, I. Ciência do Futebol. Barueri, SP: Manole, 2004.
BARBANTI, V. J. Dicionário de Educação Física e Esporte. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2003.
BLOOMFIELD, J.; POLMAN, R.; O”DONOGHUE, P. Physical demands of different positions in FA Premier League soccer. Journal of Sports Science and Medicine. v. 6, 2007. 63-70.
GONZÁLEZ-ALONSO, J.; MORA-RODRÍGUEZ, R.; BELOW, P. R.; & COYLE, E. F. Dehydratation markedly impairs cardiovascular function in hyperthermic endurance athletes during exercise. Journal of Applied Physiology. v. 82, 1997. 1229-1936.
MONTEIRO, C. R.; GUERRA, I.; BARROS, T. L. Hidratação no Futebol: uma revisão. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 9, n.4, jul/ago, 2003. 238-242.
WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 2ª ed. São Paulo, Manole, 2001. 709 p.
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