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Vitória de quem?

O Santos sofreu, mas venceu o Penapolense por 3 a 2 no último domingo e avançou à decisão do Campeonato Paulista de 2014. Ainda assim, o time de Penápolis finda a participação no Estadual como uma das maiores surpresas positivas da temporada – a outra é o Ituano, que eliminou o Palmeiras na semifinal e também segue vivo na disputa do título.

No entanto, é importante entender o que representa o Penapolense. Não é um time de jovens valores (ao contrário, o grande destaque é o meia Guaru, que tem 33 anos). O jogo contra o Santos foi o oitavo consecutivo em que a equipe do interior não venceu.

O que justifica essa ausência de triunfos é o perfil desse Penapolense. Trata-se de um time que marca antes de jogar e que prioriza o combate aos pontos positivos do adversário. Funcionou contra o São Paulo, rival nas quartas de final, mas isso não foi suficiente contra o Santos.

O Santos também errou. Foram duas falhas individuais no primeiro tempo, ambas do zagueiro David Braz. Ele cometeu um pênalti infantil ao puxar um rival pela camisa em cruzamento para a área. Depois, vacilou em uma bola longa e permitiu que o atacante Douglas Tanque levasse vantagem.

Os erros do Santos, contudo, foram individuais. E foram potencializados por um time que se expõe, que monta muitas vezes uma linha de quatro armadores e que adianta a marcação a ponto de atuar compactado no campo de ataque.

Por outro lado, o Penapolense foi um time que tentou proteger a meta. A equipe do interior também apostou na compactação, mas em um setor mais recuado do campo. A marcação foi quase individualizada. Os erros que propiciaram a eliminação foram coletivos, não individuais.

A diferença de postura entre Santos e Penapolense é mais do que coisa do jogo. Os dois times representam posturas distintas e dão exemplos de como o futebol pode comunicar algo maior.

Ao apostar em garotos e montar uma formação ofensiva, o Santos criou um sistema que pode não sobreviver ao longo prazo. O técnico Oswaldo de Oliveira priorizou aspectos como prazer e orgulho de ver o time em campo.

Oswaldo nunca foi um jogador de sucesso. Às vezes, chega a ser menosprezado por usar vocabulário extremamente rebuscado e por ter uma oratória efusiva em entrevistas coletivas. Não é um boleiro e não tem um comportamento de boleiro.

Narciso, técnico do Penapolense, também é oposto nesse sentido. Foi jogador com passagem destacada pelo Santos na década de 1990. Construiu a carreira no campo.

Na semana que precedeu a semifinal, Narciso foi convidado do programa esportivo “Cartão Verde”, transmitido pela TV Cultura. Durante a conversa, o técnico do Penapolense foi questionado sobre categorias de base no futebol brasileiro – ele já comandou times amadores de Corinthians, Palmeiras e Santos.

O diagnóstico de Narciso é que o futebol brasileiro abriu espaço demais a profissionais egressos das universidades. Que a formação abriu mão de pessoas com vivência no meio e que priorizou conhecimento teórico.

“Eu fiquei sabendo de um técnico, cujo nome eu não vou falar, que pediu uma coisa para um menino. O menino não conseguiu fazer e pediu para ele demonstrar. Ele também não conseguiu”, relatou Narciso.

O raciocínio do técnico do Penapolense foi rapidamente endossado por Roberto Rivellino, ex-jogador que atualmente trabalha como comentarista do “Cartão Verde”.

Dizer que a eliminação do Penapolense destrói a tese de Narciso, contudo, seria um raciocínio oportunista. Oswaldo não foi superior por ter estudado ou por não ser um tecnicista baseado em conhecimento empírico. A questão é muito maior.

O futebol é um jogo. E como qualquer jogo, possibilita diferentes caminhos para a vitória. Uns são mais curtos, mas ignoram o contexto. O Penapolense podia ser campeão paulista, e isso representaria muito para o time, a cidade e os torcedores. Mas qual é o grande impacto que essa equipe proporcionou? Quais são os diferenciais ou as marcas desse estilo?

Profissionais do esporte e profissionais das universidades precisam parar de brigar por espaço. A evolução do futebol brasileiro só vai ser possível quando as pessoas perceberem que a soma de esforços é o melhor caminho.

O profissional que nunca estudou não é necessariamente um ignorante. No esporte, por exemplo, há vários exemplos de domínio empírico do espaço e do jogo. São pessoas que sabem o que fazer, mas não entendem por que fazem.

A formação excessivamente teórica tem o risco contrário: saber por que fazer, mas exigir um tempo de resposta maior e não conseguir dar respostas adequadas no tempo necessário.

O ideal é que as duas coisas sejam adicionadas. O futebol não pode ser visto apenas como um amontoado de números ou como ações isoladas e estudadas. É um jogo complexo, com um volume imenso de variáveis.

O futebol não é simples. Pode ser natural, mas não é simples.

Nesse caso, o único caminho é a soma de esforços. Pep Guardiola é um ex-jogador, mas chamá-lo de ex-jogador é ignorar tudo que ele representou aos times que dirigiu. Trata-se de um estudioso, alguém que domina o futebol tão bem quanto entende as nuances humanas.

O desafio para quem trabalha no futebol é esse, afinal: entender que o jogo é feito por gente e que transmite muito mais do que os resultados supõem. 

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O limiar desequilibrante e zonas de pressão no futebol

Em momentos de construção do jogo ofensivo e de transição ofensiva, muitas equipes no futebol mundial tornam-se especialistas em retirar a bola da zona de pressão.

Retirar a bola da zona de pressão pode ser especialmente útil para equipes que preferem a manutenção da posse da bola ao jogo de progressão.

Também pode ser especialmente útil para equipes que preferem encontrar corredores vazios pelo campo antes de se projetarem em direção do gol.

Independente porém das referências orientadoras principais que organizam coletivamente uma equipe, saber retirar a bola da zona de pressão pode ser um conteúdo a se desenvolver, com times e jogadores, muito importante, prático e eficiente – mesmo quando jogadores e equipes preferirem, dentro de seu Modelo, passes em progressão e busca aguda pela gol de ataque.

Claro, mesmo para uma sequência ofensiva que inicia no campo de defesa e com quatro passes chega até a grande área adversária (terminando em finalização ao gol), é necessário que os tais passes evitem, sempre que possível, colocar a bola em disputa ou dentro de setores de pressão espaço-temporal que sofram ação direta do adversário.

Saber controlar a bola coletivamente para retirá-la vantajosamente e de modo eficiente da zona de pressão, é parte de uma habilidade que envolve excelente percepção do ambiente, excelente leitura de jogo, excelentes tomadas de decisão, excelentes ações com bola e conjuntamente muita mobilidade por parte da equipe, afim de oferecer o maior número possível de apoios a portador da bola.

O FC Barcelona de Josep Guardiola talvez seja o melhor exemplo recente da maestria de se controlar a bola retirando-a várias vezes da zona de pressão, até encontrar situações claras de vantagem numérica para desfecho das jogadas.

O Bayer de Munique, também de Guardiola, vai no mesmo caminho – o que evidencia o fato de que isso é algo ensinável (e aprendível), que pode ser treinado e desenvolvido, ainda que os jogadores tenham inicialmente referências diferentes e automatismos também diferentes.

E para ensinar/treinar/desenvolver jogadores e equipes a retirarem a bola da zona de pressão com excelência, talvez seja necessário conhecer (ainda que intuitivamente) o conceito de “momento desequilibrante” (que também chamo de “limiar desequilibrante”) – (leia mais sobre o assunto no livro: “Desvendando o Jogo de Futebol: estrutura – modelos – inteligência – complexidade” de Rodrigo Azevedo Leitão [no prelo]).

A auto-organização coletiva dos jogadores dentro do campo de jogo é dinâmica e “instantaneamente circunstancial”.

O condicionamento para que todas as ações e ocupações de espaço se estabeleçam adequadamente é sistemicamente orientado por atratores e/ou por referências organizacionais do próprio sistema.

Se o objetivo é retirar a bola da zona de pressão e tal comportamento for condicionado, é de se esperar então que circunstancialmente os jogadores distribuam-se em campo para favorecer esse objetivo.

 

 

 

Ocorre que em situações de extremos e eficientes sistemas de pressing e pressão a urgência nas ações dos jogadores, com e sem bola por parte da equipe que a possui, é permanente, até que ela (a bola) não esteja sofrendo ações diretas e turbulentas por parte do adversário.

Existe um momento que precede aquele em que a jogada fica totalmente limpa e circunstancialmente vantajosa para a equipe que tenta retirar a bola da zona de pressão.

Quando esse momento é aproveitado temporalmente e a ação com bola dentro dele é realizada com extrema perícia, a bola não só sai da tumultuada zona de pressão, como estará em posição vantajosa para que uma boa sequência ofensiva seja iniciada.

Ele é um momento típico em todas as situações em que a bola entra em pressão, e se caracteriza não só pelo fato de que a bola possa sair dela!

A bola pode sair da pressão com passes de segurança e em seguida permitir ação direta do adversário sobre ela (momento desequilibrante não aproveitado).

A bola pode sair da zona de pressão em passes mais “fáceis” e não entrar em posição efetivamente vantajosa para a equipe que a possui (momento desequilibrante não aproveitado).

Então, o momento mencionado, o limiar desequilibrante, caracteriza-se por ser o instante em que a ação com a bola (o passe comumente, mas também o drible e/ou a condução da bola) é definitiva; ou para que a bola saia vantajosamente da pressão, desequilibrando circunstancialmente o sistema de marcação do adversário, ou para que ela (a bola) seja perdida para o adversário em uma condição extremamente vantajosa para ele (o adversário) – deixando totalmente desequilibrada a equipe que tinha a posse da bola.

Por isso é que trata-se de um momento desequilibrante; ou para a equipe que permite que a bola saia da zona de pressão, ou para equipe que perdeu a posse da bola tentando tirar a bola da região turbulenta.

Isso quer dizer também, que recuperar a bola no limiar desequilibrante pode oferecer mais vantagens organizacionais do que em outro momento. Da mesma maneira retirar a bola da zona de pressão no momento desequilibrante pode, e trará circunstancialmente maiores vantagens organizacionais.

Mas como identificar o “limiar desequilibrante”? E o identificando, como treinar “o” e “no” “limiar desequilibrante”?

Bom, aí deixemos para outra coluna… Por enquanto, o desafio é olhar para as zonas de pressão com esses óculos, o que será que vamos enxergar?

Até a próxima…
 

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Os jogos contextuais no treinamento semanal

As comissões técnicas, em cada sessão de treino, devem aperfeiçoar o nível de jogo de suas equipes com atividades que proporcionem aquisições globais ao Modelo de Jogo. Sob este viés, qualquer que seja a aquisição de desempenho coletivo somente faz sentido se tiver relação direta com o Jogo e sua Lógica.

Como do ponto de vista da complexidade o Futebol é um confronto de sistemas dinâmicos (equipe A x equipe B), treinar o próprio sistema (sua estrutura e funcionalidade) sem ter preocupações com o sistema adversário pode ser um grande equívoco. Uma vez que no ambiente competitivo a gestão do caos e do imprevisível são competências fundamentais para jogar bem, inseri-las no processo de treinamento é
condição básica para potencializar um jogar inteligente.

Situações de treino analíticas, sem oposição e que estimulam as habilidades fechadas são exemplos claros em que a gestão do caos e da imprevisibilidade são desconsideradas. Porém, é possível que mesmo em situações de treino que se aproximem da realidade do jogo as competências supracitadas sejam minimizadas. Um exemplo disto é a realização de um treinamento em que o “time de cima” se distribui em campo e tem regras de ação semelhantes ao “time de baixo”. Como outro exemplo, um treino em que o time titular enfrenta os suplentes que jogam de maneira distinta do próximo adversário.

Neste caso, a imprevisibilidade e a gestão do caos num jogo de um time que pressiona alto de forma zonal e coletiva, retira a bola do setor de recuperação com passes curtos e inversões, faz campo grande a atacar buscando a progressão com circulação e tenta recuperar a posse de bola imediatamente após a perda são bem diferentes se comparadas a um time que joga em bloco baixo, marca de maneira individual, retira a bola do setor de pressão com bolas longas verticais, ataca com poucos jogadores buscando situações de 1×1 ou cruzamentos e pressiona individualmente após a perda.

Então, uma solução para a operacionalização de um microciclo que atenda as reais demandas do futebol está nos Jogos Contextuais. Como conceito, estes jogos são pensados em função das características de jogo do próximo adversário: a plataforma, os comportamentos ofensivos, defensivos, de transições, de bolas paradas, além das características dos jogadores em cada posição devem ser simulados por parte da equipe, geralmente os suplentes, com o objetivo de se aproximar da realidade da competição.

Tempos atrás, neste mesmo espaço, foi publicado que as atividades contextuais são realizadas em ambiente específico, ou seja, nas dimensões oficiais do jogo. Depois de muitos treinos, discussões, reflexões, acertos e erros, pode ser afirmado que estes jogos tem possibilidade de aplicação em qualquer dimensão. Em espaços reduzidos e com menos elementos é mais fácil aumentar a densidade de ações dos comportamentos de jogo que precisam ser estimulados.

Se, por exemplo, no próximo final de semana o adversário apresenta como características de jogo a marcação individual dos volantes, zagueiros e laterais e o excesso de chutões na construção do jogo ofensivo (infelizmente uma tônica em muitos jogos do nosso país), este conteúdo precisa ser adequadamente estimulado ao longo da semana de treinamento. Desta forma, em competição, a equipe poderá melhor se organizar no característico ambiente caótico que é o jogo e reagir melhor aos “previsíveis problemas imprevisíveis” que o adversário a impõe.

Quanto mais inteligente a equipe maiores as possibilidades de sucesso no confronto de sistemas.

Pra concluir, vale lembrar que num processo de formação o excesso de jogos contextuais pode castrar o desenvolvimento dos suplentes. Pelo que foi discutido, a falta destes jogos pode aumentar as chances de derrotas. Que todos treinadores tenham coerência, discernimento e respaldo para atingirem este difícil equilíbrio.

Abraços e bons treinos!
 

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Está ficando barato!!!

Quase quarenta dias depois, a Conmebol julgou o Real Garcilaso pelos atos de racismo protagonizados pela torcida do time peruano contra o volante Tinga, na partida contra o Cruzeiro.

Naquele jogo, os torcedores peruanos emitiam sons de macaco sempre que o volante cruzeirense pegava na bola.

O clube peruano foi punido pela entidade máxima do futebol sul-americano com uma multa de US$ 12 mil (aproximadamente R$ 28 mil) e a advertência de que, caso os atos racistas se repitam, o estádio do clube será interditado.

Em nota oficial,a entidade declarou que tenta combater qualquer forma de discriminação racial e que, tomando este fato como um marco, a se compromete a aumentar a vigilância das partidas para denunciar e punir novamente os clubes e as torcidas que protagonizarem novos episódios de qualquer tipo de preconceito.

Neste, que foi o primeiro caso de racismo de grande repercussão na América do Sul, a Conmebol perdeu a oportunidade de aplicar punição exemplar e desestimular de forma veemente qualquer ato de racismo.

Ao contrário, a entidade aplicou punição extremamente branda, já que poderia ter, inclusive, excluído o Real Garcilaso da competição.

Infelizmente, com todo o interesse da Fifa em combater o racismo, percebe-se que as entidades continentais têm hesitado ao aplicar punições.

Em 2004, a Seleção Espanhola foi multada pela Uefa em 45 mil libras (cerca de R$ 145,4 mil) por manifestações racistas. Entretanto, em 2012, o atacante Nicklas Bendtner, da seleção da Dinamarca, foi multado em cem mil euros (aproximadamente R$ 260 mil) e suspenso por um jogo por ter mostrado um patrocinador na cueca durante a comemoração de um gol. Ou seja, houve maior rigor ao se punir o ambusch marketing.

A Conmebol trilha o mesmo caminho, pois, em 2013, o Atlético Mineiro foi multado em dez mil dólares (cerca de R$ 19,5 mil), por ter se atrasado no início da partida diante do Arsenal de Sarandí, da Argentina, valor bem próximo do aplicado ao Real Garcilaso.

O racismo é um mal que deve ser banido do esporte e da sociedade em geral e, para tanto, é imprescindível que os casos sejam tratados com bastante critério e punições rigorosas.

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As metas do atleta e seus obstáculos

Ter uma meta é algo cada dia mais comum no discurso e na vida dos atletas, pois são através delas que eles promovem a melhoria de seus desempenhos e o consequente progresso de suas carreiras.

Mas e quando os obstáculos aparecem no caminho, como superá-los? Quando um obstáculo se apresenta, a maioria das pessoas desiste antes mesmo de tentar superá-lo devido aos problemas e dificuldades que logo aparecem quando vai se realizar uma atividade nunca feitas antes.

Com o atleta acontece da mesma forma, os obstáculos muitas vezes fazem com que o atleta desista de alguma meta que desejava, fazendo com que seus objetivos principais nunca consigam ser atingidos. Sabemos que isso pode levar a uma desmotivação inconsciente do atleta e a um baixo desempenho da prática esportiva. É legal sabermos que as pessoas de sucesso e que conquistam seus objetivos, tentam muitas e muitas vezes até finalmente obterem o sucesso almejado.

Mas como o atleta pode superar um obstáculo aparente?
É preciso reconhecer que o sucesso sempre é precedido de algum tipo de fracasso temporário, como disse um dia Henry Ford: “O fracasso é apenas uma oportunidade para começar de novo de maneira mais inteligente.”

Podemos estar atentos com dois grandes obstáculos que acontece na vida de muitos atletas: o medo e a dúvida! Medo do fracasso, da perda, dos constrangimentos ou da rejeição muitas vezes impede aos atletas de tentarem realizar suas novas tarefas para atingir uma meta. Muitas vezes basta que o atleta pense na meta para se sentirem atordoados por aquele medo, que funciona como um balde de água fria capaz de apagar por completo seu desejo.

A dúvida é o segundo obstáculo mental que o atleta tem. Nós muitas vezes duvidamos da nossa própria capacidade, chegando a nos compararmos desfavoravelmente com as outras pessoas. Chegamos a pensar: “Não sou bom como ele” ou “Não posso realizar a função igual ao fulano”.

Então, para contribuir com os atletas que desejam remover seus obstáculos e seguir na direção de suas metas compartilho algumas dicas de Brian Tracy para remover todos os obstáculos que por ventura estejam obstruindo o caminho de um atleta.

• Identifique um obstáculo importante e pergunte: “Por que ainda não cheguei na minha meta? O que está me freando?” – Faça uma lista de tudo que lhe vier a cabeça.

• Olhe para si mesmo e encare a possibilidade de que seus próprios medos e duvidas constituam seus maiores obstáculos para o seu sucesso.

• Identifique a limitação, em você mesmo ou na situação que o cerca, responsável pela velocidade na qual alcança sua meta desejada.

• Elabore várias definições de seu principal problema ou obstáculo. Pergunte-se: “O que mais pode ser o problema?”

• Defina sua melhor solução como uma meta, estabeleça um prazo, trace um plano de ação e entregue-se a ele. Trabalhe intensa e diariamente nesse plano até que o problema seja resolvido ou o obstáculo, removido.

Caro amigo leitor, essas dicas são muito valiosas para todo atleta ou não, que deseje remover os obstáculos que possam estar impedindo o seu avanço na direção de sua meta desejada e seu consequente sucesso profissional.

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Barça e Real

Os últimos dias foram recheados de comentários sobre toda a repercussão gerada pelo clássico disputado entre Real Madrid e Barcelona no Santiago Bernabeu no último final de semana aqui no Brasil.

Para os que trabalham há algum tempo com os negócios relacionados ao esporte, nenhuma novidade. Não é surpresa nenhuma o fato do brasileiro dar mais atenção a um jogo disputado no Velho Continente em detrimento dos (bons ou ruins) jogos no Brasil.

A questão não é só o jogo mais qualificado ou o cenário (arenas lotadas) que é criado em cada disputa. A questão é a “unicidade” que se cria para cada evento, ou seja, a sua narrativa: cada jogo tem sua história e a rivalidade é reforçada em todos estes momentos. E esse é o grande viés do entretenimento.

Há tempos que não conseguimos dialogar de maneira efetiva com o torcedor. Muito porque negligenciamos sim a qualificação e o cenário das partidas, mas também porque deixamos de contar boas histórias contemporâneas sobre as grandes rivalidades. Quem são os heróis e os vilões de cada jogo decisivo?

O espaço ocupado pelos times estrangeiros não é só culpa do bom trabalho feito lá fora, mas sim do desserviço que é realizado há algum tempo em nosso futebol. E, repito, não se trata apenas da organização como um todo – que atrapalha e muito, como sistematicamente descrevemos aqui neste espaço.

Deixamos de pensar no intangível e no reforço dos melhores sentimentos que os torcedores possuem sobre os grandes e inesquecíveis clássicos!!!

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Lá e cá

Não é apenas dentro de campo que temos muito que aprender com o futebol europeu.

O mais recente clássico disputado entre Barcelona e Real Madrid é apenas uma – importante – mostra do nível de excelência do qual estamos muito distantes.

Os melhores jogadores do mundo disputando grandes jogos, com muita velocidade, poucas faltas, estádios com ótima ocupação e sem violência dentro ou fora das praças esportivas.

Em outras palavras, muito daquilo que veio embalado no “padrão Fifa”, expressão consagrada como sinônimo de excelência na realização da Copa do Mundo no Brasil.

Entretanto, a embalagem não corresponde ao conteúdo que o nosso futebol pode entregar.

Imaginou-se que, simplesmente, a Copa serviria para resolver todos os nossos problemas.

Serviu para escancará-los ao se evidenciar que nossa prática não anda junto com a teoria.

Na Espanha, vimos que o presidente do Barcelona renunciou em meio ao escândalo envolvendo a transferência de Neymar. Imediatamente, o novo presidente veio a público prestar contas à comunidade, bem como o clube pagou ao fisco espanhol um valor milionário referente aos tributos envolvidos no negócio.

Na Alemanha, o presidente do Bayern foi condenado à prisão por sonegação de impostos. Vai pagar – os impostos, a pena e com a destituição do cargo.

O “fair play” europeu não se restringiu a esses dois casos emblemáticos fora das quatro linhas.

Dentro delas, já havíamos visto a história do alemão Klose, que ao marcar um gol irregular, “entregou-se” e assumiu sua culpa e responsabilidade.

Noutro caso recente, um jogador alemão do Werder Bremen confessou que havia simulado um pênalti e o árbitro acatou seu gesto de honestidade.

Nestes tristes trópicos, temos muito a lamentar e pouco a celebrar. Aos olhos do douto juiz que julgou a invasão dos torcedores corintianos ao CT do clube, não foi nada além de uma expressão intensa de paixão…

Aos olhos da Conmebol, as manifestações hediondas de racismo contra o jogador Tinga, no Peru, não foram tão graves, uma vez que proferidas por “mal-educados sulamericanos”…

Aos olhos do Presidente do Comercial de Ribeirão Preto, não pagar salário de propósito e ameaçar os jogadores do clube com armas é uma ótima forma de incentivar o grupo a alcançar seus objetivos…

A gestão do futebol brasileiro tem usado a ginga, o lá e cá, pra driblar suas próprias responsabilidades quanto à própria evolução.

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Brasil muda de lado na guerra global por talentos

Nos últimos 15 anos temos ouvido e lido sobre a guerra global por talentos e o papel de fornecedor de profissionais mais qualificados que o Brasil vem tendo neste cenário.

Embora alguns ainda duvidem, temos falta de gente qualificada e isso é um dos principais fatores de risco para o crescimento do País nos próximos anos. As previsões mostravam que o Brasil seria um dos grandes fornecedores de profissionais qualificados no mercado global por pura incapacidade de gerar empregos de qualidade para manter esses profissionais no país.

Este fenômeno, se fosse confirmado, teria um enorme impacto para o Brasil, já que com a falta de capital humano qualificado é impossível o avanço da economia, sendo então o nosso futuro a estagnação.

A realidade é menos catastrófica! A economia mundial mudou de sintonia e por este motivo vivemos hoje uma transformação na esfera do emprego mundial, principalmente quando falamos em evasão e invasão de mão de obra qualificada no Brasil.

Gostaria de dividir com vocês minha visão sobre o tema.

Há pouco tempo atrás, os profissionais que se especializavam em determinadas áreas ou atividades tinham como objetivo principal terminar a formação e migrar para outros países, onde viam mais chances e oportunidades de desenvolverem suas carreiras.

Esse fenômeno acontecia por alguns fatores, sendo os de maior influência, não necessariamente nessa ordem:

1) Falta de oportunidades no Brasil dentro do campo escolhido.
2) Remuneração maior no exterior.
3) Economia mais estável nos países desenvolvidos.
4) Possibilidade de adquirir novos conhecimentos em seu campo se atuação.
5) Dominar um novo idioma, principalmente o inglês.
6) Conhecer novas culturas.

Esses tempos já se foram e o Brasil de hoje oferece uma infinidade de oportunidades para profissionais qualificados, até mesmo para estrangeiros. Claro que ainda existem profissionais que sonham em se formar e trabalhar fora do Brasil, mas já é possível afirmar que isso é muito mais por uma vontade íntima. Esses estão mais focados em conhecer outras culturas, adquirir novos conhecimentos e aprimorar um idioma, não é necessariamente um motivo macroeconômico.

Essa mudança nos profissionais brasileiros pode ser explicada por alguns fatores. Destaco alguns deles:

1) Nossa economia, mesmo com pequenas oscilações, se tornou forte e confiável.
2) Abertura de novos campos de trabalho em áreas antes inexistentes no mercado.
3) Crescimento do setor da construção civil.
4) Mega eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas que aceleram o progresso.
4) Pré-sal saindo do papel e virando realidade.
5) Programas do governo com apoio de empresas privadas que incentivam e subsidiam a formação em áreas específicas.
6) Economia mundial instável, principalmente na Europa, que diminui oportunidades fora do país.

Além de todos estes fatores, permanecer no Brasil significa não ter que adaptar-se à novas culturas e principalmente climas.

Esse conjunto de mudanças no Brasil e no mundo não só afetou a evasão de profissionais como fez surgir um fenômeno novo no Brasil – a invasão de profissionais qualificados e especializados.

Esta invasão de mão de obra é uma realidade em todas as profissões, segmentos e níveis hierárquicos. Importamos de pedreiros a engenheiros, de trabalhadores portuários a médicos, de operadores de máquinas a diretores de produção. Enfim, existe espaço e oportunidade de sobra no Brasil para mão de obra qualificada.

E, como acontecia com os brasileiros, os estrangeiros vêm para o Brasil não só em busca de oportunidades de crescimento, mas pela remuneração maior, para adquirir novas culturas e conhecer um novo idioma. O momento atual sugere: Você é um profissional especializado? Então venha trabalhar no Brasil!

Esse novo fenômeno que agrada os estrangeiros abre uma janela de oportunidades para os brasileiros, pois temos vantagens sobre quem vem de fora, uma vez que conhecemos a cultura, dominamos o idioma, estamos adaptados ao clima e etc.

Penso que este novo panorama não deve ser visto como uma ameaça aos brasileiros, pelo menos a curto e médio prazo. Existe espaço para todos e hoje arrisco afirmar que o progresso do Brasil depende e necessita de profissionais qualificados, independentemente de sua nacionalidade.

Vejam alguns dados que coletei que colaboram com esta visão:

23/09/2013 – Estado de São Paulo – Indústria sente falta de mão de obra qualificada. Segmentos de bebidas e construção temem pela qualidade da mão de obra atual.

28/10/2013 – Folha de São Paulo – Dificuldade para encontrar mão de obra qualificada atinge 65% da indústria, dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

07/11/2013 – UOL Economia – Falta mão de obra qualificada para o agronegócio, dizem especialistas.

08/11/2013 – DCI – Falta de mão de obra qualificada deve persistir por no mínimo cinco anos, diz especialista. Estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

É a hora de você profissional brasileiro usufruir desse momento, que pelas projeções conservadoras ainda perdurará pelo menos nos próximos 5 a 10 anos.

Portanto, se você é um profissional qualificado, mantenha-se atualizado e se você está em formação e quer aproveitar as oportunidades de um mercado em expansão, não perca tempo e invista no seu desenvolvimento e qualificação profissional.

Feliz 2014!!

 

*Cezar Antonio Tegon é graduado em Estudos Sociais, Administração de Empresas e Direito. É Presidente da Elancers, Presidente do conselho da Click@Gestão e Sócio Diretor da Consultants Group by Tegon. Com experiência de 30 anos na área de RH, é pioneiro no Brasil em construção e implementação de soluções informatizadas para RH. Palestrante em vários congressos e universidades sobre temas relacionados à Gestão de Pessoas, Tecnologia da Informação e Perfil Comportamental.

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Com todo respeito

O último fim de semana foi marcado pela última rodada da fase de classificação da maioria dos Estaduais de futebol pelo país. Mas também foi marcado por uma importante lição de gestão de eventos e por uma enorme quantidade de “com todo respeito” para justificar escolhas.

Dados sobre a audiência da TV fechada no fim de semana ainda não foram divulgados, mas uma base empírica aponta para um recorde do “com todo respeito”. Questionados sobre qual jogo pretendiam ver no domingo de decisões dos Estaduais, torcedores respondiam: “Com todo respeito ao meu time, hoje é dia de Real Madrid x Barcelona”.

O clássico espanhol é o principal jogo da temporada nacional deles, é verdade, mas não foi esse o único elemento que atraiu a atenção de torcedores brasileiros. As escolhas, “com todo respeito”, refletem o quanto os Estaduais perderam importância.

Uma das explicações para isso é a questão da promoção. Não há evento que sobreviva e mantenha sua força sem um trabalho adequado de promoção, e o futebol no brasil vive há muito tempo do potencial estabelecido.

Na Espanha, em contrapartida, há um esforço para transformar os clássicos entre Real Madrid e Barcelona nos assuntos mais relevantes da temporada. Há um trabalho para que o jogo repercuta.

Esse trabalho envolve parceiros de transmissão e times, mas tem como principal alavanca os organizadores dos campeonatos. É fundamental que eles entendam como atingir o público-alvo e montem estratégias para isso.

Hoje em dia, o trabalho com o público é tendência entre especialistas em marketing e comunicação. O foco da estratégia migrou da fabricação e do produto para essa parte. Para isso, porém, é fundamental que o consumidor seja impactado.

Qual foi o impacto dos Estaduais? Quantas pessoas ficaram sabendo sobre o que aconteceu no fim de semana decisivo ou cancelaram compromissos para acompanhar a rodada derradeira dos torneios regionais?

Não é só uma questão de tamanho de jogo. Não é só uma questão de tamanho de jogadores. É uma questão que envolve todo o processo de comunicação da indústria do futebol.

Enquanto acharmos que a paixão espontânea que o brasileiro tem pelo futebol é suficiente para carregar o negócio, correremos sempre o risco de ouvir que, “com todo respeito”, há opções melhores de entretenimento. O clássico espanhol é concorrente direto pela atenção quando acontece como no último domingo – os jogos aconteceram quase no mesmo horário –, mas é um rival indireto mesmo quando as faixas de horário não batem.

Afinal, não é só pela audiência televisiva que os jogos duelam. Há uma briga pela atenção do consumidor, e essa atenção está cada vez mais restrita. As pessoas são bombardeadas por informações e opções de lazer. Escolher entre elas envolve um processo que vem desde o subconsciente, e ignorar tudo isso é confiar demais na força de marcas estabelecidas.

Parte do problema que os nossos Estaduais têm está no próprio discurso de jogadores e treinadores. Não há sentido de promoção ou coletividade nas falas públicas. Ao contrário: o tom é quase sempre de crítica.

Gestores das competições precisam perceber o quanto jogadores, treinadores e dirigentes repercutem. E têm de entender que essa repercussão instantânea é uma das formas mais eficazes de atingir o torcedor.

Há o exemplo claro do Corinthians, eliminado do Campeonato Paulista uma rodada antes do término da primeira fase. A queda precoce do time foi sacramentada em um empate por 0 a 0 com o Penapolense – graças, também, a um revés do São Paulo por 1 a 0 para o Ituano em pleno Morumbi.

Depois do término dos jogos, o técnico do Corinthians, Mano Menezes, questionou a dedicação do São Paulo ao duelo com o Ituano. O atacante Romarinho fez ainda pior. “Eles entregaram”, acusou o jogador alvinegro.

As declarações serviram para mudar o foco após a eliminação do Corinthians, e essa é até uma estratégia válida para Mano Menezes. O problema é que essa mudança de foco colocou em xeque o modelo de disputa e a lisura do campeonato.

Depois de passagens frustradas pela seleção brasileira e pelo Flamengo, Mano Menezes voltou ao Corinthians no início de 2014. E desde então, o técnico tem sido responsável por umas série de entrevistas que responsabilizam regulamentos, árbitros e até rivais por tropeços da equipe que ele comanda.

Na primeira passagem pelo Corinthians e até durante o tempo em que comandou a seleção brasileira, Mano Menezes era tratado por muitos como um fenômeno de comunicação. Havia até um senso comum de que ele dava entrevistas muito melhores do que as convocações ou atuações da equipe que ele dirigia.

A eficácia dele nesse aspecto era tão grande que incensou a filha do técnico, Camila, que era responsável pelo planejamento de comunicação de Mano Menezes. Foi um período em que a influência de um profissional com potencial para esse trabalho ficou extremamente clara.

Desde que saiu da seleção, porém, Mano parece ter abandoando a cartilha montada pela filha dele. O técnico tornou-se mais ranzinza, mais ácido, e até a relação dele com a imprensa foi um pouco deteriorada por isso.

Esse é um aspecto que deve gerar muita preocupação ao estafe de Mano Menezes. Talvez até à diretoria do Corinthians. Mas quando ele começa a atacar o campeonato, isso precisa ser preocupação de quem o organiza.

A Federação Paulista de Futebol (FPF) não pode tolerar que os próprios participantes do Estadual detonem publicamente o produto. Não é uma questão de censura, mas de planejar o que é dito e o que repercute sobre o campeonato. Tudo isso faz parte de um enorme trabalho para que o consumidor se aproxime.

Se a FPF não se preocupar com nível técnico, promoção de eventos e comunicação, o caminho está muito claro. Com todo respeito, mas eu vou deixar de ir ao estádio, trocar de canal ou desligar a TV. O futebol brasileiro está perdendo essa batalha.

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A tática, o coletivo e o José Mourinho: antes, uma questão de(o) português, agora, uma questão de tempo…

Hoje vou postar algo nada habitual (nem habitual da minha parte, nem por parte da Universidade do Futebol).

No entanto, dadas as estatísticas e os números, vou, eu mesmo, me conceder uma licença.

Em julho de 2007 publiquei na Universidade do Futebol (na época Cidade do Futebol) um texto debatendo a utilização ou não, a validade ou não, dos “coletivos” realizados pelos treinadores de futebol no treinamento e “apronto” de seus jogadores e equipes.

Em 2008 passei a utilizar esse texto em um momento específico das disciplinas de “Treinamento em Futebol” e “Treinamento nos Esportes Coletivos” das Faculdades onde atuava como professor de graduação.

Em 2009 postei-o, com pequenas alterações em um dos meus blogs.
Essa semana – já em 2014 – o texto em questão atingiu em um deles (dos blogs) 500 mil acessos – isso sem contar os acessos na Universidade do Futebol.

Realmente para mim, nos meus controles de acessos (levando em conta apenas os “acessos únicos” para não ter a falsa ideia de que o número é maior do que parece) é um número muito expressivo.

Então hoje vou “republicar” (licença poética) o texto. Não é só pelo número de acessos. É também e principalmente pelo fato de que ele, mesmo escrito e publicado em 2007, parece feito para hoje…

E eu me pergunto “como ainda pode?”…

Mas, vamos lá.

O texto é: “A tática, o coletivo e o José Mourinho: uma questão de(o) português!”

Vejamos…

Nas teorias do treinamento desportivo, um dos princípios mais discutidos e pontuados é o da SOBRECARGA. Ele rege que para o organismo (integral) do atleta continuar se desenvolvendo e fazendo evoluir sua performance, é necessário que haja um "agente estressor" que possa gerar esse desenvolvimento.

Esse "agente estressor" no caso do atleta é o treinamento desportivo. Para conseguir o "estresse" que vai provocar uma REAÇÃO do organismo (para o seu desenvolvimento) é necessária uma carga de magnitude superior àquela que ele está "acostumado"; uma SOBRECARGA.

Pois bem. Uma questão que tem intrigado e rondado a cabeça de cientistas do desporto, treinadores e amantes do futebol é a que diz respeito à importância do "Coletivo" nos treinamentos de uma equipe de futebol.

Quando pensamos em "Coletivo" imaginamos um jogo (reservas e titulares, titulares e equipe B, etc. e tal) próximo ao jogo competitivo formal, com o objetivo de preparar ou observar uma equipe para uma partida oficial de campeonato. O fato, é que temos hoje treinadores em evidência na mídia defendendo o menor número possível de coletivos; priorizando jogos reduzidos e treinamentos técnico-táticos.

Na "contramão" temos José Mourinho (na época do texto, já vitorioso técnico do Porto e do Chelsea) e um grupo crescente de Estudiosos e Cientistas do Desporto que defendem a ideia de que se deve treinar o jogo, jogando (só se consegue andar de bicicleta melhor, andando de bicicleta; só se aprende a dançar melhor, dançando; só se consegue jogar melhor, jogando).

Nessa perspectiva, não há nada mais real para criar situações que se assemelhem ao jogo do que o tal "Coletivo".

Mas e o treino técnico-tático ou os jogos reduzidos?

Temos aí um problema a se resolver. Um corredor treina corridas para melhorar sua performance. Não corre, porém sempre na mesma velocidade, na mesma distância. Corre em velocidades próximas aquelas de sua competição, às vezes menores, às vezes maiores; o que é verdadeiro (ou deveria ser) também para as distâncias percorridas. Em outras palavras ele tem no seu treinamento uma alteração de cargas que exigem do seu organismo (integral) respostas que permitem seu desenvolvimento (SOBRECARGA).

Talvez seja fácil pensar em sobrecarga imaginando adaptações físicas. Mas como imaginarmos uma sobrecarga técnico-tática, ou melhor, uma sobrecarga "técnico-tática-fisico-mental"? Como abstrairmos a idéia de um "agente estressor" que provoque respostas integrais e integradas no jogador de futebol, que o permita se desenvolver, aumentando sua performance de jogo?

Certamente nos jogos em campo reduzido o volume de passes, finalizações, desarmes, coberturas, marcações duplas (e as mais diversas e inusitadas situações-problema de jogo) ocorrem em maior escala. Em outras palavras, no campo reduzido a sobrecarga parece maior. Ao se manipular as regras do jogo nesses treinamentos, é possível ainda priorizar esse ou aquele princípio do jogo, amplificando ainda mais a sobrecarga para determinada variável.

Ocorre, porém, que ao mesmo tempo em que se exige mais de determinadas variáveis, corre-se o risco de "desprestigiar" outras. Por isso, a condução de um treinamento com prevalência de um objetivo tático precisa ter regras bem ajustadas, para que ao se buscar de forma específica a sobrecarga do jogo não ocorra um indesejável distanciamento do próprio jogo.

Por outro lado, os coletivos são "exercícios" que se aproximam do jogo e que podem trazer situações-problema altamente especializadas. Talvez a carga do coletivo não seja a SOBRECARGA desejada para o desenvolvimento integral do atleta em sua preparação para o jogo, mas é inegável que ele exige o que mais próximo de um jogo um exercício pode exigir.

No entanto, mesmo o coletivo por si só pode não representar as exigências que proporcionem o desenvolvimento da equipe. Se uma equipe joga no 1-4-4-2 em linha e no coletivo enfrenta invariavelmente um 1-4-4-2 em losango, estará ela exercitando situações-problema restritas às possibilidades desse confronto. Então, mesmo no coletivo, deve-se buscar um maior número de situações que permitam a equipe uma melhor compreensão sobre o jogo.

Certamente, se fossem os coletivos a solução para a preparação de uma equipe, talvez melhor fosse buscar algo mais específico ainda: ao invés de treinar para o jogo através do coletivo, dever-se-ia treinar para o jogo jogando sempre formalmente de forma competitiva (por exemplo participando de competições paralelas de menor expressão ou fazendo amistosos contra equipes de nível).

Então, a melhor solução é quebrarmos paradigmas (como tem feito o português José Mourinho). Os jogos em campo reduzido, os jogos adaptados, os treinamentos de ataque contra defesa ou os "Coletivos" devem ser etapas de um processo que se completa jogando o jogo. O coletivo não deve ser entendido como um jogo sem pretensões de melhora tática.

É óbvio, mas ainda se alardeia que treino tático é uma coisa, treino técnico é outra e coletivo… (Então um coletivo onde
há uma regra que diz que a equipe de posse da bola, ao ultrapassar a linha do meio-campo, tenha 4 segundos para ter todos os jogadores (exceto o goleiro) posicionados dessa linha para frente, deixa de ser coletivo porque tem uma regra que taticamente "exige" rápida compactação?).

Da mesma forma, um jogo usando metade do campo, trabalhando ataque contra defesa deixa de ser jogo "coletivo" porque é chamado de treino tático?

Certa vez um treinador viu seu time sofrer um gol logo após ter um de seus jogadores expulsos. Após o jogo disse que sua equipe sofrera o gol porque não houve tempo hábil para orientá-la para aquela situação (de um jogador a menos em dada posição). Qual a relação disso com o texto acima? Certamente os jogadores, condicionados à tutela do comando técnico, não foram capazes de, naquela situação-problema, resolver, a partir de rápida leitura do jogo, àquela nova exigência tática.

Então vos pergunto, caros amigos: o que faltou para o rápido re-arranjo tático da equipe? Mais "coletivos" ou mais "treinamentos táticos" (didaticamente falando)?