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Metáforas no futebol

No futebol observamos a máxima de que existem os técnicos que falam a linguagem dos atletas, aqueles que sabem se comunicar da forma que os atletas entendem.

Será que isso é uma habilidade exclusiva de alguns ou pode se capacitar os técnicos para aproximarem sua comunicação com os atletas?

Penso que o uso das metáforas no futebol, como em qualquer área de atuação profissional, pode ser muito valioso para os que lideram pessoas ou que formam opinião de outros. Uma boa metáfora pode facilmente valer por mil palavras e inúmeras imagens!

A palavra metáfora vem de uma raiz grega que significa “levar além”, sendo que a metáfora consegue nos levar além de um significado e com isso abre a nossa mente para muitos significados possíveis. As metáforas estão por todo lado em nossa vida.

Existem muitos tipos de metáforas:

A comparação ou analogia – Esse tipo é o mais simples de metáfora, simplesmente se faz uma comparação simples tal como: “Veja o que estou querendo dizer!”

Metáforas de aprendizagem geral – Comunicam um ponto geral que se deseja estabelecer de forma mais eficaz do que dizer diretamente. Fábulas, morais, mitos e contos são todos exemplos deste tipo de metáfora.

Metáforas cognitivas – Estas oferecem uma sequência de ideias que ajudam a criar novas distinções.

Metáforas emocionais – Esta metáfora objetiva estimular um estado emocional no ouvinte, seja através de uma história eu faça o ouvinte se identificar com uma situação descrita e com isso se emocionar ou pode-se descrever uma determinada situação que faça o ouvinte se emocionar com o que está sendo descrito pelo interlocutor.

Metáforas ligadas – Acontece quando oferecemos várias metáforas aparentemente sem relação entre elas, mas que todas possuam algo em comum.

Penso que os técnicos podem desenvolver sua capacidade de utilização das metáforas para melhorar sensivelmente sua comunicação e a compreensão por parte dos atletas sobre o que se deseja. E para facilitar esse processo compartilho dicas sobre como eles podem fazer para com que suas metáforas sejam realmente eficazes, apontadas por Joseph O’Connor:

• Use predicados sensoriais, não linguagem digital. Você deseja que o atleta veja, ouça e sinta a história em sua frente; assim você deve engajar os sistemas representacionais do atleta;

• Use uma dose de suspense em sua metáfora. O atleta desejará saber o que acontece a seguir e esperará uma solução satisfatória para a sua história;

• Encoraje o atleta a se identificar com um personagem para que seja levado à história;

• Use piadas e humor para que se estabeleçam as expectativas do atleta e então altere subitamente de significado de forma inesperada e incongruente.

Segue um exemplo de metáfora adaptada sobre como encarar os fatos ruins que já passaram ou uma derrota que tenha deixado sequela emocional no time:

Um técnico falando sobre gerenciamento do estresse em uma conversa com seus atletas levantou um copo d’água. Todos imaginaram que ele perguntaria "Meio cheio ou meio vazio?". Mas com um sorriso no rosto ele questionou "Quanto pesa este copo de água?"

As respostas variaram entre 100 e 350g.

Ele respondeu:

"O peso absoluto não importa. Depende de quanto tempo você o segura. Se eu segurar por um minuto, não tem problema. Se eu o segurar durante uma hora, ficarei com dor no braço. Se eu segurar por um dia meu braço ficará amortecido e paralisado. Em todos os casos o peso do copo não mudou, mas quanto mais tempo eu o segurava, mais pesado ele ficava".

Ele continuou:

"O estresse e as preocupações causadas por uma derrota são como aquele copo d’água. Eu penso sobre eles por um tempo curto e nada acontece. Eu penso sobre eles um pouco mais de tempo e eles começam a machucar. E se eu penso sobre eles durante vários dias me sinto paralisado, incapaz de fazer qualquer outra coisa".

Então lembre-se: precisamos "largar o copo" para que possamos nos concentrar nos próximos desafios e nos próximos desempenhos esportivos!

Até a próxima! 

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Boa parte do mercado se aproveitou, menos…

Lendo notícias sobre diversas áreas, de diferentes segmentos da economia, percebe-se como cada setor procurou se aproveitar da Copa do Mundo. Seja o segmento hoteleiro, de alimentação, de receptivo turístico, agências de publicidade e até produtos tipicamente nacionais, como a cachaça ou o doce de leite, que buscaram um posicionamento para divulgar estes produtos para o turista estrangeiro.

É verdade que alguns tiveram problemas. O mercado de locação de veículos, por exemplo, foi um dos que sofreu com a queda na demanda do público corporativo, que representa o grande volume de negócios do segmento.

O que é fato é que, invariavelmente, boa parte do mercado procurou ganhar com a Copa, seja por meio do incremento pontual no seu faturamento durante o período do evento ou mesmo buscando um lastro de relacionamento internacional. Antes do Mundial, inúmeros encontros e núcleos de debate foram promovidos por diferentes entes para aproveitar o momento.

Ironicamente, dos poucos que parecem ter se estruturado menos para ter um legado ótimo de Copa do Mundo foi justamente o mercado que, em tese, seria mais diretamente influenciado pelo evento, que é aquele ligado ao futebol.

Não houve e não há, ainda, um projeto efetivo que propusesse o desenvolvimento e crescimento do futebol no país, tal e qual ocorreu nos EUA com a Copa de 1994 ou mesmo na Coréia/Japão em 2002 até chegar na Alemanha em 2006.

Ou seja, ao que parece, enquanto todo o mercado buscou, de alguma maneira, certa ou errada (não cabe, neste momento julgamento. Apenas o registro da tentativa…), aproveitar a Copa do Mundo para o seu desenvolvimento, o mercado esportivo no Brasil correu à margem de tudo o que ocorreu nos últimos 7 anos.

No pós-Copa, os problemas são os mesmos. O endividamento dos clubes, que é um problema cuja solução não é imediata, é o tema do momento, que está sendo debatida sem fundamento em um projeto mais amplo. As arenas, que são o legado tangível do evento, vão iniciar um ciclo de aprendizagem na sua operação nos próximos anos que poderia ter sido reduzido se houvesse iniciativa e proatividade das entidades para um melhor planejamento sobre a gestão dos mesmos.

Há espaço para fazer melhor. E ainda há tempo para isso. Vale sempre lembrar, apenas, que momentos como os de uma Copa do Mundo passam e a qualidade dos projetos no país sede é o que ficam… 

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De “humanas” para “exatas”

Volto a escrever, semanalmente, após um “longo inverno”. Tempo, esse, que também envolveu a tensão pré-Copa do Mundo e todo o mês de duração do evento.

Alcançou, também, é verdade, algumas semanas de ressaca, uma vez que o bombardeio de emoções, provocado pela intensidade e qualidade dos jogos na competição, associadas à energia positiva das torcidas nos lotados estádios padrão FIFA, fez muita sombra ao combalido futebol brasileiro.

Que já estava nas cordas, lutando pra tentar ganhar por pontos, até que veio o nocaute perpetrado pela Alemanha e os 7 a 1 na semifinal fizeram o “país do futebol” beijar a lona.

Esse golpe contundente provocou, em todo o país, enorme reflexão.

Quais as razões que levaram, como gosta de afirmar a CBF, o “país pentacampeão mundial”, a essa derrocada histórica?

Neste fim de semana, li, em um artigo da cineasta Flávia Moraes, a frase que resume, a meu ver, toda a perplexidade da qual fomos acometidos:

“O futebol, senhores, migrou das ‘humanas’ para as ‘exatas’.”

A frase ficou ressonando em minha cabeça. Ainda mais porque, no texto, a cineasta relata que percebeu que, lá onde estava, nos EUA, o futebol, agora, chegou mesmo – e vai ficar pra jantar, tomar um bom vinho e comer a sobremesa.

Algumas ruas calmas durante os jogos da seleção nacional, bares lotados, gente concentrada no jogo, comemoração efusiva. E audiência na TV batendo recordes e superando outros esportes tradicionais do país. Pra não mencionar o presidente Obama deixando de lado umas “guerrinhas” para assistir aos jogos desde a Casa Branca.

Bem verdade que alguns dos indicadores do futebol nos EUA tem chamado a atenção há alguns anos como tendência de crescimento: numero de praticantes na base; média de público da MLS; audiência de TV; contratação de ícones globais; resultados em competições internacionais; investimentos em formação e capacitação de profissionais nas áreas técnicas e de gestão.

A grande diferença, entretanto, está nos fundamentos da governança corporativa da MLS e da US Soccer Association (a CBF deles), que fez com que o esporte se consolidasse no país, a partir de 1994 e que, sem dúvida, garantirá o êxito da expansão nos próximos anos.

Muito planejamento e capacidade de execução.

Que, aliás, também são ingredientes da receita do sucesso do futebol na Alemanha. País, este, que leva vantagem, em comparação aos EUA, por já ter larga tradição cultural de envolvimento com o esporte. Isso favorece a reação química.

Ou seja, não é por acaso que os dois países constroem cenários semelhantes para que o futebol alcance patamares de excelência.

Pensando bem, não havia melhor adversário para nos derrotar, na Copa do Mundo e em casa, do que a Alemanha.

Imaginem se fosse a Argentina ou outro país latino? Tudo seria alçado ao imponderável, ao sobrenatural, ao religioso e ao dramático. Tal qual uma mistura de tango ou milonga com o samba, diriam que foi um golpe do destino…

Uma obra do acaso. Não a falta de planejamento ou de gestão executiva.

Como sentencia, brilhantemente, Flávia Moraes:

“Resumindo, com os mercados do Primeiro Mundo ditando as regras e tendências, lamento arriscar que o Brasil terá alguma dificuldade para ganhar o Hexa. Pernas alegres, fenômenos marrentos e dungas viscerais já não funcionam como costumavam funcionar. O planejamento venceu o improviso, o trabalho de grupo goleou o ídolo e a vitória do preparo emocional sobre a passionalidade foi avassaladora. Aliás, tudo indica que a emoção à flor da pele que tanto nos representa e da qual tanto nos orgulhamos, só atrapalha na hora da decisão.”

Corremos um sério risco de, já na próxima Copa do Mundo, encontrar os EUA numa esquina e ser nocauteado. 

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De "humanas" para "exatas"

Volto a escrever, semanalmente, após um “longo inverno”. Tempo, esse, que também envolveu a tensão pré-Copa do Mundo e todo o mês de duração do evento.

Alcançou, também, é verdade, algumas semanas de ressaca, uma vez que o bombardeio de emoções, provocado pela intensidade e qualidade dos jogos na competição, associadas à energia positiva das torcidas nos lotados estádios padrão FIFA, fez muita sombra ao combalido futebol brasileiro.

Que já estava nas cordas, lutando pra tentar ganhar por pontos, até que veio o nocaute perpetrado pela Alemanha e os 7 a 1 na semifinal fizeram o “país do futebol” beijar a lona.

Esse golpe contundente provocou, em todo o país, enorme reflexão.

Quais as razões que levaram, como gosta de afirmar a CBF, o “país pentacampeão mundial”, a essa derrocada histórica?

Neste fim de semana, li, em um artigo da cineasta Flávia Moraes, a frase que resume, a meu ver, toda a perplexidade da qual fomos acometidos:

“O futebol, senhores, migrou das ‘humanas’ para as ‘exatas’.”

A frase ficou ressonando em minha cabeça. Ainda mais porque, no texto, a cineasta relata que percebeu que, lá onde estava, nos EUA, o futebol, agora, chegou mesmo – e vai ficar pra jantar, tomar um bom vinho e comer a sobremesa.

Algumas ruas calmas durante os jogos da seleção nacional, bares lotados, gente concentrada no jogo, comemoração efusiva. E audiência na TV batendo recordes e superando outros esportes tradicionais do país. Pra não mencionar o presidente Obama deixando de lado umas “guerrinhas” para assistir aos jogos desde a Casa Branca.

Bem verdade que alguns dos indicadores do futebol nos EUA tem chamado a atenção há alguns anos como tendência de crescimento: numero de praticantes na base; média de público da MLS; audiência de TV; contratação de ícones globais; resultados em competições internacionais; investimentos em formação e capacitação de profissionais nas áreas técnicas e de gestão.

A grande diferença, entretanto, está nos fundamentos da governança corporativa da MLS e da US Soccer Association (a CBF deles), que fez com que o esporte se consolidasse no país, a partir de 1994 e que, sem dúvida, garantirá o êxito da expansão nos próximos anos.

Muito planejamento e capacidade de execução.

Que, aliás, também são ingredientes da receita do sucesso do futebol na Alemanha. País, este, que leva vantagem, em comparação aos EUA, por já ter larga tradição cultural de envolvimento com o esporte. Isso favorece a reação química.

Ou seja, não é por acaso que os dois países constroem cenários semelhantes para que o futebol alcance patamares de excelência.

Pensando bem, não havia melhor adversário para nos derrotar, na Copa do Mundo e em casa, do que a Alemanha.

Imaginem se fosse a Argentina ou outro país latino? Tudo seria alçado ao imponderável, ao sobrenatural, ao religioso e ao dramático. Tal qual uma mistura de tango ou milonga com o samba, diriam que foi um golpe do destino…

Uma obra do acaso. Não a falta de planejamento ou de gestão executiva.

Como sentencia, brilhantemente, Flávia Moraes:

“Resumindo, com os mercados do Primeiro Mundo ditando as regras e tendências, lamento arriscar que o Brasil terá alguma dificuldade para ganhar o Hexa. Pernas alegres, fenômenos marrentos e dungas viscerais já não funcionam como costumavam funcionar. O planejamento venceu o improviso, o trabalho de grupo goleou o ídolo e a vitória do preparo emocional sobre a passionalidade foi avassaladora. Aliás, tudo indica que a emoção à flor da pele que tanto nos representa e da qual tanto nos orgulhamos, só atrapalha na hora da decisão.”

Corremos um sério risco de, já na próxima Copa do Mundo, encontrar os EUA numa esquina e ser nocauteado. 

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Responsabilidade

O futebol brasileiro percebeu que está em crise. A derrota por 7 a 1 para a Alemanha em pleno Mineirão, pior revés da história da seleção canarinho, despejou mensagens que vão muito além dos 90 minutos ou da Copa de 2014. Tudo comunica, e isso inclui o que acontece em campo. Mas será que nós sabemos ouvir?

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) reagiu à goleada sofrida na semifinal da Copa. Demitiu toda a comissão técnica, contratou Gilmar Rinaldi para ser coordenador de seleções e traçou o perfil do técnico ideal para conduzir o time: Dunga, que já havia comandado a equipe entre 2006 e 2010.

Apresentado na última terça-feira (22), Dunga disse em vários momentos que a missão atual é totalmente diferente do que ele precisou fazer na primeira passagem pela seleção. Naquela época, o time nacional vinha de uma campanha decepcionante na Copa de 2006 – eliminação para a França nas quartas de final –, trajetória que ficou muito marcada pelos problemas extracampo. Houve jogadores com problemas de peso e uma série de excessos na concentração em Weggis (Suíça) antes do embarque para a Alemanha.

A missão dada a Dunga em 2014 inclui renovação da seleção (ele havia montado o time com a média de idade mais alta da Copa em 2010), integração com a base e busca por um patamar internacional de desempenho. Mas que mensagem isso passa?

Dunga, como revelou a “ESPN”, teve envolvimento com a transferência do jogador Ederson na década passada. Gilmar Rinaldi e Taffarel, que será preparador de goleiros da nova seleção, também têm passado como empresários.

O histórico de Dunga ainda reserva outro ponto nevrálgico: o ex-volante estreou como treinador na seleção. O trabalho de 2006 a 2010, que incluiu títulos da Copa América (2007) e da Copa das Confederações (2009), foi o primeiro dele na função. A imagem que a torcida tem do técnico é a de um time eficiente e competitivo, mas pragmático e com um repertório pobre.

É isso, então: retrospecto complicado, que suscita dúvidas éticas, fracasso em Copa e responsabilidade por um time que está longe do que o torcedor almeja. Esse é o pacote que a CBF comprou quando optou por Dunga. Ele pode até ser a melhor opção, mas é certamente uma das mais complicadas no âmbito da comunicação – sobretudo porque não é uma figura simpática.

Por tudo isso, o Dunga dos primeiros dias de seleção tem sido eficiente em um aspecto que é relevante para a CBF: as atenções se voltaram a ele. O técnico é um escudo para a entidade, assim como era o antecessor Luiz Felipe Scolari. Outros profissionais teriam um poder menor de atrair holofotes.

A discussão sobre o perfil de Dunga criou discussões suficientes para desviar o foco da verdadeira necessidade do futebol brasileiro. A CBF não precisava estruturar uma nova comissão técnica ou contratar um novo técnico, mas pensar em uma nova ordem para o esporte nacional.

Entidade esportiva que mais recebe recursos privados no Brasil, a CBF subsidia a terceira e a quarta divisão do Campeonato Brasileiro. Além disso, oferece benesses aos participantes das duas primeiras esferas da competição nacional e cuida do cotidiano da seleção. E o que ela faz realmente pelo futebol?

E fazer pelo futebol não é necessariamente adotar um modelo como o da Alemanha. A CBF não precisa dominar a formação de atletas, que hoje é controlada totalmente pelos clubes, mas pode estabelecer parâmetros em uma série de áreas. Falta boa vontade e sobra jogo político.

Esse é o diapasão, por exemplo, das discussões sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte. O governo federal quer aprovar o projeto até setembro deste ano, e talvez isso seja feito por meio de medida provisória. Um dos impeditivos, contudo, é a lista de contrapartidas para os clubes.

O projeto de lei que está no Congresso propõe o financiamento da dívida dos clubes, atualmente estimadas em R$ 4 bilhões, por um prazo de 25 anos. Questões como punições a clubes inadimplentes e que atrasam salários, contrapartida dos clubes e fatores de correção da dívida ainda seguem em debate.

Na sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff recebeu presentes de alguns dos principais clubes do futebol brasileiro. A conversa serviu para discutir essas contrapartidas, para desespero de alguns dirigentes. Maurício Assumpção, presidente do Botafogo, disse que a equipe não tem mais como conviver com receitas bloqueadas e ameaçou deixar o Campeonato Brasileiro se não receber ajuda.

A avaliação do próprio governo federal é que muitos clubes não conseguirão terminar o ano se o projeto de refinanciamento não for aprovado. O próprio Botafogo é o grande do Brasil que mais aumentou gastos com futebol em 2013.

E o que tudo isso tem a ver com a escolha de Dunga? Mais uma vez, a chance de mudar o futebol está aí. Podemos pensar apenas no problema pontual, que pode ser o técnico ou a incapacidade dos clubes para conviver com suas dívidas. Se o governo federal não for firme e não exigir contrapartidas contundentes, porém, vai ser apenas outro paliativo. O futebol brasileiro não pode mais viver de paliativos.

Passou da hora de o futebol brasileiro ter um projeto global, que inclua atletas, clubes, federações e CBF. Passou da hora de o esporte ser enxergado como o negócio bilionário que é. Há um potencial gigantesco, e o Brasil pode ser o maior mercado consumidor de futebol do planeta – nenhuma nação com população maior tem relação tão umbilical com a modalidade. Mas se os gestores não zelarem pelo produto e não souberem passar as mensagens corretas, os torcedores seguirão adormecidos. Nenhuma goleada vai mudar isso sozinha. 

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O microciclo na Periodização de Jogo

O ambiente de jogo é condição fundamental para quem opta por uma metodologia de treinamento sistêmica. Sendo assim, a partir de diferentes partes que representem o todo (jogo), tenta-se estimular as quatro dimensões que compõem a modalidade aproximando-se do cenário competitivo.

Nesta semana, será apresentado um vídeo com alguns jogos realizados ao longo de um microciclo.

Antes de visualizá-lo, porém, aconselha-se a leitura prévia das cinco atividades filmadas para que seja feita uma reflexão quanto à Lógica do Jogo de cada uma elas, além dos comportamentos que se pretende treinar de acordo com as situações-problema que cada jogo irá apresentar.



Segue, abaixo, o vídeo:

Aguardo críticas, comentários e sugestões.

 

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Caso André Santos e a demissão do atleta de futebol

Na semana que passou a imprensa noticiou a demissão do lateral esquerdo André Santos, pelo Flamengo, após ser agredido por torcedores.

O contrato de trabalho do atleta é um contrato especial regulado pela Lei Pelé devendo-se aplicar a CLT somente de forma subsidiária.

No que tange à sua duração, o contrato do atleta profissional tem o prazo determinado de três meses a cinco anos, podendo, entretanto, ser rescindido unilateralmente antes do seu término.

Outrossim, neste caso, o clube deverá arcar com a cláusula compensatória desportiva cujo o valor será livremente pactuado entre as partes, observando-se, como limite máximo, 400 (quatrocentas) vezes o valor do salário mensal no momento da rescisão e, como limite mínimo, o valor total de salários mensais a que teria direito o atleta até o término do referido contrato.

A intenção do legislador foi a de proteger o cumprimento do contrato e desestimular a demissão por partes das entidades de prática desportiva.

No caso em comento, havendo a demissão do André Santos, dependendo do que foi pactuado, o Flamengo arcaria com, pelo menos, todos os salários do atleta até o fim do contrato.

Esta situação ainda teria a peculiaridade da demissão se dar no momento em que o clube carioca está na lanterna do campeonato brasileiro e logo após o jogador ter sido agredido por torcedores rubro negros.

Ou seja, além de todo o prejuízo financeiro a demissão do atleta passaria a sensação de que o Flamengo estaria referendando a atitude violenta da torcida e poderia acabar por deflagrar outros movimentos semelhantes.

Acertadamente, de certo aconselhada pelo seu competentíssimo corpo de advogados, a diretoria do Flamengo manteve intacto o contrato do lateral André Santos. Ganhou o futebol e ganhou a paz nos estádios. 

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FPF celebra parceria com a Universidade do Futebol

Com ideias similares, de modernizar e profissionalizar o futebol brasileiro, as duas entidades procuraram uma maneira de iniciar um trabalho conjunto.25/07/2014
Confira o post na íntegra

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Lições ao jogo brasileiro

Quem tem o hábito de ler minhas colunas no Universidade do Futebol talvez se sinta enfadado ao ler o atual texto. É que há tempos venho abordando alguns assuntos que têm muito a ver com o tema desta crônica e com o momento atual das necessidades do futebol brasileiro.

O ambiente esportivo mundial, e principalmente o brasileiro, está atônito diante da trágica derrota para os alemães. Não é tão simples entender já que somos – ou éramos? – o país do futebol. Apesar de achar que uma derrota não pode ser causa de grande comoção, aproveito a oportunidade para continuar falando de alguns problemas que afligem o futebol brasileiro há décadas. Eu diria que já estamos vivenciando com bastante maturidade a primeira fase das nossas necessidades: discutindo o fato; levantando hipóteses em cima das possibilidades de soluções. Enfim, estamos vivenciando a experiência de um amplo debate, aleatoriamente, mas não deixa de ser um grande debate.

Um expressivo erro que não podemos cometer é estacionarmos nesta fase. Contrataremos um novo treinador e acharemos que novos rumos serão tomados com a chegada de mais um “salvador da pátria”. Estaremos sim, perpetuando uma fórmula perniciosa e ineficaz de soluções para os resultados de campo.

Aí reside, talvez, o grande “x” da questão: há anos, temos procurado soluções para os resultados e não para a qualidade do nosso jogo. A segunda preocupação nos remeteria à interferência em várias áreas que necessitam de cuidados especiais. Isto geraria muito trabalho e algum tempo para que os resultados aparecessem. Historicamente tem se comprovado que nós brasileiros não queremos esperar por respostas tão demoradas!

No entanto, o que não tivemos pressa em destruir, são aproximadamente trinta anos de um processo depreciativo do nosso jogo, não podemos ter pressa para reconstruir. Será preciso, a partir de uma ampla reflexão, um plano de ação multidisciplinar nas mesmas dimensões. Tudo deverá passar por:

1 – Adequar a gestão esportiva brasileira – nos âmbitos das leis que regulamentam a prática do nosso esporte, nos clubes, nas Federações, na CBF e em outras instituições afins;

2 – Regulamentar a profissão de treinador – o que passa pelo primeiro item;

3 – Qualificar e regulamentar a capacitação dos nossos treinadores – idem;

4 – Ainda como consequência do primeiro item, mas quase que como um item distinto, viabilizar o calendário de competições nacionais;

5 – Dentre muitos outros pontos, que acabam sendo consequências, principalmente, do primeiro item: a gestão esportiva.

Se assim é, será preciso orientar essa discussão em foros competentes e que tragam soluções. Os órgãos de competência institucionalizada devem “dar a cara” à frente desses foros. Ao contrário do que costumamos assistir, será importante a participação de todos os segmentos envolvidos na engrenagem do futebol: dirigentes de clubes, treinadores, atletas, mídia especializada, dirigentes de federações, instituições governamentais, representantes da sociedade, dentre outros. Se assim não for, correremos o risco de ficarem pontos mal resolvidos, ou com conclusões distorcidas.

A CBF, como entidade mantenedora da ordem e competência futebolística brasileira, terá oportunidade ímpar nas mãos, qual seja, capitanear o grande projeto de reestruturação do futebol brasileiro.

Não precisamos criar uma colcha de retalhos pegando pedaços de verdades que servem a outros países e que vindo para a nossa realidade não resolverão nossos problemas. A simples exposição da realidade vivida pelos segmentos do futebol brasileiro será capaz de subsidiar uma importante “carta de intenções” para a resolução dos nossos problemas. A partir daí, a vontade política deverá arregaçar as mangas dos segmentos responsáveis e mãos a obra. Temos muitos profissionais de alto nível, em vários setores do esporte das multidões, que estão diluídos num ambiente mal gerido. É preciso saber explorar o potencial latente destas competências.

Não quero cometer os mesmos erros dos muito bem intencionados escritores e oradores que estão apontando vários problemas e meias soluções para cada um deles. A abordagem é complexa e, às vezes, para debelar uma causa deveremos ir em várias direções. Defendo uma abordagem ampla, onde de A a Z todos os setores do esporte dos nossos corações sejam contemplados na empreitada do desenvolvimento que almejamos.

O futebol brasileiro clama por uma atenção há vários anos. É preciso fazer algo. Volto a dizer, não vejo o 7×1 como causa dos problemas, mas pode ser um ponto a partir do qual virão várias soluções.

Se tivermos o cuidado de observar com olhos criteriosos, veremos que de várias formas já existem movimentos brasileiros se desenvolvendo em favor da modernização do jogo e da gestão do nosso futebol. São correntes independentes e ou isoladas que pregam ou desenvolvem linhas de trabalhos bastante competentes e modernas. Alguns treinadores, principalmente da base, categorias de base de alguns clubes, projetos de cursos e pós-graduações espalhados pelo país, setores do jornalismo especializado, dentre outros segmentos, já pensam, propagam ou promovem trabalhos interessantes para o futebol. É preciso que esta frente de atuação alcance o grande círculo do futebol brasileiro para provocar as mudanças necessárias. No universo da complexidade sistêmica o mundo se reinventará sistemicamente se houver mudança de hábitos seguida de alterações na mentalidade. Toda causa cria novos efeitos que vão se confrontando ao longo da linha do tempo. Da mesma forma que se deteriorou, o futebol brasileiro veio criando antídotos a estas mazelas, que infelizmente não tiveram forças para debelá-las a tempo e a hora. Com olhares criteriosos perceberemos as “soluções caseiras” necessárias e interessantes para os nossos problemas futebolísticos.

O site Universidade do Futebol há alguns anos é parte deste “mutirão” de intenções nacionais que aponta para a competente modernização do futebol brasileiro. Trata-se de um grande foro virtual de debate dos problemas e soluções nacionais para o futebol. Se os organismos competentes brasileiros tiverem a inteligência e perspicácia de tê-lo como orientador dos seus passos, não tenho dúvidas, caminharemos rapidamente na trilha das soluções de muitas das nossas dificuldades.

O futebol brasileiro vai se reerguer. É preciso, no entanto, que encaremos a evolução sem a arrogância tupiniquim que tem nos afligido nos últimos anos: somos os melhores, pois temos os melhores jogadores do
mundo. Ou, quando necessário os nossos jogadores resolverão. É importante aceitarmos que o melhor jogador do mundo, chancela mundial atribuída ao jogador brasileiro, não joga mais o melhor jogo do mundo. A nossa escola do jogo se perdeu, talvez como consequência dos efeitos de muitos anos da tal arrogância tupiniquim. Não somos mais o país do futebol, mas eu acredito que ainda somos o país do jogador de futebol. Já ouvi isto antes!

Até a próxima resenha. 

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Ressignificando os fatos no esporte

Após a retomada do campeonato brasileiro, já percebemos técnicos sobre enorme pressão e atletas com o rendimento abaixo de sua média normal de desempenho. Muitas vezes após um determinado período sem jogar e dependendo da colocação da equipe no campeonato o atleta retorna as atividades em uma partida oficial suportando um grande peso da necessidade de reverter um quadro de baixo desempenho que se materializou. Caso a equipe consiga resultados positivos, tudo melhora e o reflexo no ambiente de trabalho é imediato, mas e quando as vitórias não acontecem?

Nestas situações todas as cobranças sobre os maus resultados e eventuais falhas na atuação da equipe colocam ainda mais pressão e aprisionem mentalmente os atletas nos resultados ruins recentes. Então o que fazer?

Uma boa alternativa para apoiar na recuperação dos atletas é utilizar a Ressignificação com os atletas, eles passarão a compreender que toda e qualquer experiência boa ou ruim não tem qualquer significado. Ela apenas é o que é em si! Nós é que atribuímos a ela o significado conforme nossas crenças, valores, preocupações, gostos e desgostos.

Ressignificar é mudar a maneira pela qual a pessoa percebe um evento que aconteceu e assim, mudar o seu significado. Quando o significado sobre o fato muda, respostas e comportamento também mudarão! A ressignificação oferece flexibilidade de pensamento e permite que o atleta veja os eventos sob um ponto de vista diferente.

Mas é muito importante ressaltar que o coach que irá conduzir uma ressignificação tenha um ótimo Rapport com o atleta, pois caso contrário o atleta poderá acreditar que todo o processo é uma simples conversa da boca para fora e sua ressignificação do evento será falha. A essência da boa ressignificação é que funcione para o atleta, quando funciona a mudança fisiológica é visível, na medida que ele avalia a experiência de uma nova maneira.

Então, para as equipes que ainda não engrenaram na retomada do Brasileirão fica a dica para apoiar os atletas neste momento.

Até a próxima!