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O “poupar” no futebol cada vez mais banalizado

Crédito imagem: Danilo Fernandes/Meu Timão

Maratona de jogos, calendário totalmente insano, viagens longas, logística difícil… já sabemos há muito tempo que essa é a realidade dos grandes clubes do Brasil. E aí vem a tona um termo que me incomoda demais: poupar jogador!

Sempre deixo claro que o contexto é fundamental para analisarmos o que se passa. A cultura de um ambiente é soberana e deve nortear as decisões importantes visando ter o máximo de eficácia com o menor atrito possível. Posto isso, em se tratando de futebol brasileiro, com um imediatismo absurdo para o resultado e com os jogadores sendo “fominhas”, já que a maioria quer jogar sempre, não me parece vantajoso “descansar” e “poupar” parte do elenco a cada rodada, sem um aprofundamento científico e planejado por trás.

Prezo demais a qualidade do jogo e reconheço que o treino é fundamental para potencializar indivíduos e o coletivo. Entretanto, mesmo “poupando” alguns jogadores você não consegue treiná-los adequadamente com a outra parte do grupo concentrando, jogando e depois recuperando. 

Sou a favor da força máxima sempre! O jogo mais importante é o próximo! E pensando nesse máximo desempenho, o jogador poupado por um suposto desgaste físico não entregaria mais do que o reserva que vai entrar descansado?! Partindo sempre do pressuposto que o jogo não é só físico, mas também técnico, tático, mental e etc… e que quanto mais uma equipe joga, mais as conexões e relações se ajustam e menos desgaste é exigido para que as ações sejam cumpridas…

São reflexões que faço para não apenas aceitar o tal time alternativo… as exceções que vão aparecendo desse “sempre foi assim” são importantíssimas para pouco a pouco quebrarmos mais esse paradigma do futebol brasileiro…

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Tantas demissões de técnicos matam o futebol brasileiro

Crédito imagem: Gustavo Oliveira/athletico.com.br

Neste momento em que você lê esse texto o número de técnicos demitidos no futebol brasileiro será maior do que quando eu escrevi essas linhas. Certeza! Por isso não vou quantificar as demissões. São muitas! Desproporcionais! E isso me incomoda muito…

Sou um ferrenho crítico da qualidade do jogo que se pratica no Brasil. Tenho convicção de que poderíamos apresentar um produto melhor. E a questão não é dinheiro, já que sei que vão dizer que os melhores jogadores estão na Europa e por isso lá o jogo é melhor… o Villarreal fatura menos e mesmo assim eliminou o Bayern de Munique da Champions…

Mas a falta de tempo de trabalho dos técnicos, sim, impacta diretamente no que se vê em campo. Como elaborar ideias e implementar conceitos com uma média de três meses de um profissional à frente do processo? E depois vem outro técnico mudando tudo e depois de três meses chega outro e assim vai… o treinador aqui no Brasil não trabalha. Ele sobrevive. A cada rodada ou comemora a chance de trabalhar até o próximo jogo ou se aproxima da demissão. Sem muita avaliação. O futebol é muito dinâmico, dizem os dirigentes…

Não alimento a utopia de que todo clube deve ter em seu escopo um modelo de jogo estabelecido, com padrões de comportamento definidos com base na história, nas conquistas marcantes e no contexto geral e só a partir disso buscar um treinador que se encaixe e entregue tudo o que seja condizente com essa filosofia. Sei que aqui no Brasil o que se quer é a vitória a qualquer custo, não importando como. Mas até para ganhar desse jeitão aleatório tem que ter coerência. Precisa de tempo. Tem que respeitar e entender o processo. Há de se ter convicção mesmo nas derrotas e entender que elas fazem parte do amadurecimento.

É muito fácil demitir o treinador. Aparentemente se estanca o problema e a torcida vê que os dirigentes estão “tomando providências”. Porém no médio prazo já estamos colhendo os frutos disso…equipes sem padrão, jogando da forma mais simples possível, com medo da derrota… a conta chega. A bola pune!

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Dificuldade em renovar o Flamengo

Crédito imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Juro que a ideia deste texto pairava sobre a minha mente há um certo tempo. Não quero parecer oportunista. Se defendo análises contextuais e sistêmicas não posso me basear “só” no resultado. O Flamengo vencendo o campeonato carioca garanto que o que vem abaixo seria escrito da mesma maneira. Sem tirar nem pôr uma vírgula diferente.

O problema flamenguista pós Jorge Jesus não está no banco de reservas. Não está em quem escala. Não está em quem comanda os treinamentos. E sim dentro das quatro linhas. Quem joga. Isso mesmo, o problema não é treinador e sim jogador(es). A necessária renovação no elenco de 2019 para cá não aconteceu. Você pode contra-argumentar que muitos jogadores saíram e outros tantos chegaram de lá para cá. Sim, é verdade. Mas poucas estrelas deixaram o clube. Poucos protagonistas foram trocados. A espinha dorsal é praticamente a mesma. E isso é péssimo! 

Que fique bem claro: o Flamengo tem vários craques no elenco: Gabigol, Bruno Henrique, Arrascaeta, Everton Ribeiro e alguns outros que jogariam fácil em qualquer clube do Brasil e em vários clubes europeus. Mas a questão não é técnica. É de ambiente. É de ambição. Tenho certeza que todos esses atletas dão a vida em campo e fazem o máximo para vencer. Entretanto há ciclos que devem ser respeitados. Estímulos novos não vêm apenas com a chegada de um novo treinador. É necessário que o jogador se mova. Para o próprio crescimento dele. E também para o clube seguir em frente.

Com o vice-campeonato carioca, choverão críticas ao técnico Paulo Souza. Jogadores falarão nos bastidores que querem aprender, que gostariam de evoluir, mas que estão com dificuldades de compreensão dos conceitos do técnico português. Mais ou menos como foi com Domenec Torrent. Rogério Ceni e Renato Gaúcho tiveram argumentos contrários um pouco diferentes, mas também acabaram engolidos. E as lideranças do elenco continuam praticamente as mesmas… agora que chegou um goleiro para ser titular (Santos, ex-Athlético-PR), mas Diego Alves ainda está lá… 

Por questões culturais, os ciclos de elencos no Brasil são curtos. Não que tenha que trocar tudo quando perde. Mas também não pode haver uma espécie de gratidão com quem tem títulos conquistados. 

Esperar um novo 2019 é perda de tempo para o flamenguista. Mesmo com Jorge Jesus e todos aqueles jogadores hoje o rendimento não seria o mesmo de três anos atrás. As coisas mudam. Falta a diretoria e o torcedor do Flamengo compreender que homenagens a quem ganhou se faz com placas e afins e não com renovações de contrato.

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Dirigentes e Executivos dos Clubes Paulistas se capacitam em Workshops na Federação Paulista de Futebol

Crédito imagem: Rodrigo Corsi/Agência Paulistão

Os principais dirigentes e executivos dos clubes paulistas estão participando desde o início de 2022 do Programa de Capacitação MASTER FPF – LIDERANÇA E GESTÃO SISTÊMICA NO FUTEBOL. Esta é uma iniciativa organizada pela Federação Paulista do Futebol e Universidade do Futebol, com o apoio da LaLiga Business School.

Este programa provoca os principais tomadores de decisões do futebol paulista a pensarem sobre o FUTURO DO FUTEBOL, bem como as grandes e recorrentes questões da gestão de clubes de forma coopetitiva. Isto é, contempla a face competitiva dentro de campo e também a face cooperativa para tornar o futebol um negócio mais atraente para quem assiste, investe, trabalha e participa desta indústria.

Lucas D’Andrea (Inter de Limeira), Cleo Prado (São Paulo) e Tony Moreno (São Bernardo) durante o Workshop 3 na FPF. Foto: Rodrigo Corsi/Agência Paulistão

O programa contempla 6 Workshops presenciais na FPF, além de palestras online internacionais e extenso conteúdo de estudo a distância na plataforma da FPF Academia, com o suporte educacional da Universidade do Futebol. O objetivo deste programa é dar informações, gerar um ambiente de troca de conhecimentos e incentivar o networking e boa relação entre as principais lideranças que conduzem os clubes paulistas. Isto é fundamental para o desenvolvimento do futebol como um todo!

Foto do primeiro Workshop do Master FPF – Turma 1, ocorrido em Janeiro de 2022. Foto: Rodrigo Corsi/Agência Paulistão.

Nos workshops, os líderes estão vivenciando palestras nacionais e internacionais, exercícios individuais e em grupo, debates, trocas de experiências e conhecimentos sempre direcionados a pensar em conjunto a indústria do futebol como um todo.

Diogo Kotscho, Vice-presidente de comunicação do Orlando City, apresentando o Case do Clube para a Turma 1 do Master FPF ao longo do Workshop 2, ocorrido em Fevereiro. Foto: Anderson Rodrigues/FPF
Momento de atividade em grupo entre os participantes para co-criarem o FUTURO DO FUTEBOL ao longo do Workshop 2. Foto: Anderson Rodrigues/Ag. Paulistão.

Veja um exemplo mais específico. O Workshop ocorrido em 15 de Março foi o terceiro do MASTER FPF e teve como tema principal a Sustentabilidade do Futebol. Temas como SAF e demais formatos de clube-empresa, fair play financeiro e o diferente repertório de investimentos que deverão procurar os clubes foram trabalhados durante esse dia em que os gestores mergulharam intensivamente nesses temas. Todo este esforço levará esses gestores a conhecer o que há de mais novo e importante para levar o seu clube junto com o futebol paulista e brasileiro aos patamares mais elevados possíveis.

Tony Moreno (São Bernardo) fazendo uma pergunta aos debatedores durante exposição sobre os Impactos dos Clubes-Empresas no Brasil. Foto: Rodrigo Corsi/Agência Paulistão

Somado a esse rico ambiente presencial, no estudo online são ofertadas palestras ao vivo, de outros cases internacionais, com tradução simultânea, e um curso estruturado em 10 módulos com os temas mais importantes da gestão e do Futuro do Futebol profissional.

Registro da Palestra sobre o Case do Real Betis, com o Ramón Alarcon, Diretor Geral de Negócios do Real Betis.
Registro do Case do Atlético Nacional da Colômbia, contado pelo ex-presidente do clube, Juan Carlos de la Cuesta.
Esta ilustração mostra um trecho de uma aula disponível para os participantes do MASTER FPF, referente à Gestão Sistêmica do Futebol Feminino. Imagem: FPF ACADEMIA.

Este Master FPF é o início de um modelo de capacitação e formação de todos os dirigentes e executivos do Estado de São Paulo e que pode servir de inspiração e benchmarking para todos os centros do futebol brasileiro e internacional. É uma iniciativa inovadora que tem trazido excelentes percepções de valor pelos principais clientes desse programa, os próprios dirigentes e executivos. Leia alguns depoimentos de alguns deles sobre a importância do programa, o networking entre os dirigentes e o pensamento do futebol paulista como um todo.

Bruno Pessotti – Ferroviária S/A
Cleudimar Prado – São Paulo

O futebol precisa se cercar de todo conhecimento acadêmico para sistematizar o saber empírico que ele já acumula historicamente. O futebol precisa se organizar e acho que estruturar um conhecimento para isso é um passo fundamental para gente ter um modelo menos aleatório de gestão no futebol paulista e, com isso, diminuir as assimetrias que são características do sistema.

Muitas das coisas têm aplicação prática, é palpável isso, mas além da aplicação prática nos clubes, o objetivo do curso é promover uma reflexão em termos de analisar o sistema do futebol brasileiro, não só pensar no dia a dia prático do clube, mas analisar o produto de entretenimento que é o futebol.

Bruno Pessotti – Diretor Executivo da Ferroviária S/A

Acredito que primeiro é a capacitação, porque dentro de um clube, às vezes, você fica fechado dentro daquela função, dentro da sua diretoria. Aqui a gente está tendo a oportunidade de ter vários depoimentos diferenciados e isso é conhecimento que vamos agregando. A troca de experiência é sensacional, o networking é muito legal, e eu acredito que, à medida que o clube vai passando, você vai conseguindo se ver em algumas posições. Estava assistindo a palestra do Marcelo Paiva e eu me identifiquei, então você pode observar que está no caminho certo.”

Cleudimar Prado – Diretora do Futebol Feminino de Base do São Paulo
Genilson Santos – Grêmio Novorizontino
Lucas Balistiero – Inter de Limeira

A importância de um programa como esse, de um incentivo que a FPF sempre coloca a disposição dos clubes visando um crescimento profissional dos seus dirigentes e que isso seja transportado para a realidade dos clubes, fazendo com que, cada vez mais, se profissionalizem nas suas gestões, na maneira de conduzir o seu trabalho, fazendo com que esse futebol profissional possa ser bem representado em campo, cada vez mais valorizando as competições, mas, principalmente, fazendo um futebol melhor, mais rentável e sustentável.

Muito importante esse networking que é feito entre os clubes, porque, na verdade, vivemos problemas parecidos e com histórias de sucesso parecidas que devem ser compartilhadas, porque isso faz com que ninguém se sinta sozinho. Todos sabem que todos têm as suas dificuldades e as suas vitórias e isso, cada vez que é compartilhado, se torna muito rico em termos de conhecimento.

Genilson Santos – Presidente Executivo do Grêmio Novorizontino

O futebol como um todo precisa dessa evolução e o futebol paulista, nos últimos anos, vem na vanguarda desse processo e é muito importante que esse processo seja de duas vias, dos clubes e da federação, para que a gente possa alavancar o futebol paulista e brasileiro a níveis melhores, competindo melhor no mercado como um todo, não só no esporte, mas também com outras indústrias, como entretenimento e videogames.

A federação, além de estar puxando esse curso por ela, trazendo parceiros como a LaLiga e a Universidade do Futebol, que têm uma visão mais temática de todo o processo, ajudam muito aos clubes abrirem um pouco a visão e buscar soluções alternativas para elevar o nível do nosso futebol.

Lucas Balistiero – Presidente Executivo da Inter de Limeira