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Asas à sua interpretação

Quando olhamos para os maiores clubes de futebol no cenário nacional e internacional, encontramos um fator em comum nessa imensa maioria: o tamanho de sua tradição. Esses clubes são centenários (ou próximo disso) e construíram a sua imagem ao longo da história e títulos, conquistando torcedores que difundiram essa paixão às gerações seguintes através de seus filhos, netos, amigos e comunidade.

Como então construir um novo clube do zero, sabendo que a imensa maioria do público já possui um time de coração e que dependerá de um projeto de longo prazo para obter sucesso, admiração e fãs?

Trata-se de uma tarefa muito árdua e que possui uma possibilidade de fracasso enorme, pois estarão entrando em um mercado com custos altíssimos e com concorrentes que já possuem o respeito e a confiança dos investidores.

Esse é um motivo chave para olharmos com muita atenção ao atual líder da Bundesliga (Campeonato Alemão). O RB Leipzig é um clube criado em 2009 e que teve uma ascensão meteórica nesses 7 anos, subindo degraus da 5ª divisão alemã até chegar à 1ª divisão nessa temporada de 2016-17. Logo nesse primeiro ano, com mais de 1/3 do campeonato já disputado, o feito alcançado é admirável.

Apesar do nome oficial do clube ser RasenBallsport Leipzig, as iniciais RB são, na realidade, referentes à empresa Red Bull. Por critérios estabelecidos pela Federação Alemã de Futebol, os novos clubes não podem ter o nome de uma empresa patrocinadora como parte da sua identidade, por isso essa adequação. Porém, ao olhar para o escudo do clube, a relação com a marca torna-se explícita.

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Independente da opinião que cada um possa ter, o caso é muito interessante e emblemático. A começar pelo fato de ser o único clube a disputar a 1ª Divisão do Campeonato Alemão proveniente de uma cidade que fez parte da antiga República Democrática Alemã, pertencente ao bloco comunista. Essa dicotomia entre uma marca que representa o auge do capitalismo com um símbolo do comunismo não é um mero acaso, bem como a escolha direcionada para a cidade de Leipzig ser a sede do clube, uma vez que foi a partir de uma enorme manifestação ocorrida por lá que se deu o início da queda do Muro de Berlim.

O potencial de uma marca tão forte globalmente como a Red Bull é capaz de dar fôlego suficiente para um clube recém-criado enfrentar em pé de igualdade os gigantes tradicionais, porém a moeda também tem um outro lado. Há uma rejeição enorme na Alemanha pelo clube retratar o chamado futebol moderno movido ao dinheiro, onde o principal objetivo está em obter lucro e visibilidade para a marca, não em encantar os torcedores apaixonados. Uma série de campanhas são feitas pelos torcedores adversários a cada partida contra o RB Leipzig.

Ao mesmo tempo que é possível entender alguns motivos para a ira dos torcedores, vê-se também uma certa contradição. Uma empresa ser a proprietária de um clube não se trata de um caso genuíno na Alemanha. Clubes muito tradicionais como o Bayer Leverkusen e o Wolfsburg comprovam essa tese. O primeiro é propriedade da empresa farmacêutica Bayer e o segundo possui a empresa automobilística Volkswagen como sócia majoritária. Pela regra estatutária da Federação Alemã de Futebol, esses clubes podem manter essa associação por haver uma relação entre o clube e a investidora há mais de 50 anos.

A própria Red Bull possui outros 3 clubes de futebol espalhados pelo mundo. O Red Bull Salzburg na Áustria, país de origem da empresa e campeão por 7 vezes do campeonato nacional. O New York Red Bulls, estabelecido na maior cidade capitalista do mundo. E o Red Bull Brasil, sediado no interior de São Paulo e que também obteve êxito nas divisões de acesso até alcançar a 1ª Divisão do Campeonato Paulista.

Apesar da distância histórica entre o RB Leipzig com clubes como o Bayern de Munique, o formato de distribuição de cotas de TV equilibrado entre todos os clubes, torna mais viável que times menores consigam ser adversários mais difíceis de bater do que, por exemplo, na Liga Espanhola, onde há um completo monopólio entre o Real Madrid e o Barcelona, com os clubes menores dividindo migalhas do bolo. Enquanto que o campeão Bayern de Munique ganhou menos do dobro que o último colocado Augsburg na temporada 2014-15, na Espanha, Real Madrid e Barcelona receberam, cada um, sete vezes a mais do que Celta de Vigo e Osasuna.

Hoje ainda não conseguimos ter uma ideia clara dos benefícios e malefícios do case RB Leipzig para o mercado. Somente em alguns anos, quando adquirir um histórico capaz de ser considerado um clube com tradição, é que saberemos se surgiu para ficar e quebrar paradigmas ou tratou-se apenas de um voo temporário com prazo para terminar.

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O título do Palmeiras e o futuro de Cuca

Foram 22 anos sem um título do Campeonato Brasileiro. Uma simples olhada para o tamanho da festa do Palmeiras é suficiente para oferecer perspectiva do que representou a conquista sacramentada no último domingo (27), depois de uma vitória por 1 a 0 sobre a Chapecoense no estádio Allianz Parque. Foi um domingo perfeito para os adeptos da equipe alviverde. Ou quase, na verdade: um pouco do significado da taça se dissipou por erros de comunicação na condução do processo de renovação do compromisso com o técnico Cuca.

O atual comandante do Palmeiras, contratado em 2016, tem vínculo com o clube até o fim deste ano. Já teve conversas com a diretoria do time paulista sobre a possibilidade de renovação, mas não deu qualquer resposta definitiva. Depois da confirmação do título com uma rodada de antecedência, ganhou relevância o futuro de Cuca, que se divide entre a renovação ou a prioridade a questões familiares.

O processo de renovação do contrato de Cuca será conduzido por Maurício Galiotte, eleito no sábado (26) para suceder a Paulo Nobre como presidente do Palmeiras. O mandatário responsável pelo próximo triênio assumirá oficialmente apenas em 15 de dezembro, e a discussão sobre o futuro do técnico não deve caminhar antes disso.

Também interfere na renovação de Cuca a indefinição sobre o futuro de Alexandre Mattos, diretor-executivo de futebol do Palmeiras, cujo contrato também termina no fim de dezembro. A manutenção do cartola também passa pelo projeto de Galiotte, e a presença dele é um dos alicerces do trabalho do treinador.

Com tantas questões (planos pessoais do técnico e mudanças advindas da nova cúpula), é até natural que existam especulações sobre o futuro de Cuca. É compreensível que muito se fale sobre os desejos do treinador ou as intenções do Palmeiras. O torcedor consome isso e se interessa por isso.

O timing sobre a renovação é igualmente compreensível. Antes de discutir o futuro de Cuca, o Palmeiras estava concentrado na definição de um título extremamente importante para o futuro do clube. Uma estiagem de 22 anos estava em jogo.

A despeito de tudo isso, houve falhas de comunicação no processo de definição do futuro de Cuca. Cabia ao Palmeiras blindar o treinador, algo que o departamento se esforçou para fazer com o clube durante os dois mandatos do presidente Paulo Nobre. Era fundamental impedir que informações vazassem, e ainda mais determinante evitar que isso acontecesse em um dos momentos mais relevantes da história recente da equipe.

As horas pós-título podiam ser apenas sobre a emoção de Dudu, a despedida de Gabriel Jesus ou o retorno de Fernando Prass. Podiam ter sido apenas sobre a relevância do título e como a torcida lidou com isso. Entretanto, nenhum assunto teve mais espaço no noticiário do que o futuro de Cuca, e isso mostra a importância de proteger informações/escolher o momento certo para divulgá-las.

Agora, até em função do burburinho causado, o relógio corre contra o Palmeiras. A diretoria tem de resolver logo a questão Cuca e estancar o noticiário que se criou em torno do futuro do treinador. A indefinição e as notícias vazadas estão tomando um espaço que poderia ser ocupado pela conquista ou pelos parceiros do time.

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Boas notícias no Vasco. Boas?

O Vasco voltou à primeira divisão. No entanto, o acesso da equipe carioca esteve longe de ser tranquilo: foi conquistado apenas na última rodada, em uma vitória de virada sobre o Ceará, no Maracanã. Depois do apito final, apesar da promoção, a torcida cruzmaltina vaiou o time por pelo menos cinco minutos.

Sim, a campanha do Vasco foi preocupante. Sim, o futebol também foi. Entretanto, há boas notícias na equipe que foi dirigida por Jorginho em 2016. Os cariocas tiveram coragem de apostar em diferentes perfis egressos da base (o badalado Luan, o contestado Thalles ou o surpreendente Douglas, por exemplo) e moldaram uma estrutura que pode dar bons frutos em um futuro próximo.

Toda a questão passa agora por como o Vasco vai se comunicar com a torcida no próximo ano. O ânimo dos seguidores do clube, abalado pela campanha na Série B, pode ser reanimado com uso de garotos e boas doses de identificação com a equipe. Para isso, porém, é fundamental que os cruzmaltinos façam um trabalho mais enfáticos de consolidação desses novos rostos.

Se não souber transformar bons valores em referências para a torcida, o risco que o Vasco corre é buscar novamente o mercado. E o Palmeiras, nesse caso, é um bom exemplo de como a criação de uma identidade é etapa fundamental em qualquer trabalho de sucesso no esporte.

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E agora, motivar, inspirar ou engajar?

Quando acontecem situações tais como a demissão de um treinador de futebol, no meio dos jogos finais de uma Copa do Brasil e a duas partidas do final de toda uma temporada, me pergunto onde estaria a mágica para que se faça a reversão do resultado negativo em questão.

Sinceramente, acho que não só eu, mas muitos de vocês devem estar se questionando sobre o que fazer para reverter um quadro aparentemente irreversível de desvantagem resultante da partida de ida de uma final em dois jogos.

Então, observo que esta missão além de extremamente difícil, pode ser inglória pois se coloca outro profissional para um brevíssimo período de treinamentos, nos quais não será possível nem um alinhamento e organização adequada para alguma mudança de estratégia a ser reproduzida em campo. Além disso, coloca-se em questionamento a própria efetividade de gerenciamento da gestão do clube, uma vez que em situações de insatisfação com o trabalho presente, seria mais adequado alguma forma de correção de rumo antes da derradeira partida final da copa.

Aí me questiono, em qual termo a gestão pode ter se apoiado para esperançosamente tomar tal decisão de demitir seu treinador de toda a temporada? Seria no desejo de obter alguma motivação, inspiração ou engajamento dos seus atletas?

Para tentar compreender esse cenário, caso isso seja possível, vou compartilhar o entendimento que tenho sobre os três termos em questão, para que possamos juntos chegar as nossas conclusões.

A motivação, oriunda dos termos latins motus (“movido”) e motio (“movimento”), significam para a psicologia e a filosofia, as coisas que incentivam uma pessoa a realizar determinadas ações e a persistir nelas até alcançar os seus objetivos. Em outras palavras, a motivação pode ser entendida como vontade para fazer um esforço e alcançar determinadas metas. Ainda, essa motivação implica a existência de alguma necessidade, seja ela absoluta, relativa, de prazer ou de luxo. Quando uma pessoa está motivada a “algo”, considera que esse “algo” é necessário ou conveniente. Porém, considero que a motivação sem um propósito genuíno que leve as pessoas ao extremo de sua performance, pode ser apenas um espasmo emocional que não se sustente por muito tempo ou que dependa constantemente de novos estímulos para manter o desempenho desejado.

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A inspiração pode ser compreendida como o ponto de partida para a realização de um sonho, algo distante que pode ser obtido através de muita ação, planejamento, uma certa dose de coragem e uma grande dose de decisão para manter-se na direção planejada rumo a materialização do sonho. Podemos notar, que no caso de inspiração, esta serve mais como forma de estimular à ação e pensando em situações onde é necessário reverter situações complexas, isso pode não ser tão efetivo.

O engajamento é algo que acontece quando voluntariamente o indivíduo abraça alguma causa ou desafio. Isso ocorre quando o valor da causa é genuinamente percebido e com isso os envolvidos viram grandes incentivadores e promotores de mudança. No futebol ocorre o engajamento, quando os atletas acreditam plenamente em tudo que está sendo proposto para uma determinada situação de longo prazo, que exige trabalho intenso e coletivamente forte para um bem-sucedido período de trabalho.

Então amigos, retornando à situação recente da demissão do treinador em plenas finais da Copa do Brasil, acredito que na verdade nenhum dos três termos possam trazer para os trilhos o rumo perdido do time, uma vez que para quaisquer um deles existir, é necessário tempo para que se materializem. Pelo contrário, apesar da motivação ser algo bem pontual, acho que o mais rico e efetivo é sempre seguir e acreditar o que foi planejado, aprender com os insucessos e trazer o futebol cada dia mais para o mundo do planejar, executar, medir e melhorar. Apesar do improvável estar sempre presente neste nosso fantástico universo do futebol, não podemos deixar que os grandes investimentos fiquem relegados ao imponderável que permeia nosso esporte.

Até a próxima!

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Plataformas de jogo

Não, senhores, não tenho essas respostas a vocês. Eu mesmo, neste ano, já utilizei 4 diferentes plataformas de jogo (termo mais utilizado por estudiosos do futebol em detrimento ao popular “sistema/esquema tático”), mas é claro, de forma proposital afim de mostrar algo aos atletas… Vamos refletir um pouco sobre o assunto.

É de praxe que algumas plataformas de jogo sejam estigmatizadas e reduzidas a uma ou outra característica de jogo, muito em função das abordagens, sobre este assunto, feitas por formadores de opinião do futebol brasileiro. Provavelmente você já deve ter ouvido, ou lido, algumas das seguintes “verdades”:

– “Esquema com três zagueiros é muito defensivo. ”

– “Coloca três atacantes para a equipe ficar mais ofensiva. ”

– “Com 5 jogadores na linha de meio, sua equipe domina o meio de campo. ”

– “Defender com 2 linhas de 4 é a melhor opção. ”

Além destas, devem existir outras verdades seguindo a mesma linha de raciocínio e, infelizmente, ao se corroborar com tais ideias, acabamos por engessar e minimizar um pouco jogadores e equipes. Uma equipe e/ou um jogador é muito mais que uma forma geométrica disposta no campo.

É claro que a plataforma de jogo de uma equipe é um norte para os jogadores, facilita a compreensão da sua principal área de atuação no campo, a de seus companheiros, e também as tomadas de decisão durante o jogo. Além disso, pensando na formação de jogadores na base, ela é também uma boa ferramenta pedagógica. A plataforma de jogo é componente importantíssimo de uma equipe, porém, não é ela quem determina seu comportamento no jogo.

Pep Guardiola, um dos treinadores mais vitoriosos da atualidade e de notório reconhecimento por sempre, na construção do jogo de suas equipes, priorizar um futebol ofensivo, consagrou-se no Barcelona utilizando muitas vezes uma plataforma com somente 3 jogadores na primeira linha da equipe, fato que repetiu no Bayern de Munique. Além disso, não compôs esta linha por zagueiros, o que seria o procedimento usual, mas sim por laterais e volantes, utilizou jogadores com características mais ofensivas e manteve a vocação ao ataque de sua equipe. Em nenhum momento, usar uma plataforma com 3 jogadores alterou o comportamento agressivo de suas equipes.

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No Brasil, com menores recursos financeiros e cobertura midiática, Fernando Diniz no Audax, também se utiliza da mesma ferramenta de Guardiola: poucos jogadores em sua primeira linha defensiva e sem zagueiros de origem. Não por acaso, na grande maioria de seus jogos, a equipe de Osasco obtém maior posse de bola e finalizações ao alvo adversário. Mesmos índices que Guardiola alcança com suas equipes.

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Estes exemplos desmistificam um pouco a ideia de que a plataforma é o fator determinante à característica de jogo de uma equipe. Muito mais que a disposição dos jogadores em campo, são suas atitudes e comportamentos durante o jogo que determinam a principal intenção da equipe, seja um jogo mais defensivo explorando os contra-ataques ou um jogo de proposição através da posse de bola. Estas estratégias ficarão evidentes por aquilo que os jogadores realizarem no campo e não pela plataforma de jogo.

Com os grandes avanços no campo da análise de desempenho, é possível visualizar a principal área de atuação de um jogador dentro de campo e em qual região do campo este jogador esteve mais atuante. Estes dados têm mostrado uma disposição dos jogadores no campo bem diferente da plataforma inicial. Vejamos alguns exemplos destes dados captados pela Opta:

 

Campeonato Brasileiro 2016
Campeonato Brasileiro 2016

Sevilla x Juventus - UEFA Champions League 2016/2017
Sevilla x Juventus – UEFA Champions League 2016/2017

Liverpool x Manchester United - Premier League 2016/2017
Liverpool x Manchester United – Premier League 2016/2017

Liverpool x Manchester United - Premier League 20162017
Liverpool x Manchester United – Premier League 2016/2017

Sporting x Real Madrid - UEFA Champions League 2016/2017
Sporting x Real Madrid – UEFA Champions League 2016/2017

Após o apito inicial do árbitro, a plataforma inicial da equipe rapidamente vai se alterando, se ajustando para responder aos problemas emergentes do jogo e a intenção da equipe para com a partida. Rinus Michels imortalizou a seleção Holandesa na Copa de 1974, realizada na Alemanha Ocidental, quando seus jogadores não possuíam posições fixas no campo, uma tremenda revolução tática para época (e talvez até atualmente) que gerou muita confusão nos adversários e repercute até hoje. Infelizmente (na opinião deste que vos escreve), esta equipe não se consagrou campeã, mas o que realizou, contribuiu (e contribui) para a constante transformação do jogo.


A lendária seleção brasileira de 1982, comandada por Telê Santana, é outro exemplo de equipe que transcendia o pragmático 1-4-4-2 (em quadrado), sua plataforma inicial. A constante movimentação dos seus jogadores de meio-campo, em nada condizia com um sistema que engessaria seus dois volantes.

Sem querer levantar a bandeira sobre essa ou aquela forma de jogar, a intenção deste texto é refletir um pouco sobre a relação de uma plataforma de jogo com o comportamento da equipe na partida. A plataforma dá indícios, porém, a equipe irá sempre se comportar de acordo com as características de seus jogadores aliadas às ideias de jogo do treinador. Essa fusão irá direcionar a forma de jogar da equipe e, consequentemente, de que maneira, efetivamente, esta irá ocupar os espaços do campo. Lembrando que o grande instrumento para se operacionalizar tudo isso é o treino.

A frase de Rinus Michel, sobre a Holanda de 1974, resume o que é mais importante para uma equipe:

“Trabalhei com eles durante três meses. Eu os motivei e passei a forma básica do funcionamento da equipe, baseada no conceito de ocupar todo o campo, ganhando a bola do rival mais próximo da trave dele, produzindo rapidamente o ataque com os homens necessários, sem distinguir o número da camiseta, e logicamente, fazendo as mudanças necessárias. O bom foi que os jogadores entenderam, convenceram-se e conseguiram os resultados. Vocês, os jornalistas, depois definiram isso tudo como ‘futebol total’”. (Futebol em Frases 1001 – Cláudio Dienstmann)

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Marcelo Oliveira e Celso Roth demitidos: faltou planejamento?

Nos últimos dias duas trocas de técnicos em grandes clubes pegaram de surpresa os torcedores. Primeiro, o Internacional, na luta pelo rebaixamento, demitiu Celso Roth faltando duas rodadas para o final do Brasileirão. Mais recentemente, após a derrota em casa por 3 x 1 para o Grêmio, na final da Copa do Brasil, o Atlético demitiu Marcelo Oliveira.

A gestão profissional moderna tem visto como boa prática o investimento na manutenção dos treinadores em projetos de maior prazo sem interferências passionais de resultados imediatos.

Um grande exemplo de sucesso é o Atlético Nacional da Colômbia, atual campeão da Libertadores que desde 2012 teve apenas dois técnicos e está há dois jogos de ganhar a Copa Sul-Americana e ser o primeiro clube a unificar os títulos.

O Internacional, que está a 3 pontos do Vitória na luta contra o rebaixamento, fará os dois jogos da vida para evitar a tragédia do rebaixamento e comprometer a temporada de 2017.

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O Atlético Mineiro, por seu turno, precisa de uma improvável vitória por 3 gols de diferença, em Porto Alegre para conquistar um título e entrar na fase de grupos da Libertadores, já que não alcançará o G3 do Brasileirão.

Estar na fase de grupos da Libertadores em 2017 é ainda mais importante, pois na pré-libertadores serão 16 equipes lutando por 4 vagas com grandes equipes argentinas e brasileiras que podem, inclusive, se cruzar antes em um dificílimo mata-mata.

O momento de “tiro rápido” das duas equipes faz com que a técnica seja menos importante que a motivação. Atlético-MG e Internacional possuem bom elenco e que não condiz com as atuações da equipe. Marcelo Oliveira tinha em mãos aquele que, para muitos, é o maior elenco do Brasil, mas não conseguiu resultado condizente com o plantel. Celso Roth, por seu turno, tinha um elenco razoável com potencial para brigar pelo G6, mas luta desesperadamente para não cair.

Grandes empresas, em situações pontuais, também trocam o seu gerente para motivar a equipe. Especialmente, na área de vendas, quando as metas precisam ser alcançadas e um experiente gerente de vendas não consegue bons resultados, apesar das boas práticas, um motivador pode conseguir um resultado em “tiro curto”.

Não se trata de mudança por falta de planejamento, mas por percalços que fazem parte de qualquer projeto.

O próprio Internacional tem uma experiência de sucesso quando, na Libertadores de 2010, trocou de treinador na reta final da competição e conquistou o bicampeonato.

Se Atlético-MG e Internacional terão sucesso, só o tempo irá dizer, mas o fato é que, a troca do comando da equipe era a única medida possível para motivar bons jogadores a conseguirem um resultado difícil, mas possível.  A busca pela motivação é a última saída para gaúchos e mineiros salvarem a próxima temporada.

Não há dúvidas da necessidade de se realizar um trabalho de longo prazo, mas há situações como as aqui aventadas, tão pontuais e extraordinárias que os dirigentes precisam ter coragem e agir.

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Decisões interativas

O coletivo é mais e “maior” que o atleta. Assim como o clube é mais importante que qualquer atleta. A filosofia da equipe está acima dos ideais do treinador e dos atletas. Porém, não podemos esquecer que é a soma de tudo isso que resulta no TODO. O coletivo é feito de indivíduos. Parece algo banal falar isso, quase que um clichê. Mas entra como uma condição indispensável para o entendimento da complexidade de tudo que envolve o mundo desse esporte.

Mas como treinador, falo que se não houver um esforço completo do atleta, a fim de se cumprir o proposto, o coletivo está fadado ao fracasso.

Se o “local” não for exigente, o “global” será exigido. Se o setor onde está a bola não quiser ficar com ela, ela poderá sair dali e ir para outro lado. Se o setor onde está a bola deixar, ela poderá causar estrago ali ou, como efeito “cascata”, no lado oposto.

A organização coletiva e/ou setorial de uma equipe somente faz sentido se a organização individual for bem executada, eficiente e eficaz durante o jogo, pois sofrerá com as frequentes situações (da própria equipe ou advinda do adversário) que colocam em prova sua organização. Precisa-se ter como preocupação a tomada de decisão de cada atleta em cada momento do jogo fazendo com que o atleta perceba que a sua decisão e a sua ação são extremamente importante, independente do local ou momento do jogo, para o bem da equipe, para que o desenvolvimento do jogo seja favorável à equipe, defensiva e ofensivamente. Nada além do que decisões interativas.

Contudo, cabe ao gestor de pessoas e do processo induzir, encaminhar, convencer e influenciar as ações dos atletas para o objetivo comum. Concomitante a isto, cabe a esse mesmo personagem organizar a equipe individualmente e coletivamente, no intuito de jogar “bem”, jogar melhor que outras equipes (que também contém esse emaranhado de sistemas) e vencer suas competições. Falei sobre o que é esse jogar “bem” em alguma coluna atrás. O treinador necessita compreender e desenvolver a ação tática no treino, que é uma interação funcional entre o(s) atleta(s) e o envolvimento do jogo, tendo em vista um determinado propósito COLETIVO. Tomar decisões é permitir mudanças ao longo de um curso de interação com o contexto, visando um objetivo. As mudanças na relação com o contexto podem ter origem predominantemente no atleta, mas resulta sempre da interação entre atleta e contexto.

Ações interativas.

Ação tática pretende acrescentar uma noção de dinâmica de uma sucessão interdependente de atos, ou de relações que se estabelecem numa competição para atingir um determinado objetivo.

Em um pensamento mais técnico: ação tática é sinônimo de comportamento decisional, ou seja, uma sequência interdependente de decisões e ações que devem ser tomadas em tempo útil, num contexto em mudança e para determinado fim.

O sucesso de um clube depende de suas vitórias, da classificação nos campeonatos e de títulos. E precisamos compreender que isso depende de todos os personagens que envolvem este “mundo”.

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As marcas em busca de seu diamante

Quando uma determinada empresa decide patrocinar uma figura pública expoente como são os atletas de alto rendimento, o principal objetivo é transferir os atributos pessoais do ídolo para a sua marca. Esse aspecto de atributos é tão relevante que, nos Estados Unidos, ao invés de utilizar a palavra “Sponsorship” (patrocínio), usam a palavra “Endorsement” (endosso). Ou seja, as celebridades emprestam a sua imagem para apoiar uma marca. Essa aposta mostra-se muitas vezes acertada, gerando um retorno bastante positivo e auxiliando a construção de personalidade da marca. Ao mesmo tempo, sempre haverá o risco de rejeição no caso desse suposto ídolo cometer algum equívoco que prejudique a sua imagem.

Nesse aspecto, vale uma reflexão envolvendo os atletas de todas as modalidades, não somente dentro do mundo do futebol. Assim, podemos entender casos com diversos significados. Se avaliarmos o ranking dos atletas mais bem pagos no mundo, realizado pela Forbes em 2016, vemos jogadores de futebol na liderança pela primeira vez na história e, pela segunda vez, um atleta de esportes coletivos, fato que somente ocorreu na década de 90 com a lenda  Michael Jordan.

A rivalidade entre os dois maiores jogadores do mundo é tão intensa que até mesmo nesse quesito estão em disputa. O português Cristiano Ronaldo lidera o ranking com rendimentos de US$ 88 milhões por temporada, enquanto o argentino Lionel Messi aparece na segunda colocação com rendimentos de R$ 81,4 milhões. São contabilizados aqui os valores recebidos entre salários e patrocínios.

Quando olhamos somente os valores obtidos com patrocínios, excluindo os salários, o líder do ranking é o tenista suíço Roger Federer com rendimentos anuais na casa de US$ 60 milhões. A imagem de multicampeão, atleta exemplar, bom pai, bom marido e cidadão responsável são atributos perfeitos que garantem esse enorme apelo para marcas como Nike, Rolex, Mercedes-Benz, Credit Suisse e Lindt. Sem dúvida, esse é um caso exemplar de um craque gigantesco em seu esporte que extrapola os horizontes e torna-se um ídolo venerado até mesmo por quem entende pouco sobre tênis.

Trazendo para o futebol, o primeiro jogador no ranking de patrocínios é o português Cristiano Ronaldo que aparece somente na 10ª posição, seguido por Messi (13ª posição) e Neymar (15ª posição). Ainda em ascensão, o brasileiro possui um perfil bastante midiático que lhe rendeu US$ 23 milhões no ano somente em patrocínios, apesar de ser questionado por parte dos torcedores por algumas atitudes.

Existe uma linha tênue entre o céu, quando as marcas conseguem alavancar seus resultados com o endosso de atletas, e o inferno, quando esse atleta passa por momentos conturbados que acabam manchando a sua imagem e trazendo ruídos negativos para as marcas patrocinadoras. Vemos esses fatos ocorrendo cotidianamente.

Um caso recente e explosivo aconteceu durante a realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O nadador americano e campeão olímpico Ryan Lochte mentiu sobre um suposto assalto após uma noite de festa e perdeu todos os seus patrocinadores, gerando um prejuízo ao atleta estimado em US$ 10 milhões.

O caso mais conhecido aconteceu com o americano Tiger Woods. Considerado um fenômeno do golfe, celebrado pelos fãs, mídia e marcas, possuía uma das imagens mais fortes entre todas as celebridades mundiais por representar um talento mestiço de pai afro-americano e mãe tailandesa que conquista o topo do sucesso em uma sociedade com a elite majoritariamente branca. O fenômeno era tão grande ao ponto de torná-lo o atleta mais bem pago do mundo durante 12 anos. Em 2009, uma série de escândalos sexuais tomaram conta dos noticiários não somente esportivos, mas de outros diversos segmentos, tornando o até então queridinho da América em um grande vilão e levando junto a confiança de seis patrocinadores que resolveram rescindir os seus contratos. Juntou-se a isso os fracassos esportivos nos anos seguintes, com falta de resultados expressivos do golfista desde então. O mais incrível é que, mesmo após tantas quedas, Tiger Woods ainda é o 4º atleta que mais rendimentos conquistou com patrocínios no ranking de 2016, atingindo o valor de US$ 45 milhões. A força do personagem e a necessidade de se ter ídolos possui uma subjetividade bastante complexa.

Um caso diferente aconteceu muito recentemente com o piloto mexicano Sergio Peres, da Fórmula 1. Após seu patrocinador Hawkers MX, fabricante de óculos de sol, postar uma piada infeliz relacionando o choro dos mexicanos com a vitória de Donald Trump nas eleições americanas, o piloto tomou a iniciativa de romper o contrato por considerar uma falta de respeito com o seu país. Trata-se de algo inusitado e, ao mesmo tempo, demonstra a postura do atleta em também cuidar de sua imagem, sem se importar exclusivamente com o seu bolso a curto prazo.

Para fechar e mostrar a força de um atleta para a construção de marca, voltemos ao final da década de 30, aqui mesmo em nosso país. Após uma grande performance durante a Copa de 1938, o nosso maior craque Leônidas da Silva, apelidado de Diamante Negro pela forma elegante e magistral que exibia dentro de campo, recebeu uma proposta inusitada. Em troca de 3 mil réis, Leônidas cederia o seu apelido e a sua imagem para rebatizar o nome de um chocolate da Lacta até então chamado de Chocolate ao Leite com Crocante Lacta. Passados quase oitenta anos, o Diamante Negro ainda é um dos produtos mais vendidos entre os chocolates no país e, mesmo sem planejar, tornou-se um dos maiores sucessos de relação entre atletas e marcas de toda a história.

diamante negro 1939

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O que o torcedor quer

“É possível dividir o Campeonato Brasileiro em três fases: na primeira, as equipes ainda estão tentando entender o que elas querem para a temporada; na segunda, há um marasmo total; quando os objetivos ficam claros e a competição afunila, aí a disputa fica emocionante”. Foi assim que Casagrande, comentarista da TV Globo, reagiu no último domingo (20), durante a transmissão de Palmeiras x Botafogo, quando notou que o segundo tempo vinha sendo disputado em ritmo extremamente acelerado. E isso diz muito sobre o tipo de produto que é a principal competição do esporte mais popular do país.

A reta final do Campeonato Brasileiro escancara erros em processos de comunicação que foram cometidos durante todo o ano. É o fim das máscaras usadas por equipes que passaram meses ignorando sua verdadeira vocação na temporada, mas também é uma demonstração inequívoca de quanto a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e seus parceiros (incluindo os veículos de mídia que dão espaço ao torneio) se satisfazem com poucos meses de emoção em um universo que oscila entre “irregular” e “arrastado”.

O Palmeiras de 2016 talvez seja o melhor exemplo do que é o plano de comunicação do Campeonato Brasileiro. O time comandado por Cuca teve bons momentos no primeiro turno, mas não será lembrado pela excelência técnica ou pelas boas apresentações. Passa longe de ser pragmático, mas tampouco domina as ações em suas partidas. No último domingo, no tal duelo elogiado por Casagrande, esteve perto de perder para o Botafogo em vários momentos. Venceu por ter sido mais letal e resolvido quando teve oportunidade.

O desempenho reflete um pouco o sentimento do torcedor do Palmeiras, clube que não vence o Brasileiro desde 1994. Há enorme carga de tensão em torno da equipe, sobretudo por um histórico recente de decepções – o maior exemplo é a derrocada de 2009. Pergunte a qualquer torcedor alviverde se existe preocupação com o desempenho ou o estilo de jogo da equipe. A resposta invariavelmente vai ser algo como “a preocupação é o título”.

No todo, o Palmeiras é um time que começou o Brasileiro sem ter convicção de suas pretensões a despeito do discurso enfático do técnico Cuca. Depois, engrenou e aglutinou boas alterações. E no fim, quando a briga pelo título já havia se tornado palpável, a preocupação passou a ser “entregar”. É um pouco como uma metáfora do plano de comunicação do próprio Campeonato Brasileiro, um produto amorfo, que tem bons momentos e que no fim vive apenas de concluir o que foi proposto.

O Campeonato Brasileiro podia ser um produto preocupado com maneiras para encantar o consumidor e aumentar o alcance do produto. Em vez disso, porém, CBF mostra apenas os efeitos da ausência de um plano de comunicação que seja eficiente, abrangente e focado no médio/longo prazo. O sistema de pontos corridos foi implantado em 2003, e até hoje isso não foi suficiente para que os responsáveis pelo evento entendam a temporada como um roteiro que pode ter seguidos momentos de emoção.

Se houvesse um plano focado em todo o Campeonato Brasileiro, a “fase do marasmo” poderia ser mais atraente a diferentes tipos de público. A dúvida no futebol nacional, contudo, é até anterior a isso: afinal, qual é o público?

A verdade é que os responsáveis pelo Campeonato Brasileiro não conhecem seus consumidores e ignoram as faixas em que o produto pode se desenvolver mais. Faltam informações básicas sobre perfil, hábitos e preferências, e isso acaba tendo como reflexo a ausência de foco.

Essa talvez seja a grande diferença entre as histórias do Palmeiras e do Campeonato Brasileiro. O time paulista pode adotar um estilo mais pragmático e pensar apenas no título porque é esse o grande anseio de seus torcedores; a CBF não sabe sequer quais são os consumidores da principal competição que ela organiza, e sem saber não há como planejar ações para esse grupo ou direcionar o foco para outros segmentos.

O Campeonato Brasileiro de 2016 não será lembrado como um torneio de nível técnico baixo. Contudo, ainda é possível cortar muita “gordura” da competição. No todo, há uma fase muito grande em que os times sofrem com indefinição, falta de foco ou apenas questões de foco.

Essa postura dos responsáveis pela organização do Campeonato Brasileiro reforça um dos principais problemas de análise de futebol no país. Seguimos pensando apenas em retratos pontuais e ignorando o todo. Seguimos pensando em retalhos.

Atlético-MG e São Paulo são bons exemplos disso. O time mineiro é comandado por Marcelo Oliveira, que foi bicampeão brasileiro com o Cruzeiro e venceu a Copa do Brasil com o Palmeiras. Tem hoje o elenco mais caro do país, mas não embalou em momento algum do Campeonato Brasileiro. Pode fechar o ano como campeão da Copa do Brasil, mas isso é suficiente para uma análise sobre o trabalho?

E o que dizer de Ricardo Gomes? O técnico tem menos qualidade à disposição, é verdade, mas não conseguiu incutir no São Paulo as ideias que a diretoria e a torcida almejavam. Ainda assim, conseguiu uma goleada por 4 a 0 sobre o Corinthians e afastou o risco de queda para a segunda divisão. O saldo é positivo ou negativo?

Enquanto pensarmos apenas em questões pontuais ou em retratos de momentos, seguiremos com uma análise enviesada sobre o que acontece no futebol. Enquanto fizermos isso, seguiremos admitindo a inexistência de um plano de comunicação na principal competição de futebol do país. Enquanto tivermos essa visão fragmentada, seguiremos sem pensar no que o torcedor realmente quer.

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Ainda há tempo para mudar e melhorar

Mesmo chegando ao final de uma temporada, vários times ainda buscam suas metas para fecharem bem o ano de 2016. Mas será que podemos considerar as poucas rodadas restantes, como oportunidades para atingir objetivos e melhorar ainda mais o que já está se fazendo atualmente?

Na minha opinião a resposta para a pergunta acima é SIM! Ainda há tempo para evolução e em alguns casos ela é quase uma necessidade básica, para que se conquiste alguns resultados. Mas, talvez você se questione, como assim ainda há espaço para mudanças e estas são importantes, mesmo nessa reta final do ano?

Essa questão torna-se mais clara quando nos colocamos na direção da melhoria contínua e consideramos a premissa que tudo está em mudança permanentemente. Isso é uma verdade tão presente, que se observarmos os clubes que estão no topo da tabela, provavelmente iremos perceber que estes estão constantemente buscando formas de surpreender os adversários através de novas situações de jogo e inovações em pequenos detalhes que possam gerar resultados positivos.

Nessa proposta de reflexão, cabe comentar sobre dois conceitos importantes que nos facilitará na compreensão do fato de que as mudanças acontecem, desejemos elas ou não. Um desses conceitos é o da lei do obsoleto e o outro conceito é o de que as mudanças que não transformam a mente humana, não são mudanças verdadeiras. Ambos conceitos foram descritos por Bernardo Stamateas, em seu livro Resultados Extraordinários.

A lei do obsoleto, traz o conceito de que aquilo que já foi criado já passa a estar obsoleto, justamente porque tudo está em constante mudança. Nós precisamos ter uma mentalidade dinâmica para que possamos ter consciência de que a cada nova jogada ou tática criada, esta já passa ao estado inicial de obsolescência após ser colocada em prática. Os outros times passam a conhecer cada vez mais as últimas variações táticas e jogadas ensaiadas, até o ponto em que elas passam a não ter mais efeito. Assim, todos devem se empenhar ao máximo, para que novas variações sejam treinadas constantemente, visando trazer mais inovações que possam permitir atuações de elevado desempenho.

Quanto às mudanças efetivas, que transformam a mente, estas tratam a necessidade de termos consciência elevada de que o sucesso pode entorpecer e nos colocar em estado de relaxamento que gera baixo desempenho e por este motivo todos necessitam estar alinhados com o conceito do aperfeiçoamento contínuo. Este ponto é uma grande chave para o sucesso no futebol e fora dele. Ter consciência elevada de que cada treino pode ser melhor, cada partida pode ser melhor e cada desempenho pode ser melhorado, faz com que haja um estímulo constante ao aperfeiçoamento do atleta. E, quando isso se reflete em resultados em campo, conseguimos ver um círculo virtuoso entrando em prática no futebol. E cá entre nós, quando isso não é genuíno, não parte internamente do atleta, nada acontece de efetivo.

Para fechar essa reflexão, trago algumas dicas de técnicas simples que podem contribuir para o alcance do aperfeiçoamento contínuo.

1 – Faça as coisas muito bem-feitas desde o começo, cada movimento feito da melhor forma desde a primeira vez o tornará excelente no que faz em campo.

2 – Qualidade deve se tornar um estilo de vida para você, procure fazer suas atividades com extrema qualidade sempre.

3 – Cuide e fique atento aos detalhes, muitas vezes uma partida de futebol pode ser decidida num pequeno detalhe, que por muitas vezes não se dá importância.

4 – Procure melhorar seu desempenho permanentemente, torne isso um hábito. Desta forma, você poderá se tornar um atleta

5 – Esforce-se sempre ao máximo, seu empenho diferenciado pode levá-lo a construção de um hábito positivo de alta performance.

Então amigo leitor, também concorda comigo que mesmo nessa reta final de competição, muito ainda pode ser feito para mudar uma situação desfavorável ou para confirmar uma temporada de elevado desempenho e, em ambos os casos, promover a devida conquista dos resultados esperados?

Até a próxima.

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Copa do Brasil decidida em campo neutro?

No Brasil, conforme disposição do art. 217 da Constituição, a Justiça Desportiva tem a competência para processar e julgar as questões disciplinares.

A fim de garantir o direito ao duplo grau de jurisdição, a Justiça Desportiva é composta por duas instâncias.

A primeira, chamada comissão disciplinar, é composta por 5 auditores (juízes) e a segunda, o Tribunal Pleno, é composta por 11 auditores.

A referida composição é essencial na busca por decisões justas, eis que garante a sua reanálise e revisão.

Houve grande repercussão à decisão da Comissão Disciplinar, portanto primeira instância, que tirou o mando de campo do Grêmio para a final da Copa do Brasil em razão da invasão de campo da filha do treinador Renato Gaúcho.

O fundamento para a decisão está no art. 213, do CBJD, que prevê a pena de perda de mando de campo quando a desordem, invasão ou lançamento de objeto for de elevada gravidade ou causar prejuízo ao andamento do evento desportivo.

No caso em tela, Carol Portaluppi teria adentrado ao gramado minutos antes da partida terminar como convidada de seu pai e sem qualquer maior gravidade e/ou interferência na partida.

Diante disso, parece desproporcional a decisão da Comissão Disciplinar que, provavelmente será revista e alterada pelo Tribunal Pleno.

O rigor da primeira instância indica preocupação em conferir caráter pedagógico ao fato e evitar situações semelhantes no futuro.

Portanto, a decisão que retirou o mando do Grêmio não é definitiva e a finalíssima da Copa do Brasil tem tudo para ocorrer na casa do clube gaúcho.

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