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Feliz 2007!

Eu queria fazer uma retrospectiva de 2006.
Infelizmente, minha memória é péssima.
 
Prometo que pra 2007 eu serei mais cuidadoso e tentarei anotar os acontecimentos que poderão marcar o ano. Tipo o campeonato Sub-20 do Pan.
 
Fica pra próxima.
 
Como fiquei sem assunto, pensei então em escrever uma simulação: “E se todos os clubes do país virassem empresas?”.
 
Ainda que esse seja um ótimo tema, a complexidade é demasiada, especialmente para uma cabeça ainda latejante de festividades.
 
Eu teria que acabar chegando a uma situação tipo a da aviação, que – diga-se – é menos pior que a rodoviária, e isso consumiria tempo e neurônios demais. E, possivelmente, o texto ficaria sem o menor nexo.
 
Eu até comecei uma linha a respeito da estranha situação do futebol inglês, que viu alguns de seus clubes mais importantes mudarem de dono, e o seu mercado de transferências investigado pelo governo. Ninguém sabe exatamente qual a intenção dos novos chefes do futebol inglês, assim como ninguém soube exatamente qual era a intenção do relatório a respeito das transferências, que não descobriu praticamente nada de novo. Acabou em pizza.
 
Não deu em nada.
Assim como a minha intenção de usar isso como tema.
Deletei a linha.
 
Aí eu pensei em escrever uma lista de pedidos para o ano que vem.
Aí eu achei que talvez, nesse espaço, fosse melhor deixar minhas aspirações pessoais de lado e me concentrar apenas no futebol. Então concluí que devia fazer uma lista de pedidos de futebol para 2007. Aí lembrei que, pelo menos até onde eu sei, em Ano Novo não se fazem pedidos, mas sim resoluções.
 
Logo, esqueça a lista de pedidos.
Fiquemos com as resoluções.
 
E a primeira delas é escrever uma coluna melhor que essa.
No caso, escrever uma coluna que pelo menos diga alguma coisa.
 
Então, pra não ficar sem dizer nada, um ótimo 2007, com muita saúde, para você e sua família.
 
Que todas as suas aspirações possam se tornar realidade.
E que todos os seus pedidos de futebol se concretizem.
Que seu time ganhe todos os jogos, ainda que pessoas com times diferentes provavelmente estejam lendo essa coluna.
 

Feliz Ano Novo!

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Futebol vai mudar quando o Brasil mudar

Todo final de ano somos estimulados a fazer previsões.
 
Nós que curtimos o futebol ficamos torcendo, além das possibilidades de nossos times serem campeões, para que possamos no ano que vem, ou num futuro próximo, irmos ao estádio com certo conforto e segurança, para que possamos ver bons espetáculos na maioria dos jogos, ao vivo ou pela televisão, ou para que consigamos manter no Brasil ao menos alguns dos nossos principais craques ao invés de, cada vez mais prematuramente, vê-los transferidos para outros países.
 
Todo final de ano as nossas esperanças tendem a se renovar.
 
E mesmo aos menos otimistas fica sempre aquela pergunta se o ano que vem será melhor do que este ano.
 
Evidentemente que enquanto nós brasileiros acreditarmos que o nosso papel é o de apenas torcer muito pouca coisa significativa irá mudar. E este raciocínio vale tanto para o futebol como para a saúde, a educação, a cultura, o transporte, as condições de trabalho e a política.
 
É preciso que cada vez mais assumamos nosso papel de cidadão ativo e dinâmico, preocupado com as transformações sociais. Só assim nossas esperanças podem se transformar em conquistas e realidade.
 
Não se pode ter um futebol forte, bonito, organizado, lucrativo e verdadeiramente popular enquanto tivermos uma sociedade tão injusta, com gente carente, analfabeta, miserável e excluída de um lado e gente conservadora, insensível e egoísta de outro.
 
Sem mudanças sociais expressivas, nos próximos tempos poderemos até continuar conquistando mais campeonatos mundiais entre seleções e clubes, além dos inúmeros que já conquistamos, mas tais fatos serão sempre exceções, favorecidas por condições isoladas especiais.
 
O que importa é desenvolvermos nossas estruturas e infra-estruturas institucionais de forma sólida, consistente e sustentada, garantindo melhores oportunidades e condições de vida para todos e, por conseqüência, melhores condições para o nosso futebol.
 
De que adianta, por exemplo, sermos campeões mundiais de futebol outras vezes se continuarmos com o título de vice-campeões mundiais em má distribuição de renda?

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Ausência

Caro leitor,
 
O texto semanal do colunista Erich Beting não será publicado nesta segunda-feira (dia 25 de dezembro) e nem na próxima (dia 1º de janeiro).
 
Esperamos que você compreenda e reforçamos nossos votos de boas festas!
 
Abraços!
 
Equipe Cidade do Futebol
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Para que serve um título?

Pela terceira vez em três edições, um clube brasileiro foi campeão do Mundial de Clubes promovido pela Fifa.
 
Bonito, não?
 
É um motivo de orgulho pra qualquer um. Afinal de contas, a certa dominância exercida pelo selecionado nacional dentro das competições mundiais também pode ser percebida de forma mais absoluta dentro do universo interclube.
 
Levando-se em conta que os únicos campeões mundiais de clubes em torneios organizados oficialmente pela Fifa até hoje foram brasileiros, conclui-se – sem muita queima de neurônios – que quem manda no mundo dos clubes de futebol mundial é o Brasil, certo?
 
Confesso que não sei dizer. Eu não quero, sem pesar nenhum na consciência, dizer que os clubes de futebol brasileiros são modelos pro resto do mundo. Mas a contra-argumentação é quase impossível, afinal de contas, os resultados estão aí. Três campeonatos e três títulos. Quem não gostaria do mesmo? Quem, agora, pode criticar o modelo? É o modelo vencedor, oras.
 
De fato, baseando-se nos resultados, não se pode questionar a competência do Corinthians, São Paulo e Internacional. Entretanto, pode-se questionar, e muito, a importância que o alcance desse resultado possui.
 
Afinal, pra que serve ganhar um título mundial?
 
Em geral, pra muito pouco. Os títulos, de fato, são eternos. É bacana pra ficar um pouco insano no momento da conquista, pra colocar uma estrelinha em cima do escudo, pintar um letreiro na fachada da cobertura da arquibancada principal do estádio, andar em cima do carro de bombeiros e pra se lembrar daqui a alguns anos. Seus efeitos, entretanto, são limitados até a próxima disputa. Um título dura até ser colocado novamente em disputa e, em caso de derrota, ele se esvai. Assim que se ganha um título, ele passa a fazer parte do passado.
 
Para um clube de futebol, o título não serve por si só, mas é um bom potencializador de projetos futuros. Títulos adicionam valor, que pode ser indiretamente revertido em receita, que pode gerar novos títulos, e assim por diante. Um título mundial é uma ótima maneira de colocar um clube dentro de um círculo virtuoso, mas pra isso, ele precisa saber ser aproveitado.
 
Devido à alta imprevisibilidade do futebol, é possível que um título venha por acaso, por causa de um elemento não planejado, em especial pelo desempenho inesperado de um ou mais indivíduos. Isso acontece principalmente em competições curtas e eliminatórias, como – por exemplo – o Mundial de Clubes.
 
Em um belo dia, um time ruim pode jogar bem, e um time bom pode jogar mal. Isso pode significar um título, que possivelmente nem o próprio clube espera ganhar. E assim, sem preparo, ele pode passar sem que o clube faça qualquer maior proveito dele, que não o comemorativo.
 
Colocar um clube de futebol em um ciclo virtuoso é das coisas mais complicadas que existem, e as poucas chances que aparecem precisam ser agarradas sem pestanejos. Para isso, é preciso preparo, estudo, planejamento e antecipação. De outra maneira, os resultados alcançados viram efêmeros, ou – poetizando por causa do espírito natalino – eternos enquanto duram.
 
Clubes de futebol, na sua forma natural, existem pelo simples objetivo de conquistar títulos. Quando isso acontece, ou o clube deixa de existir, ou busca conquistar novos títulos. Conquistas prévias recentes ajudam a obter vantagem competitiva dentro da disputa, desde que sejam bem trabalhadas. Saber tirar proveito corretamente, entretanto, é trabalho para poucos. O São Paulo, até agora, tem se mostrado competente. O Internacional há de ser avaliado no próximo ano. O Corinthians, sei lá.
 
Um título traz orgulho, que infelizmente só dura até a próxima vergonha.

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Inter, a história que não se conta

A razão exata não sei. Talvez por nos contentarmos em explicar a aparência em vez da essência das coisas, talvez por desinformação, ou quem sabe mesmo devido à má fé, que infelizmente ainda costuma justificar as atitudes humanas.
 
A questão é que nem sempre temos interesse em trazer a verdade dos fatos à tona e fazermos justiça àquilo que ocorre no cotidiano de nossas vidas.
 
O recente título do Internacional de Porto Alegre, derrotando o Barcelona e conquistando o Campeonato Mundial Interclubes no Japão pode ser um bom exemplo disso.
 
Clube gaúcho tradicional e popular, fundado há quase 100 anos, divide com o Grêmio os corações da grande maioria dos apaixonados por futebol no sul do país.
 
Sua história de glórias inclui muitos campeonatos regionais, alguns campeonatos nacionais, além da fantástica epopéia da construção do Estádio Beira-Rio, inaugurado em 1969, com a ajuda empolgante dos seus próprios torcedores.
 
Agora veio a conquista de seu primeiro título internacional de expressão global e com isso a consagração do clube, dos jogadores, do treinador, da comissão técnica e dos dirigentes que comandaram o clube nos últimos cinco anos. Todos ficarão marcados na história e não faltarão homenagens e elogios pelo maravilhoso trabalho realizado.
 
Mas o que não terá reconhecimento algum é tudo aquilo que foi feito pelos dirigentes anteriores, mais precisamente no período de 2000 e 2001. Homens abnegados, sérios, competentes e que souberam alicerçar uma base que permitiu a construção de um percurso vitorioso nos últimos tempos.
 
Neste momento não faltarão elogios e homenagens ao presidente do Inter, Fernando Carvalho, e toda a sua diretoria pelo extraordinário feito.
 
Entretanto, como por diferentes razões a história nem sempre faz justiça a todos os seus atores, quero particularmente destacar o papel exercido por um jovem, inteligente, polêmico e muitas vezes contestado dirigente colorado, chamado Fernando Miranda que liderou com pulso firme, e algumas vezes até de forma impopular, um movimento revolucionário de transformação deste clube de futebol.
 
Com ele o Inter conseguiu implantar e inspirar novas práticas de gestão financeira, administrativa e técnica aplicadas ao futebol, criando condições a um trabalho que deu frutos ao longo do tempo.
 
A vitória do Internacional é, portanto, uma vitória da organização e do planejamento de longo prazo que começou a ser cunhada no ano 2000 sob o comando de Fernando Miranda.
 

Presto aqui minhas homenagens a todos os colorados, mas principalmente para quem teve coragem de quebrar paradigmas.

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Uma vitória nada brasileira

A terra é vermelha. O sol é vermelho. O Brasil é vermelho. O colorado pintou na manhã de domingo o Brasil de vermelho, porque na noite de Yokohama o branco que vestia o Inter era campeão do mundo.
 
Uma vitória que consagra a raça, a vontade, a valentia e, sem dúvida, a sorte de um time campeão. Uma vitória que tem a marca do futebol gaúcho, muito mais do que o futebol brasileiro. Futebol que alia técnica à tática. Força à habilidade. Paixão à arte.
 
A vitória contestável de um time que se defendeu por 75 minutos, e só depois de fazer o seu gol passou a jogar com a grandeza internacional, torna-se inconteste quando coroa um trabalho que não envolve apenas o campo, mas também a gestão racional de um clube de futebol.
 
A conquista do Mundial de Clubes pelo Internacional é a prova de que um trabalho de longo prazo pode trazer resultados. É a personificação daquilo que sempre ouvimos os teóricos da gestão esportiva dizer: com um trabalho racional, o impensável acontece.
 
Foi assim que o Inter chegou ao Japão e saiu de lá com a taça de dono do mundo.
 
Sem cometer loucuras após ganhar a Libertadores e deixar Tinga, Rafael Sóbis e Bolívar, figuras fundamentais na conquista da América, partirem do Beira-Rio. Afinal, seria impossível reunir condições financeiras para mantê-los no clube.
 
Ou, então, do clube que soube repor as peças perdidas, sem fugir daquilo que planejava, sem trocar muitos jogadores, sem mudar a metodologia de trabalho.
 
Em time que está ganhando não se mexe. E foi assim que o Inter trabalhou para vencer ainda mais. Uma vitória digna das tradições gaúchas. Uma vitória de entrega de corpo e alma durante 90 minutos.
 
Uma conquista que não começou no apito inicial em Yokohama, mas há seis anos, quando um clube à beira da falência passou a ser repensado por sua diretoria, que foi substituída, mas que deixou seu plano de trabalho para os sucessores. E que agora, mantendo a fórmula do ano 2000, quando depois de quase ser rebaixado no Brasileirão-99 passou a olhar as categorias de base, a racionalizar os gastos e a investir em marketing, dá seu mais verdadeiro fruto.
 
Dentro e fora do campo, a vitória do Inter não foi típica do brasileiro. A garra bateu o talento. A razão superou a emoção. E o futebol brasileiro mostrou que, em se planejando, tudo dá. Dá até para sonhar.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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A estatização do futebol

Como você já bem deve saber, o poder público brasileiro está para sancionar a Lei de Incentivo do Esporte. Se você não sabia disso e não faz a menor idéia do que eu estou falando, leia mais a Cidade do Futebol. Ou, nesse caso mais específico, leia qualquer coisa. Porque qualquer veículo de informação que se preze falou, e bastante, sobre esse fato.
 
Só pela repercussão da medida, já dá pra se ter uma idéia sobre como as coisas estão fora de ordem. Era pra passar batido, sem alardes. Mas não. Todos acreditamos que, como em um ato de puro altruísmo, as soluções dos problemas do país têm que vir do poder público, e não das nossas próprias mãos. Não importa quantas vezes o Estado tente, muito menos quantas vezes ele fracasse.
 
A verdade é que, no Brasil, esportes são bens públicos, em todos os seus níveis. O futebol principalmente. Por mais que o país tenha aberto o seu mercado na década de 90 e ingressado de vez na economia global, o futebol ainda se alimenta dos incentivos diretos e fiscais do Estado. Se durante a época do Regime Militar existia o ditado “Aonde a Arena vai mal, mais um time no Nacional”, hoje poderia se dizer que “Não precisa pensar em melhorar o produto, porque no Brasil o futebol é cobrado no seu tributo”.
 
Ao incentivar o patrocínio esportivo no país através da vinculação dessa iniciativa à redução tributária, o governo adota práticas típicas de mercados fechados, uma vez que será um dinheiro indiretamente público sendo utilizado para beneficiar um setor da sociedade que não necessariamente influencia a todos. Muitas vezes, aliás, organizações esportivas são restritas a um número bastante exclusivo de pessoas.
 
De qualquer maneira, é o que o governo consegue fazer pra dar um jeito de melhorar as coisas sem alterar aquilo que mais precisa, e que ao mesmo tempo mais lhe fere: a carga tributária. É irreal pensar que um país que possui tamanha incidência de impostos sobre a renda da população, ao mesmo tempo em que não consegue retribuir esse pagamento, consiga ter um mercado esportivo bem desenvolvido. Simplesmente não dá.
 
Antes de pagar por um ingresso para ir a um jogo de futebol, as pessoas precisam pagar pela escola particular de seus filhos, pelos pedágios das estradas, pelo serviço de segurança da sua casa, pelo seu carro, pelo plano de previdência privado e pelo plano de saúde da sua família. Futebol, acredite, é a menor das preocupações.
 
Menos para aqueles que acreditam que futebol é mais importante que a própria vida. Que levam o futebol mais a sério do que ele deveria ser levado. Que jogam bomba em alguém só por estar do outro lado da arquibancada.
 
É por isso que precisa ser financiado.
 
A coisa mais certa a se fazer pelo governo, ao invés de novas leis de incentivo a qualquer coisa, é reduzir os impostos. Simples, pelo menos de se concluir. Assim, a população terá mais liberdade de decidir onde aplicar o seu dinheiro, e quais as condições mínimas aceitáveis do serviço que lhe será ofertado. Aí aumenta o capital disponível, que aumenta o investimento, que gera receita, que gera mais investimento, e assim por diante.
 
O único problema é que essas medidas poderiam trazer à tona uma verdade que teima em aparecer, mas que também teima em ser suprimida: que, possivelmente, os brasileiros não gostem tanto de futebol assim. Que se deixasse o dinheiro na mão da população, ela poderia gastar com alguma outra coisa qualquer, que não o futebol. Com cultura, por exemplo.
 

Talvez, no Brasil, o futebol seja um imposto.

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Futebol, ética e desenvolvimento humano

Não é difícil perceber que o futebol reflete tudo aquilo que rola pela sociedade. Os valores que permeiam nossa cultura costumam influenciar os valores que cercam um grandioso espetáculo esportivo ou uma simples pelada de futebol de praia.
 
Se vivemos numa sociedade violenta, corrupta e preconceituosa, nada indica que no campo de jogo essas características deixem de existir como que por encanto. Nada nos faz crer que alguém que seja desonesto, egoísta e malandro fora de campo não o seja também dentro de campo.
 
Assim, o futebol, como o esporte de uma forma geral, não é bom, saudável ou educativo, por si só, independentemente dos princípios que norteiam nossos comportamentos e atitudes.
 
Estas considerações nos remetem a uma reflexão sobre as questões éticas que cercam o futebol e nossas vidas de uma forma mais ampla.  
 
A ética pode ser considerada como a área do saber humano que procura entender e regular nossas condutas. Os princípios éticos envolvem uma atitude fundamental de escolha em direção a uma transformação de consciência em busca de crescimento e desenvolvimento. E esta atitude vale tanto para o indivíduo como para o coletivo.
 
E é justamente neste sentido que a prática do futebol, de simples reflexo dos valores sociais, pode representar uma poderosa ferramenta de transformação individual e social, considerada a sua importância neste mundo globalizado.
 
Mas para que isso ocorra é fundamental que os agentes que participam do processo de construção de uma sociedade melhor do que a que vivemos hoje, empenhem-se nesta direção, e procurem combater tudo aquilo que nos afaste do verdadeiro sentido do desenvolvimento humano. 
 
Desenvolvimento que não pode se restringir apenas aos aspectos econômicos e financeiros, mas também aos aspectos biológicos, ideológicos, culturais, espirituais, sociais e éticos, contribuindo efetivamente para ascensão de todos os homens e mulheres ao mais humano.

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Nova velha ordem

Nove treinadores diferentes em 24 meses. Ou, na média, um comandante diferente a pouco menos de cada três meses. No caixa, um rombo de quase R$ 15 milhões, além de adiantamento de diversas cotas de patrocínio e televisão. No campo, simplesmente nenhum resultado expressivo alcançado.
 
Esse é o saldo de dois anos da gestão de Afonso Della Monica no Palmeiras. Eleito após 12 anos de presidência exercida por Mustafá Contursi, o atual presidente palmeirense, mesmo com saldo tão tenebroso, deverá continuar no clube por mais dois anos.
 
Em pouco mais de um mês as urnas eletrônicas da eleição alviverde deverão apontar a reeleição do atual mandatário. Ao que tudo indica, Contursi ficou politicamente com a minoria, após mais de uma década de controle total e irrestrito sobre o clube.
 
O motivo? Della Monica, apesar de não seguir nenhuma cartilha de boa administração esportiva, consegue representar o “modernismo” dentro do Palmeiras.
 
Durante todo o tempo que ficou à frente do Palmeiras, Mustafá ganhou dentro e fora do clube a fama de não gostar de futebol. Prova disso foi o rebaixamento do time à Série B do Brasileiro em 2003, ou a política de não cometer loucuras financeiras na política de contratações e salários praticados dentro do clube.
 
O embate que deve apresentar o Palmeiras é aquele que permeia a cabeça de todo administrador esportivo. É preciso cometer alguma loucura para conseguir ter resultado esportivo ou é melhor eu ser mais bem sucedido nas finanças?
 
A (i)lógica do esporte impede que o ideal seja seguir a cartilha do capitalismo. O mais importante não é ter dinheiro em caixa, mas sim uma equipe vencedora. Só que, para isso, ironicamente, o dirigente deve ser um bom administrador e manter uma racionalidade nos seus gastos. Sem um equilíbrio, as coisas simplesmente não se encaixam.
 
Equilíbrio é a palavra que mais combina com Caio Jr., o novo treinador palmeirense. Assim como, historicamente, Gilberto Cipullo administrou sempre com maestria o futebol do clube (tudo bem que, na sua época, a Parmalat havia acabado de entrar no Palmeiras). Resta, agora, a presidência ter o controle da situação. Do contrário, a nova ordem se mostrará, aos poucos, mais temerária que a velha…

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Especulações imprevisíveis

Com o fim de mais um Campeonato Brasileiro, chega um péssimo período para os profissionais da crônica esportiva, que vêem a oferta de assuntos constantes proporcionada pelas partidas quase diárias reduzida a um ínfimo difícil de ser buscado. E quando você não tem mais do que falar, você faz o quê? Inventa, óbvio.
 
Não por acaso a entressafra dos campeonatos e dos assuntos é a época em que mais surgem especulações a respeito do futuro de clubes e jogadores. Eu, que sou avesso a especulações desde o meu primário, quando numa brincadeira de pêra-uva-maçã-salada-mista acabei dando uma pêra no amor da minha vida e uma salada-mista na menina mais feia de toda a escola, prefiro sempre me ater a números concretos. E número concreto do futebol brasileiro, hoje, é a classificação final do campeonato que se encerrou.
 
Eu até poderia dissertar aqui sobre os melhores jogadores do campeonato, porém isso também é mera especulação. Eu não sei quem foi o melhor jogador do campeonato. Aliás, é bem possível que você também não saiba. Nós podemos especular, mas jamais saberemos ao certo. As variáveis são quase infinitas, o que torna a análise concreta algo quase impossível. Mas eu, você e o cara do seu lado sabemos que o São Paulo foi campeão, que o Inter foi vice e que o São Caetano foi rebaixado. Por quê?
 
Não sei, mas posso especular. Dizem, por exemplo, que o São Paulo foi campeão porque tem a melhor estrutura e o melhor planejamento. Certo. Mas, e o Corinthians ano passado? Foi campeão por causa do planejamento? Não sei. Talvez o Tevez. Há! De qualquer maneira, esse tipo de análise é, novamente, meramente especulativa.
 
O que se pode dizer, sem especular, é que o São Paulo foi o quarto campeão diferente em quatro anos de campeonato por pontos corridos, algo extremamente raro em todo o planeta. E que o Internacional foi vice-campeão por dois anos seguidos, algo extremamente raro no Campeonato Brasileiro. Isso são fatos, que são apoiados numa característica bastante peculiar do campeonato nacional, a imprevisibilidade.
 
Um exemplo concreto dessa alta taxa de imprevisibilidade pode ser encontrado no Grêmio, que em 2003 quase foi rebaixado, em 2004 foi de fato relegado, ano passado disputou a segunda divisão e esse ano acabou na terceira colocação da primeira divisão. Foi, de longe, o time mais imprevisível do ano. Depois dele veio o Palmeiras, que após voltar à primeira divisão diretamente para o quarto lugar em 2004, repetido em 2005, esse ano acabou em 16º.
 
Tivesse ele sido de fato rebaixado, a seqüência de desempenho do time depois da adoção dos pontos corridos seria bizarra: rebaixado, Libertadores, Libertadores, rebaixado. Foi por pouco. Até o São Paulo, que antes do campeonato começar já era especulado por muitos como o campeão, pulou dez posições em relação ao ano passado, quando acabou em 11º.
 
Alguns times, porém, têm se mostrado bastante regulares desde 2003, como o supracitado Internacional, o mais estável de todos, o ultimamente intermediário Vasco da Gama, o ascendente Paraná Clube e o intermediário-ascendente Figueirense.
 
Entretanto, esses são exceções. A maioria dos times muda muito de posição de um ano para o outro. Na média, do ano passado pra esse, cada clube alterou seis posições na tabela.
 
Contudo, isso não quer dizer que o Campeonato Brasileiro seja competitivo. Imprevisibilidade e competitividade são coisas bastante diferentes entre si, e eu prometo explicar a diferença numa coluna futura. Mas fato é que não sabemos dizer quem será o campeão do ano que vem, não por causa do alto nível de competitividade e equilíbrio entre os clubes, mas simplesmente porque não temos a menor idéia de que jogador estará em cada clube.
 
Você tem idéia de quem vai ser o campeão brasileiro do ano que vem? Nem eu. Talvez, com sorte, a Mãe Dinah saiba dizer. E olhe lá.
 

É possível que ela esteja apenas especulando.

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