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Velhas bobagens táticas

“O Futebol realmente é um esporte diferenciado. Não pela estrutura, dimensões do campo ou quantidade de dinheiro envolvido em competições. É sim diferenciado porque tem um “montão” de “especialistas”. Todo mundo acha que pode ser técnico (com soluções para qualquer problema tático do jogo), mas poucos são os que se entendem para definir o que realmente é melhor ou pior para uma equipe.
Certamente alguém deve ter razão em alguma coisa, tamanha a quantidade de teorias e bobagens que se escuta por aí. Não é possível que tanta coisa possa ser jogada fora. O fato é que mesmo quem devia saber algo mais, acaba não trazendo nada de novo.
Outro dia no Café dos Notáveis, que me rende momentos muito interessantes, presenciei uma acirrada discussão sobre o que era mais importante no Futebol: a armação tática da equipe ou a habilidade técnica individual dos jogadores. Mais ao longe na conversa ainda explanaram, quase que em conclusão, que certamente a insistente melhora do rendimento físico e a exagerada preocupação tática dos técnicos estava desprivilegiando os talentos individuais.
Pois bem, cartas postas na mesa, tive a plena convicção de que realmente as más informações contaminaram e por muito tempo continuarão contaminado gerações de terráqueos.
Para expor meu ponto de vista sobre o assunto, falarei brevemente de outra modalidade, já que se caminhar pelo Futebol corro o risco de causar irritação e descontentamento antes mesmo da argumentação final. Isto realmente não seria bom, pois idéias erradas poderiam contribuir para que as más informações se fizessem ainda mais fortes.
Comecemos então com um pensamento rápido. Qual o melhor basquete do mundo? É muito provável que você tenha pensado no Basquete da NBA. Se assim não foi, realmente pode parar a leitura por aqui. Nada poderei te acrescentar que você não duvide tanto, que não seja capaz de acreditar.
Na NBA diversas jogadas que assistimos podem ser chamadas de Arte. É inegável a grande qualidade técnica de diversos jogadores do Basquete norte-americano. Algumas regras das competições contribuem para que o espetáculo seja sempre surpreendente e empolgante. Pois bem, sem esquecer estas colocações, não nos deixemos iludir; lá a preparação física é coisa muito séria e os jogadores, cientes de serem atletas são tratados como tal. Taticamente não é preciso nem dizer; dos esportes coletivos, talvez seja o Basquete um dos mais táticos ofensivamente e defensivamente.
Então pense rápido novamente. Por que na NBA existe uma preparação física de ponta, uma modelação tática bem definida e jogadores talentosos dentro de um mesmo ingrediente?
Desta vez a resposta é mais simples ainda; jogadores técnicos e talentosos podem coexistir com uma preparação física privilegiada dentro de esquemas táticos definidos simplesmente porque a preparação física e tática permitem a evidência das qualidades técnicas dos jogadores, e não o contrário.
Jogadores bem preparados fisicamente podem realizar tarefas motoras com menor gasto energético, raciocinam melhor e ainda podem explorar todo seu talento. Taticamente, a habilidade técnica, sob meu ponto de vista, é quem permite o desfecho com êxito ou fracasso de algo previamente pensado.
Sendo assim, no Futebol, existem dois erros na discussão que presenciei no Café dos Notáveis. O primeiro, creio que já fora esclarecido. O segundo está na afirmação de que “a preocupação tática exagerada dos técnicos acabam por desprivilegiar talentos individuais”.
Meus amigos, bem já disse e expliquei a relação entre tática e técnica (então não é sobre este aspecto que tenho mais a falar). O que quero dizer agora é que não existe preocupação exagerada por parte da maioria dos técnicos de Futebol sobre o aspecto tático. Como podem se preocupar com uma coisa que não dominam, simplesmente reproduzem. É fato que talentos, nas mãos de grandes técnicos se sobressaem. Sabe por quê? Justamente porque grandes técnicos realmente entendem o significado de “esquemas táticos”.
ATENÇÃO! ATENÇÃO!
Ainda que essa discussão toda sobre a preparação física, técnica e tática (como fora colocada) já fora há muito superada, para alguns ainda soa como novidade. Para os outros, a periodização tática, a desfragmentação do treino e a teoria do jogo são os nortes atuais de um “antigo futebol atual“.

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Champions League

O nome comercial da Liga dos Campeões da Europa é grafado em inglês. Nada mais justo pelo que se viu em 2007-08. Três dos semifinalistas eram da ilha que não é mais uma ilha no futebol.
 
Os pais do futebol criaram o rebento, em 1863, e depois não souberam o que fazer com ele. Viram o entusiasmo por kops (arquibancadas) e pubs (bares), mas, bola boa, mesmo, não viam nos maravilhosos gramados ingleses. Vai ver que os campos eram lindos justamente pelo pouco contato da bola com a grama.
 
De tanto a bola voar nas quermesses da ligação direta defesa-ataque, nada além de carrinhos (os “tackles”) molestavam a grama.
 
Mas isso vem mudando. De modo silencioso (ou barulhento), desde o Liverpool do final dos anos 80, passando pelas grandes equipes multinacionais deste século. Ou melhor, desde 1992, com a criação da Premier League. Quando os ingleses reinventaram o negócio do futebol. Fazendo um entretenimento mais saudável, seguro, visível, rentável. E mais aberto. Em campo e fora dele.
 
Em Moscou, na enorme decisão entre Manchester United e Chelsea, apenas dez ingleses começaram o jogo. Dirigidos por um escocês e um israelense, regiamente pagos por um americano de origem russa e por um russo de origem (de dinheiro) desconhecida.
 
Dos dez ingleses titulares, alguns são típicos como Brown e Carrick. Mas outros como Lampard, Rooney, Terry, Ferdinand, Scholes, Joe Cole, Hargreaves e Ashley Cole, sem perder o sotaque, são cidadãos e jogadores planetários. Sabem jogar e entender um jogo que muda como hoje se muda de clube e de país.
 
 

CHELSEA: O 4-1-4-1 de Avram Grant: com a bola, Joe Cole e Malouda se
juntavam a Drogba, no ataque, virando um 4-3-3.
 
Mas o que há de mais britânico nisso reside no banco de reservas. Quase por usucapião. Usucampeão. Sir Alex Ferguson é manager do Manchester desde 6 de novembro de 1986. Na primeira temporada, chegou com a bola rolando, com um elenco de bom nível, mas indisciplinado. Terminou o campeonato inglês em 11º lugar. Contratou bem para a temporada seguinte e foi vice-campeão, nove pontos atrás do Liverpool. Mas não passou do 11º lugar em 1989. Na temporada seguinte, a pressão da torcida e da imprensa foi grande pela demissão de Ferguson. Em dezembro de 1989, depois de seis derrotas e dois empates, nem sir Alex imaginava que seria uma boa continuar em Old Trafford.
 
 
 
MANCHESTER: O esquema que começou a decisão contra o Chelsea. Ronaldo para
conter o apoio de Essien.
 
O que se imaginava seria o jogo da demissão, pela FA Cup, em 1990, contra o então forte Nottingham Forest, foi o da manutenção. O Manchester seguiu adiante e ganhou o primeiro título com Ferguson. Três anos depois de ter chegado ao clube. Mas ainda faltava o mais esperado. O título inglês, que o clube não conquistava desde 1967. E só foi ganhar em 1993, no primeiro ano da Premier League.
 
Perdão por me alongar em Ferguson. Mas só para dizer que o treinador que conquistou um mundial, duas Ligas dos Campeões da Europa, uma Copa da Uefa, dez títulos da Liga Inglesa, cinco FA Cup (a Copa da Inglaterra) e duas Copas da Liga ainda quer mais. Muito mais. E quer porque aprendeu a querer saber mais.
 
Ele e o francês Arsène Wenger, do Arsenal, mudaram a cara, o jogo, e o pebolim inglês. Veja o belo jogo do Manchester desde 2007. Ou melhor: veja os belos jogos das várias equipes de Ferguson. Mudam constantemente, mas sem mudar a tônica do jogo bonito, pelo chão, com técnica e velocidade, com Cristiano Ronaldo como winger à direita, ou à esquerda. Como meia-atacante atrás de um só centroavante. Como um dos atacantes. Como o melhor do mundo em 2008.
 
Um time que muda com os mesmos jogadores. Como todo o Manchester da bandeira Giggs. Um winger canhoto do 4-4-2 de totó que, hoje, joga dos dois lados, joga como meio-campista central (não “volante”, que isso não existe no United), que joga de atacante, que joga até atrás do atacante, como fez em Moscou, ao completar seu jogo 759 pelo Manchester, superando sir Bobby Charlton.
 
Se há um time que não joga por apenas uma cartilha é o do veterano, “ultrapassado” e “conservador” Alex Ferguson. Vinte e dois anos de Manchester. Lenda e prova vivas de que o bom trabalho merece continuidade. Ou até mesmo um não mais que razoável trabalho nos primeiros três anos.

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O congresso da Fifa e a nova regra do 6+5

Caros amigos da Universidade do Fubebol,
 
Como de costume, os olhos de todas as pessoas e entidades ligadas de alguma forma com o mercado do futebol mundial estão focados no Congresso Anual da Fifa, realizado nesta semana na Austrália, e nas decisões tomadas nessa reunião pelos dirigentes da entidade máxima do futebol.
 
Dentre todas as decisões passadas, a que merece destaque em nossa coluna é a regra do 6+5 aliada a uma alteração na regra de alteração de cidadania (aumentando o prazo de dois para cinco anos de residência para que o jogador possa atuar pela seleção local). Tais mudanças visam descentralizar o poderio das ligas mais fortes (nomeadamente inglesa, alemã, francesa, italiana e espanhola), e, em última instância, fortalecer as diversas seleções nacionais.
 
Antes de tudo, é necessário explicar exatamente a regra e distingui-la de outras semelhantes. De acordo com essa nova regra, aprovada por unanimidade pelas federações nacionais durante o Congresso da Fifa, os clubes deveriam iniciar as partidas com um “onze” composto por, ao menos, seis jogadores elegíveis para atuar na seleção nacional do país em que o clube esteja localizado.
 
Temos que diferenciar essa regra da regra relativa ao home-grown player (comentada por nós há duas colunas), em vigor na Euriopa. Essa última regra propõe um mínimo de jogadores no escrete formados pelo clube (treinados no mínimo por três temporadas no seus períodos de formação), não importando por qual seleção nacional eles possam atuar.
 
Na Europa, as duas regras (6+5 e home-grown player) deveriam ser obedecidas concomitantemente pelos clubes.
 
De toda forma, com a regra do 6+5 e com a alteração da troca de cidadania, a Fifa pretende manter um razoável número de jogadores atuando nas ligas de seus países, afastando o excessivo número de estrangeiros atualmente existentes nas principais ligas, e também promovendo uma maior força nas seleções nacionais (já que jogadores deixariam de trocar de clube com o propósito de requerer outras cidadanias para atuar em seleções de outros países).
 
Cabe-nos na discutir se tais mudanças de fato poderão surtir o efeito esperado.
 
Interessante artigo publicado por Matt Slater e Simon Austin nesta semana no site da BBC sobre o tema traz importantes dados a serem discutidos. O artigo mostra, por exemplo, como pode ocorrer uma discrepância verificada na Inglaterra, onde se encontram os clubes mais ricos do planeta. Na última edição da Champions League, três dos quatro finalistas eram ingleses. Por outro lado, a Inglaterra não se classificou para a Copa Européia de Seleções que acontecerá no próximo mês na Suíça e Áustria.
 
Curiosamente, a Liga Inglesa aponta índices mais baixos de atletas elegíveis para a seleção inglesa nos “onze”: média de quatro por clube.
 
Outros países, como Itália, Alemanha e Espanha, apresentam melhores índices: 7,3; 4,9 e 6,9, respectivamente. E essas seleções são aquelas apontadas como favoritas para vencerem a Eurocopa.
 
Tais números dão forças para que a Fifa implemente as novas regras.
 
Por outro lado, existem argumentos contrários. A própria Liga Inglesa, através do artigo supracitado, alega, entre outros argumentos, que o índice verificado em outras oportunidades era maior do que quatro jogadores por clube, e que a seleção também não apresentava bons resultados.
 
Do ponto de vista legal, entendo que a regra pode ser questionada do ponto de vista concorrencial e também trabalhista. Dentre o espírito das normas européias aplicáveis, tal regra pode ser entendida como limitação ao livre movimento de trabalhadores, bem como uma limitação ao direito de exercer a profissão. Tais pontos, de toda forma, somente serão concretizados caso a norma seja efetivamente questionada no Tribunais Europeus.
 
O fato é que a maior efetividade estaria em uma reforma estrutural, que já vem ocorrendo na Europa, com as categorias de base dos clubes. Normas de garantia de que os clubes desenvolvam trabalhos em suas bases, como as normas de club licensing, são mais efetivas e mais difíceis de serem questionadas em juízo.
 
As mudanças são necessárias, e as preocupações absolutamente legítimas. Mas é preciso estar sempre atento à legalidade de todas as formalidades, para que o tiro não acabe saindo pela culatra.

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Quem quer dinheiro?

A Delloite soltou algumas informações sobre seu novo relatório a respeito das finanças dos clubes europeus. Pouca coisa mudou. Quer dizer, de modo geral, pouca coisa mudou, a não ser entrou muito mais dinheiro no caixa dos grandes clubes, pra variar, em especial os ingleses, para variar um pouco mais.
 
Na verdade, os clubes ingleses conseguiram uma receita de aproximadamente R$ 8 bilhões na temporada 07/08. E isso é dinheiro, muito dinheiro. Tanto dinheiro que corresponde a aproximadamente um quarto do total arrecadado por clubes em toda a Europa, que chegou à cifra de cerca de R$ 37 bilhões.
 
Entretanto, o aumento de receita significou também um aumento de gastos com salários e transferências, coisa que é quase regra no mundo do futebol. Se da temporada passada para a atual a receita dos clubes da Premier League subiu 11%, o gasto com salários e transferências cresceu 13%. O poder dos clubes ingleses fica cada vez mais visível no mercado e, não por acaso, esses clubes tendem a ter maiores chances de melhor desempenho em torneios continentais, como foi o caso da Champions League desse ano.
 
Mas se os clubes ingleses andam comprando muita gente de fora, eles também deixam cada vez mais de produzir jogador dentro de casa. Não por acaso, também, a Inglaterra está fora da Eurocopa e gerando reclamações do seu técnico, Fábio Capello, por conta da falta de opções disponíveis. Um relatório da BBC divulgado nesta semana comprova isso. Nesta temporada, os clubes da Premier League bateram recorde de não escalação de titulares ingleses. Dos 498 que entraram em campo no começo do jogo durante todo o campeonato, apenas 178, 34%, eram ingleses.
 
Outro relatório que menciona o baixo aproveitamento de talento local foi feito pelo Professional Football Player’s Observatory, que analisou os clubes e jogadores que disputaram a Champions League deste ano. O relatório afirma que de todos os jogadores que estavam registrados na competição, apenas 20% vinham das categorias de base de seus respectivos clubes e 60% eram jogadores estrangeiros.
 
Isso apenas colaborou ainda mais para a Fifa, mais especificamente o presidente Joseph Blatter, forçar o seu projeto dos 6+5 já tão falado por essas bandas. De acordo com ele, a idéia é proteger as seleções nacionais e os clubes menores. Com menos jogadores disponíveis para o mercado externo, a lógica é que o mercado local tende a se fortalecer. Blatter diz ter o apoio de todo mundo, inclusive das federações européias. Ou seja: o mundo do futebol está pronto para aceitar a regra.
 
O problema é que o mundo do futebol não é soberano, por mais que ele queira ser. Para que a regra do 6+5 seja aceita pelos clubes, ela tem que ser aceita pelas regras dos países nos quais esses clubes estão inseridos. Enquanto que boa parte do mundo deve aceitar isso sem maiores problemas, na Europa a coisa muda.
 
Tendo um passado recente de guerras étnicas que dizimaram gerações, a Comissão Européia rejeita qualquer hipótese de discriminação do indivíduo por conta do lugar em que ele nasceu, desde que dentro da Comunidade Européia. Portanto, não há, a princípio, qualquer possibilidade de que a regra do 6+5 seja aceita por aquelas bandas, uma vez que você irá cercear o direito de trabalho de um cidadão apenas por conta do lugar em que ele nasceu. E como bem disse Vladimir Spidla, comissário europeu do trabalho, “jogadores profissionais são trabalhadores”. E trabalhadores são livres para escolherem onde querem trabalhar.
 
Principalmente na Inglaterra, porque lá paga mais.

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Um novo discurso

“Não adianta. Vamos ficar aqui até amanhã procurando uma explicação e ela não existe. Nós perdemos porque é o futebol”…
 
Foi assim que um “nocauteado” Muricy Ramalho começou a responder à entrevista coletiva após a emocionante vitória do Fluminense sobre o São Paulo pela Libertadores. Derrota sem explicação, assim como a vitória é daquelas justificáveis apenas pela enorme força de vontade do time e, claro, pelo “Sobrenatural de Almeida”, o personagem criado por Nelson Rodrigues para explicar o inexplicável.
 
Mesmo assim, Muricy ficou cerca de 40 minutos respondendo a uma sabatina de perguntas, quase sempre chegando às mesmas respostas. Sem andar um passo à frente, sem questionar o planejamento do time para a temporada, sem ter o que falar ante um resultado simplesmente típico do futebol.
 
Mas o ritual foi cumprido. A imprensa martelando na tentativa de encontrar um culpado. Muricy com cara de cansaço físico e mental respondendo da mesma maneira desconexa e desinteressada às questões.
 
Na sala ao lado, a mesma coisa. A imprensa em busca de uma história diferente dentro da entrevista para exaltar o brilhantismo do Fluminense. Renato Gaúcho, embriagado pela euforia de uma das mais lindas vitórias da história do Tricolor carioca, falando coisas desconexas.
 
No dia seguinte, em Santos, a história repetida, mas com um enredo um pouco diferente. Nem bem terminou o jogo e o time santista correu aos microfones para dizer que a eliminação para o América era culpa do árbitro da primeira partida, que havia mal anulado um gol no minuto final da partida.
 
E a imprensa? Bem, era preciso dar corda para essa história…
 
Os jornalistas necessitam de vitoriosos e vencidos, de mocinhos e bandidos, de culpados e inocentes. É assim desde o início do jornalismo, quando os primeiros “repórteres” eram pessoas que defendiam um ponto de vista e produziam as notícias conforme esse interesse.
 
Hoje, com o desenvolvimento dos meios de comunicação e do acesso às informações, o noticiário deixou de ser tão tendencioso. Mas a essência é a mesma. A imprensa precisa de uma história diferente para se sentir satisfeita. E, para isso, nada melhor do que uma decisão.
 
A emoção de um duelo como foi Fluminense x São Paulo é mais do que suficiente para que saiamos da mesmice. Do choro de Washington ao momento de reflexão no meio de campo de Renato, tudo é notícia. Mas e quando temos a derrota?
 
Aí o discurso é o mesmo. E os meios para obtê-los, idem. Uma saraivada de perguntas até a tentativa de um deslize, de uma declaração polêmica. Afinal, é daí que a notícia aparece, daquilo que sai da mesmice.
 
Mas para sair da mesmice, infelizmente, a imprensa segue o mesmo roteiro. E se, na coletiva de imprensa com Muricy, um jornalista ousasse perguntar a ele como faria para motivar o time a entrar de novo em campo no domingo? E se não ficassem apenas questionando sobre Adriano e a sua possível permanência mesmo com a saída da Libertadores?
 
Um novo discurso levaria provavelmente a uma nova notícia. Mas será que a imprensa está preparada para isso?

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Poupar jogadores prejudica o modelo de jogo?

Tenho um grande amigo que é da polícia. Mais especificamente de um grupo de elite da polícia que se envolve com ações táticas especiais. Sua equipe tem vinte homens que se revezam em operações das mais variadas. Em geral agem em quinze policiais. Através de um rodízio de trabalho cinco “descansam” em estado de alerta. Nos treinamentos os vinte treinam em formações que geralmente compõem um grupo de quinze ou em números reduzidos, múltiplos de três. Todos estão sempre bem preparados, prontos para qualquer chamado, alertas para qualquer ação.

Dia desses, conversando com “Mano Basílios” (mais um dos notáveis do Café) me lembrei desse meu amigo da polícia. E como conversa vai, conversa vem, como lembrança vai, lembrança vem, as reflexões sobre a organização e logística das ações policiais me levaram a reflexões futebolísticas sobre os recorrentes surgimentos dos times “tapa buracos de revezamento” (os “expressinhos”, os “times B” e os “catados”).

A primeira vez que assisti a um treinamento de uma equipe de futebol profissional no Brasil fiquei surpreso. Onze jogadores faziam um trabalho tático em campo com o treinador, enquanto os demais atletas da equipe, realizavam treino de “sprints” atrás do gol.

Como sempre digo aos meus alunos, não podemos avaliar o trabalho de um treinador fazendo simples observações de um dos seus treinos (sem compreender o processo e seus objetivos). Então voltei dias seguidos para observar novos treinos da equipe.

Quando o treino não era “físico”, lá estava o grupo separado. Algumas vezes junto dos onze (ou dez quando o goleiro não participava), alguns “sparrings” (entendamos sparrings por “jogadores que colaboram para a evolução do treinamento dos outros”).

Indo além nas minhas observações, conversando, perguntando, pesquisando e colhendo informações descobri que tal “modelo” de trabalho não era característica comum apenas daquela equipe. Era quase praxe no meio.

Interessante no Brasil, os desdobramentos gerados por tal prática.

Muitas das principais equipes brasileiras acabam por participar de mais de uma competição ao mesmo tempo. Para poucas todas as competições são muito importantes. A maioria das equipes acaba por privilegiar essa ou aquela. Em função disso é cada vez mais comum poupar jogadores em um jogo (de uma competição “menos importante”) para poder aproveitá-los melhor em outro (de uma competição “mais importante”).

Isso traz à tona rótulos que acabam por “taxar” as equipes que têm dois ou mais de seus “principais jogadores” poupados; e daí surgem os “expressinhos”, os “times B”, os “catados”, etc e tal. Pura e exclusivamente para salientar que a equipe em campo não é aquela mais forte, mais apta, a principal.

O rótulo é sempre reforçado quando a “equipe B” apresenta rendimento abaixo do esperado (e tem resultado negativo);e isso aumenta a cobrança para que as equipes joguem sempre com os seus principais atletas (o que leva a desgastes maiores, maior número de lesões e a óbvia performance a desejar).

Mas é claro! Como esperar bons resultados se o próprio processo de treinamento empregado corre em detrimento da idéia de se ter mais do que onze jogadores, aptos, entrosados, prontos e preparados para entenderem o mesmo jogo e jogarem pelo mesmo modelo de jogo?

Se não se prioriza o grupo como um todo, não se conseguirá, ao se substituir um certo número de jogadores, manter um nível de excelência.

Muitas vezes culpa-se aos jogadores que acabam entrando (para poupar outros) pelo baixo rendimento da equipe. Porém, se enquanto os poupados estão dentro de campo recebendo instruções táticas nos treinamentos os substitutos estão atrás do gol realizando treinos de sprint, fica inconcebível imaginar que terão eles a mesma competência dentro do jogo.

Então, acabam sendo os próprios treinadores, vítimas dos seus próprios desconhecimentos; e os seus “expressinhos” os filhos de seus próprios descuidos.

Muitos dirão que não é possível manter o nível de jogo substituindo jogadores que são titulares por jogadores de menor potencial. O fato é que a abordagem de treinos como é feita só serve para amplificar as possíveis diferenças já existentes no nível de jogo de atletas que são ou não titulares.

Aliás, os conceitos de titular e reserva deveriam ser revistos. O pensamento deveria ser “quais são os melhores onze para iniciar o próximo confronto” e não “quais são os onze melhores jogadores do meu grupo para todo o campeonato“.

Mais uma vez poderia eu, dar diversos exemplos de equipes fora do Brasil, que por compreenderem melhor o processo competitivo, jogam qualquer jogo de qualquer campeonato com força máxima mesmo com um sem número de jogadores diferentes de uma partida para outra (vide como exemplo mais recente a equipe do Manchester United enfrentando a Roma pela Liga dos Campeões 2007/2008 nas quartas-de-final, levando a campo no segundo jogo uma equipe com cinco jogadores diferentes daqueles que participaram do primeiro confronto – venceram os dois confrontos).

Todos sabem qual é a diferença entre as grandes equipes, como o Chelsea (na época de Mourinho), e as equipes de sucesso ocasional, como o Liverpool de Rafael Benitez: é que umas lutam pela vitória em qualquer terreno, sabendo que a derrota é um risco, e outras esgotam as suas energias numa competição, sabendo que, no resto, a derrota é o preço a pagar pela impotência de lutar por esse grande desígnio de dar sempre uma boa luta em qualquer competição que apareça pela frente” (trecho do livro do jornalista José Marinho (2007): José Mourinho, vencedor nato. pág. 75).

Como diz meu amigo policial, ninguém do seu grupo pode estar “mais ou menos” apto ao trabalho. Ou se está pronto, ou não. E se não está não pode estar no grupo, nem em ação, nem descansando em alerta. Afinal de contas, em qualquer missão, cada um dos escalados tem nas mãos a vida do seu companheiro, um pelo outro, o tempo todo. Não há titulares ou reservas. Há quem está de serviço e quem não está. E ponto final!

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Por relações de trabalho mais humanas

Caros amigos da Universidade do Fubebol,

Gostaria de tratar nesta coluna das relações de trabalho no futebol que, como sabemos, são muito peculiares e diferentes das relações em outros segmentos. Por exemplo, atletas profissionais de futebol trabalham com frequência durante finais de semana e também são obrigados a ficar concentrados, dias por vezes. Além disso, as relações com seus empregadores são também muito peculiares, pois ficam infelizmente sujeitos a frequentes atrasos salariais, transferências de local de trabalho, licenças para jogos de seleções nacionais, etc.

Não quero aqui tratar de questões técnicas envolvendo especificidades do direito do trabalho. Mais importante do que isso, gostaria de discutir soluções mais genéricas que, independentemente de disposições legais aplicáveis, poderiam tornar as relações empregatícias mais harmoniosas.

É sempre mais fácil queixarmos das leis mal feitas, ou de decisões aparentemente equivocadas do nosso judiciário (ou de tribunais desportivos). Porém as medidas mais eficazes são aquelas tomadas pela pró-atividade das partes envolvidas, através principalmente do diálogo e da transparência nas relações.

Assim, entendo que clubes e jogadores, através de entidades representativas das classes nas qualidades de empregadores e empregados, respectivamente, devem se reunir em uma mesma mesa, e discutir questões críticas e procurar soluções que visem mitigar os problemas atualmente existentes.

Tomo como exemplo o que atualmente existe na Europa. A Comissão da União Européia, presidida pelo português Durão Barroso, instituiu um programa denominado Social Dialogue (diálogo social). Através desse programa, procura-se trazer à baila empregados e empregadores de diversos setores da economia, em busca de relações de trabalho mais humanas. As relações de trabalho são o fiel da balança em um determinado setor. Se não houver equilíbrio, dificilmente haverá prosperidade. Essa é a base para a criação do programa por parte da EU Commission.

No âmbito do futebol, clubes ligas e jogadores, a nível nacional, bem como entidades representativas como a FIFPro (representando atletas profissionais europeus) e EPFL (representando as ligas profissionais) a nível continental, encontram-se discutindo, no âmbito do Social Dialogue, formas de melhorar o relacionamento entre as partes. Dentro do escopo das discussões encontram-se temas como padronização de contratos de trabalho, proteção a menores, home-grown players (como discutido em nossa última coluda), estabilidade contratual, entre outros temas de grande relevância.

Nessa medida, o mesmo deveria ocorrer no Brasil. Temos que encontrar meios de conversas entre as partes, com a mediação ou mesmo observação de autoridades competentes, para que haja uma melhora espontânea nas relações de trabalho, levando inevitavelmente a uma melhora na qualidade dos serviços prestados (o jogo do futebol).

Isso levará a uma última análise a um melhor espetáculo, levando a um maior interesse do público, e, por fim, maior desenvolvimento de nosso produto do futebol.

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Quem é melhor, mesmo?

Eis que o Manchester United ganhou a Champions League.
 
E, por causa do Anelka, devem levar pra casa uma bagatela de R$ 320 milhões, conforme indica um estudo da Mastercard sobre o quanto vale ganhar uma Champions League.
 
É, de longe, o campeonato que melhor paga pro vencedor.
 
Singela ironia que o título tenha vindo justamente do jogador mais caro do mundo, vai saber lá o porquê disso, Nicholas Anelka.
 
E o jogador mais caro do mundo também deve ajudar a eleger o melhor jogador do mundo, que eu aposto que vai ser o Ronaldo, Cristiano, a não ser que algo de assombroso aconteça na Eurocopa, que deve ser ganha pela República Tcheca, diz o relatório do banco suíçoUBS, que costuma acertar bastante suas previsões. Se bem que de acordo com o UBS, Portugal não deve passar nem da primeira fase, o que pode eventualmente danificar as chances de Ronaldo, Cristiano ganhar o prêmio da Fifa.
 
Voltando à Champions League e ao Manchester, vale salientar que o clube deve usar boa parte do dinheiro gerado para pagar as dívidas contraídas pelo Glazer, conforme mencionado na semana passada. O que eu não havia mencionado, porém, é que o Chelsea também está em dívidas, muitas dívidas, que giram em torno de R$ 3 bilhões. A maior parte, curiosamente, é devida para o próprio dono, Abramovich, que depositou pouco mais de R$ 2 bilhões para tirar o clube do ostracismo. Entretanto, esses R$ 2 bilhões foram emprestados sem juros, ou seja, se Abramovich for embora, ele pede só, só, o dinheiro que ele emprestou, sem correções nem nada mais.
 
Curiosamente, é a situação inversa do Manchester, cujo dono contraiu dívidas para comprar o clube e repassou as dívidas ao próprio clube, com juros de uns R$ 240 milhões por ano, e que só tende a aumentar.
 
Nenhum dos dois modelos é propriamente a coisa mais indicada a ser seguida. Mas se tiver que escolher, o do Chelsea é melhor.
 
Só que quem é melhor, na verdade, é o Manchester.
 
Vai entender.

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A lógica da bola

Manchester United e Chelsea fazem na próxima quarta-feira uma das mais midiáticas finais de Liga dos Campeões da Europa dos últimos tempos. O jogo é visto como a consagração inglesa. Mas, sinal dos tempos, essa consagração acontece não por causa do estilo de jogo dos britânicos.

A primeira final inglesa da liga é a coroação do estilo inglês de gerenciar equipes de futebol. Desde a metade os anos 90, os ingleses estão na vanguarda da administração de clubes. Inicialmente era apenas o Manchester United quem se apresentava na liderança do gerenciamento de um clube como empresa. Agora, num outro modelo, o Chelsea também comprova a superioridade britânica.

Mas a decisão inédita na Europa mostra algo que, em gramados latino-americanos, podemos comprovar cada vez mais. A lógica da bola tem seguido a lógica da grana dos clubes. Dos oito finalistas da Libertadores, existe apenas um intruso, que é a LDU, do Equador. Os outro sete times são, logicamente, equipes de Brasil, Argentina e México, os três países com mais dinheiro em seus clubes.

A modernização do futebol tem feito com que cada vez menos um clube tenha sucesso fazendo tudo da maneira errada. Gastar mais do arrecadar, não investir em infra-estrutura, não ter um departamento técnico preparado e atualizado. Tudo isso já faz parte hoje das premissas para se formar uma equipe vencedora.

É impossível um clube imaginar-se na disputa de títulos se não fornecer estrutura de treinamento aos atletas. Se não der a eles condições boas para se recuperar de lesões, se não tiver profissionais capacitados em cada uma das áreas, desde a administração até a psicologia.

O futebol hoje é uma complexa empresa, que para piorar depende em demasia de um fator externo que foge a toda essa gestão organizada: o resultado.

Sem ele, é muito difícil manter a casa em ordem. Uma empresa pode perder um pouco de dinheiro num ano e se recuperar no outro. No futebol, a pressão da mídia e da torcida fazem com que a derrota muitas vezes signifique a necessidade de mudança de rumo na estruturação de uma equipe.

Ou seja, a bola tem cada vez mais lógica. Mas, ainda assim, permanece sem lógica. Por isso que é tão contagiante…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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Poupar jogadores prejudica o Modelo de Jogo?

Tenho um grande amigo que é da polícia. Mais especificamente de um grupo de elite da polícia que se envolve com ações táticas especiais. Sua equipe tem vinte homens que se revezam em operações das mais variadas. Em geral agem em quinze policiais. Através de um rodízio de trabalho cinco “descansam” em estado de alerta. Nos treinamentos os vinte treinam em formações que geralmente compõem um grupo de quinze ou em números reduzidos, múltiplos de três. Todos estão sempre bem preparados, prontos para qualquer chamado, alertas para qualquer ação.
Dia desses, conversando com “Mano Basílios” (mais um dos notáveis do Café) me lembrei desse meu amigo da polícia. E como conversa vai, conversa vem, como lembrança vai, lembrança vem, as reflexões sobre a organização e logística das ações policiais me levaram a reflexões futebolísticas sobre os recorrentes surgimentos dos times “tapa buracos de revezamento” (os “expressinhos”, os “times B” e os “catados”).
A primeira vez que assisti a um treinamento de uma equipe de futebol profissional no Brasil fiquei surpreso. Onze jogadores faziam um trabalho tático em campo com o treinador, enquanto os demais atletas da equipe, realizavam treino de “sprints” atrás do gol.
Como sempre digo aos meus alunos, não podemos avaliar o trabalho de um treinador fazendo simples observações de um dos seus treinos (sem compreender o processo e seus objetivos). Então voltei dias seguidos para observar novos treinos da equipe.
Quando o treino não era “físico”, lá estava o grupo separado. Algumas vezes junto dos onze (ou dez quando o goleiro não participava), alguns “sparrings” (entendamos sparrings por “jogadores que colaboram para a evolução do treinamento dos outros”).
Indo além nas minhas observações, conversando, perguntando, pesquisando e colhendo informações descobri que tal “modelo” de trabalho não era característica comum apenas daquela equipe. Era quase praxe no meio.
Interessante no Brasil, os desdobramentos gerados por tal prática.
Muitas das principais equipes brasileiras acabam por participar de mais de uma competição ao mesmo tempo. Para poucas todas as competições são muito importantes. A maioria das equipes acaba por privilegiar essa ou aquela. Em função disso é cada vez mais comum poupar jogadores em um jogo (de uma competição “menos importante”) para poder aproveitá-los melhor em outro (de uma competição “mais importante”).
Isso traz à tona rótulos que acabam por “taxar” as equipes que têm dois ou mais de seus “principais jogadores” poupados; e daí surgem os “expressinhos”, os “times B”, os “catados”, etc e tal. Pura e exclusivamente para salientar que a equipe em campo não é aquela mais forte, mais apta, a principal.
O rótulo é sempre reforçado quando a “equipe B” apresenta rendimento abaixo do esperado (e tem resultado negativo);e isso aumenta a cobrança para que as equipes joguem sempre com os seus principais atletas (o que leva a desgastes maiores, maior número de lesões e a óbvia performance a desejar).
Mas é claro! Como esperar bons resultados se o próprio processo de treinamento empregado corre em detrimento da idéia de se ter mais do que onze jogadores, aptos, entrosados, prontos e preparados para entenderem o mesmo jogo e jogarem pelo mesmo modelo de jogo?
Se não se prioriza o grupo como um todo, não se conseguirá, ao se substituir um certo número de jogadores, manter um nível de excelência.
Muitas vezes culpa-se aos jogadores que acabam entrando (para poupar outros) pelo baixo rendimento da equipe. Porém, se enquanto os poupados estão dentro de campo recebendo instruções táticas nos treinamentos os substitutos estão atrás do gol realizando treinos de sprint, fica inconcebível imaginar que terão eles a mesma competência dentro do jogo.
Então, acabam sendo os próprios treinadores, vítimas dos seus próprios desconhecimentos; e os seus “expressinhos” os filhos de seus próprios descuidos.
Muitos dirão que não é possível manter o nível de jogo substituindo jogadores que são titulares por jogadores de menor potencial. O fato é que a abordagem de treinos como é feita só serve para amplificar as possíveis diferenças já existentes no nível de jogo de atletas que são ou não titulares.
Aliás, os conceitos de titular e reserva deveriam ser revistos. O pensamento deveria ser “quais são os melhores onze para iniciar o próximo confronto” e não “quais são os onze melhores jogadores do meu grupo para todo o campeonato“.
Mais uma vez poderia eu, dar diversos exemplos de equipes fora do Brasil, que por compreenderem melhor o processo competitivo, jogam qualquer jogo de qualquer campeonato com força máxima mesmo com um sem número de jogadores diferentes de uma partida para outra (vide como exemplo mais recente a equipe do Manchester United enfrentando a Roma pela Liga dos Campeões 2007/2008 nas quartas-de-final, levando a campo no segundo jogo uma equipe com cinco jogadores diferentes daqueles que participaram do primeiro confronto – venceram os dois confrontos).
Todos sabem qual é a diferença entre as grandes equipes, como o Chelsea (na época de Mourinho), e as equipes de sucesso ocasional, como o Liverpool de Rafael Benitez: é que umas lutam pela vitória em qualquer terreno, sabendo que a derrota é um risco, e outras esgotam as suas energias numa competição, sabendo que, no resto, a derrota é o preço a pagar pela impotência de lutar por esse grande desígnio de dar sempre uma boa luta em qualquer competição que apareça pela frente” (trecho do livro do jornalista José Marinho (2007): José Mourinho, vencedor nato. pág. 75).
Como diz meu amigo policial, ninguém do seu grupo pode estar “mais ou menos” apto ao trabalho. Ou se está pronto, ou não. E se não está não pode estar no grupo, nem em ação, nem descansando em alerta. Afinal de contas, em qualquer missão, cada um dos escalados tem nas mãos a vida do seu companheiro, um pelo outro, o tempo todo. Não há titulares ou reservas. Há quem está de serviço e quem não está. E ponto final!

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br