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Por que todos erraram no caso Felipe Melo

Felipe Melo foi uma das principais contratações do Palmeiras para a temporada 2017. Titular da seleção brasileira na Copa de 2010, o volante chegou à equipe alviverde após passagens de relevo por algumas das principais equipes do futebol europeu (Inter de Milão, Juventus e Galatasaray, por exemplo), com proposta de agregar ao elenco um combo de experiência, espírito guerreiro e qualidade na saída de bola. Em muitos aspectos, era uma mudança de perfil em relação ao que existia no clube durante a campanha vitoriosa no Campeonato Brasileiro do ano anterior. Na noite da última sexta-feira (29), essa aposta acabou de forma desastrosa. Em meio a uma sucessão de erros no processo de comunicação, o jogador foi afastado pelo técnico Cuca e liberado para procurar outra equipe.

No sábado (30), depois de o Palmeiras ter batido o Avaí no Allianz Parque, Cuca fez um pronunciamento sobre Felipe Melo. Disse que o volante não se adequa às ideias de jogo do comandante e que sua personalidade poderia se transformar num problema se ele ficasse fora dos planos da equipe. O meio-campista tem apenas cinco partidas no Campeonato Brasileiro e ainda pode reforçar outro time da primeira divisão.

Toda a condução do caso Felipe Melo diz muito sobre uma característica desse Palmeiras: impulsionado pelo dinheiro oriundo da Crefisa e do ex-presidente Paulo Nobre e alicerçado na sanha do diretor-executivo Alexandre Mattos, o time alviverde tornou-se um dos brasileiros mais ávidos no mercado da bola. Desde o começo de 2015, contrata e dispensa num volume assustador. Reforços viraram a resposta para tudo, e isso criou um senso de urgência assustador.

Com dinheiro e reforços, criou-se no Palmeiras a sensação de que o time precisa aproveitar o momento e colecionar títulos. É essa a ideia propalada por torcedores, imprensa, conselheiros e até dirigentes da equipe há três temporadas. O time vive sob pressão de conquistas e entende o mercado como solução para tudo. Se claudica ou percebe instabilidade em qualquer competição, corre às compras.

Foi essa a lógica que fez com que o Palmeiras contratasse e depois abandonasse jogadores como Erik, Rafael Marques, Arouca, Lucas Barrios e Borja. Também é esse raciocínio que minou o espaço de jogadores como Fernando Prass e Victor Hugo, que em poucos meses trilharam o caminho entre destaques do time titular e opções no banco de reservas.

Tudo no Palmeiras é urgente. Também foi por isso que o time desistiu em poucos meses de Eduardo Baptista, treinador que havia sido contratado para o início desta temporada. Quando ele foi demitido, a diretoria recontratou Cuca, campeão brasileiro no ano anterior, que havia saído por questões pessoais. Se era necessário ter uma resposta em pouco tempo, nada melhor do que alguém que já conhecia o ambiente e contava com apoio dos torcedores.

No entanto, o período em que Cuca ficou distante mudou o Palmeiras em aspectos basilares. É o caso da contratação de Felipe Melo: o volante tem um perfil radicalmente diferente das ideias que o treinador tem para a posição. Além disso, carrega aspectos comportamentais complicados para um gestor de grupo: é extremamente competitivo, explosivo e pouco racional.

O diagnóstico se assemelha muito ao do Flamengo, outro time brasileiro que investiu muito nos últimos anos. É essa lógica imediatista que fez com que o time carioca tivesse três goleiros diferentes no Campeonato Brasileiro de 2017 – o último é Diego Alves, contratado do Valencia, que estreou no último domingo (31).

Quando o Campeonato Brasileiro começou, o Flamengo tinha Alex Muralha, goleiro que havia sido convocado por Tite para a seleção brasileira. Em pouco mais de três meses, virou a terceira opção do elenco comandado por Zé Ricardo.

Em times que mudam tanto e com tanta velocidade, como um jogador pode ter confiança e trabalhar sem o medo de perder espaço a qualquer erro ou instabilidade? Jogadores são profissionais como qualquer outro, e por isso estão sujeitos a questões como problemas pessoais ou apenas irregularidade. Os times brasileiros estão preparados para lidar com isso?

Existe um contraexemplo no Campeonato Brasileiro. A diretoria do Corinthians até tentou desistir de jogadores contratados recentemente, como Giovanni Augusto e Marquinhos Gabriel, mas o técnico Fabio Carille bancou ambos e disse que preferia tentar recuperá-los. Nenhum se consolidou como titular ou virou destaque da competição nacional, mas os dois contribuíram em ocasiões específicas e ajudaram a explicar a regularidade do campeão do primeiro turno.

O episódio Felipe Melo tem uma série de erros de comunicação. Cuca foi mal ao tentar dizer que a explicação era apenas tática e foi pior ainda ao não conseguir um acordo com um jogador de bom nível. Do jeito que ficou, o discurso do treinador pareceu intransigente e colocou pressão sobre o restante do elenco. A partir de agora, quem não cumprir exatamente as determinações de posicionamento do comandante correrá enorme risco de não seguir no clube.

Contando apenas o período no Palmeiras, Cuca já teve problemas com pelo menos cinco jogadores por falta de adaptação às propostas táticas que ele tentou impor. Da lista, nomes como Barrios e Felipe Melo acabaram preteridos. Outros, como Borja e Michel Bastos, seguiram no elenco a despeito de não fazerem parte dos planos do comandante.

Cuca ainda jogou pressão sobre o próprio trabalho. Se o Palmeiras não passar pelo Barcelona no dia 9 de agosto, na partida de volta das oitavas de final da Copa do Brasil, como o técnico vai justificar a briga que comprou com a própria diretoria? Se Felipe Melo era o problema e o problema foi resolvido, o que ele vai alegar agora?

A sensação é que Cuca se colocou numa posição de extremo risco. Se o Palmeiras for eliminado da Libertadores, sobretudo em um ambiente tão imediatista, o clima para o treinador vai ficar complicado. Além disso, outras certezas serão geradas daqui até o fim da temporada. Dependendo dos resultados, outros nomes podem virar fracassos ou culpados da vez.

Todo o atual momento do Palmeiras foi montado sobre erros de comunicação. Todas as convicções da equipe são imediatistas e não se sustentam diante de adversidades. Se o time não sabe bem o que quer ou muda de desejo a cada sopro do vento, como montar um projeto vitorioso ou instituir no elenco uma cultura vitoriosa? No futebol, como em qualquer outra seara, tudo é sobre tempo.

Não é errado um técnico achar que um jogador não serve mais. Não é errado um time mudar ou tentar antecipar problemas. Errado é comunicar isso como se tudo fosse tão descartável e tantas mudanças consecutivas não atrapalhassem todo o processo de comunicação. Não se faz futebol com pressa.

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Positivando o desempenho

Vejo diversas situações dentro do futebol, nas quais os atletas passam por momentos de dúvidas, seja por uma lesão ou até por uma eventual mudança de clube. Então, cabe a questão: como ele poderá se preparar mentalmente para reagir positivamente a estes desafios?

Bem, acredito que uma mente positiva pode elevar a confiança e potencializar o desempenho destes atletas após esses períodos de desafios pessoais. Mas, partindo desse ponto de reflexão, surgem as dúvidas sobre como eles poderiam, na prática, tornarem-se mais positivos e com isso colherem melhores resultados nestas situações. Tenho a certeza que um grande aliado do atleta nesses momentos são as afirmações positivas!

Em seu livro O Poder das Afirmações Positivas, Louise Hay, esclarece o conceito e o poder das afirmações positivas na vida de todos nós e os benefícios podem ser obtidos por qualquer atleta profissional, se colocá-las em prática. Podemos compreender uma afirmação como sendo qualquer coisa que dissemos ou que pensamos. A autora comenta que geralmente não nos damos conta deste fato, porém muitas vezes nossos pensamentos são bastante negativos, seja a nosso próprio respeito, seja a respeito dos outros, das experiências que vivemos e do nosso futuro. E, sabemos muito bem que esses pensamentos povoam a cabeça de um atleta profissional em momentos de dúvida que se apresentam em sua carreia.

É importante reconhecermos que uma afirmação abre a porta; ela é o ponto de partida de um caminho para a mudança. É como se disséssemos ao subconsciente: “Estou assumindo a responsabilidade. Estou consciente de que posso fazer algo para mudar”; devemos então estar atentos, pois cada pensamento que temos ou cada palavra que pronunciamos é uma afirmação e todo diálogo interno é um fluxo de afirmações.

Esses pensamentos constroem nossas crenças e elas são capazes de nos fazer felizes, como também podem nos limitar em nossa possibilidade de melhorar ou nos desenvolvermos.

Mas falando diretamente na cabeça do atleta, na prática podemos contribuir para que eles possam iniciar uma construção de pensamentos positivos, com o objetivo de potencializar seu desempenho no retorno de uma lesão ou no início de uma jornada em um novo clube.

Podemos auxiliar o atleta nesta elaboração de afirmações que possam explorar os pontos fortes e fundamentais destes atletas e que os trouxeram até a situação de desempenho elevado na carreira. Para ilustrar, podem ser elaboradas afirmações como:

  • Exemplos para situações de mudança de time ou de comando técnico
    • Tomar decisões é fácil para mim. Acolho novas ideias e cumpro o que digo.
    • Sei que quando dou o melhor de mim no trabalho a recompensa vem de muitas formas.
    • As oportunidades estão por toda parte. Tenho várias possibilidades de escolha.
    • Exemplos para situações de recuperação de lesão ou perda de posição numa equipe, que exigem recuperação da performance esportiva
    • Ao acordar, planejo um bom dia. Minha expectativa atrai experiências positivas para mim.
    • As dificuldades são oportunidades de crescimento. Uso-as como passos em direção ao sucesso.

Então, caro amigo leitor, para todo atleta ter uma inteligência emocional desenvolvida, a prática das ações e o fortalecimento das crenças serão fundamentais para que ele tenha o autocontrole, que o auxiliará no pleno desenvolvimento técnico, físico e emocional.

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Conteúdo Udof>UdoF na Mídia

Universidade do Futebol e UNICEF lançam iniciativa para a proteção de jovens atletas em formação. E o Esquadrão de Aço foi o primeiro clube escolhido.

A Universidade do Futebol e o UNICEF se uniram para lançar um programa inovador de responsabilidade social no futebol, focado na proteção e promoção dos direitos de crianças e adolescentes na formação esportiva: a iniciativa JOGUE LIMPO, JOGUE BEM.

Diversos clubes de diferentes regiões do Brasil manifestaram interesse no programa. Dentre eles, o Esporte Clube Bahia foi o primeiro clube a se comprometer com a iniciativa e oficializar sua participação, funcionando como modelo e exemplo. A assinatura do termo de adesão e o início da implementação das ações ocorreu nesta sexta-feira, dia 28 de julho.

Ao longo da difícil jornada rumo à profissionalização, crianças e adolescentes estão sujeitos a uma série de situações como o afastamento da escola, a ruptura do convívio familiar e comunitário, o comprometimento da sua integridade física, o abuso sexual, a exploração econômica e a profissionalização precoce.

Diante deste panorama, a iniciativa JOGUE LIMPO, JOGUE BEM tem o objetivo de apoiar os clubes de futebol brasileiro para que avancem em sua responsabilidade social para além de campanhas sociais pontuais e invistam na necessária identificação e gestão dos riscos, impactos e oportunidades relacionados à formação de crianças e adolescentes atletas. Assim, a iniciativa visa contribuir para que o desenvolvimento de jovens jogadores de futebol ocorra em um ambiente saudável, seguro e acolhedor.

1- Garantia do bem-estar das crianças e adolescentes atletas (CAA)

2- Garantia de condições adequadas para a prática do esporte seguro e inclusivo

3- Preparação da equipe do clube para proteção dos direitos das CAA

4- Adoção de códigos de conduta visando a proteção dos direitos das CAA

5- Monitoramento e avaliação regular da condição física das CAA

O programa está baseado em 10 compromissos voltados para a proteção e a promoção dos direitos de crianças e adolescentes no contexto da formação esportiva. Por meio da adesão ao programa, os clubes de futebol recebem orientação técnica da Universidade do Futebol e do UNICEF e se comprometem a adotar e implementar ações específicas em áreas como proteção, saúde e educação, entre outras.

A iniciativa contará com uma Plataforma Virtual, que estará disponível ao público a partir de agosto de 2017. Esta plataforma conterá, além de todas as informações sobre o funcionamento do programa, uma Ferramenta de Autodiagnóstico para clubes de futebol identificarem o status de suas práticas e políticas em relação aos atletas do futebol de base, e obterem recomendações sobre como avançar em sua responsabilidade social.

A Plataforma disponibilizará ainda um Painel de Monitoramento, que auxiliará os clubes a monitorar os seus avanços, por meio de um conjunto de indicadores pré-estabelecidos. Os clubes também poderão recorrer ao Centro de Recursos da Plataforma, que conterá uma série de materiais de referência e boas práticas para auxiliar as agremiações na elaboração e adoção de novas práticas e políticas.

O programa JOGUE LIMPO, JOGUE BEM traz benefícios não somente para os jovens atletas, mas também para os clubes e para o futebol brasileiro como um todo.

A conscientização dos clubes sobre sua responsabilidade na garantia de direitos de crianças e adolescentes associada a uma gestão mais eficaz dos riscos e das oportunidades relacionadas à formação esportiva, geram maior profissionalização da gestão dos clubes, melhor rendimento técnico, maior redução de riscos e de custos, maior sustentabilidade financeira, maior probabilidade de captar recursos no mercado e maior reconhecimento e prestígio do clube perante a sociedade.

Jogar limpo significa jogar bem e, nesta perspectiva, a iniciativa JOGUE LIMPO, JOGUE BEM representa um jogo no qual todos saem ganhando.

Mais um gol de placa do Esquadrão!

6- Garantia do acesso à educação formal

7- Garantia do direito ao convívio familiar e comunitário

8- Garantia do direito ao descanso e tempo livre

9- Respeito à faixa etária mínima para a formação de alto rendimento

10- Contribuição para a promoção e garantia dos direitos das CAA.

Fonte: Esporte Clube Bahia

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Jogar futebol por Riquelme e Fàbregas

Juan Román Riquelme e Cesc Fàbregas em entrevistas ao treinador argentino Angel Cappa para o livro “Hagan Juego” de 2009, explanaram de forma madura suas visões de futebol. Jogadores de grande nível, inteligentes, de refinamento técnico, mostraram discernimento apurado para a tendência e filosofia de futebol que mais se identificavam.

Juan Román Riquelme

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Juan Román Riquelme |Crédito: Alejandro Pagni/AFP

“Eu não posso falar do futebol de 40 anos atrás, mas é verdade que hoje os jogadores correm mais. Hoje em dia escutamos muito que a culpa é dos preparadores físicos, que se corre mais por que os jogadores estão mais bem preparados. Quando eu tinha 16/17 anos, e não tinha ainda debutado na primeira divisão, já jogava três horas com a bola e não me cansava. Ia para casa, comia, jogava mais três horas e não me cansava. E eu fazia isso todos os dias. Às vezes dizem que só podemos jogar um jogo de futebol por semana, e eu penso que é por que corremos mal e não por que um jogador é melhor ou pior preparado para jogar futebol. Claro, é necessário o preparador físico para que estejamos melhores, mas a verdade é que se joga mal.

A primeira vez que estive na Europa, a pré-temporada parecia rara, pois foi leve. Usamos o campo inteiro e com bola. Havia circuitos, freávamos, saltávamos, acelerávamos e finalizávamos para o gol. E, como jogadores, confundimos as coisas, por que acreditamos que correndo até acima da montanha e descendo, vamos driblar melhor. Não é assim. Eu penso que estamos dando pouca importância para a bola, e estamos tratando cada vez pior a bola. Já não nos divertimos tanto. Vamos ao gramado e lá vejo caras de preocupação mais que de alegria. Para mim, de segunda a sábado trabalho com um sentido, em um bom sentido, mas no domingo já não, é o dia mais lindo que eu desfruto.

Agora não se fala mais de jogar, quase ninguém fala em jogar uma partida de futebol, mas sim quem vai ganhar: a equipe que está mais concentrada, que cometa menos erros, essas coisas, que são esses pequenos detalhes que vão ganhar uma partida. Para mim, vai ganhar a equipe que joga melhor.

Há equipes que quando estão perdendo de 1×0 custa sair do planejado por que não estão preparadas para atacar. E atacam mal. O tema passa por não confiar na criação e preferir a especulação. E, eu não sei se o problema de jogar mal ofensivamente é apenas relativo ao entendimento de espaço. Para mim há um problema mais grave que é que não sabemos passar a bola. É difícil encontrar três passes seguidos. Eu vejo as vezes que o defensor não gosta de ter a bola. Temos medo de arriscar”.

Cesc Fàbregas

Cesc Fàbregas | Crédito: Hamish Blair/Getty Images
Cesc Fàbregas | Crédito: Hamish Blair/Getty Images

“No Barcelona, desde pequeno, trabalhamos a técnica. Os treinamentos eram todos com bola: controle, movimentos. Era muito divertido. Desfrutava muito. De trabalho físico, nada de nada. E essa é a cultura no Barcelona. E, quando vou para a seleção, aprendo muito com Xavi e Iniesta. São médios que tocam, que se movem, que buscam os espaços, e noto que gostam de futebol, por que nas concentrações assistem e conversam muito sobre futebol.
Aqui no Arsenal, é parecido, e desfruto desse futebol por poder tocar tanto na bola. Todos os jogadores são importantes, todos tocam na bola, trocamos ela de lado, realizamos paredes, combinações. Sinto-me identificado, por que é um jogo que todos da equipe gostam. E, muitas coisas saem naturalmente na nossa equipe por que temos pouco tempo para treinar. Jogamos a cada três dias, e um dia de descanso, outro de recuperação e na prévia se prepara a partida.
Aqui tenho liberdade, posso baixar e receber, ir para cima, posso arriscar dez passes e ninguém tira a minha liberdade. Gosto de arriscar. Minha forma de entender o futebol é arriscar. Se eu dou para o lateral e ele me devolve, arrisco e cruzo o campo com um passe. Também tenho a obrigação de defender, e isso está me obrigando a subir e descer, ir de área em área. Para o meu futuro é muito bom.
Como jogadores o melhor que podemos fazer é desfrutar em campo. Há treinadores que falam que o único que vale é ganhar, e eu respeito. Mas eu não me sinto muito identificado com isso. Ganhar é importante, mas não o único. Sentir-se bem também é importante. Deve-se ter amor pelo jogo. Eu vim para o Arsenal por que tem um treinador que acredita em mim para demonstrar meu valor. O dinheiro vem depois, se você merecer. Eu, ao menos, quando jogo mal, fico muito preocupado”.
Abraços a todos e até a próxima quarta!

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Os donos da bola

Como em outras searas, a inclusão de novos termos no vocabulário do futebol é consequência direta da popularização. O número de pessoas aptas a conversar sobre as diferenças entre 4-4-2 e 4-2-3-1 é diretamente proporcional ao contingente de interessados pelos princípios táticos do jogo, por exemplo. O mesmo vale para outras camadas: é possível entender o que acontece em campo sem teorizar, mas o domínio de fundamentos técnicos, físicos e emocionais, em contrapartida, demonstra apreço por uma narrativa que vá além do conteúdo raso. Todo esse contexto é fundamental para debater uma das questões mais recorrentes no futebol brasileiro em 2017: a posse de bola.

O assunto aparece em qualquer discussão sobre o Corinthians, líder do Campeonato Brasileiro. O time comandado por Fabio Carille somou 40 pontos em 16 rodadas (12 vitórias e quatro empates) e abriu confortável vantagem no topo da tabela. O início já igualou a maior arrancada invicta no certame nacional disputado por pontos corridos – o Flamengo havia ficado 16 partidas sem perder em 2011 –, e o aproveitamento dos paulistas supera o de gigantes europeus – na temporada passada, por exemplo, Bayern de Munique, Juventus e Real Madrid não haviam atingido essa pontuação após 16 compromissos. Uma das bases do bom desempenho do time alvinegro, que perdeu apenas duas vezes no ano – a última em 19 de março – é justamente a capacidade de se defender bem nos dias em que o rival controla mais a bola.

Foi assim no último domingo (23), por exemplo. Jogando no Maracanã, o Fluminense foi mais propositivo e teve domínio da bola na maioria da partida. Ainda assim, o repertório da equipe carioca ficou limitado a chutes de fora e cruzamentos – com exceção dos minutos finais, quando os mandantes conseguiram concentrar a partida em seu campo de ataque e tiveram oportunidades de frente para o goleiro Cássio.

No entanto, não é que o Corinthians tenha aberto mão de ficar com a bola. Quando teve chance, o time alvinegro trocou passes e mostrou muita competência na movimentação e nas triangulações. “Se deixássemos, eles tocariam a bola por 90 minutos”, admitiu Abel Braga, técnico do Fluminense, em entrevista coletiva.

O cenário remete ao que havia acontecido em outros jogos “grandes” do Corinthians no ano. O clássico contra o Palmeiras no mesmo Campeonato Brasileiro, por exemplo: o time alviverde, que jogava em casa, teve mais controle da bola, mas cruzou quase 50 vezes e não construiu nenhuma chance concreta de furar a melhor defesa do certame – a equipe alvinegra foi vazada apenas sete vezes. Em contrapartida, os comandados de Fabio Carille, que finalizaram apenas três vezes, construíram uma vitória por 2 a 0.

O desempenho nesses jogos transformou o Corinthians em exemplo de futebol reativo. Há outros casos, inclusive no sentido oposto. O São Paulo de Rogério Ceni teve rendimento claudicante nos primeiros meses do ano, a despeito de ter registrado altos índices de posse de bola e finalizações. Construiu, atacou, mas sofreu. O Atlético-MG de Roger Machado, outro treinador que já foi demitido em função de resultados, também virou case num futebol em que defender passou a ser a melhor arma.

Todas essas análises, contudo, ignoram fatores que vão além da casca. O Corinthians de Carille, por exemplo: não é um time reativo, apenas. É uma equipe que sabe intercalar momentos de pressão e marcação recuada, que consegue se defender sem gerar sofrimento e que não se desfaz da bola apenas por uma determinação para marcar.

Como costuma dizer o colunista Tostão, do jornal “Folha de S.Paulo”, o Corinthians é um bom exemplo de equilíbrio: sabe alternar a intensidade da marcação e escolher os locais mais adequados para tomar a bola. Sabe usar os chutões quando necessário, mas não deixa de procurar triangulações, tabelas e movimentações sem a bola. “O que mais chama atenção é que nenhum jogador deles toca e fica torcendo para o lance ter sequência. Todo mundo está sempre buscando uma linha de passe ou tentando ser opção para receber de volta”, completou Abel Braga.

Não é errado dizer que o Corinthians é reativo, mas essa é apenas uma parte da história.

O mesmo vale para exemplos como Atlético-MG e São Paulo. Os projetos malfadados de Roger Machado e Rogério Ceni tiveram posse de bola estéril, sim, mas reduzir o fracasso a isso seria ignorar erros muito maiores em aspectos como construção de elenco e conceitos de jogo.

O colunista Carlos Eduardo Mansur, do jornal “O Globo”, ponderou que a renúncia à bola tem sido tendência no futebol brasileiro de 2017. Que destruir é mais fácil do que construir e que o conceito reativo é um reflexo da falta de ideias consistentes. Se treinadores e elencos são tão suscetíveis e sofrem com qualquer sequência de resultados ruins, é mais fácil se proteger.

Entretanto, reagir nem sempre é sinônimo de repertório pobre. O Barcelona de Pep Guardiola era reativo em grande parte dos jogos, mas isso acontecia porque o time sabia pressionar seus rivais e muitas vezes tomava a bola nos setores do campo em que o caminho para o gol era mais curto, diante de uma defesa menos estruturada.

A dificuldade de construir no futebol brasileiro não é necessariamente o contrário de ser reativo. É preciso discutir os problemas de criatividade das equipes nacionais, sim, mas em um contexto muito mais amplo do que “tal time só se defende” ou “tal time ataca muito, mas não acerta as finalizações”.

Tomemos como exemplo o Atlético-MG: um elenco rico, com opções que propiciam diferentes formas de jogar. Roger Machado tinha várias formas de construir a equipe, mas nenhuma seria capaz de solucionar problemas básicos: os volantes podem até se movimentar, por exemplo, mas nenhum tem perfil de construção; Robinho e Cazares, dois dos mais criativos homens do setor ofensivo, gostam de atuar na mesma faixa do campo quando estão com a bola e são igualmente inócuos quando estão sem ela. E esses são apenas dois aspectos de um elenco que precisa ser dissecado e analisado com profundidade para entender a campanha de 2017.

Pensar no futebol que queremos ver também tem a ver com quem domina a bola, é claro. Mas o maniqueísmo de “quem tem mais posse é melhor e quem tem menos posse é pior” só serve para quem enxerga o jogo sem querer ir além da camada superficial.

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Mudando na carreira, na prática

Muito tenho escrito sobre a questão das mudanças de fases e transições da carreira esportiva, sejam elas dentro da própria carreira ou ao final desta, visando uma segunda carreira profissional. Mas hoje, vou abordar especificamente uma forma ou método para que essas mudanças sejam as mais bem-sucedidas possíveis, para os atletas. Continue a leitura e tire suas conclusões.

Então vamos lá, este método que idealizei, foi fruto de experiência própria, do resultado de muitas pesquisas sobre o tema nos trabalhos desenvolvidos por outros profissionais publicados em literatura específica e do uso destas técnicas publicadas nestas literaturas específicas sobre psicologia esportiva e desenvolvimento humano em geral. Ele versa sobre as nuances do autoconhecimento, da autocorreção, dos ciclos de evolução do desempenho e das metas como forma de balizamento das carreiras esportivas.

O desejo abaixo representa o método de forma gráfica, para podermos compreender ainda melhor a sua forma de execução.

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Aqui, esclareço brevemente as intenções de cada etapa do método, para que possamos juntos reconhecer a contribuição de cada uma delas no processo evolutivo da carreira dos atletas.

O método, resumidamente, se inicia com uma etapa na qual o atleta se reconhece em termos de perfil comportamental, sequenciando uma etapa de ratificação de quem é realmente, com base no seu estado atual de vida e das percepções do seu autoconhecimento. Após estas duas etapas, o atleta elabora uma lista de desejos para a carreira, que serão acompanhadas de metas para serem alcançadas. Na 4ª etapa, o atleta elabora um planejamento de ações e tarefas que o possibilitarão atingir suas metas estabelecidas. Na próxima e 5ª etapa, ele executa seu planejamento e mede os avanços. Na última etapa, o atleta avalia todos os resultados obtidos e o quanto de metas concretizou para, então, iniciar um novo ciclo de desenvolvimento dentro da carreira ou rumo a nova carreira, a partir da 2ª etapa do método.

Sensível a esta questão da carreira esportiva, sempre me permiti buscar e testar técnicas e ferramentas que pudessem de alguma forma colaborar com o atleta em sua trajetória profissional. Agora, amigo leitor, se o método funciona na prática, só aqueles que o colocarem em execução poderão comprovar e tirar suas próprias conclusões. Mas eu posso lhes dizer que, este método tem grandes chances de elevar a efetividade e contribuir com o sucesso nas mudanças de carreira dos atletas profissionais.

Até a próxima!

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Que caminhos estamos trilhando?

Olá, caro leitor. Vamos iniciar esta coluna fazendo um exercício:

– Lhe convido a trazer da memória três jogadores que você julgue serem os melhores que já viu jogar. Independente se ainda estão em atividade ou não. Não precisa se apressar muito, pense bem.

– Lhe convido agora a relembrar algum momento marcante de seu time de coração, algum acontecimento do seu time que lhe cause alegria, nostalgia, saudades em recordar.

Pronto? Conseguiu pensar em três jogadores? Relembrar algum momento do seu time de coração? Ok! Agora, peço que faça uma análise de tudo isso, quais jogadas destes jogadores lhe vieram a mente? Em que situação se encontravam? E o seu time, em que fase do jogo estava? O que a equipe estava executando?

Sem medo de errar, acredito que a grande maioria dos jogadores lembrados, são de posições prioritariamente ofensivas, e que os lances recordados, foram em momentos que estes detinham a bola, que realizaram alguma ação com a bola, dribles, passes, assistências, finalizações, etc. Assim como o número dos momentos que vieram a memória do seu time de coração, foram muito mais ofensivos do que defensivos, situações em que sua equipe marcou um belo gol sobre o arquirrival, a conquista de um título vindo daquele gol marcado no último minuto, ou aquele gol antológico anotado fora de casa, que calou toda a torcida adversária.

Claro que existirão exceções, que alguns irão se recordar de um Puyol, um Taffarel, um Cannavaro, que se notabilizaram pela capacidade defensiva. E, são tão dignos de lembrança quanto qualquer outro. Vocês acham que a grande maioria dos torcedores “são-paulinos” se recordam mais das defesas que Rogério Ceni fez (que talvez tenham sido maior em número, pelo tempo que jogou no São Paulo, mas semelhantes em importância e/ou dificuldade as que Zetti também realizou) ou dos gols de falta e pênalti que ele marcou?

Reforço a opinião, de que a grande maioria pensou em jogadores de ataque, ou até os que se lembraram de jogadores com características prioritariamente defensivas, lembraram de ações em que os jogadores detinham a posse da bola, assim como de seus times de coração.

Busquei te levar a estas recordações e análises, para refletirmos sobre algo maior e mais complexo, os rumos que nosso futebol têm tomado nos últimos tempos.

É notório e possível se comprovar através dos dados coletados por empresas como a Footstats, que a maioria das equipes que têm vencido os jogos, não necessariamente tem tido maiores índices de posse de bola e finalização, cada vez mais nossas equipes têm abdicado de deter a posse de bola, de buscar propor o jogo, por uma estratégia mais defensiva, visando os contra-ataques rápidos. Isso pode se dar por diversos fatores, buscar manutenção no cargo, “falta” (seria falta de jogadores ou de coragem? Competência para buscar construir outro tipo de jogo?) de jogadores com características de se propor o jogo, falta de tempo para treinamentos, constantes mudanças no elenco, enfim, poderia levantar muitos outros motivos, mas a questão é, será que não estamos usando estes argumentos somente como muletas? Sobretudo nas divisões de base, aonde é cada vez mais comum ver equipes formadas somente para se defender.

É obvio e digno que cada um irá jogar da forma como acredita, como lhe convém, e é bom que hajam ideias divergentes! Afinal, ninguém passa os 90 minutos do jogo só atacando, portanto é necessário saber defender bem também!

A questão que levanto é quanto a nossa cultura, quanto aquilo que mais permeia nossas mentes, aquilo que acelera nossos corações, aquilo que faz parte da nossa história. E historicamente, mundialmente, somos reconhecidos por nossas capacidades ofensivas, nossa habilidade com a bola, capacidade de criar novas jogadas, novas soluções para cada problema que o jogo e o adversário interpõe, nossos atacantes são pinçados cada vez mais cedo pelos grandes clubes europeus. Historicamente, nossas torcidas rejeitam e reprimem suas equipes quando estas não buscam tomar as rédeas do jogo, ou quando um treinador troca um atacante por um defensor. Em tempos onde cada vez mais se busca globalizar sem perder identidade, reforçar tradições, cultivar raízes, por que o nosso futebol tem caminhado no sentido contrário?

Fonte: download-wallpaper.net/content/uefa-champions-league-2012.html
Fonte: download-wallpaper.net/content/uefa-champions-league-2012.html

 
Fonte: globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2012/06/meu-jogo-inesquecivel-contra-turcos-e-todos-denilson-brilha-na-semifinal.html
Fonte: globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2012/06/meu-jogo-inesquecivel-contra-turcos-e-todos-denilson-brilha-na-semifinal.html

 

Talvez eu seja um dos “últimos românticos”, com toda certeza saudosista, o que não me faz ser nem um pouco menos moderno, ou avesso ao futuro, não. Mas, ainda acredito nas raízes, nas tradições, na cultura que viviam os que estiveram aqui antes de mim, acredito que para chegar em algum lugar, preciso saber de onde eu vim… E isso em qualquer aspecto da vida (que é sistêmica!), e sendo o futebol parte dela, quando olho de onde veio nossa cultura de futebol, como esse jogo me fascinou, e vejo os rumos que ele vem tomando, temo que estejamos perdendo nossa trilha, nosso caminho, e me assusta imaginar que no futuro, ao invés de ver o escudo do Chelsea ou da Turquia, eu veja o do Brasil nestas imagens. E você, o que acha? Até a próxima!

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Campanha do Cruzeiro ganha o mundo

Há muito tempo o futebol deixou de ser jogado somente dentro das quatro linhas, conforme bem destaca Marcos Guterman no livro “O Futebol Explica o Brasil: Uma história da maior expressão popular do país”: “ O futebol é o maior fenômeno social do Brasil. Representa a identidade nacional e também consegue dar significado aos desejos de potência da maioria absoluta dos brasileiros. Essa relação , de tão forte, é vista como parte da própria natureza do país (…)”. Por essa razão, os clubes e jogadores de futebol acabam por possui um papel e uma relevância muito além das quatro linhas.

O Cruzeiro marcou um verdadeiro gol de placa quando no Dia Internacional da Mulher, na partida contra o Murici-AL, pela Copa do Brasil, os jogadores do Cruzeiro entraram em campo levando mensagens com referências às mulheres estampadas na camisa.

A inciativa do clube mineiro levantou uma importante reflexão diante de estatísticas que mostram a violência contra as mulheres, tais como “A cada 2h uma é morta”, “A cada 10 jovens, 8 sofreram assédio”, “A cada 11 minutos, um estupro”, “Apenas 9 em cada 100 deputados”, “Salários 30% menores”.

As estatísticas apresentadas foram colhidas pela pela ONG Azminas (que luta pelo empoderamento feminino) e demonstram o sofrido cotidiano das mulheres no Brasil.

A campanha denominada #VamosMudarOsNúmeros foi premiada com o Leão de Ouro na  categoria “Meios de Comunicação” do 64º Cannes Lion, a maior e mais prestigiosa premiação para a publicidade mundial.

O gol de placa teve o apoio da Umbro (fornecedora de material esportivo do clube) foi marcado pelo Departamento de Marketing do Cruzeiro em parceria com a Ong AzMina e a Agência New360.

Para se ter uma ideia do feito da equipe mineira, pode-se compara-lo ao recebimento de uma bola de bronze da FIFA por atleta que atue no Brasil.

Parabéns ao Cruzeiro! Medidas como essa no futebol tão importante culturalmente (e muitas vezes tão machista) são imprescindíveis para a mudança dos paradigmas da sociedade brasileira em casos de preconceito e intolerância.

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Respeitar a individualidade do jogador

Como treinador há 12 anos, cada vez mais, passo por experiências que fortalecem uma tese: nos 90 minutos, dentro do jogo, temos uma parcela mínima de atuação, ao mesmo tempo, podemos prejudicar e muito o andamento individual dos jogadores com demasiadas intervenções; também no processo semanal de treino, dependendo do que fazemos, podemos perder muitos talentos.

Claro, temos um papel decisivo nas escolhas globais e na forma como organizamos a equipe. O problema crucial é não se despir do ego de ser treinador, de realizar algumas intervenções marqueteiras e negligenciar que o jogo é dos jogadores na hora que a bola rola.

E isso tudo cria um paradigma que cada vez mais assola meus pensamentos: o que realizamos diariamente vêm diminuindo a capacidade individual do jogador?

A vida moderna do treinador, o acesso a muita informação vaga, os modismos, e especialmente a vaidade intrínseca a profissão, direcionou-me para essa pergunta acima, já que atualmente o protagonismo em cima do treinador está gigantesco, sobrenatural. O treinador tem se sentido onipotente. Mas poucos enxergam que isso arrasta algumas mazelas que afeta especialmente a dimensão individual do jogador.

E a dimensão individual nada mais é que a descoberta do jogador com seu próprio talento e a observação do treinador para desenvolver esse talento. Essa interação vai um pouco de encontro com as ideias de Ken Robinson em seu livro “O elemento”, onde afirma que “esse talento parte de uma cadeia de quatro elementos desenvolvidos de forma interdependente: capacidade natural, paixão, atitude e contexto”.

O jogador com sua capacidade natural, se primeiramente estiver inserido em um contexto adequado, cercado de pessoas pacienciosas, que querem desenvolver essa capacidade, com o passar dos dias vai reconhecendo sua potencialidade, o que tem de melhor, o que faz bem e com naturalidade. Essa identificação vai desenvolvendo cada dia seu talento de jogo. Isso criará também uma paixão pelo jogo e um compromisso com seu talento e automaticamente com a equipe. Também criará um espírito de atitude que o fará ter um compromisso individual para desenvolver outras capacidades. Ou seja, o jogador começa conhecer sem perceber cada vez mais sua individualidade.

Mas o problema atual, é que a capacidade individual de cada jogador, muitas vezes é suplantada pelo ego do treinador, em querer ganhar a qualquer custo, achar que o jogo se fabrica apenas por ele, por suas ideias ou por uma poção mágica de jogo.

A valorização excessiva da atuação do treinador, especialmente no sentido exacerbado de criar uma forma de jogar sem olhar para a capacidade natural dos jogadores, cria argumentos incongruentes e disparatados com a verdadeira atuação. Sobretudo na formação, devemos ter muito claro que precisamos ajudar os jogadores a ampliarem seus talentos.

Como treinadores, carregamos uma mochila de aprendizagem enxergando cada jogador com suas peculiaridades. Por isso, reforço que nosso papel não é tentar fazer os jogadores virarem reflexos do que pensamos ou ordenamos, mas sim que se desenvolvam individualmente e que lutem por sua autonomia.

Agora, se quisermos que os jogadores sejam fabricados como séries de produtos enlatados, convencidos que a uniformidade e o perfil único de atleta resolverão todos os problemas, acabamos tirando o brilho natural e o conteúdo individual que cada jogador arrasta consigo.

É conveniente que os treinadores saibam que qualquer tarefa feita, que qualquer atitude estranha, arrastará sequelas positivas ou negativas nesse desenvolvimento individual do jogador. Por isso, muitas ideias, muitas frases prontas que parecem modernas podem ser limitadoras e outras mais simples podem ser libertadoras.

O treinador da seleção argentina de voleibol, Julio Velasco, fala “que o prazer do treinador há de ser o prazer de um artesão, não o de um industrial. Somos artesãos do ensino e da formação do desportista. O treinador deve ser feliz com o progresso do esportista, não com o objetivo final que se consiga. Deve ser feliz pelo processo e não pela vitória. Isso deve encher de satisfação. O primeiro prazer é ver crescer os jogadores. E o segundo é a vitória que se obtém com esses jogadores”.

Abraços e até a próxima quarta!

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As milionárias pré-temporadas

Os clubes europeus já voltaram de férias. Como ocorre a cada novo ciclo, cada clube segue para alguma localidade em busca da melhor preparação para a desgastante temporada que terão pela frente. É o período onde o entrosamento entre comissão técnica e atleta ocorre, onde novas formações táticas são testadas e, como não poderia deixar de ser, também um período para trazer uma nova receita aos cofres do clube.

Antigamente, os clubes realizavam as suas pré-temporadas em localizações relativamente próximas de suas cidades. Jogos e torneios amistosos eram realizados, inclusive com clubes brasileiros participando, como no caso do Ramón de Carranza e do Teresa Herrera, torneios históricos realizados na Espanha.

Esses mais tradicionais ainda continuam existindo, mas sem o mesmo apelo de antigamente. O foco agora é a realização de pré-temporadas ao redor do mundo. Muitos clubes aproveitam essa janela para divulgar a sua marca em mercados como China, Japão e, mais recentemente, Estados Unidos.

Nesse ano, um grande torneio terá todas as atenções voltadas a ele por envolver os maiores clubes. Como o nome de International Champions Cup, o evento é dividido em três sedes (Estados Unidos, China e Cingapura) e contará com 15 clubes do porte de Real Madrid, Barcelona, Juventus, Milan, Inter de Milão, Roma, Bayern de Munique, Borussia Dortmund, Manchester United, Manchester City, Chelsea, PSG, entre outros clubes locais.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Além de trazer uma nova fonte de receita recheada aos clubes, também é um momento importante para popularizar o futebol nesses mercados. A promessa desses jogos, que serão disputados a partir de hoje até o dia 30, é de casa cheia com os torcedores equipados com as camisas e outros produtos de seus times globais.

Imagine o Brasil recebendo um torneio com alguns desses clubes globais e a participação de alguns nacionais? Apesar do futebol não precisar de divulgação por aqui, o impacto seria de grandes proporções.