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Será que tinha alguma placa na área penal?

Duras críticas têm sido feitas ao futebol brasileiro nos últimos tempos. Como afirmou o zagueiro corintiano Paulo André, estamos numa encruzilhada, tentando observar as engrenagens dos motores holandeses, espanhóis, portugueses e alemães. As críticas são feitas, pois sabemos o enorme potencial que temos, porém, que é subaproveitado por inúmeros fatores culturais, administrativos e técnicos.

Diante disto, a busca por um bom futebol passa necessariamente pelo acompanhamento de jogos do continente europeu, mais especificamente do melhor campeonato de clubes do mundo. E numa semana de clássico pela Uefa Champions League 2011/2012 entre Milan e Barcelona, acompanhar as prévias para este jogo seria a atitude mais racional.

No entanto, como estas equipes são mais comumente analisadas pelos resultados conquistados e, por isso, estão em maior evidência, o meu olhar se volta ao Olympique-FRA que, juntamente ao Apoel-CHI, é a surpresa das quartas de final da competição.

Para isso, a observação dos jogos da equipe francesa contra a Inter-ITA, válidos pelas oitavas de final, foi feita para compreender alguns princípios de jogo ofensivos e estimar o desempenho dos comandados por Didier Deschamps na sequência da competição.

É importante mencionar que a coluna foi iniciada antes do confronto contra o Bayern-ALE, porém, encerrada após o conhecimento (sem acesso às imagens) da derrota por 2 a 0.

O Olympique-FRA está estruturado na plataforma 1-4-2-3-1, como pode ser observado na figura abaixo:

 

O elenco que participou da primeira partida, vencida pelos franceses por 1 a 0 foi: Mandanda; Azpilicueta, Diawara, N’Koulou e Morel; Diarra e Cheyrou; Amalfitano, Valbuena e Ayew; Brandão.

No jogo de volta, em que os italianos venceram por 2 a 1, Cheyrou e Brandão deram lugar a Mbia e Remy, respectivamente.

O início da construção ofensiva do Olympique-FRA impressiona: amplia muito bem o espaço efetivo de jogo, tem boa circulação e chega com a bola dominada com progressão em velocidade no último quarto do campo. E é nesta parte do terreno, onde deveria impor comportamentos de jogo que são tendências nas equipes de alto nível do futebol mundial, que a equipe de Marselha simplifica (e banaliza) seu bom futebol.

As características dos jogadores permitiriam uma sequência de combinações ofensivas bem diferentes das que foram predominantemente observadas durante os jogos analisados.

Azpilicueta poderia manter a circulação da posse com os volantes e com Valbuena; Morel poderia aproveitar suas movimentações em diagonal e se aproximar dos setores de finalização, Valbuena poderia potencializar seus recursos técnicos no corredor central com tabelas, dribles e assistências em penetrações de Amalfitano, Ayew ou Remy.

Com os apoios constantes dos laterais, as movimentações dos meias abertos poderiam ser mais efetivas se gerassem superioridade numérica em setores mais perigosos ao adversário. Ainda é possível mencionar a possibilidade de maior participação dos volantes neste momento (e terreno) do jogo, o recuo entre linhas de Brandão para dificultar a marcação adversária e um maior aproveitamento de Remy, que sai bem da área, porém, não é acionado.

O que se viu nos dois jogos nos últimos 25 metros do campo se resume nos vídeos abaixo:

 


 

Apesar de apresentarem bons princípios de jogo para os demais momentos e até para boa parte da organização ofensiva, a maneira que o Olympique-FRA busca cumprir a Lógica do Jogo não condiz com o bom e belo futebol.

Como o jogo é imprevisível, pode ser que um chutão despretensioso termine em gol, como o que Brandão fez e classificou a equipe francesa para as quartas de final.

Para terminar, menciono o comentário de Vítor Frade em uma de suas aulas (daquelas que tenho gravadas) que ouço com regularidade.

Ele afirma que em alguns jogos de futebol parece que colocaram a seguinte placa na área penal: “É proibido tocar a bola no chão”.

Será que Deschamps a colocou e eu não a vi? Como vemos, não são só as equipes brasileiras que precisam rever alguns conceitos.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

 

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Mais uma tragédia

No ultimo fim de semana, o torcedor brasileiro assistiu estarrecido à mais uma tragédia. Em um confronto envolvendo cerca de 300 torcedores de Corinthians e Palmeiras, o torcedor do clube alviverde, André Alves Lezo, de 21 anos, foi baleado na cabeça e morreu. Tal fato trouxe à tona a efetividade do Estatuto do Torcedor no combate à violência.

Importante destacar que o Estatuto do Torcedor tem a função primordial de estabelecer uma série de direitos a um consumidor específico, ou seja, o consumidor de eventos esportivos. Dentre estes direitos encontra-se o direito à segurança nos estádios.

Tenho analisado as leis antiviolência nos países sulamericanos e não há duvidas de que a legislação brasileira tem a melhor e mais completa redação. Mas, é preciso conferir aplicabilidade ao Estatuto do Torcedor para que ele tenha legitimidade e produza maiores resultados.

O Estatuto do Torcedor trouxe uma série de conquistas, especialmente, no que diz respeito à proibição das gerais e da instalação de cadeiras em todo estádio. Por outro lado, ainda há muito o que fazer, como a implantação de centrais de atendimento ao torcedor, entre outros.

No caso específico, ocorrido no último domingo, o clube mandante e a Federação Paulista possuem responsabilidade objetivas pelos danos causados aos feridos e à família do torcedor morto. Para tanto, é indispensável que cada torcedor lesado acione o Poder Judiciário.

A conscientização e o conhecimento da Lei pelo torcedor são os maiores instrumentos para o aumento do respeito aos seus direitos e, por consequência, para o fim da violência nos estádios.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br
 

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AC Milan vs FC Barcelona: as relações sistêmicas e os elementos do jogo

Apoiando-me em algumas ideias do professor português Julio Garganta, publicadas em 1998, sobre os jogos desportivos coletivos, vou tentar traçar uma análise um pouco diferente a respeito do jogo entre AC Milan e FC Barcelona pela 1ª partida das quartas de final da Uefa Champions League 11/12, jogada na Itália – que terminou empatada sem gols.

Com um olhar sistêmico sobe o jogo de futebol, gostaria então de me fixar nas relações (e interações) entre alguns elementos básicos para a dinâmica do jogo: o jogador, a bola, os companheiros, os adversários e o alvo.

Esses elementos, segundo o professor português Julio Garganta, produzem relações distintas, que, para o aprendizado e a evolução do jogar, podem ser enunciadas em relação "eu-bola" (centro na familiarização, controle e ação do jogador com a bola), relação "eu-bola-alvo" (centro no objetivo final do jogo através do arremate), relação "eu-bola-adversário" (centro na combinação de habilidades, na conquista e manutenção da bola; além da busca à finalização quando transformado em “eu-bola-adversário-alvo”), relação "eu-bola-colegas-adversários" (combinação de habilidades, com transmissão da bola e exploração de conceitos de defesa e de ataque) e relação "eu-bola-equipe-adversários" (com aproximação do jogo formal e exploração de princípios de jogo, de defesa e de ataque).

Dentro do objetivo máximo do jogo (não confundamos com lógica do jogo) está a necessidade de se fazer gols.

Então, em linhas gerais, independente das relações que são criadas e mais praticadas no desenvolvimento de jogadores e equipes (relação “eu-bola”, relação “eu-bola-adversário”, etc.), é fato, que em algum momento do processo de treinamento, toda “relação” previamente criada deverá interagir com o alvo (“eu-bola-alvo”, “eu-bola-adversário-alvo”, etc.).

Pois bem.

A equipe do FC Barcelona apresenta, faz alguns anos, uma relação muito forte com a bola. Ela (a equipe) quer muito tê-la sob o seu controle. Seus jogadores centram suas ações em recuperá-la o mais rápido quanto possível, para a partir daí fazê-la circular pelo campo de jogo.

Para fortalecer a relação que gosta de ter com a bola, o FC Barcelona também fortalece a relação “eu-companheiro”.

Enquanto o “eu-bola” constrói e desenvolve a relação individual do jogador com a bola, o “eu-companheiro”, acaba por centrar o desenvolvimento dos jogadores na percepção das ações de seus colegas de equipe.

Isso quer dizer o seguinte: dentro do jogo, a ação dos jogadores da mesma equipe é simultânea e interfere e influencia na movimentação uns dos outros. Cada jogador precisa, o tempo todo, perceber e interpretar a ação do seu companheiro – enquanto ele e os outros fazem o mesmo.

Jogadores “emitem” sinais a partir da maneira como agem, e esses sinais devem ser desvendados o tempo todo pelos seus pares.


 

Pois bem.

O que o FC Barcelona faz para fortalecer o “eu-bola” é transformá-lo, ao invés de um “eu-bola-companheiro” (o que é mais comum), em um “eu-companheiro-bola”. Ele inverte a ordem das relações.

E como o objetivo final é ter controle sobre a posse da bola, a relação “eu-companheiro” é toda construída em função disso.

O problema (que não nunca tem sido problema) se tornou virtude. Fortalecer em demasia o “eu-companheiro” pode acabar (como aconteceu na equipe catalã) gerando um “eu-companheiro-bola” mais forte do que um “eu-bola-alvo” ou um “eu-bola-companheiro-alvo”, tornando muito distante a relação entre o “eu” e o “alvo”.

Não que o FC Barcelona tenha problemas com o alvo – o que pode dever-se (ou não) ao fato de ter um ou dois jogadores, com ótima e mais forte relação sistêmica com o gol, do que com os companheiros.

O fato é que no jogo contra o AC Milan (que defensivamente parece ter uma forte relação “eu-companheiro-bola”), o FC Barcelona em muitos momentos decisivos privilegiou o “eu-bola” e até o “eu-bola-alvo” (muito mais do que o habitual).

Outra coisa importante é que a equipe italiana conseguiu em uma fração significativa do jogo, quando da marcação em bloco alto, mostrar forte relação do seu “eu-bola” (o que não lhe parece típico, como mencionei no parágrafo anterior).

Como está mais acostumada a enfrentar equipes que não se mostram fortes no “eu-bola” defensivo (principalmente em bloco alto), a equipe catalã teve dificuldades para fazer valer seu “eu-companheiro-bola” para chegar até o alvo – o que a influenciou algumas vezes a quebrar essa sua forte relação sistêmica.

Outra coisa importante a se destacar é que a equipe do Milan apresentou ao FC Barcelona relações do tipo “eu-bola-alvo” e “eu-bola-companheiro-alvo” muito mais fortes do que a equipe catalã está acostumada a enfrentar.

Como, dentro destas relações, o time italiano conseguiu otimizar a distância e o tempo entre o “eu” e o “alvo”, teve chances reais de fazer um gol.

E o que será do segundo jogo?

Sob seus domínios, com a grama milimetricamente aparada, torcida contagiante, e cabeça no lugar para dar “força” às relações que realmente são “fortes”, provável que aconteça o de sempre: no mínimo, um excelente espetáculo…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br  

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Terceirização de atividade fim

O tema desta semana guarda relação com a reportagem da Gazeta do Povo (talvez o principal jornal do Estado do Paraná), publicada no dia 20 de março com o título “Dívida atrela Paraná à Base por 10 anos”.

Explicando sinteticamente: o Paraná Clube terceirizou suas categorias de base há pouco mais de quatro anos para uma empresa chamada “Base”, que construiu um Centro de Treinamento e operava o seu departamento, trabalhando desde a captação de atletas, à formação e comercialização dos mesmos.

O modelo, que já foi testado inúmeras vezes em outros clubes no passado e nunca funcionou, parece, quase que invariavelmente, aos olhos dos dirigentes, algo espetacular: “ora, deixo de ‘gastar’ com os garotos e ainda ganho um troquinho lá na frente se um deles vingar. Transfiro o risco do negócio para terceiros e posso investir toda a minha ‘fortuna’ no time principal”, pensam os “sabidões”.

Acontece que, depois de um tempo, começam a surgir conflitos de interesse. O investidor a querer se desfazer rapidamente dos primeiros talentos, para obter retorno financeiro rápido, passando a negociar atletas inclusive com clubes rivais.

O clube a reclamar que os jovens atletas não são aproveitados na equipe profissional passando a pensar que poderia ganhar muito mais se tivesse preparado bem o processo de transição da base para o time de cima.

O resultado acaba sendo o mesmo em todos os casos que acompanhei: um grande passivo para o clube e um eterno recomeço para as categorias de base – lembrando que um trabalho decente e sério de formação de atletas tende a dar seus primeiros frutos a partir do seu 10º aniversário (fazendo um cálculo rápido para ilustrar: se identificarmos um potencial talento aos 10/12 anos, o mesmo será trabalhado ao longo do tempo até os seus 20/22 anos, quando tende a despontar na equipe profissional, completando o ciclo de 10 anos mencionado…).

Por fim, os dirigentes têm dificuldade em entender a importância das categorias de base além da venda de direitos federativos dos jogadores no futuro – negócio este que passa hoje por um período “conturbado” em razão da crise do mercado mundial e do início de um controle mais rígido da Uefa ante os clubes europeus, com a instituição do “Fair Play Financeiro”.

Investir em atletas tem um valor intangível fundamental, que vem desde a formação não só de jogadores, como também de novos torcedores no caso de o trabalho ser bem implementado com crianças e adolescentes.

Da mesma maneira, o atleta formado no clube tende a guardar uma relação emocional de maior valor com o mesmo, facilitando sua identificação com a torcida.

Enfim, terceirizar atividade fim, além de ilegal, é um péssimo negócio no longo prazo para quem o faz. Valendo lembrar que tenho acompanhado alguns noticiários de outros clubes de pequeno e médio porte a seguir a insana atitude de terceirizar um de seus maiores patrimônios: as categorias de base.

Ironicamente falando: talvez estes tenham dificuldade em acessar o “Google” para checar o que aconteceu consigo mesmo no passado ou com outros clubes coirmãos que acabaram por sucatear a formação de atletas para entes alheios a sua agremiação.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

Leia mais:
Confira especial da Universidade do Futebol sobre trabalho desenvolvido nas categorias de base dos clubes brasileiros
 

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Princípios estruturais: atividades práticas para compactação defensiva e bloco

Na coluna “Princípios estruturais: atividades práticas para apoio e mobilidade”, iniciei uma discussão que terá seu segundo capítulo nesta semana.

Esta série vem para discutir algumas atividades que podem ser utilizadas para o desenvolvimento de determinados princípios estruturais de jogo.

Discutirei nesta oportunidade a compactação defensiva e o bloco. Ambos se configuram como princípios de defesa e, como destaquei em coluna anterior, eles servem para deixar o campo “pequeno” quando a equipe está sem bola, dificultando, assim, as investidas do adversário.

Vamos à definição dos princípios:

A compactação defensiva, segundo Bangsbo e Peitersen (2002), Parreira (2005) e Leitão (2008) é a orientação espacial que tem por objetivo manter as linhas de marcação da equipe próximas umas das outras; em outras palavras, visa manter as linhas de defesa, meio-campo e ataque compactadas.

O objetivo desse princípio é evitar espaços entre as linhas de marcação e evitar assim a criação de apoios de adversário nessas regiões.


 

Já o bloco, segundo Leitão (2008) se refere à movimentação coordenada vertical (de linha de fundo à linha de fundo) de todos os jogadores da equipe a fim de manter a sua organização e evitar espaços entre suas linhas. Neste princípio, o objetivo é manter a organização das linhas de marcação nos momentos em que a equipe avança ou recua sua marcação no campo de jogo.

Vejam que os princípios se integram. Se a equipe não se movimentar em bloco, consequentemente perderá sua compactação defensiva. Já se não estiver compactada, o bloco ficará prejudicado.

Como sempre digo, tudo está conectado de uma forma complexa.

Pois bem, vamos para a prática!

Antes disso, vale ressaltar que cada atividade serve apenas para fins didáticos e as mesmas devem ser pensadas sobre a ótica da complexidade do processo.

Vamos lá!

Atividade 1

Descrição
– Atividade de 4 X 4 + 1 coringa; o objetivo da equipe que está fora do quadrado é manter a posse de bola utilizando o coringa colocado entre as linhas de marcação da equipe dentro do quadrado. Por sua vez, a equipe que se defende dentro do espaço é estimulada a pressionar o adversário mantendo sua estrutura organizada e compacta. Se a equipe recuperar a posse de bola, os papéis se invertem entre as equipes.

Regras e Pontuação
– Equipe marca 1 ponto quando trocar 5 passes.
– Equipe marca 2 pontos se fizer um passe certo para o coringa e o mesmo devolver o passe para qualquer jogador da mesma equipe.

Atividade 2

Descrição
– Atividade de 7 X 7 + 2 coringas; atividade realizada em meio-campo, em que o objetivo das equipes é explorar possíveis espaços entre as linhas de marcação do adversário. Os dois coringas jogarão sempre entre as linhas de marcação da equipe que está sem a posse de bola, estimulando, assim, a equipe a manter a sua compactação defensiva e jogar em bloco quando recuar ou avançar no campo de jogo para pressionar o adversário.

Regras e Pontuação

Ataque
– Equipe marca 3 pontos se fizer o gol.
– Equipe marca 1 ponto quando fizer um passe para um dos coringas entre as linhas de marcação do adversário e o mesmo devolver o passe para qualquer jogador da equipe.

Defesa
– Equipe marca 2 pontos se trocar 8 passes entre si.
– Equipe marca 1 ponto quando fizer um passe para um dos coringas entre as linhas de marcação do adversário e o mesmo devolver o passe para qualquer jogador da equipe.

Atividade 3

Descrição
– Atividade de 11 X 11, coletivo com regras adaptadas. O campo será dividido em 6 faixas. A equipe que se defende deve ocupar as duas faixas subsequentes à região da bola, ou seja, se a bola estiver na faixa 2, a equipe deve ocupar as faixas 2 e 3. Exceto quando a bola estiver na faixa 1 – neste caso, a equipe pode ocupar 3 faixas (1, 2 e 3).

Regras e Pontuação

-Equipes marcam 3 pontos quando fizer o gol.

– Equipes perdem 1 ponto quando não estiverem nas faixas corretas do campo.

Chegamos ao fim do segundo capítulo!

Criem os seus, agora, que a série continua!

Até a próxima!

Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br
 

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Entrevista Tática: Gilsinho, atacante do Corinthians

Com a ajuda de um preparador físico com experiência em muitos clubes do futebol brasileiro (Primavera-SP, São Bento-SP, Atlético-PR, São José-SP, Náutico-PE, Figueirense-SC, Ituano-SP, Americana-SP, Guaratinguetá-SP), Guilherme Bérgamo, publico a coluna desta semana que traz a opinião de Gilsinho, atacante do Corinthians de 27 anos, recém-contratado e que fez seu primeiro gol com a camisa corintiana na décima quarta rodada do Campeonato Paulista, contra o Comercial-SP.

Obrigado, Guilherme, pelo contato com o Gilsinho. Felizmente ainda é possível encontrarmos pessoas que se mantêm acessíveis mesmo com sucesso profissional.

Abaixo, a opinião do jogador:

1-Quais os clubes que você jogou a partir dos 12 anos de idade? Além do clube, indique quantos anos tinha quando atuou por ele.

Até aos 16 anos na escola de futebol do município de Américo Brasiliense-SP; dos 17 aos 18 anos no Marília-SP; no Ituano-SP dos 19 aos 22 anos; Paulista-SP com 23 anos; Júbilo Iwata-Jap, dos 24 aos 27 anos e atualmente estou no Corinthians-SP.

2-Para você, o que é um atleta inteligente?

Um atleta inteligente é aquele que tem um comportamento bom, dentro e fora de campo.

3-O quanto o futebol de rua, o futsal ou o futebol de areia contribuiu para a sua formação até chegar ao profissional?

O futebol de rua foi muito importante para minha formação, porque foi onde tudo começou e eu tive meus primeiros contatos com uma bola.

Quantas horas por dia você ficava na rua jogando futebol?

Jogava bola na parte da manhã, ia pra escola na parte da tarde e de noite jogava novamente. Acho que dava umas três ou quatro horas.

4-Em sua opinião, o que é indispensável numa equipe para vencer seu adversário?

Jogar como equipe e ter obediência tática.

Como é possível fazer com que uma equipe crie obediência tática? Quais podem ser os problemas caso ela não ocorra?

No grupo, todos devem pensar no mesmo objetivo e acreditar no esquema tático do treinador. Acho que assim aumenta a chance de desenvolver. Se algum jogador não exercer a função pedida pelo treinador, fica difícil. Por exemplo: o treinador quer marcar pressão, a equipe sobe a marcação, mas tem um jogador que não. Aí já complica.

5-Quais são os treinamentos que um atleta de futebol deve fazer para que alcance um alto nível competitivo?

Tem vários trabalhos que são importantes em minha opinião: trabalhos técnicos, força, velocidade e agilidade.

Quais são os tipos de treino que você mais gosta? Descreva-os:

Com bola ou sem bola?

O que você preferir.

De trabalho físico prefiro os curtos e não os longos. Tiros de 30 e 40 metros por causa da minha posição. Gosto também de trabalhos com bola, campo reduzido, joguinhos. Eu acho que condiciona.

Pode dar um exemplo de um treino que o Tite dá que te deixa bem preparado pra jogar?

Num espaço reduzido, ele divide o campo em duas partes. Na defesa só pode dar três toques e no ataque é livre. Acho que deixa o jogo rápido lá atrás e dá liberdade para jogar ofensivamente.

6-Para ser um dos melhores jogadores da sua posição, quais devem ser as características de jogo tanto com bola, como sem bola?

Com a bola, jogar com dribles e velocidade para criar situações de gol; sem a bola, recompor para esperar o adversário de frente.

7-Quais são seus pontos fortes táticos, técnicos, físicos e psicológicos? Explique e, se possível, tente estabelecer uma relação entre eles.

Como pontos fortes táticos, jogar ofensivamente e fazer recomposição rápida; técnicos, as jogadas individuais; e psicológicos, um nível de concentração alto.

Consegue fazer alguma relação entre eles?

Acredito que, para render, tem que estar bem com a cabeça. Nunca sofri nada muito contínuo que afetasse minha concentração dentro de campo.

8-Pense no melhor treinador que você já teve! Por que ele foi o melhor?

Porque com ele jogava quem estava melhor e passava muita confiança para seus jogadores.

9-Você se lembra se algum treinador já lhe pediu para desempenhar alguma função que você nunca havia feito? Explique e comente as dificuldades.

Sim, eu me lembro muito bem. No começo não gostei, mas depois me adaptei e vi que era importante desempenhar duas funções.


 

Você pode mencionar qual era a função e falar sobre a adaptação:

No Japão, os meias não estavam bem e tive que desempenhar esta função por uma temporada. Eu tinha que acompanhar o lateral quando a jogada estava do meu lado e fechar nas linhas dos volantes quando a bola estava do lado oposto. Não gostei porque exigia muito mais de mim na marcação e porque ficava mais longe do gol. Fisicamente, também exigia muito e me “abafava”. Depois me adaptei e fui bem.

Eram duas linhas de quatro?

Isso. Eu jogava de meia do lado esquerdo.

10-Qual a importância da preleção do treinador antes da partida?

A importância é que o treinador passa as informações do time adversário, relembra o posicionamento da equipe, e aumenta o nível de concentração.

11-Quais são as diferenças de jogar em 4-4-2, 3-5-2, 4-3-3, ou quaisquer outros esquemas de jogo? Qual você prefere e por quê?

Eu acho que o esquema tático depende muito dos jogadores que o treinador tem em seu grupo, mas eu gosto do 4-4-2 porque o time fica mais consistente no meio campo.

12-Comente como joga, atualmente, sua equipe nas seguintes situações:

•Com a posse de bola: jogar com trocas de passes e atacar pelos lados.
Assim que perde a posse de bola: assim que perde a posse de bola, tenta recuperar, se não conseguir, todos voltam atrás da linha da bola.
Sem a posse de bola: jogar compacto e todos marcam para roubar a bola sem falta.
Assim que recupera a posse de bola: se tiver oportunidade para fazer o contra-ataque, faz; senão, faz a posse.
Bolas paradas ofensivas e defensivas: nas bolas paradas ofensivas, deixar o espaço para atacar a bola e, nas defensivas, manter a linha e marcar por setor.

13-O que você conversa dentro de campo com os demais jogadores, quando algo não está dando certo?

Tento motivar meus companheiros, para conseguirmos reverter uma situação difícil.

14-Como você avalia seu desempenho após os jogos? Faz alguma reflexão para entender melhor os erros que cometeu? Espera a comissão técnica lhe dar um retorno?

Eu fico relembrando os lances que aconteceram e pensando no que eu poderia ter feito naquela hora para que esses erros não venham a se repetir. Poder escutar a comissão técnica para um diálogo é muito importante.

15-Para você, quais são as principais diferenças entre o futebol brasileiro e o europeu? Por que existem estas diferenças?

A diferença é que o futebol brasileiro é mais cadenciado e o europeu é mais dinâmico.

Fale um pouco do Barça:

São jogadores com muita qualidade e que jogam muito tempo juntos. Todos atacam e todos defendem, inclusive o Messi, que é o melhor jogador do mundo. Tem também muita movimentação.

Você jogou entre 2008 e 2011 no futebol japonês. Compare-o com o brasileiro:

Tecnicamente o futebol brasileiro é superior. Só que futebol
japonês é muito dinâmico, tem muita marcação, muita correria, tanto que alguns brasileiros não conseguem se adaptar lá. Quando eu cheguei, dominava a bola e em seguida tinha três ou quatro jogadores em cima.

16-Se você tivesse que dar um recado para qualquer integrante de uma comissão técnica, qual seria?

A comissão tem que ser amiga. Saber o que o grupo quer para tentar tirar o máximo de cada um dos jogadores, porém, sempre tem que ter autoridade.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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Não somos vira-latas

Após a expectativa gerada com a visita de Joseph Blatter, presidente da Fifa à Presidenta Dilma Roussef, a Lei Geral da Copa ainda não foi votada pelo plenário da Câmara dos Deputados. São muitas as discussões originadas da Lei Geral da Copa. Fala-se em imposições da Fifa e até em perda de soberania.

O fato é há de um lado a entidade máxima do futebol, dona de um megaevento esportivo, e do outro o Brasil querendo organizá-lo. A Fifa organiza a Copa do Mundo sem o Brasil, mas o Brasil não organiza o Mundial sem a Fifa.

Em 2007, o país assumiu compromissos com o órgão para ter o direito de organizar o Mundial – trata-se do “host agremeent” (acordo do anfitrião). Neste documento, o país se compromete, entre outros pontos, a garantir eventuais patrocinadores do evento.

Agora, ser soberano não é rechaçar o que vem de fora, mas emitir um juízo de valor e avaliar se é bom concordar. Se não for interessante ao Brasil aceitar os termos do “host agreement” para organizar o Mundial, basta não aceitar e não organizar a Copa do Mundo.

Esta é a análise que deve ser feita. E, sinceramente, não passa pela cabeça de algum brasileiro não organizar o Mundial em razão da venda de bebidas nos estádios, por exemplo.

Todos os países que organizaram grandes eventos esportivos fizeram alguma concessão pelos benefícios de organizá-lo. Assim foi nos EUA, na França, no Japão, na Coréia, na Alemanha e na África do Sul. As exigências não são exclusivas do Brasil. Não somos um vira-latas entre as nações.

No cômputo geral, muitos são os benefícios que um grande evento pode proporcionar ao país. Seja pela propaganda do mesmo no mundo, pelo turismo ou pela arrecadação de impostos. A Alemanha, por exemplo, atingiu índices de simpatia nunca vistos desde a II Guerra. Barcelona, na Espanha, de cidade abandonada, tornou-se um dos cinco destinos mais visitados do mundo após os Jogos Olímpicos de 1992.

Além disso, a soberania brasileira foi ratificada com o pedido de desculpas da Fifa pelas declarações de Jérôme Valcke e Joseph Blatter esteve no país.

Portanto, as exigência da Fifa não devem ser vistas como uma afronta ao povo brasileiro, mas como um rol de pontos necessários para que o país possa ser anfitrião do evento e ter acesso a todos os benefícios de sua organização.

Ou alguém prefere não organizar a Copa do Mundo?

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br
 

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Não se deve temer a Lei Geral da Copa: segurança nos estádios

A Lei Geral da Copa é a pauta mais discutida e adiada para votação dos deputados. Muitos brasileiros se negam a aceitar as imposições da Lei, no entanto, é parte do contrato assinado e de conhecimento antes mesmo da candidatura do Brasil para ser sede do evento.

Se estamos construindo estádios com normas da Fifa, por que não aceitar as regras da entidade durante um único mês? Com exceção de cláusulas que duram até o fim do ano, os grandes empecilhos da aprovação brasileira são para somente um único mês, no qual o evento é realizado. São normas que só regram um país bagunçado como o nosso e que a cada quatro anos são apresentadas e aceitas até mesmo por países muito mais corretos e organizados que o Brasil.

O ponto que mais é apedrejado é a venda de bebidas nos estádios. A Lei pede garantias de que poderão ser divulgadas, distribuídas e vendidas, as marcas do evento. A Budweiser é uma patrocinadora do evento e será vendida nos estádios, é parte do acordo. A Fifa nunca permitirá que um de seus patrocinadores seja prejudicado. Mas, as exigências e orientações são contestáveis, dentro do possível.

A África do Sul passou por experiência similar, pois nos estádios sul-africanos, a venda de garrafas de vidro era proibida e isso foi um quesito que o país não abriu mão de mudar. A Budweiser, então, desenvolveu uma garrafa plástica, com a cor das garrafas originais da marca, para serem vendidas nos estádios, garantindo a segurança que a África do Sul exigia. Na Copa da Alemanha, em 2006, Kaiserslautern também teve problemas, pois seu maior produto e atrativo turístico seria a cerveja própria , produzida na região e o assunto também foi resolvido com a Fifa.

Na mesma lei, a entidade máxima do futebol exige comportamento adequado, contra violência, racismo e preconceitos, antes de entrar ou já dentro dos estádios, podendo um ou mais torcedores serem banidos do evento, mesmo com os ingressos em mãos. Existem seguranças em todas as partes do estádio durante o evento. Existe também um grande número de profissionais garantindo a segurança, com treinamento de retirada de invasores ou torcedores violentos, com técnicas que evitam agressões ou lesões, levando-os para a parte externa do estádio, sem possibilidade de retorno.

A cerveja não é responsável pelo mau comportamento em estádios, mas a falta de educação, tanto do povo brasileiro, como também existente na Holanda, Inglaterra (já suavizada), Alemanha e outros países.

Neste momento, o Brasil deveria investir em segurança adequada, privada, não fardada, pois a estratégia da polícia nos estádios é ofensiva e não é tática. Além disso, são obrigatórios postos policiais dentro dos estádios, mas o governo deveria se limitar a isso. O foco não deveria ser em tirar o policiamento das ruas para colocar dentro dos estádios.

O Brasil poderia, facilmente, trabalhar a conscientização do público nos estádios e também ir elaborando leis mais punitivas a transgressores do bom comportamento neste tipo de equipamento. A Inglaterra teve experiência com o hooliganismo e suavizou com técnicas de fiscalização, por meio de policiais ocultos no meio das torcidas, evitando a violência e não agindo após um ato já ocorrido, trabalhando com prevenção. Além disso, qualquer torcedor identificado, deveria se apresentar em horários de jogo ao departamento de polícia como punição.

Não há motivos para ir contra a Lei Geral da Copa, mas para apoiá-la e dar condições para que o nosso comportamento seja adequado, com ou sem cerveja.

Fora isso, a Lei não interfere negativamente em nada, nem em estrutura de estádios: somente fere o orgulho de alguns cidadãos indignados e que se sentem revolucionários por ir contra a Fifa e seu poder.

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br
 

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Jogos Conceituais e Jogos Específicos: alguns exemplos

Tenho recebido alguns e-mails com dúvidas sobre Periodização Tática, Periodização de Jogo e Jogos Reduzidos na “preparação física” do futebolista.

Tenho tentado respondê-los à medida do possível.

Nas últimas três semanas, porém, saltaram à frente dúvidas relacionadas ao melhor entendimento a respeito de Jogos Fundamentais, Jogos Gerais, Jogos Estratégicos, Jogos Contextuais e especialmente sobre os Jogos Conceituais e Jogos Específicos (todos já mencionados outrora quando fiz a primeira publicação a respeito da Periodização de Jogo em 2006).

Pois bem! Vou começar, nesta vídeo coluna, conceituando e explicando (e dando exemplos) as diferenças entre os Jogos Conceituais e os Jogos Específicos.

Ao longo das próximas colunas na Universidade do Futebol, vou diluindo com outros temas os demais Jogos.

Espero que o material possa sanar as primeiras dúvidas.

Até a próxima!

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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Todas as colunas de Rodrigo Leitão

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ISO para eventos

Ao acessar a reportagem, por indicação do colega André de Paula (com quem realizo algumas pesquisas na área de responsabilidade social para o esporte), me deparei com algumas reflexões feitas já em outras colunas, passíveis de relacionar com a forma com a qual o futebol se posiciona perante a opinião pública de uma maneira geral.

Trata-se da proposta de norma ISO para eventos, a ser efetivada pela ABNT a partir de junho deste ano. E as perguntas que sempre fazemos são: como o futebol vai olhar para a nova (vindoura) proposta? Vai esperar todos os outros setores fazer para, depois de alguma pressão, realizar em seus estádios? Vai esperar o mundo adotar para depois (de alguns 10 a 20 anos) implementar no Brasil?

Lembrando que a antecipação à mudança tende a ser mais barata no longo prazo. Lembrando também que os pioneiros são sempre reconhecidos e, além de dar um contributo à sociedade, o primeiro clube que conseguir implementar e ser certificado poderá obter conquistas intangíveis, como maior apreço de seu torcedor, da mídia e até de empresas patrocinadoras, que hão de procurar atrelar sua imagem a um clube que transmita de fato uma imagem positiva.

Pela representatividade do futebol no Brasil, um dos grandes legados sociais e ambientais dos inúmeros jogos realizados todas as semanas em nosso território pode ser a sustentabilidade destes eventos.

Está aí uma ótima oportunidade para o segmento ampliar seu desenvolvimento!

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br