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Tecnologia não é só máquina. É também processo, planejamento…

Na última semana, o Ibope divulgou uma nota da intenção de mensurar a audiência do conteúdo televisivo que é assistido em plataformas móveis em gerais, como tablets e smartphones. Entretanto, não encontram ainda tecnologia compatível para realizar essa análise.

O amigo pode se questionar e o que é que isso tem de relação com futebol. Explico.

Por várias vezes escrevi que tecnologia é recurso e processo, isto é, estruturação de aparatos tecnológicos aliados a organização e sistematização de necessidades e objetivos.

E nesse aspecto mencionamos que um dos grandes focos de resistência que o futebol apresenta (embora já seja possível visualizarmos mudanças) é justamente no que se refere aos processos. Enfim, recursos e soluções tecnológicas existem aos montes e, ainda que não supram todas as necessidades, são subutilizados no esporte bretão.

A falta de organização e visão dificulta o desenvolvimento e, sobretudo, a implementação da tecnologia a serviço do futebol.

Pois bem. Voltemos ao problema informado pelo Ibope.

Embora muito criticado, o instituto informou que seguirá com esse projeto de mensurar conteúdos de plataformas móveis, mas enquanto não tem a tecnologia suficiente, adotará um método utilizado por diversas vezes e que, embora mais lento e susceptível a falhas, sempre funcionou ao longo dos tempos.

O ibope vai solicitar aos sujeitos que farão parte da pesquisa que anotem os conteúdos assistidos no dia, bem como o horário.

A solução adotada pode parecer bizarra para quem olha com os óculos modernos de um mundo que vive na era digital, porém, tem de se valorizar que o processo prevalece. Se por um lado a tecnologia vem para facilitar e otimizar nossos processos, estes só são válidos se podem viver sem ela, pois aí tem-se a certeza de que existe organização

A tecnologia tem de vir para ajudar e otimizar. A ausência ou a insuficiência dela não pode impedir as coisas de acontecerem, mas também temos de tomar cuidado para que isso não seja justificativa para que nunca seja adotada.

O futebol deve se organizar acerca de processos e planejamento, pois, assim, a excelência tão almejada pode ser vislumbrada e recheada de recursos e processos tecnológicos.

Mas não adianta trazer um aparelho de última geração, tampouco um excelente cientista que sabe manuseá-lo, se não existir planejamento, coerência e processo.

Do contrário, viraria show pirotécnico: encanta, fascina, mas serve apenas ”pra inglês ver”.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br
 

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Quants

Você sabe o quer significa “quant”?

Muito menos eu.

Bom, mentira.

Fiquei sabendo há pouco, por uma palestra proferida por um grande amigo, Paris de l’Etraz, empreendedor em diversos segmentos e professor do IE de Madrid.

“A mente profissional em tempos de incerteza” é o título do assunto tratado na TEDx, já famoso ciclo de palestras com líderes de diversos segmentos:
 


 

“Quants” são os analistas quantitativos, em geral matemáticos, que fazem uso de processos estatísticos para racionalizar tudo.

Foram eles que, dentre outros gananciosos, quebraram Wall Street.

Os “quants” costumam ser pessoas altamente reativas a mudanças, seja na vida ou na profissão.

Tudo deve ser previsível, minimamente, caso contrário, a zona de conforto enxergada por eles fica abalada e não conseguem viver tranqüilos.

São estereotipados como “nerds”, tímidos, introvertidos, avessos aos holofotes e aos relacionamentos humanos mais íntimos.

Paris evoca sua própria história pessoal para inspirar as pessoas a, profissionalmente, lançarem-se ao empreendedorismo.

Ele mesmo mudou radicalmente de postura e de segmento, saindo do mercado financeiro para trabalhar com esporte e entretenimento.

O futebol brasileiro necessita de muita gente com esse espírito inovador e empreendedor.

Já tenho sido consultado por pessoas que desejam um aconselhamento e compreensão do mercado esportivo, pois estão inquietas, com os dois pés em postos de trabalho triviais, mas com a cabeça no esporte.

É bem verdade que ótimas oportunidades no mercado esportivo ainda são raras.

Mas isso é para os “quants”. Gente acostumada a cenários previsíveis e seguros.

Quem deseja ingressar na diversas áreas especializadas que necessitam de profissionais qualificados no futebol, precisa dar o primeiro passo em direção a esse chamado.

Paris afirma que a vida é muito curta para esperar demais. E não se trata sobre o que você faz. É sobre por que você faz o que você faz.

“Comece a ser agora o que você será daqui pra frente”, dizia São Jerônimo.

Isso facilitará que tenha um largo sorriso no rosto, fazendo o que gosta.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

 

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Ricardo Teixeira: o que a mudança de gestão acarreta na prática

Depois de 23 anos no comando da CBF, Ricardo Teixeira deixou o cargo após uma série de denúncias.

Ao longo de sua gestão o futebol brasileiro passou por altos e baixos.

Pelo lado positivo, fomos duas vezes campeões do mundo e conseguimos o direito de sediar a Copa em 2014.

Já pelo lado negativo, tivemos várias denúncias de corrupção em nossa entidade maior, alguns “fiascos” em Mundiais e atualmente nossa capacidade em sediar um evento deste porte é colocada à prova constantemente.

Com a saída de Teixeira, quem assumiu seu posto foi José Maria Marin.

O novo mandatário, em uma de suas primeiras entrevistas, afirmou que nada vai mudar e que o trabalho vai continuar sendo feito da mesma maneira…

Será que o “continuísmo” vai “continuar”?

Só o tempo nos dirá!

Mas o que a saída de Teixeira muda em nossa prática?

Bom, estamos em um momento de mudança paradigmática de nosso futebol (Ponto).

A troca de gestão pode ser um “potencializador” e “acelerador” de mudanças, se vier para isso, é claro.

Em um passado recente, houve uma mudança na gestão em um clube bem conhecido por todos nós: o Barcelona.

O clube não vivia o melhor de seus dias, dentro e fora do campo. Não havia grandes preocupações com o processo, nem com o planejamento. O clube não tinha uma política de contratações e gastava muito dinheiro a esmo.

Todo esse cenário foi visto por uma nova comissão gestora, comandada por Ferran Soriano, como uma grande oportunidade para mudança e evolução do clube.

Foi montada uma diretoria com histórico de sucesso em diversas áreas empresariais aliada a contratações de profissionais capacitados para as questões de campo.

A gestão passou a ser profissional, e as contratações eram regulamentadas por documentos que traziam o perfil que o clube esperava.

Por trás de tudo isso, o processo e o jogo da equipe estavam sendo desenvolvidos!

A revolução silenciosa já estava em curso desde a época de Cruyff, mas o novo ambiente criado dentro do clube propiciou uma evolução sistemática em todos os aspectos que culminou hoje em uma filosofia de jogo admirada pelo mundo todo.

Complexidade…

Será que não estamos em um momento para que isso ocorra? Será que essa não é uma grande oportunidade para voltarmos a ser aquele Brasil em que o próprio Guardiola disse que se espelhava?

Não tenho essas respostas…

Mas o fato é que a mudança de gestão pode contribuir, e muito, para a mudança de paradigmas e de nossa prática.

Se tivermos gestores que entendam de complexidade e nos respaldem, gastaremos menos energia com paradigmas antigos e passaremos a nos focar naquilo que pode ser feito para o desenvolvimento integral dos atletas.

Viva a mudança!

Até a próxima!

Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br
 

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Quando a tática não importa

A rescisão de contrato do atacante Adriano foi tema de centenas de matérias esportivas na última semana. O custo de R$ 12.000,00 por minuto jogado e o de R$ 2,4 milhões por gol marcado, efetuados com base no salário mensal de aproximadamente R$ 380.000,00 são apenas alguns dos tópicos levantados nas notícias que questionavam o custo x benefício deste exorbitante investimento dos dirigentes corintianos.

Como todo tema que movimenta a semana e possibilita inserções em meu cronograma de colunas, o problema com o referido jogador me levou a inúmeros pensamentos e reflexões, sob diferentes pontos de vista, num exercício de empatia, essencial numa atuação interdisciplinar.

Como torcedor, ficaria a sensação de que, após um longo período de recuperação da lesão sofrida no tendão, o jogador se encontra na fase final de reabilitação e um mês será suficiente para voltar a jogar em alto nível, o Corinthians reabilitou quase que integralmente um jogador que irá balançar as redes por outro grande clube do futebol brasileiro. Uma possível falta de gols na competição mais importante do ano para a equipe alvinegra, a Libertadores, e ela será atribuída à dispensa do, outrora, “Imperador”. Afinal, como torcedor, é impossível esquecer aquele gol (e muitos outros ao longo de sua carreira) na reta final do Campeonato Brasileiro do último ano.

Como dirigente corintiano, refletiria sobre os prós e contras da tomada de decisão relacionada à rescisão. Na ocasião da contratação, eu me perguntaria se algum comportamento apresentado pelo jogador era desconhecido. Os problemas com mulheres, má companhias, peso, horários e bebidas seriam alguma surpresa? O dinheiro investido neste atleta poderia ter sido direcionado para alguma outra contratação?

Diante dos lamentáveis fatos, será que valeria a pena esperar o término do contrato, tentar amenizar o relacionamento interpessoal entre o atleta e o técnico Tite e se livrar da multa contratual? Será que após o mês que o atleta afirma precisar para estar melhor preparado, ele poderia contribuir na busca pelo inédito (e cobrado) título da Libertadores?

Como (ex)companheiro de elenco, pensaria que se abriu espaço para uma das 18 vagas de competição na que, atualmente, é a melhor equipe do futebol brasileiro e que joga o melhor torneio de clubes da América do Sul. Agradeceria pelo final desta novela de privilégio, mimo, excesso de atenção e “vista-grossa” para um atleta que recebe muito mais do que eu. Poderia dizer também que o grupo está unido, que sentimos a perda do Adriano, que ele é um grande jogador e que logo irá superar esta fase ruim e voltar a ter alegria e jogar um bom futebol (clichê típico do ambiente).

Como dirigente de outro clube, eu me questionaria se vale a pena o investimento. Poderá o Adriano jogar e incomodar os adversários como já o fez? Conseguirá recuperar o poder de finalização que o consagrou como um dos grandes atacantes do futebol mundial? “Banco” o investimento ciente que a reincidência é um caminho bem provável? Arrisco alguns milhões num “produto” que, há tempos, não permite retorno?

Pensando como o técnico Tite, recordaria cada entrevista, declaração, preleção e roda de conversa que o atleta foi poupado para dar-lhe tempo e tranquilidade para se recuperar. Será que toda a gestão de conflito de um atleta que nunca esteve em totais condições foi eficiente? Será que declarações mais polêmicas e pressões diretas ao jogador teriam um resultado final mais produtivo a instituição? Com isso, será que prejudicaria o elenco?

Como o próprio jogador, eu me indagaria se todas as respostas que dei alguns dias antes a uma grande emissora de televisão foram, de fato, sinceras. Questionaria se ainda anseio por jogar futebol ou pela fama e repercussão que este papel me proporciona. Pensaria também onde está o problema em ingerir bebidas alcoólicas, curtir a vida noturna e esbanjar o dinheiro que o futebol me proporcionou. Ser atleta e não boleiro, como o Paulo André, não é pra mim!

É claro que diversos outros pensamentos foram elaborados por cada um dos personagens identificados no texto e que podem, ou não, representar a realidade. Representam a minha, ao menos. É certo também que um bom número de conversas de bastidores, a que não temos acesso, ocorreu para culminar no encerramento do contrato de Adriano.

O que deixo, futebolisticamente, é um exercício de reflexão para problemas inevitáveis na gestão de uma equipe que não envolvem diretamente os esquemas táticos, os momentos de jogo ou as estratégias, e para os quais nunca haverá um fluxograma com as melhoras respostas. Como você agiria numa situação semelhante a esta?

Não se esqueça de considerar todos os envolvidos! Pensar e agir somente sob sua perspectiva poderá limitar os caminhos de uma ponte (perigosa) que você precisará cruzar.

Deixo também, mais humanamente, diante de tudo que pôde ser acompanhado neste período de 11 meses, uma simples opinião livre do meu papel de técnico de futebol e também livre de julgamento: que o Adriano, que até confinado ficou na insana tentativa de levá-lo ao alto rendimento esportivo a qualquer custo, independente dos erros ou acertos cometidos em seus últimos passos, encontre seu caminho para os passos seguintes na busca do alto rendimento humano.

Sem a ajuda de alguém, acredito que será difícil encontrar tal caminho e, sem ele querer, acredito que é algo impossível.

Tomara que ele saiba que gols, entrevistas, fama e mulheres são passageiros. Já a sua vida…

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br 

Leia mais:
Valor de mercado de Adriano cai 95% em seis anos

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O futebol brasileiro pós Ricardo Teixeira

Há algumas semanas, os rumores apontavam para a renúncia de Ricardo Teixeira à Presidência da CBF e do COL. Entretanto, somente há poucos dias, os boatos se confirmaram.

Muitas são as críticas à gestão de Teixeira, a maioria delas atinente a corrupção e enriquecimento ilícito. De toda sorte, sob o ponto de vista técnico, em 23 anos sob o comando dele, o futebol brasileiro conquistou duas Copas do Mundo, algumas Copas América e três Copas das Confederações.

Ademais, o tão sonhado Campeonato Brasileiro por pontos corridos tornou-se uma realidade. No entanto, nem tudo são flores. Para agradar as Federações, os deficitários Campeonatos Estaduais permanecem no calendário e os clubes permanecem com o “pires na mão”.

Muitos comemoraram a saída de Teixeira mas, pelo menos em um primeiro momento, nada deve mudar; eis que seus sucessores devem adotar linha semelhante de administração. O ideal seria que os sucessores convocassem novas eleições para conferir legitimidade ao novo Presidente que assumirá o comando do futebol brasileiro em um momento pra lá de delicado.

Ora, temos uma seleção que não convence, vamos organizar um Mundial e os atrasos permanecem. Isso sem contar o anseio dos clubes por uma nova organização do campeonato brasileiro. Fala-se, inclusive, na criação de uma Liga.

Dessa forma, o momento é de se ponderar os pontos positivos (sim, existiram pontos positivos) e negativos da gestão que se encerra, tomando-os como aprendizado a fim de que o futebol brasileiro possa se estruturar para definitivamente ser o melhor do mundo.

Aos torcedores, cabe fiscalizar esta transição e, se for o caso, acionar os dirigentes judicialmente, na forma do Estatuto do Torcedor que prevê, em seu artigo 37, até a possibilidade de haver sua destituição.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br
 

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Nada muda… por ora!

A queda de Ricardo Teixeira abriu o que imagino ser a tal limpeza da “Copa do Mundo transparente” que prometíamos anos atrás. Seria uma Copa repleta de fiscalizações, mas só agora algo veio de fato à tona.

Sem Teixeira, a CBF e seu método de trabalho continuam os mesmos, assim como os contratos já assinados. A principal corrupção já está em contrato firmado. Os membros são da mesma linhagem, com a mesma mentalidade. E, alguns, de mesma índole.

Com Teixeira no poder, os estádios e as cidades escolhidas poderiam ter sido outros, embora eu dificilmente trocasse alguma delas. A presença de Andrés Sanchez na Copa do Mundo 2010 (sempre estando junto à seleção e a membros da CBF) e a invasão de torcida organizada do Corinthians em treinos extremamente restritos da seleção, já levantavam algumas suspeitas, embora eu também veja o Morumbi, a nova Arena Palestra Itália ou o Pacaembu com infraestrutura urbana nas suas imediações impossíveis para um Mundial, principalmente se fosse abertura.


 

A surpreendente, frustrante e mal explicada troca de projetos do estádio de Cuiabá após a seleção da cidade também demonstra uma suspeita de corrupção. São, portanto, dúvidas referentes a todas as escolhas e licitações, materiais escolhidos para os estádios, o tão mal falado logotipo oficial, a entrada de Ronaldo no COL, escritórios escolhidos para fazer alguns projetos e, até mesmo, com o Teixeira na Fifa, a escolha do Brasil como sede – embora eu também acredite que era a opção mais interessante para a entidade máxima do futebol.

Acima, o estádio (sem grandes problemas técnicos) usado para que Cuiabá fosse selecionada como cidade-sede, pela Castro Mello Arquitetos (autora também do projeto de Brasília); abaixo, o projeto com capacidade reduzida e arquibancadas desmontáveis do escritório GCP. Considerar somente o conceito e diretrizes de projeto, e não o estágio de desenvolvimento, pois a primeira proposta foi interrompida, e a segunda foi desenvolvida, trabalhada e maquiada com renderização e apelo gráfico.

Exatamente tudo que já foi assinado deveria ser revisto, mas se isso for feito, perdemos os prazos de tudo e o gasto que teremos com a investigação e burocracia para continuar as obras seria novamente público.

Deveríamos ter fiscalizado, mas já que não foi feito, podemos tentar rever contratos ainda não executados e tentar reduzir alguns valores absurdos de estádios e, claro, punir os envolvidos. Aproveitaríamos para mostrar um Brasil diferente do que nós e os outros países vemos ao mesmo tempo em que daríamos um passo contra a corrupção.

Devemos pressionar para que Teixeira saia da Fifa, afinal, se não nos representa na CBF, por que representaria o Brasil e América Latina naquele organismo majoritário?

Se investigarmos e expusermos os suspeitos, quem sabe, futuramente, nossos estádios sejam definitivamente econômicos, sustentáveis e dignos de deixar um legado para o país: um legado ético e de honestidade política.

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br
 

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Futebol na trincheira

O trocadilho (infame) associado com a saída de Ricardo Teixeira do comando da CBF após 23 anos no poder, anunciado no início desta semana, aventou um misto de alívio e comemoração com uma preocupação latente: e agora? Qual o futuro da entidade máxima do futebol brasileiro? Como será a organização da Copa e a relação do comitê com o Governo Federal?

As dúvidas têm relação com a sucessão. Do atual ou dos postulantes ao cargo no futuro, nenhum deles parece trazer uma proposta de inovação para a gestão do futebol brasileiro. Inovação esta que, aliás, o zagueiro Paulo André, do Corinthians, soube retratar muito bem em seu site oficial no texto intitulado “A encruzilhada do futebol brasileiro”.

O fato é que o modo de pensar o futebol no Brasil precisa sofrer uma revolução completa. E isto deveria começar pela base, que são os clubes – e tal situação parece ainda longe de acontecer. Como dizia o Mestre Marcílio Krueger: “de onde não se espera que venha algo de bom é que não vem nada mesmo”.

Portanto, se os clubes e federações ainda tem dificuldade em entender o negócio futebol como um todo, a partir de processos claros de negócio, não há como esperar algo diferente na confederação. Se não mudarmos as pessoas, não mudaremos a cultura, não mudaremos a forma de pensar e de gerir o futebol no Brasil.

A solução para novos e positivos horizontes na CBF deve partir das novas ciências relacionadas com a gestão do esporte e com profissionais sem vícios atrelados à gestão passada.

E mudanças drásticas, quando o ambiente interno não permite que as mesmas ocorram, acontecem apenas após grandes catástrofes… Para bom entendedor, meia palavra basta.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br
 

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A experiência tecnológica (mercadológica) de se ver futebol

A noticia é velha, as expectativas iniciais foram frustradas, porém a discussão nos permite uma série de reflexões.

O Japão quando concorria para sediar a Copa de 2022, que no final das contas acabou tendo o Catar como sede escolhida, prometia e destacava uma verdadeira revolução na transmissão dos jogos.

Com o desenvolvimento da Sony, os japoneses revelaram a intenção de transmitir as partidas em 3D com projeção nos estádios (no próprio campo) de todo o mundo. Isto é, o jogo que aconteceria no país do Sol Nascente seria reproduzido em qualquer estádio, possibilitando a espectadores do mundo inteiro uma vivencia diferenciada do futebol.

Se não é na exatidão dos termos o que pressupunha Umberto Eco em “Apocalípticos x Integrados”, quando mencionava uma grande massa de pessoas acompanhando um jogo de futebol e robôs, é sem dúvida algo muito próximo, em termos de virtualidade e mundo cibernético.

Do ponto de vista do torcedor, é possível vermos vantagens como experiência única de acompanhar em tempo real de dentro de um estádio no seu próprio país um evento que acontece do outro lado do mundo, assim como a desvantagem de ter uma experiência mediada e não presencial na acepção da palavra.

Porém, por outro olhar, o das questões mercadológicas, a possibilidade de geração de novos produtos e segmentos atrelados ao futebol são inimagináveis. A criação de sedes virtuais, de subsedes, ou ainda mesmo a de uma Copa do Mundo universal com um país sede por grupo na fase inicial do torneio – imaginem oito sedes iniciais da Copa. O que é feito hoje com cidades de um mesmo país, sendo feito com os próprios países.

Sim, do ponto de vista de organização e política exige muito mais esforços, porém com a possibilidade de criar diferentes sedes virtuais com as projeções 3D, ganharia uma penetração além das telas de televisão que hoje já apresenta números fantásticos.

Ainda que possa beirar a ficção, é algo que já se encontra no alcance de nossos olhos.

E você, como imagina como serão as vivências de uma Copa do Mundo num futuro próximo?

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br
 

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Melancolia

Tenho tido a sensação de que estamos todos melancólicos quanto ao futebol brasileiro.

Além das frequentes notícias de desentendimento geral entre Fifa, COL, Ministério dos Esportes, empreiteiras e clubes, no que concerne à Copa 2014, a grita também passa pelo sentimento de grave crise técnica – formativa – filosófica dos jogadores.

Fundamentalmente, sob um olhar sistêmico, percebemos um desequilíbrio no desenvolvimento das áreas do conhecimento afeitas ao futebol.

Direito, Medicina, Fisiologia e Preparação Física, Fisioterapia, são funções que estão qualificadas em alto nível nos clubes.

O Marketing dá mostras, em poucos clubes, que avança para esse caminho.

A grande dificuldade reside no fato que a Gestão não consegue contar com profissionais qualificados segundo visão e aprendizado desde dentro do futebol.

Em outras palavras, poucos são os profissionais que se dedicam, exclusivamente, ao futebol e/ou foram forjados a partir dele, ao mesmo tempo em que a educação formal também fosse orientada para isso.

Se não temos cursos de capacitação, nem profissionais dedicados integralmente ao pensar e agir, o resultado é a frustração amparada no sentimento de não atingir os resultados imaginados.

Temos feito as mesmas coisas há bastante tempo. Os resultados continuarão sendo os mesmos.

A bile negra do estado de depressão se agrava ainda mais quando se olha pro vizinho e se enxerga, nele, um estado de extrema felicidade.

O Boca Juniors celebrou um acordo de cooperação técnica com o Barcelona, ampliando o projeto que existia em La Candela, Buenos Aires.

Isso fomentará a formação dos treinadores segundo a metodologia do clube catalão e, em contrapartida, os jogadores de destaque na base argentina poderão ser selecionados para ingressar no seu elenco.

Algo semelhante não poderia ocorrer aqui no Brasil, com os grandes clubes?

Algumas alianças comerciais tem sido esboçadas, como o Manchester United – Desportivo Brasil, Internacional – Tottenham.

É um bom sinal, mas precisamos mais envolvimento.

O primeiro passo do rico e longo processo é reconhecer não apenas necessidade, mas humilde interesse em promover o desenvolvimento de nosso futebol segundo a engrenagem que movimenta todo o mecanismo: o jogador de futebol.

Precisamos resgatar nossas origens históricas.

Nesse estado pré-depressivo, o futebol brasileiro precisa de ajuda profissional.

Sem isso, fica difícil superar a melancolia.

Que a frase de Cruyff possa ser vivida em nossos estádios no dia a dia, remetendo ao prazer de jogar futebol e de assisti-lo:

“Jogar futebol é simples. Mas o mais difícil que existe é jogar futebol simplesmente”.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br
 

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Princípios estruturais: atividades práticas para apoio e mobilidade

Dentro do Modelo de Jogo, temos os princípios operacionais, que regem a ação dos jogadores, como vimos em colunas anteriores, e os princípios estruturais, que orientam os atletas na ocupação do espaço.

Os princípios estruturais são referências para que os jogadores ocupem de maneira inteligente o espaço do jogo nos momentos de ataque, defesa e transição.

Em linhas gerais, servem como “ferramentas” para deixar o “campo grande” quando a equipe está atacando e o “campo pequeno” quando a equipe está defendendo.

Além de auxiliar na estruturação do espaço nos momentos de transição.

Segundo Leitão (2009) os mesmo podem ser elencados da seguinte maneira:

Princípios Estruturais de Ataque:
Amplitude
Penetração
Profundidade
Mobilidade
Apoio
Ultrapassagem
Compactação Ofensiva

Princípios Estruturais de Defesa:
Retardamento
Cobertura
Equilíbrio
Flutuação
Recuperação
Compactação Defensiva
Bloco
Direcionamento

Princípios Estruturais de Transição Ofensiva:
Densidade Ofensiva
Balanço Ofensivo
Proporção Ofensiva

Princípios Estruturais de Transição Defensiva:
Densidade Defensiva
Balanço Defensivo
Proporção Defensiva

Outros autores, como Vazqués Folgueira (2001), Parreira (2005), Hughes (1974), Bangsbo e Peitersen (2002) tratam de tais princípios, mas a nomenclatura difere de autor para autor e de país para país. O que importa é a essência de cada um deles seja entendida.

 

 

Introdução aos Aspectos Táticos do Futebol: faça agora mesmo o curso online da Universidade do Futebol e se aprofunde no tema; clique aqui

 

Pois bem! na coluna desta semana vou me focar em dois princípios de ataque: apoio e mobilidade.

O apoio, segundo Parreira (2005) e Leitão (2008) se refere à ocupação do espaço de jogo de maneira inteligente a fim de criar linhas de passe para o portador da bola.

 

Já a mobilidade, segundo os mesmos autores citados acima, se refere à movimentação coordenada de jogadores da equipe a fim de desestabilizar a defesa adversária e criar linhas de passe para o portador da bola. É algo parecido com o rodízio feito no futsal, por exemplo.

 

Definidos tais princípios, preciso agora pensar em como eles se articulam com as demais referências da minha equipe.

Por exemplo, se tenho como princípio operacional de ataque a manutenção da posse de bola, devo ter muito bem desenvolvido tanto o apoio como a mobilidade (além disso, devo verificar se os mesmos estão contribuindo para o cumprimento da lógica do jogo!).

Visto isso, o próximo passo é…

Estruturar as atividades!

Abaixo, seguem três atividades para o desenvolvimento de tais princípios de uma maneira fractal ao jogo e que leva em conta um Modelo de Jogo hipotético elaborado para fins didáticos:

Atividade 1

Descrição
– Atividade de 4 X 2 (“Bobinho”): o objetivo é estimular a criação de apoios e a mobilidade. Essa atividade pode ser utilizada no aquecimento de categorias maiores ou mesmo na parte principal do treino em categorias menores. O número de jogadores pode variar.

Regras e Pontuação
– Os quatro jogadores devem manter a posse de bola sem que os dois defensores a recuperem; se isso ocorrer, quem errou o passe ou perdeu a bola vai para o lugar do defensor.
– O jogador que fez o passe não pode ficar no lugar. Deve se movimentar em qualquer direção e criar uma nova linha de passe. Com isso, a atividade fica mais dinâmica e a mobilidade é estimulada.

Atividade 2

Descrição
– Atividade de 6 X 6, em que o objetivo das equipes é manter a posse de bola.

Regras e Pontuação
-O campo é dividido em quatro quadrantes.
– A equipe para pontuar deve trocar o maior número de passes possível sem interrupção.
– Cada jogador só pode fazer um passe dentro de cada quadrante. Por exemplo, após o jogador “A” realizar um passe no quadrante “X”, ele deve se deslocar para qualquer outro quadrante de campo para tocar na bola novamente.

Atividade 3

Descrição
– Atividade de 11 X 7, jogo de ataque contra defesa com regras adaptadas.

Regras e Pontuação
Ataque
– Marca 5 pontos quando fizer o gol.
– Marca 2 pontos quando trocar 8 passes.

Defesa
– Marca ponto quando ultrapassar a linha tracejada. A pontuação será de acordo com a quantidade de passes realizados antes de ultrapassar a linha tracejada, ou seja, se a equipe trocar 10 passes e ultrapassar a linha tracejada, marca 10 pontos.

Em próximas colunas vou abordar outros princípios e apresentar atividades para o desenvolvimento das mesmas.

Até a próxima!

Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br