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Os pecados capitais na vida profissional

Frequentemente recebo pedidos de entrevistas abordando formas de comportamento no mundo coorporativo. Na grande maioria das vezes são perguntas muito parecidas: “o que fazer”, “o que deve ser evitado”, “como se portar diante de algumas situações”, etc.

Na última semana, recebi uma solicitação de nossa assessoria de imprensa para abordar exatamente este tema: comportamento no mundo coorporativo. Agendei horário para entrevista e pensei que já soubesse quais seriam as perguntas, mas fui surpreendido pela forma como o assunto foi abordado. Ao invés das perguntas conhecidas, a repórter fez um paralelo com os pecados capitais, então precisei parar e refletir para poder responder.

Ao refletir sobre as perguntas e as possíveis respostas, pensei também se eu mesmo não estava cometendo alguns dos pecados, se deveria pagar alguma penitência por eles e como poderia evitá-los.

Gostaria de compartilhar esse assunto com vocês, para que também pudessem fazer suas avaliações. Vamos a eles:

Gula – uma pessoa com gula tem o desejo insaciável, além do necessário, em geral por comida, bebida ou intoxicantes. Podemos dizer que nas empresas ou nos clubes cometem o pecado da gula aqueles profissionais que antes de iniciar uma tarefa querem saber o que vão ganhar com aquilo, o quanto vão ganhar. Estão sempre de olho no que vão receber, no que podem pedir em troca.

A penitência para esses profissionais é ficarem “mal vistos” pelos demais, acabando por perder oportunidades e sendo excluídos do grupo, pois as pessoas, antes de delegarem uma tarefa extra ou de pedirem algo para o glutão, pensam: “não vou pedir para ele, pois ele sempre quer algo em troca” ou “ele sempre pede mais do que precisa, mais do que vale a tarefa”.

Dica de como lidar com essa situação: ganhar é sempre bom, mas ninguém ganha antes de contribuir antes de fazer algo; por isso fique atento ao que acontece ao seu redor, veja como pode contribuir com a equipe, sem que os ganhos sejam imediatos. Aliás, pode ser que não ocorram ganhos imediatos, mas o fato de contribuir e se engajar com a equipe poderá trazer ganhos futuros e consolidar relacionamentos que podem abrir outras portas dentro e fora da empresa.

Avareza – uma pessoa avarenta tem dificuldade de abrir mão do que tem mesmo que receba algo em troca. Nas empresas ou nos clubes, o profissional avarento é aquele que não quer compartilhar o conhecimento, o famoso “sonegador”, quer manter segredo do que faz, de como faz, acha que essa atitude lhe dá poder. Hoje, ao contrário do que pensa o avarento, compartilhar o conhecimento é o segredo do sucesso. A diferença não está mais no conhecimento teórico – isso é facilmente encontrado em qualquer pesquisa no Google, e sim em como usar o conhecimento adquirido para fazer algo diferente.

A penitência para os avarentos é ficar cada vez mais isolado, pois quem não está disposto a contribuir, também recebe poucas contribuições e hoje, quando a troca de informações é vital para o sucesso, um avarento está com os dias contados em qualquer empresa.

Dica de como lidar com essa situação: saber sobre algo, ter conhecimento teórico é uma grande qualidade, mas essa qualidade pode ser multiplicada se você usar o conhecimento para contribuir com um grupo ou em projeto. Tente fazer isso algumas vezes e verá que os resultados serão surpreendentes.

Luxúria – uma pessoa embebida pela luxúria age numa busca desenfreada pelo prazer, um prazer pelo excesso. Nas empresas ou nos clubes, luxúria pode ser classificada como assédio sexual ou assédio moral. Casos desse tipo foram um problema muito sério no Brasil, principalmente nos tempos dos excessos de autoridade dos líderes, agravado pela impunidade e desemprego em alta. Hoje estes casos podem ser classificados como exceção.

A penitência para esses casos vai além de uma simples advertência ou demissão, pois implica em aspectos legais. O profissional que cometer esse crime responderá judicialmente por ele.

Dica de como lidar com essa situação: se você sente esse prazer em excesso, essa busca louca pelo prazer e consegue perceber isso, pare imediatamente, pois ainda há uma chance de impedir que algo de errado aconteça. Procure ajuda de um profissional da área da saúde.

Ira – uma pessoa em estado de ira tem o intenso e descontrolado sentimento de raiva, ódio, rancor que pode ou não gerar sentimento de vingança. Nas empresas ou nos clubes, os profissionais que cometem esse pecado são aqueles que enxergam os problemas em tudo. Ao invés de verem soluções, fazem críticas e críticas duras a tudo e a todos, com raiva, mesmo: nunca nada está bom para o profissional irado e rancoroso.

A penitência é que ficam pouco tempo nas empresas, são excluídos dos grupos rapidamente.

Dica de como lidar com essa situação: se você sente raiva de tudo e de todos, algo não vai bem, com certeza não está tudo errado e todos não estão errados. Procure identificar o que te incomoda de fato e resolva essa situação. Paralelamente, antes de tomar qualquer atitude, pense, reflita o que sua ação pode causar de danos para você mesmo e se existem outras formas de lidar com a situação. Só depois de parar, respirar, pensar de novo, volte a agir. Fazendo assim, seu excesso de raiva será minimizado e você e todos que vivem ao seu redor terão uma rotina mais tranquila.

Inveja – a pessoa invejosa tem um sentimento gerado pelo egocentrismo e pela soberba de querer ser maior e melhor que todos. O profissional invejoso normalmente faz pouco e reclama dos que fazem e são gratificados por isso. É comum um invejoso classificar os mais trabalhadores e os mais talentosos como “puxa sacos” ou “sortudos”, afinal ele tem que justificar para si mesmo sua incompetência.

A penitência para o invejoso, na melhor das hipóteses, é ficar estagnado em sua posição.

Dica de como lidar com essa situação: antes de ficar com inveja da conquista dos outros e taxá-los de “sortudos” ou “puxa sacos”, tente entender o que eles fizeram para alcançar seus objetivos e veja se você está disposto a fazer o mesmo. Se estiver, vá em frente e chegará lá também. Agora, se não estiver disposto, pare de reclamar e continue vivendo e tendo os resultados compatíveis com suas entregas.

Preguiça – uma pessoa preguiçosa pode ser interpretada como quem tem aversão ao trabalho, bem como negligente e lento ao realizar suas atividades. O profissional preguiçoso é aquele que está sempre fugindo de mais trabalho, dá pouca atenção aos detalhes, não é caprichoso, quer fazer sempre menos que o possível, não gosta de pensar, cumpre a “tabela”, segue a risca os horários de almoço e de saída. Pode ser até querido pelo grupo, pois normalmente são bem humorados e não arrumam “encrenca” com ninguém.

A penitência para o preguiçoso, na melhor das hipóteses, é ficar estagnado em sua posição. Seu emprego corre risco quando encontra pela frente um líder atento, que sabe que este tipo de profissional destrói a moral da equipe.

Dica de como lidar com essa situação: sair da estagnação é complicado. Os primeiros passos, aqueles que começam a dar velocidade, são os mais difíceis, mas se você quer de fato deixar a preguiça de lado, vá em frente! A boa notícia é que a cada passo dado, a estagnação fica mais longe e a velocidade aumenta com mais facilidade.

Soberba – uma pessoa com soberba é caracterizada pela pretensão de superioridade sobre as demais pessoas, com manifestação latente de arrogância. O profissional que comete esse pecado é aquele que se acha mais importante do que de fato é. Na sua visão, ele é insubstituível, faz mais e melhor que os outros e age assim sem perceber. Todos perc
ebem sua soberba, menos ele. Os outros descrevem ele da seguinte forma: “Se fulano fosse tão bom quanto pensa que é, ele seria um ótimo profissional”. Diferentemente do preguiçoso, normalmente o soberbo não é uma pessoa querida.

A penitência pela soberba é perder oportunidades de aprender e crescer nas organizações.

Dica de como lidar com essa situação: antes de achar que sabe tudo, que pode tudo, que é o melhor em tudo, procure ver como pode aprender ainda mais, ser ainda melhor no que faz e ver se alguém já fez ou faz o que você se acha único. Agindo assim, você poderá aprender e agregar ainda mais qualidades às que já twm e, paralelamente, deixará sua arrogância de lado, o que isoladamente já será um ganho enorme.

É isto, pessoal!

Reflitam e vejam se estão cometendo algum pecado e se ainda é tempo de evitar as penitências e fugir delas.

Agora, intervalo, vamos aos vestiários e nos vemos no próximo mês.

Abraços a todos!

Para interagir com o autor: ctegon@universidadedofutebol.com.br  
 

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Preleção: treino a treino ou apenas no dia do jogo?

A preleção é algo que está contido no futebol e faz parte do dia de jogo de quase todas as equipes.

Mas o que é a preleção? Para que ela serve? Só a utilizo no dia da partida?

Segundo o dicionário Michaelis, a palavra preleção significa: “Ato de prelecionar; Lição; Discurso ou conferência didática.”

Vamos analisar mais a fundo o significado “conferência didática”.

Segundo o mesmo dicionário, as palavras “conferência” e “didática” significam:

“Conferência – Reunião de pessoas para discutirem um assunto importante.”; “Didática – Arte de ensinar.”

Visto isso, podemos definir que a preleção é uma reunião orientada por uma ou mais pessoas que utilizam-se de recursos pautados na arte de ensinar.

O que isso quer dizer praticamente?

Significa que a preleção é um ambiente de aprendizado e não apenas um momento em que o treinador ou a comissão apresenta as suas respostas para os problemas do jogo.

Não quero dizer aqui que o treinador deve sentar no banco e os jogadores assumirem a discussão, mas sim que o treinador deve orientar o processo e levar os jogadores a refletirem sobre os problemas do jogo em si.

Para levar a discussão à prática, peço licença para reproduzir um trecho do livro “André Villas-Boas: Special Too”, em que o então goleiro da equipe do FC Porto, o brasileiro Hélton, se refere à preleção (chamada de palestra por ele no trecho) do treinador português antes do jogo final entre Porto e Braga na final da Liga Europa:

“(…) a palestra mexeu muito conosco… foi maravilhosa. Espetacular. Fez pensar, refletir. Quando é mais do mesmo, por exemplo, “vamos lá jogar para ganhar”, não tem grande efeito nos jogadores, porque estamos sempre a ouvir isso. Ali foi diferente, ele acrescenta sempre uma novidade, isso é espetacular.”

Veja o quanto de informação importante sobre a forma com que os jogadores veem a palestra temos nesse trecho.

Estamos no caminho certo? Será que nossos jogadores estão satisfeitos com nossas palestras?

Nesse momento específico devemos trazer coisas novas e não fazer mais do mesmo. Para isso podemos utilizar diversos recursos e abordar temas pertinentes ao momento do processo e não ficarmos “patinando” nos mesmos tópicos sempre.

Além disso, não precisamos nos focar apenas no próximo adversário!

Existem muitas coisas que podem e devem ser abordadas nessa conferência didática. Por isso a preleção deve ser vista para muito além de uma simples conversa de vestiário e ser entendida como um processo que se inicia juntamente com o processo de treino. Sendo assim, a preleção deve ser diária e no momento da partida, e o treinador não precisa e não deve tentar mudar o mundo, pois ao longo da semana tudo foi preparado para a equipe ter uma performance adequada àquele momento.

A fim de auxiliar na discussão, utilizo novamente um trecho do livro referido acima. Neste momento, o autor destaca a forma com que o treinador português André Villas-Boas conduz o processo de preleções da equipe.

“Muita gente tem a ideia de que a palestra que se faz antes dos jogos é uma peça fundamental do trabalho de preparação para um jogo. Até pode ser, por circunstâncias diversas, mas a verdade é que para os treinadores modernos vale muito mais o que se vai dizendo aos jogadores ao longo da semana.(…)

(…)Era exatamente isso que André Villas-Boas fazia no FC Porto. Começava a preparar os jogos em pequenas conversas que tinha com os jogadores, abordando pormenores sobre o posicionamento da equipe e dos próprios jogadores, falando dos adversários e da sua motivação, dos ambientes, etc.(…)

(…)A preparação feita nos dias que antecediam um jogo permitiam chegar ao dia do encontro e não ser necessário dizer grandes coisas nas tais palestras.”

Vejam que a preleção faz parte do processo!

Não há segredos.

Ao longo dos dias, das semanas, tudo deve progredir na sua complexidade e os conceitos devem se somar ao longo do tempo.

Nada é isolado e muito menos deve ocorrer a esmo, pois a performance não ocorre por acaso! Ela é fruto do trabalho diário!

Até a próxima!

Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br

Bibliografia

Perreira L.M., Pinho J. André Villas-Boas: Special too. Prime Books. Portugal, 2011
 

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As tomadas de decisão, as transições defensivas e a provável eliminação na UCL 2011/2012

O melhor torneio de clubes do mundo está na fase eliminatória com somente 16 participantes. Milan e Arsenal formam uma das chaves das oitavas de final da Uefa Champions League 2011/2012 e foi o jogo escolhido para as reflexões desta coluna. Na partida de ida, vitória do Milan por 4 a 0.

Na postagem da última semana, foi mencionada a importância de todos os atletas conseguirem “jogar o mesmo jogo nas transições”. No confronto entre Milan e Arsenal, a equipe italiana teve comportamento determinante para o resultado do jogo em suas transições ofensivas e, consequentemente, a equipe inglesa também teve comportamento determinante, porém negativamente, em suas transições defensivas.

Sabe-se que, ao perder a posse de bola, dois comportamentos coletivos podem ser realizados. Um deles é o de busca imediata pela recuperação da posse e o outro é o retorno da equipe até outras referências de marcação (linha da bola ou determinada região do campo), para posterior recuperação.

Para cada um dos quatro gols do Milan, será feita uma explicação dos comportamentos realizados pela equipe do Arsenal, considerando sua plataforma de jogo (1x4x2x3x1) e as regras de ação de alguns jogadores.

No lance do primeiro gol, após a perda da posse de bola, é evidente que o Arsenal opta por reposicionar sua equipe defensivamente e impedir progressão do adversário. Para que este mecanismo coletivo seja corretamente aplicado, os setores entre a bola e o alvo devem ser devidamente protegidos para evitar a ocorrência de situações de finalização a partir de movimentações ofensivas (penetração, profundidade, ultrapassagem, fintas e dribles).

Nocerino, jogador do Milan, que recuperou a posse e teve espaço e tempo para agir assiste à Boateng que, sob a mesma condição (espaço e tempo para a ação) tem possibilidade de finalização. Os erros de decisão de Vermaelen, central pelo lado esquerdo, e Koscielny, central pelo lado direito, expõem o que não pode ser exposto por quem opta pelas referências operacionais que não a de recuperação da posse: a zona de risco.

Vermaelen decide seu posicionamento em função da bola, da sua meta, do adversário com posse e de Ibrahimovic. Já Koscielny define o seu a partir das mesmas referências, porém, ao invés de Ibrahimovic, Robinho. Ambos “esquecem” de Boateng. A conclusão da jogada pode ser vista abaixo:

A ação do segundo gol tem início em nova perda da posse de bola, no entanto, desta vez existe um comportamento coletivo de tentativa de recuperação, observada pela diminuição do espaço em que se encontra a bola feita pelo lateral direito Sagna, pelo volante Arteta e pelo meia direita Walcott. Este mecanismo, ineficaz nesta ação, novamente permitiu espaço e tempo, desta vez para Emanuelson, que realizou um passe vertical para Ibrahimovic com posterior erro decisório da equipe inglesa: a linha de impedimento com ações individuais distintas. Koscielny adianta a linha de marcação, porém, o movimento não é acompanhado por Vermaelen e pelo lateral esquerdo Gibbs. Acompanhe toda a jogada e sua conclusão no trecho a seguir:

Já no terceiro gol, após passe errado de Rosicky, Arteta e depois Vermaelen tentam, sem sucesso, a recuperação da posse com pressão em Robinho e Ibrahimovic, respectivamente. Na mesma ação, laterais e o volante Song recompõem e Djourou (central que substituiu Koscielny, lesionado) retarda a ação. Com Ibrahimovic novamente pressionado, desta vez por Sagna e com a linha defensiva formada, o Arsenal volta a errar a decisão com Song, que não posiciona em frente aos quatro defensores entre bola e alvo, logo, deixa o setor de finalização exposto para Robinho. O escorregão de Vermaelen, contrariando o comentarista, não foi a falha determinante para a ocorrência do gol.

Para a jogada do quarto gol, pedirei sua opinião, caro leitor. Quais as falhas defensivas apresentadas pela equipe do Arsenal após a perda da posse de bola por Rosick? Eventualmente, peço a participação de vocês, pois julgo como fundamental para a coluna possibilitar maiores reflexões.

A opinião aqui exposta só ganha significado se em alguns lugares desse imenso país e, inclusive, fora dele (certo, Álvaro?) mais pessoas estiverem pensando sua prática a partir dos conteúdos aqui expostos e sendo críticos o suficiente para interpretá-los, questioná-los e, acima de tudo, (re)significá-los diante de suas próprias realidades.

E mais do que as respostas, como fiz nas jogadas dos três primeiros gols, são as perguntas que potencializam as discussões. Discussões que fazem surgir opiniões como a do leitor Felipe Sampaio, adjunto na base do Santa Cruz-PE e que está no caminho certo em suas reflexões sobre a Metodologia de Treinamento.

Abaixo, o último vídeo, sem edições (em dois links devido às problemas na publicação):

Pode ser que algum leitor me escreva mencionando que o Arsenal não teria apresentado estes problemas de transição defensiva se fosse mais eficiente em sua organização ofensiva, pois perdeu a posse de bola em quatro situações relativamente simples para uma equipe de alto nível do futebol mundial.

E eu concordaria com a resposta!

Coisas do (complexo) futebol…

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br
 

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Estatuto do Torcedor: os direitos do consumidor de atividades esportivas

O esporte, sob o ponto de vista filosófico, constitui fator importante para a fuga das inquietudes naturais da rotina do cidadão. Desde as mais antigas civilizações, especialmente na Grécia, o desporto é utilizado como forma de demonstrar a destreza e a força física dos competidores, bem como o maior ou menor poder de uma nação e/ou etnia.

Conjuntamente a este desenvolvimento, evoluíram também as formas de disputas e organizações esportivas. Esses acontecimentos no âmbito do desporto foram acompanhados pela evolução de outros aspectos da vida humana, como as artes, as ciências, as indústrias e também o Direito.

O crescimento esportivo trouxe novidades e imensas modificações nas relações entre competidores, entidades organizadoras e seus espectadores. E quando há um inter-relacionamento entre diversos agentes faz-se necessária regulamentação pelo ordenamento jurídico.

Com a evolução do esporte a legislação pátria acabou por acompanhar tal evolução, até culminar na proteção dos direitos do torcedor.

Neste esteio, em maio de 2003 foi promulgada a Lei 10.671, denominada Estatuto do Torcedor, que disciplina os direitos e os deveres de uma determinada categoria.

Quando se fala em desporto no Brasil, naturalmente remonta-se, imediatamente ao futebol, haja vista ser o esporte mais difundido no país e de já ter faturado cinco Copas do Mundo (evento de maior visibilidade) e uma infinidade de outros títulos. Não obstante, o Estatuto do Torcedor é aplicável a todo o desporto profissional.

Especialmente, no momento em que o Rio de Janeiro será sede das Olimpíadas de 2016 e outras modalidades começaram a se tornar conhecidas e populares. Contudo, foi na popularização do futebol que se massificou a prática desportiva, outrora atrelada às classes mais abastadas.

Assim, o Estatuto do Torcedor traz importantíssimas normas e regulamentações ao Direito Pátrio, uma vez que responde aos anseios dos desportistas e torcedores brasileiros que desejam a prevalência da ética, da moralidade e da transparência no desporto profissional, especialmente o futebol.

Ademais disso, cada vez mais cresce a apreciação e a prática de diversos outros esportes, como o vôlei, a natação, o basquete, o tênis e vários outros ainda menos difundidos, mas já muito apreciados.

Seu conteúdo possui sentido moralizador e desde sua entrada em vigor foi severamente criticada por alguns dirigentes esportivos.

A responsabilidade pela implementação do estatuto cabe às entidades que administram o esporte (confederações, federações, ligas esportivas), aos clubes, ao Poder Público e aos torcedores.

Quanto aos clubes de futebol, é desejável que se organizem como o fizeram as empresas quando da promulgação do Código de Defesa do Consumidor. Muitas delas (os bons fornecedores) deram demonstração de civilidade e boa visão de mercado, pois investiram no treinamento de funcionários, na melhoria de procedimentos e qualidade de produtos e serviços, se capacitaram para um melhor diálogo com os consumidores e os seus órgãos e entidades representativas.

Ainda que algumas empresas deixem muito a desejar quanto aos direitos dos consumidores, não ousam negar a importância do Código de Defesa do Consumidor, tampouco se recusam a adotar iniciativas para sua implementação.

Espera-se que o mesmo ocorra não somente com principais times de futebol, mas com todos os clubes e entidades organizadoras de atividades esportivas. Neste esteio, importante que a imprensa e os próprios torcedores desafiem os clubes a se pronunciarem sobre o dever ético, e agora também jurídico, de respeitar o consumidor/ torcedor.

O Estatuto do Torcedor trata, portanto, de lei que, a exemplo do código de defesa do consumidor, estende sua tutela protetora a uma grande parcela da sociedade. O reconhecimento da relevância social de eventos públicos de caráter esportivo tem gerado o surgimento de leis reguladoras em vários países do mundo.

Todos somos consumidores e não seria de se considerar inverossímil a assertiva de que, no Brasil, todos somos torcedores. O costume de ir ao estádio torcer pelo time de sua simpatia está, já há muito, presente na vida do brasileiro: do mais rico ao mais humilde.

Por esse motivo, a Lei 10.671/2003 confere oportunidade de conciliar a paixão do torcedor brasileiro com o sentimento de cidadania, tão execrado nas décadas de Ditadura Militar.

É fato que ainda há muito a ser implementado, muito o que melhorar. Os organizadores de eventos esportivos e as entidades competidoras ainda não se ativeram para a importância do torcedor e o conseqüente respeito por seus direitos. E, por isso, ainda não foi atingida a situação ideal de que tudo os que os torcedores e esportistas necessitam seja previamente atendido.

No entanto, da promulgação do Estatuto do Torcedor, trouxe imensa evolução, tais como a presença de equipes médicas, o respeito aos regulamentos, a criação de ouvidorias, o dever de informação que vem sem aperfeiçoando, entre outros.

Mas, ainda, é preciso mais. É indispensável que os responsáveis pelo desporto nacional criem serviços de atendimento ao torcedor, no molde das grandes empresas; é preciso que os estágios, ginásios ou autódromos possuam mais segurança.

Precursor neste aspecto, o Internacional, de Porto Alegre, possui estruturado Serviço de Atendimento ao Torcedor. Não é por acaso que se tornou o time de futebol brasileiro com maior número de sócios torcedores.

Em Minas Gerais, espetacular exemplo é o Minas Tênis Clube, conhecido nacionalmente por suas equipes de vôlei, basquete, natação e futsal, que possui uma ouvidoria para o torcedor não sócio. Zelo com o torcedor ainda não implementado pelos três grandes times de futebol da capital mineira (América, Atlético e Cruzeiro).

Portanto, o Estatuto do Torcedor confere instrumentos hábeis a assegurar uma séria de direitos e proteções, cabendo à sociedade civil acionar o Judiciário e os órgãos administrativos responsáveis no intuito de se efetivar a aplicabilidade do disposto na Lei supra citada.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br
 

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Centros de treinamento, educação e a evolução do futebol brasileiro

Embora seja extremamente importante se preocupar com forma, materiais, sustentabilidade ambiental e financeira dos estádios que estão sendo construídos por serem eles os responsáveis pelo legado social e de infraestrutura para nossas cidades (direta ou indiretamente), bem que poderíamos nos preocupar com benefícios ao futebol em si, que também traz o seu desenvolvimento social, de caráter e comportamental a nossa população. E digo isso pois vejo em poucos estádios essa preocupação.

Poucos são os que preveem uma estrutura para o futebol de base, centros de treinamento. Prefiro falar sobre as escolinhas e triagem de atletas jovens em outro texto, e falar agora somente do centro de treinamento – embora possam estar juntos, em um mesmo local.

Podemos notar que os grandes times mundiais têm sempre centros de treinamento muito bons. Estamos tratando de uma indústria do futebol, ou seja, tem que haver dinheiro para a natural evolução, manutenção e contratações. Mas não estou dizendo que devemos esquecer o valor do esporte tratando somente o lado financeiro.

Esses equipamentos podem trazer melhorias nos resultados diretos das equipes, evitando lesões, recuperando melhor os atletas e proporcionando novos tipos de treinamento e de comportamento – evitando episódios como os envolvendo o Adriano, por exemplo. Trata-se de um equipamento que conforta ao mesmo tempo em que educa.

Claro que não muda o caráter nem mesmo os ideais de uma pessoa, mas que proporciona, mais facilmente, a disciplina ao atleta, sem grandes problemas, dificultando que ele se “desvirtue”, que desanime.

É muito importante que os clubes brasileiros planejem e criem estratégias de desenvolvimento, valorizando, através de seus CTs, os pontos que desejam desenvolver melhor.

Um grande exemplo é o Milan, que faz com que os atletas se sentissem no conforto de suas casas enquanto reclusos nos centros de treinamento. É necessário passar muito tempo nesses locais e isso, segundo o Milan, é essencial para manter os atletas comprometidos, atuando como equipe/família, e com prazer.

Mais recentemente foi publicado o projeto do renomado arquiteto Rafael Viñoly para o CT do Manchester City. Com 12 campos, um estádio para 7.000 torcedores entre estrutura para as funções básicas como alojamentos, etc.

E também podemos notar preocupações com o conforto mínimo em alguns CTs. O Paris Saint-Germain, frente ao frio de 7ºC nos treinamentos, adotou uma solução mostrando que não é necessário gastos e investimentos estrondosos para certas necessidades. No caso, o campo foi coberto com material utilizado em balões para manter a temperatura em cerca de 10º. Essa cobertura se mantém “inflada” por ventiladores potentes.

No Brasil, até mesmo os times grandes não têm estruturas com qualidade. Claro que temos o necessário, mas o futebol brasileiro poderia voltar a se destacar mundialmente, a ser inspiração para atletas daqui e de fora ao invés dos nossos sonharem com os clubes italianos, ingleses, franceses, espanhóis e alemães, e começarem a ver aqui um potencial de carreira.

Acredito que pode ser sonho também de atletas estrangeiros, de termos aqui o necessário para a evolução dos nossos jovens atletas e fazer com que o futebol brasileiro traga capital estrangeiro para o país.

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br
 

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Relação dos clubes com os incentivos e fomentos tecnológicos – parte II

Olá, amigos!

Na primeira parte deste tema, discutimos a necessidade de os clubes se organizarem para investir e estruturar a questão tecnológica de seus departamentos.

Comentamos que “o investimento em tecnologia não deve concorrer com o investimento de contratações e administração do plantel. Ele faz parte dos recursos investidos pelo clube no aperfeiçoamento do desempenho de sua equipe e de sua gestão”.

O foco nesta parte foi o relacionamento e o desenvolvimento de projetos com a proximidade do Ministério de Ciência e Tecnologia.

No texto desta semana, trazemos outras possibilidades de fomento à tecnologia, oferecendo outras perspectivas ao clube que tanto reluta em investir em inovação.

Inspirado em tantas outras áreas da tecnologia, o futebol pode desenvolver prêmios para que torcedores, cientistas e engenheiros possam contribuir com a ciência do jogo. Assim como a Gatorade possui um instituto focado em desenvolvimento de ciência, o clube pode desenvolver ações similares.

Seja na organização de departamento de desenvolvimento de pesquisas de ponta, que poderão usar o próprio clube como laboratório, o que possibilita o pioneirismo em diversas ações, seja no incentivo à inovação, é possível criar alternativas.

Tivemos no mês passado a divulgação de um prêmio para quem conseguir desenvolver um aparelho inspirado na ficção para detectar doenças*. Os valores podem ser altos, o desafio complexo, porém, isso pode acelerar resultados e a obtenção de recursos avançados.

Um caminho que pode servir de exemplo para o futebol, adequando-se os valores e necessidades, é possível, sim. É preciso que o clube desenvolva um programa de incentivo e prêmios para quem conseguir desenvolver recursos necessários para o dia a dia desta agremiação.

Por um lado pode baratar o investimento à medida que você compartilha seus interesses. Por outro, tornam “públicas” as intenções do que poderia ser um diferencial. Mas sempre quem toma a dianteira em tecnologia tem a capacidade de obter profissionais mais qualificados e, nesse aspecto, o compartilhamento das informações e do desenvolvimento teria o benefício da diluição dos custos, aliado à competência profissional, que é o que realmente faz a diferença no uso tecnológico.

De nada adianta uma super máquina se não existir um ser humano capacitado e, mais do que isso, que consiga tirar o melhor proveito dela.

Falta de dinheiro não pode ser utilizada de desculpa para o não investimento em tecnologia. Alternativas existem. O que pode faltar é competência, visão e iniciativa.

Mas, aí, são outros problemas…

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

Leia mais:
Relação dos clubes com os incentivos e fomentos tecnológicos – parte I
 

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Prazeres da carne

Carnaval vem do latim carnis valles, ou “o deleite dos prazeres da carne”.

Originariamente, eram três dias de festividades que incluíam muita comida, bebida, diversão e celebração dos prazeres mundanos.

Escravos ganhavam salvo-conduto, os negócios ficavam com suas portas fechadas, havia um grande relaxamento de restrições morais e de bons costumes.

Até mesmo um Rei era escolhido – Rei Momo – para comandar, alegoricamente, os seus súditos na folia.

Presentes eram trocados e os deuses, na época pagã, também eram envolvidos, simbolicamente, nos festejos.

A abundância era celebrada como sinônimo de alegria e bem-viver.

Os dias que antecediam a Quarta-Feira de Cinzas eram chamados de Dias Gordos. O Rei Momo representa, pois, essa abundância e extravagância no comer, beber e festejar.

Com o passar dos anos, a festa foi se sofisticando, até chegar ao seu auge em nossas terras – em especial, no Rio de Janeiro.

Em tempo, cidade-sede da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa 2014.

Como o ser humano sempre foi ambíguo, antagônico, ambivalente, dual, esse esbaldar-se precedia a Quaresma – período de penitência, introspecção, culto à religiosidade, privação e jejum.

O processo de purgação e expurgação dos demônios de cada um chegaria ao fim, 47 dias após o Carnaval, na Páscoa – representativa da Ressurreição de Jesus Cristo.

O futebol brasileiro vivencia um grande Carnaval.

Instabilidade administrativa nos clubes e seu baixo grau de profissionalização; entidades de administração amadoras, na valorização dos campeonatos regionais e nacionais; o Comitê Organizador Local para a Copa 2014 e suas dificuldades de relacionamento com a Fifa; a Lei Geral da Copa ainda em tramitação lenta para entrar em vigor; obras da Copa, incluindo estádios, em atraso; jogadores e treinadores com altíssimos e irreais salários, cuja bolha já está inflada e, em breve, estourará, causando pânico e insustentabilidade financeira; crise técnico-formativa dos jogadores nas categorias de base, enquanto ausência de metodologia e filosofia própria ao futebol brasileiro.

Do jeito que o diabo gosta.

Se tudo der certo, nesse acordo com o diabo, para o deleite dos prazeres mundanos, a Quarta-Feira de Cinzas do futebol brasileiro será apenas após a Copa 2014.

Ok. Que assim seja.

Mas, inevitavelmente, depois dela, entraremos na Quaresma – período de penitência, introspecção, privação e jejum.

Alegoricamente, pode durar quarenta dias, quarenta semanas, ou quarenta anos.

Até que nosso futebol ressuscite, pela crença e esperança – já que o trabalho perdera a disputa para o diabo e suas promessas de deleite dos prazeres da carne.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br
 

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Progressão no campo de jogo: atividades práticas

Dentro do modelo de jogo, temos os princípios operacionais, que regem a ação dos jogadores nos momentos de ataque, defesa e transições.

No momento ofensivo segundo Bayer (1994), temos três princípios operacionais:

– Ataque efetivo à meta contrária
– Progressão da equipe e da bola em direção à meta contrária
– Manutenção da posse de bola

Dentro do modelo as equipes geralmente possuem um desses três princípios como predominantes.

Hoje vou me focar em equipes que tem como princípio operacional de ataque predominante a “progressão da equipe e da bola em direção à meta contrária”.

Uma equipe com esse princípio tem as seguintes regras de ação quando em posse de bola, segundo Bayer (1994):

– Regras de ação individual – Levar a bola em direção ao gol adversário realizando corridas para os espaços vazios e dribles contra adversários diretos.
– Regras de ação coletiva: Trocas de posições curtas e longas a fim de criação
de linhas de passes e desmarcações em progressão.

No vídeo abaixo podemos observar uma equipe com o princípio de “progressão da equipe e da bola em direção à meta contrária” no ataque.
 


 

Vejam que a equipe da Argentina busca um jogo vertical e opta por progressões e passes para frente em detrimento de passes de segurança para o lado e para trás.

Não confundam tal princípio com um jogo de contra-ataques!

Tal princípio rege a ação da equipe no momento de ataque e, independente do tipo de ataque (contra-ataque, ataque rápido ou ataque apoiado), o princípio se mantém o mesmo, se for um comportamento da equipe é claro.

Para isso é preciso treino!

Treino que deve estimular: a criação de linhas de passe em progressão aliada a uma mobilidade adequada; uma compactação ofensiva rápida e eficaz; a profundidade; a amplitude a fim de dificultar o equilíbrio defensivo do adversário; uma estruturação do espaço adequada; tudo isso aliado a um comportamento individual de progressão com dribles e conduções objetivas em direção ao gol, dentre outras coisas.
 

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Atividade 1

Descrição
– Atividade de 1 X 1, em que o objetivo é estimular o drible e a condução em progressão dos atletas, atividade pode ser utilizada como aquecimento em dias específicos da semana.

Regras e Pontuação
-Equipe pontua quando ultrapassar a linha de fundo do campo adversário (linha tracejada amarela).

Atividade 2

Descrição
– Atividade de 5 X 5, em que o objetivo das equipes é chegar com a bola dominada no espaço delimitado no campo adversário.

Regras e Pontuação
-Equipe pontua quando chegar com a bola dominada ou fizer um passe para um atleta em progressão dentro do espaço delimitado na linha de fundo adversária (área delimitada abaixo).

Atividade 3

Descrição
– Atividade de 11 X 11, onde o objetivo das equipes é progredir no campo de jogo e marcar o gol.

Regras e Pontuação
– 1 ponto quando a equipe ultrapassar a linha tracejada localizada na intermediária ofensiva do campo de jogo.
– 3 pontos se a equipe fizer o gol.
– No campo de defesa apenas o zagueiros e o goleiro podem receber passes para trás.

Que venha a progressão da sua equipe!

Será que um dia nosso futebol terá esse princípio como predominante em relação à sua evolução?

Até a próxima!

Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br
 

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Banco de jogos – jogo 3

Conseguir fazer com que todos os jogadores “joguem o mesmo jogo” nas transições implica a operacionalização de muitas situações de treino que permitam a repetição dos comportamentos esperados pelo treinador. Em equipes de alto nível, as transições ofensivas observadas privilegiam o jogo apoiado, com rápida retirada (vertical ou horizontal) da zona de recuperação e eficiente ampliação do campo efetivo de jogo.

Na coluna desta semana, será apresentada uma proposta de atividade que, se adequadamente conduzida, propiciará inúmeras situações-problema para o referido momento do jogo.

Jogo Conceitual de Transição Ofensiva

– Dimensões de ¾ do tamanho do campo oficial. ~ 75m x 70m;
– Campo dividido em três faixas verticais (10m, 50m e 10m);
– Uma metade do campo dividida nos setores A (21,5m x 20m), A’ (21,5m x 15m) e A” (16m x 15m);
– Tempo de atividade, incluindo esforço e pausa, a critério da comissão técnica, em função dos objetivos desejados.

 


 

Plataforma de Jogo Equipe A (azul): 1-4-2-1
Plataforma de Jogo Equipe B (verde): 1-4-4-2 (losango)

 

 
 

Regras do Jogo

1.Se a equipe verde recuperar a posse de bola no mesmo setor em que perder no campo de ataque e retirá-la deste setor, horizontal ou verticalmente no sentido do ataque = 1 ponto;

2.Se a equipe azul recuperar a posse no campo de defesa e após três segundos de posse não houver os dois laterais ocupando a faixa lateral delimitada = 1 ponto para o adversário;

3.Se a equipe azul recuperar a posse no campo de defesa e ultrapassar o meio campo com a bola dominada por condução ou troca de passes = 1 ponto;

4.Se a equipe verde não ultrapassar o meio campo com a bola dominada, por condução ou passe, após recuperar a posse no campo de defesa = 1 ponto para o adversário;

5.Se a equipe azul acertar uma finalização sem que o goleiro faça uma defesa completa = 3 pontos;

6.Gol da equipe verde = 5 pontos;

7.Gol da equipe azul = 30 pontos;

8.Se a equipe verde recuperar a posse e fizer o gol na mesma jogada em até 10 segundos = 10 pontos

Veja, abaixo, alguns exemplos:

 

O jogador número 6 da equipe Verde perde a posse de bola no setor A’, para o jogador número 2 da equipe Azul. Na sequência da jogada, o jogador número 8 da equipe verde recupera a posse no mesmo setor em que sua equipe havia perdido e realiza um passe para outro setor, para o jogador número 5. Esta ação vale 1 ponto para a equipe Verde.

 

O jogador número 2 da equipe Azul recupera a posse de bola ao roubá-la do jogador número 6 da equipe Verde. Na sequência, faz um passe para o goleiro e após 3 segundos da recuperação o jogador número 6 da equipe Azul não ocupa a faixa lateral delimitada. Esta ação vale 1 ponto para a equipe Verde.

 


 

O jogador número 2 da equipe Azul recupera a posse de bola ao roubá-la do jogador número 6 da equipe Verde. Na sequência, faz um passe para o jogador número 8 e recebe um passe deste jogador à frente do meio campo. Esta ação vale 1 ponto para a equipe Azul.
 


 

 

O jogador número 3 da equipe Verde recupera a posse de bola e faz um passe para o jogador número 2. Este faz um passe vertical para o jogador número 9, porém, o goleiro da equipe Azul recupera a posse para sua equipe. Como a equipe Verde não passou o meio campo com a bola dominada através de passe ou condução, esta ação vale 1 ponto para a equipe Azul.

 

 

A equipe Azul realiza uma finalização em que o goleiro da equipe Verde não consegue fazer uma defesa completa. Esta ação vale 3 pontos para a equipe Azul.


 

 

O jogador número 3 da equipe Verde recupera a posse de bola e faz um passe para o jogador número 2. Este faz um passe vertical para o jogador número 9, que finaliza e marca um gol para sua equipe em menos de 10 segundos após a recuperação. Esta ação vale 10 pontos para a equipe Verde.

Gostaria de receber em meu e-mail as regras e elementos do jogo que, a princípio, o transforma numa atividade propensa ao aperfeiçoamento da transição ofensiva de ambas as equipes. Justifique sua resposta!

Boas reflexões!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

Leia mais:
Banco de jogos – jogo 1
Banco de jogos – jogo 2

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A competição das Escolas de Samba vista como um evento esportivo

Nos próximos dias, a folia momesca tomará conta da vida de todos os brasileiros e todo o país acompanhará, em horário nobre, pela Rede Globo de Televisão, os desfiles das Escolas de Samba. Certamente, cada brasileiro terá sua agremiação favorita. Estas “Escolas de Samba” movimentam milhões de reais.

Neste contexto, pergunta-se até que ponto a competição entre as “Escolas de Samba” pode se enquadrar no conceito de esporte? Para encontrar a resposta, é necessário identificar os elementos que compõem o conceito de esporte.

Em sentido amplo, conforme exposto na Carta Européia do Esporte (Rodas, 1992) esporte define-se como “todo tipo de atividades físicas que, mediante uma participação, organizada ou de outro tipo, tenham por finalidade a expressão ou a melhora da condição física e psíquica, o desenvolvimento das relações sociais ou a obtenção de resultados em competições de todos os níveis”.

Neste mesmo sentido, dispõe o Manifesto sobre o Esporte elaborado pelo Conselho Internacional para a Educação Física e o Esporte (CIEPS) em colaboração com a UNESCO (México, 1968) que conceitua esporte como “toda atividade física com caráter de jogo, que adote uma forma de luta consigo mesmo ou com os demais ou constitua uma confrontação com os elementos naturais”.

Assim, segundo os conceitos amplos de esporte, poder-se-ia considerar desporto praticamente qualquer atividade física, o que traria o risco de se desvirtuar o próprio conceito de desporto ao incluir como esporte expressões culturais que não fazem parte da sua autêntica natureza.

Assim, deve-se buscar uma definição que delimite juridicamente os elementos que compõem o fato desportivo, motivo pelo qual, em sentido estrito, esporte deve ser entendido como um conjunto de atividades físicas institucionalizadas que suponham uma supérflua confrontação ou competição consigo mesmo ou com um elemento externo. Portanto, para uma atividade ser definida como esporte, deve possuir:
 

a) Atividade Física: manifestação de dimensão externa, física, do homem que compreende qualquer atividade que suponha e exija a participação do sujeito e que suas qualidades físicas, sejam de resistência, potência, elasticidade, agilidade, reflexos, habilidade, destreza, sejam determinantes. Excluem-se do conceito de esporte, portanto, atividades em que o sujeito principal é um animal ou uma máquina, tal como corrida de cachorros.

b) Institucionalização: conjunto de regras e princípios próprios regulamentados por uma Entidade, tal como ocorre com as Federações de futebol e basquete, por exemplo.

c) Confrontação ou Competição: o elemento agonístico é essencial ao esporte, eis que é inerente ao desporto a necessidade de vencer um obstáculo, intencionalmente assumido, que pode servir para comparação aos demais. Na concepção de confrontação supõe-se a necessária existência de dois elementos, a regulamentação e a possibilidade de se objetivar os resultados, eis que toda competição precisa que os resultados sejam mensuráveis e que suas regras permitam determinar com certeza e exatidão o vencedor.

d) Supérflua: o esporte não é uma atividade útil, pois a atividade física realizada deve ser inócua para satisfazer as necessidades vitais. A finalidade do esporte deve se exaurir em si mesma dentro de limites estabelecidos de tempo e espaço.
 

Resta analisar se o Desfile das Escolas de Samba enquadra-se no conceito estrito de esporte.

Pode-se entender existente a atividade física, pois necessita da atividade intelectual ao elaborarem os temas (sambas-enredos), organizarem as alas, ritmos, danças, coordenando as infinitas possibilidades de movimentos corporais combinados aos elementos de ballet e dança teatral, realizados fluentemente em harmonia com o tema (samba-enredo).

Desenvolvem-se hamornia, graça e movimentos criativos traduzidos em expressões pessoais através da combinação musical e técnica, que transmitem satisfação estética aos que a assistem. A atividade intelectual existe em esportes como o xadrez e o bridge (jogo de cartas) e os movimentos corporais na ginástica rítmica desportiva.

A institucionalização decorre do regulamento dos desfiles que estabelece, entre outras coisas, o tempo máximo e mínimo do desfile, número de integrantes, carros alegóricos e até critérios para acesso e descenso. Ademais, em várias cidades há órgãos autônomos que organizam os desfiles, como a LIESA (Liga Independente das Escola de Samba) no Rio de Janeiro e a LigaSP (Liga Independente das Escolas de São Paulo).

Durante os desfiles, as “Escolas de Samba” são avaliadas por jurados segundo quesitos previamente estabelecidos no regulamento, vencendo a que obtiver maior pontuaçao total, donde se apreende a confrontação.

Finalmente, as atividades das “Escolas de Samba” são supérfluas, ou seja, não correspondem a necessidades vitais.

A inclusão dos desfiles das “Escolas de Samba” no conceito de esporte possui consequências jurídicas relevantes, eis que implicaria na aplicação à competição de Leis atinentes ao esporte como a Lei Pelé, o Estatuto do Torcedor e até mesmo o Código Brasileiro de Justiça Desportiva.

Assim, as “Escolas de Samba” poderiam, por exemplo, receber recursos do Ministério dos Esportes, nos termos do art. 7º, da Lei Pelé, teriam que criar Tribunais de Justiça Desportiva e, ainda, deveriam atender às exigências do Estatuto do Torcedor.

Portanto, percebe-se a possibilidade do enquadramento do desfile das “Escolas de Samba” no conceito de desporto, eis que as competidoras precisam ter graça, leveza, beleza e técnicas precisas em seus movimentos, alegorias e adereços para demonstrar harmonia e entrosamento com o samba-enredo, seus componentes e adereços em um ambiente de expressão corporal contextualizada inclusive pelos sentimentos transmitidos através do corpo, das alegorias e das fantasias e pelas capacidades psicomotoras nos âmbitos físico, artístico e expressivo. Por essa reunião de característica, pode-se definir os “Desfiles das Escolas de Samba” como esporte-arte.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br