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Fair Play: devemos seguir o exemplo europeu

Em Setembro de 2009, o Comité Executivo da Uefa aprovou medidas de "fair play" (jogo limpo) financeiro para, segundo a entidade, o bem-estar do futebol.

O “fair play” financeiro da Uefa tem por objetivo introduzir mais disciplina e racionalidade nas finanças dos clubes de futebol; diminuir a pressão sobre salários e verbas de transferências e limitar o efeito inflacionário; encorajar os clubes a competir apenas com valores das suas receitas; encorajar investimentos a longo prazo no futebol juvenil e em infra-estruturas; proteger a viabilidade a longo prazo do futebol europeu e assegurar que os clubes resolvem os seus problemas financeiros a tempo e horas.

Sabe-se que muitos clubes têm operado com prejuízo financeiro o que os leva a problemas de liquidez, levando, por exemplo, ao atraso no pagamento a outros clubes, empregados e autoridades sociais e dos impostos.

Dessa forma, a Uefa tem utilizado medidas para que os clubes sejam obrigados a, durante um determinado período de tempo, equilibrarem as suas contas. Assim, os clubes não podem repetidamente gastar mais do que as receitas que geram e estão obrigados a respeitar todos os compromissos relacionados com pagamentos de transferências e de empregados.

Três anos depois, em junho de 2012, o Comitê Executivo da Uefa aprovou a criação do Órgão de Controle Financeiro de Clubes (CFCB) para monitorar os orçamentos dos clubes e impor medidas disciplinares no caso de endividamento e atrasos nos pagamentos podendo, inclusive, excluir clubes das competições.

Aqui no Brasil, o Bom Senso FC tem trazido o “fair play” financeiro ao debate . A intenção do movimento é que, conforme o modelo europeu, seja criada uma entidade para controle e implementação de alguns pontos, a saber:

– Os clubes não poderiam exceder o déficit em 10% nos dois primeiros anos. No terceiro e no quarto, 5%. A partir do quinto, não poderia haver déficit.

– O custo do futebol não poderia ser superior a 70% da renda total do clube.

– Haveria incentivo para os clubes equilibrarem suas fontes de receita.

– Garantias aos cumprimentos de contrato de trabalho com funcionários do clube, sob pena de não poderem contratar atletas e outros funcionários.

– Responsabilização dos dirigentes durante seu período de gestão.

– Padronização das demonstrações financeiras dos clubes.

– Reavaliação de endividamento realizada por auditoria independente.

– Criação de cursos de profissionalização.

Segundo a proposta do Bom Senso FC, somente os clubes com faturamento superior a R$ 5 milhões entrariam em todas regras do “fair play financeiro”.

De fato, o endividamento dos clubes brasileiros é um grande problema e que merece ser objeto de medidas efetivas, sob pena de se tornar ainda mais insustentável.

O futebol europeu iniciou esse processo em 2009 e 5 anos depois o futebol de seus clubes permanece pujante, portanto, não o que temer, o momento é de ação.

Que venha o “fair play” financeiros para os clubes brasileiros.

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Como equilibrar o lado pessoal e profissional?

Treinamentos intensos, concentração e jogos decisivos. Esta rotina está presente na carreira de todo profissional de futebol, seja este um atleta ou um profissional de qualquer outra função no futebol.

No caso do atleta, principalmente, sabemos o quanto é necessário estar em equilíbrio no lado profissional e pessoal de sua vida, e que este equilíbrio está diretamente relacionado com o desempenho deste dentro das quatro linhas.

Partindo deste princípio, quero te convidar para uma reflexão: alguma vez você já teve um problema de ordem pessoal que afetou diretamente no seu desempenho profissional? Acredito que a resposta seja sim, pois afinal de contas todos nós passamos por situações como esta, pelo menos uma vez em nossas vidas.

Agora pense no caso específico que vivenciou, havia várias partes interessadas tais como meios de comunicação, torcedores e vários outros profissionais acompanhando detalhadamente seu desempenho e fornecendo uma avaliação em tempo real sobre sua performance? Seria complicado não é mesmo? Então, este é o cenário que o atleta profissional de futebol, com algum tipo de problema no lado pessoal vive.

Diante das exigências de desempenho profissional ditadas pelo esporte de algo rendimento, este equilíbrio entre o lado pessoal e a profissional necessita cada vez mais de atenção. São comuns situações de estresse decorrente das pressões do dia a dia no futebol e como já abordamos anteriormente o estresse pode levar os atletas a terem lesões e até, em alguns casos extremos, ao Burnout (uma forma mais severa de estresse ou estado de esgotamento).

No Brasil, devido a nossa origem latina, temos mais dificuldade em separar razão de emoção e com isso os problemas pessoais podem sim afetar a produtividade do atleta em campo.

Desta forma, penso que os clubes podem pensar em formas de como elaborar algum tipo de programa de qualidade de vida que forneça algo além de um tradicional programa que contaria com algumas orientações que o atleta já recebe, como por exemplo, a orientação nutricional. Poderia o clube ir além, pensando na contratação de profissionais específicos para orientar na gestão de carreira e nesse sentido o Coaching pode servir como um serviço que agregue valor a esta necessidade do futebol. Além disso, neste programa seriam adequadamente cabíveis orientações financeiras para os atletas, pois em muitos casos a falta do conhecimento em gerir suas próprias finanças pode ser um fato gerador de desequilíbrio entre o lado pessoal e profissional do atleta, levado ao estresse.

Por fim compartilho com você, profissional do futebol ou não, três pequenas sugestões práticas de como se comportar diante de alguns conflitos:

• Compartilhe o seu problema com as pessoas mais próximas; isso pode aliviar a pressão;

• Relate sua situação ao superior hierárquico na comissão técnica, mesmo que de maneira superficial, torne-o ciente do que está acontecendo, converse sobre como pensa a respeito do problema, como pretende lidar com ela e resolvê-la;

• Procure agir com cautela e evite os extremos, ou seja, não se isole e nem se exponha demais.

Até a próxima!

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A interessante percepção sobre o futebol

É impressionante como a percepção da sociedade sobre o futebol é completamente deturpada pelo viés da paixão. Ou melhor, percebe-se, mais das vezes, uma apropriação grotesca de algumas instituições como se estas não fossem organizações privadas.

A última da lista, que tende a entrar para os anais dos absurdos que se cometem ao avaliar a relação entre clubes e torcedores, está no parecer do Exmo. Sr. Juiz Gilberto Azevedo Morais Costa, que colocou em liberdade os 12 corintianos presos pela invasão ao CT do clube, há pouco mais de um mês, com o seguinte argumento (conforme noticiado pelos veículos especializados):

“Em suma, tudo não passou de um ato (nada abonador) de revolta dos torcedores. Fiéis que são – e disso a própria equipe se vangloria –, queriam apenas chamar a atenção: fazer com que os jogadores honrassem os salários que ganham; mostrando um futebol verdadeiramente brasileiro. Isto posto, com fundamento no artigo 395, III, do CPP, rejeito a denúncia. Expeçam-se alvarás de soltura clausulados e contramandado de prisão – escreveu o juiz no despacho.” (Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/times/corinthians/noticia/2014/03/juiz-manda-soltar-corintianos-presos-por-invasao-ao-ct-joaquim-grava.html).

Ou seja, não se entende o Centro de Treinamento de um clube de futebol como uma propriedade privada e, pior, como ambiente de trabalho dos atletas, onde se preconiza um mínimo de segurança e tranquilidade para o exercício de suas funções.

O referido magistrado não compreende a atividade de “atleta de futebol profissional” como uma profissão como tantas outras. Ou pior, admite que profissionais com funções ditas “públicas” sejam alvo de protestos dentro de seu ambiente de trabalho, mesmo que isto reflita na segurança destes profissionais, uma vez que, por esta teoria, “devem resposta a um determinado grupo de pessoas”.

Enfim, o parecer do magistrado é um pouco do retrato daquilo que precisa ser mudado culturalmente quando pensamos e debatemos veementemente a gestão do produto futebol a partir de uma visão holística e de negócios. De um modo geral, percebe-se que existe ainda uma enorme resistência e confusão sobre o significado de profissionalização no esporte e entrega de entretenimento para os consumidores deste mercado, que impacta diretamente na forma de relacionamento com estes…

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Memória afetiva – as lendas que o futebol conta

O esporte tem uma capacidade incrível de criar lendas. É um traço fundamental do segmento, e talvez isso não seja igualado por nenhuma outra seara. A literatura e o cinema, por exemplo, mais se apoderam de feitos do que os disseminam.

Basta pensar no primeiro treino de Garrincha no Botafogo, em 1953. O ponta direita acabou com Nilton Santos, lateral esquerdo que já era um dos maiores do país, e o desempenho fantástico foi visto por milhões de pessoas. Duvida? Basta perguntar a qualquer um que era vivo na época e ver quantos vão dizer que estavam lá.

O mesmo acontece com um gol de Pelé contra o Juventus, marcado na Rua Javari, que o próprio Rei considera o mais bonito da carreira. O jogo não foi sequer televisionado, e o documentário “Pelé Eterno” precisou reconstituir digitalmente o lance. Ainda assim, considerando a quantidade de gente que diz ter visto in loco, o acanhado estádio da capital paulista devia ter mais gente nas arquibancadas do que o Maracanã na decisão da Copa do Mundo de 1950.

O mais curioso é que essas “testemunhas” têm uma memória afetiva extremamente exagerada. Já ouvi relatos de que o treino de Garrincha foi “uma das maiores exibições de um jogador na história do futebol” e “um dos maiores bailes que um lateral já levou”. E isso foi contado, é claro, por pessoas que estavam lá no dia.

Essas lendas que o esporte cria afetam diretamente algumas análises sobre o jogo. No último fim de semana, por exemplo, ouvi de quatro comentaristas diferentes a mesma história. Todos eles usaram a seleção brasileira de 1970 para questionar a escalação de times atuais.

A história que eles contaram é que o técnico da equipe brasileira na Copa do Mundo daquele ano, Mário Jorge Lobo Zagallo, ousou encaixar Gerson, Jairzinho, Pelé, Tostão e Rivellino no time, a despeito de eles estarem acostumados a desempenhar funções parecidas em seus clubes.

O recado que Zagallo passou, segundo os comentaristas, é que craques sempre têm espaço e que sempre é possível aglutiná-los na equipe. Essa tese foi usada por comentaristas de São Paulo no fim de semana para falar sobre Palmeiras, Santos, São Paulo e até o Barcelona.

No Palmeiras, Bruno Cesar e Valdivia estiveram juntos pela primeira vez na formação titular. Eles foram armadores em um time que teve Leandro e Alan Kardec como atacantes. O Santos improvisou Gabriel como meia em uma equipe que teve Rildo, Geuvânio e Leandro Damião na frente. A discussão no São Paulo é sobre qual a posição ideal para Alexandre Pato, contratado neste ano. No Barcelona, questiona-se a viabilidade de Messi e Neymar como dupla ofensiva.

A resposta dos comentaristas para todos os casos é que sempre é possível acumular craques. Afinal, Zagallo fez isso em 1970.

Sempre que eu ouço esse tipo de ilação, penso em uma frase atribuída a Albert Einstein: “Loucura é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”.

Há três aspectos fundamentais que devem ser considerados na decisão de Zagallo: o perfil dos jogadores que ele reuniu, o quanto eles estavam dispostos a sacrificar individualidades pelo time e a realidade do futebol daquela época. O esporte praticado em 1970 simplesmente não existe mais.

Usar o passado como forma de explicar o presente é um artifício válido em muitos momentos. Em algumas situações, e esse é um caso, trata-se de uma muleta rasa e que acaba desviando o foco das reais discussões.

As “posições de origem” dos jogadores são apenas dados para preencher fichas. O mais importante é saber o que eles podem fazer e o que eles estão dispostos a fazer pelo time.

O técnico Pep Guardiola dá exemplos constantes disso. No Bayern de Munique que ele comanda, Philipp Lahm é lateral direito, lateral esquerdo, primeiro volante ou armador. Thiago Alcántara e Bastian Schweinsteiger também passeiam por várias posições do meio, e Thomas Müller pode ser armador central, meia pela lateral ou até centroavante.

Quando Guardiola coloca Thiago em campo, portanto, ele pode fazer uma alteração defensiva, uma mudança ofensiva ou até ambos. O meio-campista da seleção espanhola é um símbolo perfeito do quanto é possível adaptar uma peça a diferentes funções do jogo.

No Barcelona, é impossível recorrer a Zagallo de 1970 para dizer que o time é obrigado a encaixar Messi e Neymar. Os dois são finalizadores de jogadas, agudos, e qualquer discussão precisa considerar fatores como esse. Quando estão juntos no setor ofensivo catalão, ambos precisam mudar um pouco o estilo e dividir as conclusões de lances.

Isso não quer dizer que os dois tenham de disputar um mesmo espaço no Barcelona. Usar a goleada dos catalães por 7 a 0 sobre o Osasuna, com três gols de Messi e Neymar afundado no banco de reservas, seria simplista e “resultadista”.

O ponto é que não existe uma resposta pronta para o problema do técnico Gerardo “Tata” Martino. É impossível ter como único parâmetro o Zagallo de 1970 ou a goleada do último domingo.

Futebol, como cansa de dizer o gênio Tostão, é uma síntese da vida. É um jogo complexo, sobretudo porque envolve gente. E nós temos uma tendência impressionante de simplificar comportamentos, ideias e atitudes. Isso vale também para o esporte.

O esporte cria lendas, como o primeiro treino de Garrincha, o maior gol de Pelé ou a seleção de 1970. Na memória afetiva das pessoas, tudo isso tem valor maior do que o real. A questão é que quem analisa futebol não pode ser guiado por coisas como a memória afetiva.
 

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Rivaldo sem rival

Um dos três melhores jogadores da Copa de 98, quando ele foi vice.

Um dos três melhores jogadores da Copa de 2002, quando ele foi penta.

Poderia ter sido tetra, em 1994, não fosse um mau semestre pelo Corinthians.

Coisa que aconteceu na vida dele, de qualquer brasileiro comum, simples, modesto, humilde. Como ele foi mal em 96, na Olimpíada, em Atlanta. Depois de ralar a bola pelo espetacular Palmeiras do primeiro semestre daquele ano.

Quando se criou a bobagem de que ele não era na Seleção o craque que foi pelos clubes onde passou.

Melhor do mundo em 1999 pelo Barcelona, era detonado mesmo brilhando pelo Brasil, como nos 4 a 2 contra a Argentina, em Porto Alegre.

Quando não vinha bem, era cobrado mais que o normal. Como foi xingado no Morumbi, em 2000, na estreia de Leão na Seleção. Ele não foi vaiado. Foi xingado! No estádio onde brilhou pelo Mogi Mirim, de 1992 a 1993. Pelo Corintthians no segundo semestre daquele ano, onde até de libero atuou.

Como venceria quase tudo pelo Palmelras, de 1994 a 1996. Quando foi para o La Coruña fazer temporada tão boa que fez com o Barça por ele pagasse a multa rescisória e ganhasse um jogador especial. Como centroavante do Santa Cruz na Copa SP de 1992. Como meia, quase ponta do ótimo Mogi de Vadão. Como tudo pelo Palmeiras e pelo Barcelona. Pelo Brasil de 98 e 02. Trocando de posição. Nem sempre jogando na dele. Mas sempre na dele. Impondo-se pela bola. Mais que pela boca.

Como disse meu amigo Menon: muitos têm carisma. Nem todos têm caráter.

Rivaldo tem. Craque de caráter. Homem de palavra. Humildade como deve ser – virtude. Vontade de jogar bola admirável como a técnica, a capacidade tática, a superação física.

Não conseguia parar. Não conseguia fazer o que anunciou neste sábado. Parou de jogar como profissional. Porque um cara de espírito amador jamais vai parar. Ele ama. Nunca será esquecido.

Rivaldo, obrigado pelos dribles, lançamentos e gols.

Rivaldo, obrigado por resolver jogos difíceis. Dinamarca-98. Bélgica-02. Inglaterra-02.

Obrigado por simplificá-los.

Obrigador por me fazer gostar ainda mais de futebol. Da Seleção. Do Palmeiras.

Nestes 24 anos de jornalismo esportivo, foi ótimo conhecer pessoas mais que ídolos como você.

O mesmo magrelo que vi no Sub-20 do Santa Cruz é o mesmo craque que está no Top-10 das Copas.

É você, Rivaldo.

Sem rival.

 

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.
 

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O alinhamento técnico nas categorias de base de um clube formador

O futebol brasileiro de formação passa por algumas transformações significativas. Recentemente, em um curso de treinadores promovido pela CBF, inúmeras foram as discussões relativas aos trabalhos desenvolvidos em diferentes clubes do futebol nacional. Dos procedimentos de gestão às questões mais específicas dos 90 minutos (ou menos, dependendo da categoria), muitas ideias, opiniões e exemplos foram debatidos com o objetivo de capacitar os inúmeros treinadores presentes para o aperfeiçoamento de suas atuações profissionais.

Neste ambiente de discussão foi possível perceber o quão consolidado está a importância dos projetos de longo prazo para a obtenção de jogadores que atendam as demandas do futebol moderno.

Quem acompanha minhas publicações já deve ter percebido que por vezes apresento alguns cases técnicos ou administrativos para que todo o conhecimento teórico que cada leitor busca seja tangível e com reais possibilidades de aplicação.

Esta semana, o case que será discutido é do clube que trabalho atualmente e que inicia seus primeiros passos de um projeto formativo, logo, de longo prazo.

Desde sua fundação, em 2010, será o primeiro ano que o Novorizontino, clube do interior do Estado de São Paulo, disputará a competição oficial organizada pela Federação Paulista de Futebol nas categorias sub-11 e 13. Além disso, voltará a competir nas categorias sub-15 e 17 e deve se organizar para a disputa da Copa São Paulo de Juniores em 2015.

Após dois anos de clube, como auxiliar da equipe profissional e, em 2013, técnico da equipe sub-20, atualmente, além de treinador das categorias de base exerço também a função de Head Coach, com a missão de coordenar os trabalhos técnicos das equipes de formação.

A seguir irei apresentar alguns projetos e ações que estão sendo (ou serão) implantados durante a temporada, com a atuação de um corpo técnico qualificado e que podem servir de referência ou exemplo para qualquer profissional da modalidade:

•Definição do perfil de captação;
•Formação dos elencos através de seletivas ou avaliações semanais com o elenco já aprovado;
•Definir as características do DNA do Tigre, considerando: a cultura do clube, o mercado, os Modelos de Jogo atuais e o indivíduo;
•Reuniões Técnicas Semanais para o exercício da capacitação continuada;
•Definição do Currículo de Formação do Clube;
•Distribuição dos Conteúdos do Currículo para cada Categoria;
•Padronização da Metodologia de Treinamento;
•Definição do Microciclo Padrão de cada Categoria;
•Aplicação de Ferramentas de Controle do Treinamento;
•Aplicação de Ferramentas de Controle de Competição;
•Desenvolvimento de uma Avaliação Interdisciplinar, com scores técnico, tático, físico, clínico, comportamental, social, perfil de mercado, entre outros;
•Corpo técnico ciente de cada atleta submetido ao processo de formação do clube, independentemente da categoria;
•Comunicação formal intracomissões através das reuniões de planejamento semanal;
•Comunição formal intercomissões através das reuniões administrativas;
•Criação de Banco de Dados: de fornecedores, de atletas em monitoramento, de atletas em potencial de equipes adversárias, de profissionais;
•Abastecimento contínuo de informações à Coordenação;
•Avaliação 360º bianual entre o corpo técnico;
•Criação de um Relatório Anual da temporada;
•Melhoria contínua em todos os processos técnicos do clube.

Quem está acostumado com o ambiente dos clubes de futebol sabe o quão complicado pode ser a aplicação de cada um destes processos devido às complexas relações humanas que os compõem. Para colocá-los em prática, a qualidade/competência dos recursos humanos é imprescindível.

Trabalharemos muito e, ao longo da temporada, devo escrever mais sobre o tema, detalhando alguns dos processos que estão sendo aplicados e, quem sabe, servindo de inspiração para os clubes pequenos.

Formar bem é uma das únicas (senão a única) maneiras de se competir com os grandes. Então, que não percamos tempo!
 

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“Bola em disputa”: um conteúdo da Lógica do Jogo nas tomadas de decisão dos jogadores de futebol

No dicionário Michaelis, um dos sinônimos para o verbo “disputar” é o verbo “competir”.

Colocar alguma coisa em disputa, então, significa colocar essa mesma coisa em competição.

Em um jogo de futebol, o tempo todo, a cada transmissão ou condução da bola, ela está se aproximando mais, ou menos, de ser colocada em disputa.

Isso quer dizer, em outras palavras, que quando os jogadores de uma equipe circulam a bola pelo campo (ou a conduzem, driblam, dominam), estão a todo instante aproximando-a ou distanciando-a de uma competição direta com o adversário.

Colocar ou afastar a bola da disputa durante uma partida de futebol é inevitável na construção do jogo de uma equipe.

Claro, quando a bola é colocada em disputa a partir da ação de um jogador, o risco de que ela seja perdida aumenta – assim como os dos desequilíbrios organizacionais decorrentes disso.

Muitas vezes, porém, colocá-la em disputa (por exemplo, com uma bola cruzada a partir da linha de fundo do campo, para um jogador que está atacando o espaço para tentar fazer o gol, contra dois defensores) é condição necessária para aumentar as chances de gol ou de uma vantagem organizacional.

O fato é que, no geral, dentro de uma curva de normalidade (verificado estatisticamente por esse que vos escreve), as equipes de futebol tendem a apresentar características típicas e de certo modo parecidas, jogo a jogo, no como e quanto colocam a bola em disputa em suas partidas.

Isso não quer dizer que, por vezes, fora da curva, equipes não possam colocar, com menos frequência do que a média “normal”, a bola em competição durante suas ações. E nem o contrário (equipes que colocam a bola em disputa o tempo todo em suas decisões circunstanciais de jogo)!

E ainda que pareça apenas uma “peça” informativa e óbvia para o jogo (colocar ou não a bola em disputa), convido aos leitores para enxergá-la (a “óbvia peça informativa”) como conceito primordial para ensinar/treinar/desenvolver jogadores a decidir/agir a todo instante durante o jogo.

Vejamos.

Imaginemos uma sequência ofensiva durante uma partida de futebol, que teve início com o goleiro em uma reposição, passou por cinco jogadores que trocaram no total de oito passes até que o desfecho da jogada fosse a finalização ao gol adversário.

Quantas vezes nessa sequência a bola esteve mais próxima de ser colocada em disputa? Nenhuma vez? Uma, três? Em todos os passes até a finalização?

Sob o ponto de vista daquilo que foi gerado como resultado final (o arremate ao gol), não há importância alguma sobre o número de vezes que a bola entrou em competição direta.

Mas, ao analisarmos jogo a jogo, uma grande quantidade de sequências ofensivas, fica evidente que quanto menos a bola é colocada em disputa na procura pelo gol, maiores as vantagens organizacionais que uma equipe conquista, e maior sua chance de construir sequências ofensivas que envolvam o adversário e terminem em finalização.

Então, em outras palavras, pode (e deve) fazer parte do conteúdo individual e coletivo de jogadores e equipes, saber potencializar, ou não, a cada ação, a colocação da bola em disputa, quando se domina, controla, conduz, passa e/ou finaliza uma jogada.

E, como conceito, o colocar ou não, a bola em disputa em uma ação, se distancia totalmente da ideia de evitar o confronto coletivo com o adversário ou a não busca pelo gol.

Saber evitar colocar a bola em disputa é um conteúdo que está subjugado a necessidade inexorável de cumprir com o objetivo do jogo a partir de sua Lógica.

Por isso abre um vasto leque de opções, caminhos e ideias, mas acima de tudo não deve perder conexão com a Lógica do Jogo – porque assim perderia sentido.

Da mesma maneira e ao mesmo tempo, cabe como conceito, em qualquer Modelo de Jogo, sem depender necessariamente da construção de um!

Mas, aí, já é uma outra conversa, tema para outro texto…

Por hoje, é isso!

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100 dias para a Copa do Mundo

Enfim, a espera pela Copa do Mundo vai chegando ao fim, já que em menos de cem dias o Brasil organizará o Mundial Fifa 2014.

A expectativa aumenta e os corações começam a bater em um só ritmo.

Entretanto, não se pode esquecer que o esporte tornou-se um grande negócio que movimenta bilhões de dólares.

Há cem dias da Copa, a Alemanha tinha 100% de suas obras concluídas, a África do Sul, 80% e o Brasil não conseguiu entregar metade do prometido.

Dentre vários motivos, este fato se deu em razão de um planejamento ruim ou pela falta dele.

Destarte, o gerenciamento de projetos corresponde à aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender às suas demandas, sendo realizado por meio da integração dos processos de iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle, e encerramento.

O gerenciamento de projetos busca balancear três fatores conflitantes (tempo, custo e escopo ou qualidade) , o que aparentemente não foi observado na organização da Copa do Mundo.

Apesar disso, não podemos subestimar a capacidade do brasileiro tirar o sucesso da adversidade e atingir objetivos mesmo sem organização e com um planejamento ruim.

A alegria e a hospitalidade do povo brasileiro farão da Copa do Mundo no Brasil a melhor de todos os tempos, o que não apagará os transtornos com aeroportos, mobilidade urbana e escassez de energia elétrica.

Vale destacar que, mesmo sem a plenitude da organização, as cidades-sede experimentarão melhora de seus aeroportos e algum avanço na mobilidade urbana.

Portanto, há cerca de cem dias da Copa do Mundo, ainda temos muito trabalho pela frente, e a certeza de alguma melhora.

Mãos à obra e que o país possa mostrar ao Mundo que não é bom somente dentro das quatro linhas.

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Melhorando a comunicação no futebol

Numa coluna anterior comentei sobre a importância da comunicação para treinadores e executivos do futebol. Nesta semana quero aprofundar mais essa contribuição e compartilhar um pouco sobre a comunicação efetiva, a mensagem verbal e a não-verbal.

Uma comunicação efetiva envolve o ato de fazer perguntas, estimular a expressão e saber ouvir. No contexto do futebol, como um esporte coletivo, a comunicação efetiva é sempre mencionada como um fator crítico para o sucesso de uma equipe. Pois por meio dela, o treinador conseguirá estabelecer objetivos com seus atletas e auxiliares, além disso irá ensinar ou aprender, resolver problemas do dia a dia e compreender um pouco mais os sentimentos reais dos demais.

É muito importante para os treinadores conseguirem enviar suas mensagens de forma efetiva, uma vez que a informação emitida por ele é apontada como um elemento de grande relevância para o rendimento de uma equipe de futebol.

Indo direto ao ponto, todo líder deve sempre buscar aprendizados que tornem cada vez melhor sua comunicação, certo? E por isso, compartilho aqui alguns elementos importantes sugeridos por Dietmar Samulski e Martens, que devem ser considerados durante o envio de mensagens verbais e não-verbais.

As mensagens verbais são aquelas utilizadas para corrigir um comportamento inadequado, ensinar uma determinada habilidade técnica ou tática ou elogiá-lo por seus esforços, pois nestes momentos específicos o treinador geralmente utiliza a fala.

• Seja direto – Sempre que for possível fale diretamente com a pessoa a quem a mensagem se direciona. Evite falar com terceiros e pedir que transmitam a informação, pois ela pode ser distorcida durante o processo de comunicação, ou seja, corre o risco de virar aquela história do “telefone sem fio”. Ainda, fale o que realmente precisa, sem rodeios para chegar ao assunto de interesse, quanto mais rodeio mais pessoal parece e o risco da outra pessoa não receber a mensagem de maneira apropriada aumenta consideravelmente;

• Assuma suas mensagens – Procure utilizar o “eu” e “meu” em vez de “o time” ou “nós” quando estiver se referindo à sua mensagem;

• Seja completo e específico – Forneça à pessoa a quem você está comunicando todas as informações necessárias para que ela possa compreender a mensagem e a sua intenção ao transmiti-la;

• Transmita a mensagem imediatamente – Quando você observar alguma coisa que lhe incomode ou que precisa ser modificada, não demore para transmitir a mensagem;

• Demonstre suporte – Se você deseja que as outras pessoas ouçam suas mensagens, não as transmita de forma sarcástica, utilizando comparações negativas ou por meio de julgamentos. Dê suporte positivo ao atleta, por meio de declarações não-agressivas para facilitar o processo de comunicação efetiva.

De acordo com Weinberg & Gould, a mensagem não-verbal pode ser transmitida de várias maneiras, como a aparência física, a linguagem corporal, o toque e o tom da voz. Seguem alguns elementos a serem considerados para o envio de mensagens não-verbais.

• Aparência física – Precisamos saber que normalmente a primeira impressão que temos de uma outra pessoa vem da aparência física, como sua roupa, perfil corporal e estilo de cabelo por exemplo. No futebol, é valioso que o treinador procure demonstrar saúde, utilizar trajes esportivos durante os treinamentos e contextualizados com a realidade do clube, pois a sua apresentação poderá revelar sua capacidade de comunicação;

• Postura – o treinador deve procurar ter uma postura confiante e simpática, pois este tipo de atitude demonstra a sua satisfação com seu trabalho, o que serve de motivação para seus atletas. Ou achamos que as atletas prefeririam treinadores irritados, cansados e infelizes?

• Expressões faciais – O rosto das pessoas é o melhor indicador do que ela está sentindo ou pensando. Os atletas sabem disso e frequentemente avaliarão o rosto de seu treinador, tentando encontrar sinais que lhes digam mais do que as palavras. Precisamos compreender que um sorriso por parte do treinador pode melhorar bastante o ânimo de um jovem atleta que esteja num momento de insegurança.

Então, amigo leitor, pelo comentado acima acredito ser mais do que importante os treinadores, enquanto líderes e influenciadores de seus times, prestarem bastante atenção quanto a forma de sua comunicação, tanto a verbal quanto a não-verbal. Você concorda?

Até a próxima!

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Cristiano Ronaldo, Neymar e Messi: heróis da cultura!

Não sei se este meu artigo vai provocar qualquer expressão vulcânica de antipatia, ou que o acoimem de arcaico e submisso a ideias feitas. Por mim, considero tão legítima uma opinião depreciativa pela minha tese, de hoje, como a minha reverência pelos nomes maiores da História do Desporto.

De fato, no meu modesto entender, e cingindo-me só ao futebol, o Neymar, o Messi, o Cristiano Ronaldo, o Ibrahimovic, o Ribéry, etc., etc. são para mim heróis da cultura! E não utilizo, unicamente, um critério romântico, o meu critério é verdadeiramente racionalista, como adiante o tentarei provar. Mas completo a minha tese: os jogadores acima citados são, para mim, heróis da cultura, ao lado de qualquer cientista, literato ou artista, notáveis por muitos títulos. Às interrogações: Saramago ou Ronaldo? Tom Jobim ou Neymar? Borges ou Messi? Ribéry ou Paul Ricoeur?

Responderei, sem receio: em inteligência, em generosidade, em vontade de transcendência (ou superação), em genialidade, os futebolistas aqui nomeados são iguais a qualquer nome grande da vida cultural. Ao volver à roda, percebo que colhi de surpresa muita gente: Mas será possível o Ronaldo ser tão inteligente como o Saramago ou como o neurocientista, Dr. António Damásio? É verdade! O Ronaldo nada deve, em inteligência, aos grandes escritores, artistas, ou cientistas portugueses. E porquê?

Foi aceite pelos cientistas a teoria das inteligências múltiplas que nos ensina que são sete as inteligências que encontramos, no ser humano (H. Gardner, La inteligencia reformulada. Las inteligencias múltiples en el siglo XXI, Paidós, Barcelona, 2003). Posteriormente, este mesmo autor acrescenta mais três inteligências às sete apresentadas, inicialmente. Vejamos então as dez inteligências que se encontram, nas pessoas, com predominância, em cada um dos sujeitos observados, de uma sobre as outras: musical, linguística, espacial, corporal-quinestésica, lógico-matemática, intrapessoal, interpessoal, naturalista, existencial e espiritual. Que o mesmo é dizer: a inteligência humana tem todas estas características, mas há quem tenha uma delas muitíssimo mais desenvolvida do que as outras, o que acontece com os gênios, com os superdotados.

Portanto, o Ronaldo ou o Neymar beneficiam de uma inteligência corporal-quinestésica que não estava ao alcance do gênio literário e musical do José Saramago ou do Tom Jobim. Por seu turno, o Dr. António Damásio, um homem universal das neurociências, com a sua extraordinária aptidão mental (e muito lido em Descartes e Espinoza) não conseguiria nunca fazer de Portugal inteiro uma grande família celebrando, em uníssono, alguns êxitos de indiscutível relevo internacional.

É que o desporto, mormente o futebol, é o fenômeno cultural de maior magia no mundo contemporâneo. E do futebol são o Neymar e o Messi e o Ronaldo três intérpretes de eleição, como outros não se encontram, hoje, nos seus países. Assim, porque o futebol é uma Atividade Humana e o ser humano manifesta-se, sobre o mais, através de uma expressão cultural, seja qual for o modo de expressão utilizada – o futebol é cultura e os seus agentes são também agentes culturais.

Ora, o Messi, o Neymar e o Cristiano Ronaldo fazem do futebol, como ninguém, uma expressão cultural: fazem do futebol uma façanha inspirada no misticismo patriótico; e do gesto desportivo um movimento de incontornável eficiência e beleza; e da sua motricidade um espaço de transcendência (ou superação) e portanto de abnegação, de pundonor, de grandeza de ânimo. O que pretendo eu dizer com a palavra “transcendência”?

Quero dizer que não há determinismo na História e no ato da transcendência o impossível pode ser possível. Com o Cristiano Ronaldo como seu capitão, a seleção nacional portuguesa de futebol têm um exemplo de transcendência, bem ao seu lado. E não é na convivência dos nobres exemplos que os valores se revigoram e se tomam como divisas?

Somos a decana de todas as nações da Europa; navegamos por mares nunca dantes navegados; deixamos em terras ignotas os nomes dos nossos santos e heróis; há uma arte de ser português, que o Teixeira de Pascoais explicou, consignou em livro célebre; transfundimos boa parte do nosso sangue a nações que geramos, na América, na África, na Ásia, na Oceania – os feitos de Cristiano Ronaldo são factos culturais e vêm dizer-nos que chegou a hora intransferível de voltarmos a ser portugueses, despojando-nos do sectarismo partidário, ou do retorno a um requentado fascismo, ou do neoliberalismo anglo-saxónico (onde até a língua é um instrumento de colonialismo), porque a Pátria está em perigo. Cristiano Ronaldo, um herói da cultura, provou-nos que, na unidade da fé, na unidade do patriotismo, na unidade da ação, o milagre do ressurgimento de Portugal é possível.

Quero realçar, por fim, a liderança sagaz do selecionador Paulo Bento. A superior criatividade (digamos mesmo: fantasia criadora) do Ronaldo encontrou espaço de concretização, assomou singular de inconformidade, de opulenta espontaneidade e quase de matemática certeza, porque a tática se congeminou, com demora e minúcia, para que o CR7 pudesse servir os objetivos da equipa, em todo o esplendor das suas inigualáveis potencialidades. Três golos inesquecíveis de Ronaldo?

Numa análise severa e meticulosa destes golos, estão os seus colegas de equipa e o Paulo Bento. Dou lugar especial, neste momento, a quem idealizou a tática, até porque ela é a expressão de um temperamento e de uma cultura e o reflexo de uma posição especial em face do mundo. No Suécia-Portugal do dia 19 de Novembro de 2013, não houve Cristiano Ronaldo sem uma equipa que o ajudou a que as suas inteligência e personalidade se revelassem. Essa equipa teve um líder: Paulo Bento! E um gênio: Cristiano Ronaldo! E uma grande família à sua volta: Portugal!

Sou português e acabei por dar realce especial ao Cristiano Ronaldo. Mas eu sei que o Neymar e o Messi podem fazer o que o Ronaldo fez na Suécia. Todos eles são heróis da cultura, todos eles beneficiam de uma inteligência quinestésico-corporal de que bem poucos podem usufruir.

 

*Manuel Sérgio é antigo professor do Instituto Superior de Educação Física (ISEF) e um dos principais pensadores lusos, Manuel Sérgio é licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa, Doutor e Professor Agregado, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa.

Notabilizou-se como ensaísta do fenômeno desportivo e filósofo da motricidade. É reitor do Instituto Superior de Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares do Instituto Piaget (Campus de Almada), e tem publicado inúmeros textos de reflexão filosófica e de poesia.