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Perigo em vista

Caros amigos da Universidade do Fubebol,

Antes de mais nada devo ao menos uma explicação aos nossos leitores, tendo em vista minha ausência das últimas duas semanas. Como já havia anunciado, a EPFL (Associação Européia das Ligas de Futebol Profissional), onde atualmente atuo, esteve reunida em Assembléia Geral na última semana, o que demandou ao menos um mês de intenso trabalho em torno das questões a serem lá discutidas.

De fato, existe atualmente grande preocupação das ligas européias no desenvolvimento sustentável do futebol e na manutenção da integridade do jogo. Diversas são as frentes de discussão que permeiam o tema, incluindo a saúde financeira dos clubes, a atenção para as apostas ilegais, regras específicas para o investimento estrangeiro direto nos clubes, as interferências de terceiros nas transações de jogadores, a proteção contra a exploração de menores, etc. 

O futebol enfrenta atualmente um momento crítico, em que precisa definir qual é o melhor modelo de gestão de clubes e de competições tendo em vista a globalização e, mais recentemente, a crise econômica mundial. Com relação a esse último tema, felizmente, o futebol poderá ter menor impacto negativo do que outros setores da economia, como o imobiliário, por exemplo.

Um dos holofotes dessa discussão diz respeito à propriedade intelectual das ligas e clubes e a gravidade das respectivas ações ilegais de terceiros, como a chamada “pirataria online”.

Sabemos que a principal fonte de recursos dos clubes é proveniente dos seus direitos de imagem, especialmente “ao vivo”, que são comercializados com emissoras de televisão por valores historicamente crescentes (no Brasil, vide o atual acordo realizado entre Rede Globo e Clube dos 13). Esses recursos são indispensáveis aos clubes para que haja o reinvestimento em categorias de base, ações sociais, distribuição solidária entre clubes para desenvolivmento das ligas e manutenção do equilíbrio competitivo entre as equipes, etc.

O que o fenômeno da internet está propiciando, entretanto, é uma grande usurpação dos direitos de imagem das ligas e clubes por parte de sites que se organizam para oferecer transmissões online de imagens ao vivo ao público em geral, sem a devida autorização dos detentores dos respectivos direitos de imagem.

Por ora, a incidência é baixa no Brasil em comparação com a Europa. Mas a tendência é de crescimento mundial desta prática indesejável. Em grande escala, ela pode por em risco toda a forma de negócio atual dos clubes e ligas e estabelecer uma crise sem precedentes no nosso mercado.

Temos que batalhar por regras mais rígidas. Tanto por parte das autoridades públicas, como por parte dos reguladores do esporte. Todos têm que se unir contra esse mal.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br

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Você acha bonito ser feio? Até as casas de apostas usam softwares baseados em análise de performance…

Amigos leitores, começo me desculpando com vocês. Não gostaria de ser extremamente repetitivo, mas, tenho tentado trazer algumas questões que têm cercado nosso ambiente a partir de várias ilustrações do que vem acontecendo, tenho procurado novidades no mundo da tecnologia e futebol para trazer para vocês e propiciar um debate, uma discussão, a fim de aprofundarmos cada vez mais nossos conhecimentos acerca do tema.

Mas… Sempre há um porém… Ainda que alguns aspectos tenham notórias evoluções, sobretudo no quesito da tecnologia do espetáculo no futebol, o pessoal do marketing tem aberto cada vez mais a mente para as possibilidades tecnológicas em torno do show chamado futebol, lógico que em busca sempre da otimização (olha essa palavrinha de novo aí) dos lucros e das possibilidades mercadológicas, aumentando receita, consumo e assim sucessivamente.

Ainda assim, as pessoas que atuam no campo prático do futebol, cada vez mais, criam barreiras para manter-se distantes, e sabem o que é pior?… Acham isso o máximo, têm orgulho de tomarem tais atitudes. Dá vontade de perguntar mais ou menos aquilo que costumamos ouvir muito em conversas de alunos quando fazem brincadeiras entre si…Você acha bonito ser feio?

Eu, sinceramente, acredito que eles achem bonito ser feio. Essa minha revolta, caros amigos, pode seguir para vários rumos, mas ela germinou em cima de estudos que venho desenvolvendo sobre o campo de tecnologias de análise do jogo, de identificação de tendências, etc, etc.

E cada vez que buscamos desenvolver uma transposição para o campo prático temos de ouvir desses caras que acham bonito ser feio que essas coisas não se aplicam ao futebol.

Por quê? Que magia é essa que faz com que o futebol viva num mundo alheio, logo logo eles estão falando que essa crise econômica vai passar longe do futebol, porque o futebol é diferente.

Bom, vamos ser mais específicos. Minha indignação com tais pessoas do futebol germinou (ou diria que foi o que arrebentou minha úlcera imaginária) com base nessa onda de site de apostas que tomou conta do futebol em muitos casos com estouro de corrupção e máfias do apito pelo mundo, mas, cada vez mais, sendo normatizada e aceita como elemento do business futebolístico, seja patrocinando clubes, placas em estádios e outras possibilidades. Mas, não entrarei no mérito, pois não me considero um expert nesse assunto, que envolve desde questões jurídicas à questões éticas e de mercado.

Você pode se perguntar: e aí Eduardo, não entendi aonde você quer chegar, qual é a relação? Bom, é que esses sites de apostas entraram em meus estudos em dois aspectos diferentes nos últimos dias.

1.    Em matéria recente, a equipe cidade do futebol anunciou a reivindicação das ligas européias em relação as casas de apostas

2.    Tem aumentado cada vez mais estudos científicos, muito bem fundamentados, sobre tendências de vitórias baseadas nas escalações e nas ações de jogo

Essa crescente perspectiva, tanto do ponto de vista financeiro como do ponto de vista cientifico, refletem uma valorização desses aspectos, afinal, ciência, tecnologia e dinheiro, estabelecem diversas possibilidades de interação com infinitos propósitos positivos e negativos.

A questão é… Se baseadas em ações técnicas, táticas, baseadas em histórico de jogos, scout, analises de tendências e por aí vai, tais estudos têm surgido e ganhando valor no mercado, com softwares, sites de predição, etc… Por que ninguém no futebol pensa em analisar, adaptar, tirar proveito em relação a estratégias e planejamento de jogo?

Lógico que não podemos confiar cegamente num scout ou num relatório, mas se estudarmos possibilidades e confiarmos nosso planejamento em função de alguns elementos destacados por esses softwares e recursos tecnológicos, podemos diminuir as muitas “surpresas” que definem um jogo. O que falta ao futebol é os feios acharem bonito planejar, estudar, ainda que dê um pouco mais de trabalho.

O uso de dados, tendências, estatística, scout não é alheio ao esporte, sabemos que, na NBA, um técnico estuda para que lado o jogador gira e tem maior aproveitamento, com intenção de criar armadilhas e forçá-lo a ações pelo seu lado mais fraco.

E, convenhamos falar que futebol é algo completamente diferente do basquete, que a imprevisibilidade é maior, não é uma saída justificável. Basta vermos quanto tempo um jogador de futebol pode ter para desenvolver uma ação e quanto um jogador de basquete tem. Alias para desenvolver uma ação ofensiva eles tem 24 segundos no basquete, mas sempre virão alguns dizendo que no basquete é mais fácil pontuar, e blá… blá… blá.

Talvez se os feios do futebol resolvesse abrir a mente como abrem as pessoas do marketing, do bu$ine$$, do espetáculo e do financeiro futebol, talvez eles achariam bonito apostar algumas fichas em tecnologia e ciência.

Enquanto isso no que você aposta?

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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Ausência

Caro leitor,

Informamos que a coluna de Erich Beting não será publicada nesta segunda-feira e aproveitamos o espaço para pedir desculpas pelo infortúnio.

Esperamos que a situação seja normalizada na próxima semana e estamos trabalhando para isso.

Obrigado!

Equipe Cidade do Futebol

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Modelo de Jogo, estreitamento do campo e plataformas de jogo: o que uma equipe juvenil tem a nos ensinar sobre futebol

Hoje comentarei sobre um jogo muito interessante e didático. Diferente de outras vezes não vou falar sobre o Chelsea, Barcelona, Milan ou qualquer grande equipe de futebol profissional da Europa ou do Brasil.
Tamanha riqueza de possibilidades e estratégias oferecidas pelo jogo, comentarei hoje sobre uma “partida” entre duas equipes de futebol sub-17 do estado de São Paulo, em jogo válido pelo Campeonato Paulista de Futebol da categoria.
Se isso leitor, o desinteressou, pedir-lhe-ei um exercício de “boa fé”; leia até o final (porque não é só dos jogos do Milan e outras equipes profissionais que podemos tirar lições – e aí vou tirando as minhas).
Chamemos as equipes de equipe “A” e equipe “B”.
A equipe “A” (visitante) precisava da vitória no jogo. A equipe “B” (já classificada para a próxima fase da competição) com uma vitória seria a 1ª colocada do grupo (o que lhe traria algum benefício na fase seguinte).
Clima quente e muito úmido; sem vento. O campo de jogo não muito comprido (~92m) possuía uma largura proporcionalmente avantajada (~68m) . Em outras palavras, campo “pequeno e largo”.
A equipe “B” (a mandante), tinha como modelo de jogo:
Na organização ofensiva:
·         Progressão vertical (por vezes horizontal) ao campo de ataque (independente da região do campo de jogo).
Na organização defensiva:
·         Recuperação da posse da bola, com “ataques” e pressão (e não pressing) ao portador da mesma (alternando estratégias de marcação individual e mista) a partir da linha 1.
Na transição ofensiva:
·         Ações rápidas em progressão ao campo de ataque, sem retirar a bola da zona de pressão (alternando passes longos e curtos – e com estrutura de balanço ofensivo fixa).
Na transição defensiva:
·         Ações imediatas de ataque a bola (com estrutura de balanço defensivo fixa, alternando momentos de jogo com “sobra” e “sem sobra”).
A equipe “A” (visitante), tinha como modelo de jogo:
Na organização ofensiva:
·         Progressão ao alvo, com jogo vertical de passes curtos (independente da região do campo de jogo).
Na organização defensiva:
·         Pressing zonal (com predomínio da variável espaço em relação a variável tempo), alternando horizontalmente linhas 1 e linha 3 (predominando a linha 3), impedindo progressão ao alvo até a linha vertical “b” e buscando a recuperação da posse da bola após essa linha.
Na transição ofensiva:
·         Rápida ação de retirar a bola da zona de pressão (horizontalmente) e busca posterior imediata de progressão ao alvo.
Na transição defensiva:
·         Alternando no jogo ações de recomposição da estrutura defensiva com ações de “ataque” a bola.
Em resumo, as equipes tinham nos seus sistemas organizacionais, propostas distintas. Analisemos um pouco mais a fundo a organização da equipe “A”.
Precisando vencer (e dadas as dimensões do espaço de jogo), a equipe “A” definiu como organização espacial inicial (quando se defendia) os estreitamento do campo de jogo. Então deixava a equipe “B” jogar pelas faixas laterais até a linha “b”, permitindo-lhe chegar até a linha de fundo (e dificultando-lhe os cruzamentos).

Como o pressing foi orientado para o domínio do espaço, a equipe “A” induzia a equipe “B” às regiões do campo que lhe fossem vantajosas para roubar a bola (mais especificamente forçando erros de passes).
Para a torcida “da casa” na arquibancada, a impressão de que os jogadores de sua equipe estavam “lentos” (o que na verdade estava acontecendo é que a equipe “A”, com seu pressing e estreitamento do campo, dava mais tempo do que o normal [para um pressing] para o jogador adversário permanecer com a bola, mas restringia-lhe opções espaciais para o desenvolvimento ofensivo do jogo [para depois roubar-lhe a bola]).
Como o pressing da equipe “A” era zonal, quando recuperava a posse da bola tinha melhor distribuição espacial no campo de jogo. Isso facilitava a retirada da bola da zona de pressão e a posterior progr
essão ao alvo.
A alternância de linhas horizontais de marcação (3 e 1) e dos princípios operacionais de defesa para essas linhas (equipe “A”) fizeram com que a equipe “B” não conseguisse encontrar equilíbrio ofensivo no jogo.
No 2º tempo da partida (o jogo já estava 3 a 1 para a equipe “A”) a equipe “A” teve um jogador expulso aos 10 e outro aos 30 minutos. Alterou sua plataforma de jogo mas não seu modelo.

Controlou sem bola o jogo e ainda teve chances de ampliar o resultado.
Apesar de ter a bola por mais tempo na 2ª etapa da partida, a equipe “B” não teve o domínio das ações do jogo (tinha uma falsa sensação!).
Final da partida, e o placar inabalável: Equipe “B” (mandante) 1 vs Equipe “A” (visitante) 3.
Foi um jogo de “gente grande”. Não dos vícios, maus exemplos ou velhos paradigmas dessa gente grande. Foi um jogo de jovens concentrados, determinados e versáteis, mas acima de tudo inteligentes e capazes de resolver “inusitadas” (inusitadas?) situações-problema do jogo.
Também oscilaram, tiveram seus momentos de desequilíbrio (não está aí um “fractal” da juventude?). Mas me “encheram” os olhos e por isso hoje, ao invés de discutir uma grande equipe européia resolvi discutir uma “adolescente equipe paulista”.

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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Ausência

Caro leitor,

Informamos que a coluna de André Megale não será publicada nesta sexta-feira e aproveitamos o espaço para pedir desculpas pelo infortúnio.

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F-1, futebol e atualização tecnológica

“Nada funciona direito se não fizermos realmente funcionar “
(Dirt Wolker)
Olá amigos. Tivemos na outra semana um acontecimento que pode muitas vezes servir de justificativa para aqueles que são críticos de carteirinha da tecnologia. Mas, tal fato pode nos mostrar, também, mais uma afirmação da importância que devemos dar a atualização do profissional do envolvido com o esporte.

Estamos nos referindo ao episódio da F-1 que aconteceu com Felipe Massa. A equipe Ferrari, sinônimo de prestígio e modernidade, utilizava um aparato eletrônico no lugar do “bom e velho pirulito” (aquela placa que um dos mecânicos segura na frente do carro para indicar o momento de mudar o  giro do motor e sair do pit stop). Eis que o responsável pelo “pirulito” e que estava agora no controle do botão para acionar a luz verde errou e deu o sinal antes do tempo.

Ah! Isso é culpa da Tecnologia!!!!!!! Se fosse o “pirulito” ele o abaixaria e logo em seguida o piloto cessaria. Com o sinal luminoso, isso não foi possível.

Com certeza essa foi a opinião predominante para o restante do domingo, somadas ainda a crucificação do mecânico responsável que, com o passar do momento, foi “absolvido” pela cúpula e pelo próprio piloto brasileiro. Sorte que tal mecânico não é técnico nem jogador de futebol no Brasil. Porque senão…

A questão é bem evidente e explícita no caso, o erro humano. A tecnologia vem para otimizar os processos, mas como já comentamos ela é desenvolvida por nós humanos e para nós mesmos.

Falta de preparo? Falta de capacitação? Será? Causa-nos estranheza essas dúvidas em meio a esse ambiente da F-1, tão marcado pelos avanços tecnológicos e pela precisão necessária. Mas o fato é que os erros podem acontecer como já aconteceram com o próprio mecânico quando do uso do “pirulito” com o então piloto Michael Schumacher.

Isso nos remete a uma questão que deve ser bem esclarecida: tecnologia não é sinônimo de perfeição, e sim de otimização, de aperfeiçoamento e melhoria para atingir os objetivos de forma mais eficaz. E como tal, requer uma atualização constante dos envolvidos. Uma atualização que vai desde a ambientação e o desenvolvimento de “intimidade” com os recursos até a transição necessária para a intervenção prática.

Outro fator que é muito comum no esporte é a falta de percepção naquilo que é determinante, ou poderíamos em alguns casos (no futebol temos muitos) dizer que há um receio de reconhecer a contribuição de um elemento tecnológico para seu desempenho.

Num evento da FIA ( Federação Internacional de Automobilismo) foi feita uma pergunta ao piloto italiano Jarno Trulli sobre como a tecnologia melhorava o dia-a-dia dele como piloto de F-1. O piloto numa ilustração perfeita do que dissemos no parágrafo anterior respondeu que como qualquer pessoa utilizava a tecnologia para se divertir, ouvindo ipod, vendo filmes de DVDs, etc.

Oras, num meio imerso profundamente em tecnologia como é a F-1, um piloto que tem incontáveis contribuições dos recursos e aparatos tecnológicos para com o seu desempenho, classifica o uso de um mp3 player como fator importante para ação de pilotar. Não que isso não traga contribuições, sobretudo nas questões de relaxamento e concentração, haja visto que já apareceram alguns críticos tentando classificar o uso do walkman de Michael Phelps na natação em Pequim como doping psicológico, mas isso são outros quinhentos.

A tecnologia não é a salvadora da pátria (bem que o Vasco da Gama gostaria) mas ela é, sobretudo, a capacidade de aplicação e utilização por parte dos profissionais, que devem, cada vez mais, dar abertura a essas possibilidades, sobretudo, capacitando-se e ajudando a desenvolver outras inovações.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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A mídia como parceira

Nas duas últimas semanas, você provavelmente ouviu algo sobre o lançamento do Museu do Futebol, na cidade de São Paulo. Primeiro grande museu temático da maior paixão do país, o início das atividades do espaço foi uma das mais maciças divulgações de mídia que o esporte assistiu nos últimos tempos.

Mas de onde será que surgiu tanta vontade assim para falar do lançamento?

Primeiro de tudo é um grande barato termos um espaço que sintetize o fenômeno que é o futebol no Brasil. Depois, a obra é uma das mais modernas que já se viu no país, completamente antenada com os recursos visuais que temos na atualidade. E, por fim, o projeto é capitaneado por uma empresa de mídia.

Sim, porque foi a Fundação Roberto Marinho quem bancou boa parte dos R$ 37 milhões que foram gastos para construir o museu. E, por isso mesmo, as Organizações Globo decidiram usar toda a sua força de mídia de massa para promover o Museu do Futebol.

Matérias nos seus veículos de mídia impressa e internet e, principalmente, ancoragem de programas nos mais variados canais do grupo integraram um pacote completo de promoção e divulgação do museu que fez com que todo o país soubesse que, no último dia 1º, o Museu do Futebol começaria a funcionar no estádio do Pacaembu.

Com a Globo puxando a fila, todos os outros veículos foram atrás da cobertura da inauguração do museu. Sim, porque a força da Globo impulsiona a cobertura de diversos outros veículos. Por isso mesmo, apesar de sua abertura ter sido na quarta-feira, o espaço contou com a presença de diversos visitantes. E como soubemos disso? Também pela imprensa…

A inauguração do Museu do Futebol pode ser usada como exemplo em aulas de marketing esportivo de como deve ser pensado um evento em conjunto com a mídia. Para que algo tenha sucesso de público, é preciso a divulgação pelos veículos. E aí está o grande gargalo que o esporte tem: como conseguir essa divulgação?

O caso do Museu do Futebol mostra que, para a mídia, o esporte tem de ser um produto, em que haja comprometimento do veículo em divulgá-lo porque isso gera benefício também a ele. E, além disso, é preciso ter conteúdo, para reforçar a cobertura jornalística em torno dele.

Por conteúdo entenda-se um bom jogo, uma boa disputa, emocionante. Por parceria, podemos dizer que é preciso fazer da mídia parte do negócio, mostrando os benefícios de aumento de audiência e, conseqüentemente, de anunciantes que ela pode ter com um evento.

O vôlei construiu sua história mais ou menos desse jeito. O futsal caminha para alguma coisa parecida. Nos anos 20, o futebol só decolou no Brasil a partir da junção com a mídia, que começava a dedicar páginas e mais páginas nos jornais para a modalidade, transformando-se nesse grande fenômeno de comunicação que é hoje.

Se o esporte começar a tratar a mídia como uma parceira cada vez maior para os seus produtos, o crescimento poderá ser ainda maior. Resta entender-se como produto e entender qual a função que a mídia tem nessa história. E aí é que está a dificuldade…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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Pra frente Brasil!

Há 12 anos, após um dos muitos gols do selecionado brasileiro na Copa do México (aquela do tri), o então radiante Presidente Emílio Garrastazú Médici, plagiando o nosso D. Pedro I, saltou de sua poltrona, sob os olhares assustados de seus secretários, e lá do Palácio das Alvoradas, bradou: Ninguém segura mais este país.

 

Acredito não haver necessidade de lembrar a todos o significado do governo Médici para a história sócio-política brasileira… E mais do que nunca, a partir daquela época passou-se a crer que o futebol poderia, de fato, servir como válvula de escape ou até mesmo como anestésico para uma nação à procura de sua identidade e de seu futuro.

 

E assim foi. Não só o futebol, mas todo o desporto, em diversos momentos da vida social brasileira, tem servido como agente de controle de conflitos sociais, canalizando para si tensões que certamente explodiriam contra aqueles que possuem o interesse de manter e reproduzir o atual estado de coisas. Para muitos, a culpa era do futebol em particular, ou até mesmo do desporto como um todo, agente de alienação popular…

 

Mas de lá para cá esse mesmo povo começou a dar mostras de que tudo poderia ser diferente. As Associações de Bairros, as Comunidades Eclesiais de Base, os Movimentos estudantis começaram a ganhar corpo. Em 1978, às vésperas da cerimônia de abertura de mais outra versão da Copa do Mundo, eclodiu no ar, lá pelos arredores de São Bernardo do Campo, um grito uníssono.

 

Seria Gil, nosso ponta direita? Teria sido Rivelino, liberado pelo departamento médico? Não, não era mais nada disso. Simplesmente os ferramenteiros da Saab-Scania, em greve já fazia algum tempo, recebiam a notícia de que também os trabalhadores da Ford tinham aderido ao movimento grevista.

        

Parece importante fixar todos esses momentos, não porque ingenuamente devamos acreditar que, enfim, chegou a hora em que a Copa do Mundo possa vir a ser considerada, apenas, uma disputa esportiva, e não uma questão de honra e afirmações nacionais a fomentar as emoções de todos os brasileiros durante todos os minutos de todos os dias em que ela se desenvolver, ou ainda durante todas as semanas imediatamente seguintes (quem sabe, até novembro) caso a seleção tenha sucesso.

 

A importância está na constância cada vez maior de momentos iguais ou semelhantes àquele mencionado. A cada instante a sociedade se volta para o debate de mais um tema. É como se, enfim, o gigante adormecido começasse a despertar.

 

E com essa impressão, o medo de torcer para “o” (e não “um”) Brasil campeão esvai-se na certeza de que esses momentos de alegria não mais abafarão o acordar do povo brasileiro.

Para interagir com o autor: lino@universidadedofutebol.com.br

*Lino Castellani Filho é Doutor em Educação, docente da Faculdade de Educação Física/Unicamp, pesquisador-líder do “Observatório do Esporte” – Observatório de Políticas de Educação Física, Esporte e Lazer – CNPq/Unicamp, e foi Presidente do CBCE (1999/2003) e Secretário Nacional de Desenvolvimento do Esporte e do Lazer/Ministério do Esporte (2003/06).



[1] Publicado no periódico Panfleto, do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Maranhão, UFMA. São Luis, MA, Julho de 1982. 

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Linhas verticais de marcação; princípios operacionais de ataque e de defesa; e as coisas que Claude Bayer não escreveu

Em uma de suas obras mais importantes, o francês Claude Bayer, propôs um olhar sobre os jogos esportivos coletivos através de princípios operacionais de defesa e princípios operacionais de ataque.

Para cada um deles (defesa e ataque) apontou três princípios orientadores de estratégias para cumprimento das ações defensivas e das ações ofensivas.

Segundo Bayer, os princípios de defesa seriam:

a)     Recuperar a posse da bola;

b)     Impedir a progressão do adversário (ao alvo ou terreno de ataque);

c)     Proteger o alvo de arremates e penetrações.

E os de ataque:

a)     Manter a posse da bola;

b)     Progredir em direção ao alvo;

c)     Finalização da jogada (ao alvo).

Em termos práticos, especificamente pensando em futebol (ainda que aspectos que discutiremos também se apliquem a outros jogos desportivos coletivos), os princípios operacionais de defesa e ataque compõem a dimensão organizacional do jogo. Isso quer dizer que as ações individuais e coletivas de uma equipe respeitam de forma predominante orientações que são regidas por esses princípios.

Então, o processo ofensivo de uma equipe de futebol em um jogo pode em geral estar associado (predominantemente) a um ou mais dos três princípios operacionais de jogo (o mesmo vale para o sistema defensivo).

Em outras palavras, uma equipe pode ter como estratégia dominante impedir a progressão ao seu alvo defensivo (quando se defende), deixando em segundo plano a recuperação da posse da bola ou a proteção do alvo. Dependendo do princípio operacional de ataque “dominante” da equipe adversária, impedir a progressão pode ou não ser vantajoso.

No jogo de futebol o êxito de uma equipe tem boa relação com a sua capacidade (da equipe) de alternar princípios operacionais “dominantes” de ataque e defesa, ajustando-os de acordo com as necessidades da partida e fragilidades do adversário, sem abandonar seu modelo de jogo.

Há porém uma lacuna deixada por Bayer (não aproveitada em maciça maioria), e que no futebol pode definir novas estratégias para o modelo de jogo e êxito no próprio jogo.

Na proposta do francês os princípios são na verdade “macro-princípios” orientadores das estratégias da equipe que “dominam e determinam” de forma geral as ações da equipe, mas que não interage integralmente com outras dimensões do jogo em sua plenitude (dimensões tempo, espaço, tarefa) e que por não apresentar flexibilidade acabar por engessar o pensamento tático-organizacional sobre o jogo.

Como exemplo façamos uma reflexão a respeito das linhas horizontais de marcação.

Não é incomum que tenhamos em uma equipe de futebol estratégias de marcação orientadas pelas linhas “1, 2, 3, 4 ou 5” (horizontais e virtuais). Então em situações e momentos específicos do jogo treinadores podem optar (por exemplo) por iniciar o combate ou tentativa de roubar a bola a partir das linhas 3 ou 4, ou pressionar alto a partir da linha 1.

De forma mais requintada pode definir que seu princípio operacional de defesa (dominante) seja “impedir a progressão ao alvo”, e que isso ocorra a partir da linha 2.

Pode por exemplo, utilizar a mesma linha de referência (a linha 2) mas definir como princípio operacional de defesa “recuperar a posse da
bola”.

E é aí que as lacunas começam a aparecer. Se já parece óbvio que (na perspectiva da orientação horizontal do campo de jogo) é possível estabelecer princípios operacionais de defesa (o mesmo vale para os princípios de ataque) diferentes tendo como referência as linhas de marcação (exemplo: na linha 2 = recuperar a posse da bola; nas linhas 3 e 4 = impedir progressão; na linha 5 = recuperar a posse da bola) imaginemos o que não é possível ao considerarmos as linhas verticais ou as faixas laterais, ou ainda uma composição entre referências horizontais e verticais.

O que quero dizer é que ao invés de tomarmos os princípios operacionais de ataque e defesa como princípios de orientação geral na ação dentro do campo de jogo, deveríamos entendê-los como “princípios de orientação regional” (de ataque e defesa) a partir de sua interação com o que eu chamaria de “referências operacionais” do jogo de futebol.

Então, a proposta é que transcendamos a idéia de princípios operacionais de ataque e defesa e alcancemos um entendimento fractal a partir de referências operacionais dentro do jogo.

Em outras palavras não mais pensemos em princípios operacionais de ataque e defesa, e ponto. Busquemos o entendimento, dentro do modelo de jogo, de como organizar princípios a partir de referências do próprio jogo (sejam elas da dimensão tempo, da dimensão espaço o da dimensão tarefa).

Busquemos por exemplo recuperar a posse da bola na linha 1 independente de qual linha vertical esteja ocorrendo a ação adversária; mas se ele alcançar a linha 3, que o princípio de defesa seja recuperar a bola somente quando o adversário atingir a linha “B”; e que enquanto estiver na “A” que apenas impeçamos a progressão ao alvo (progressão ao alvo?progressão ao campo de ataque) – em outras palavras busquemos estabelecer princípios que podem ou não ser diferentes a partir das referências verticais e/ou horizontais.

Mas se a referência não for a dimensão espaço e sim tempo ou tarefa (e/ou todas ao mesmo tempo; COMPLEXIDADE!), que a mesma interação possa ocorrer.

O jogo, assim como a vida é um fenômeno complexo. Os princípios (de ataque, de defesa, do jogo, da vida) também. Então, ou conheçamos e entendamos a complexidade; ou continuemos buscando a receita guardada na gaveta para o “arroz nosso de cada dia”.

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

è     Leia mais sobre o assunto em “Pensamento Tático“, Rodrigo A. Azevedo Leitão (2008).

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