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Sobre a saída de Dualib

Dualib se foi do Corinthians. Dizem que não volta mais. Depois de mais de uma década se sustentando no poder, não resistiu ao efeito MSI e largou mão do clube.
 
É fácil entender parte da razão da perpetuação de Dualib no cargo. Afinal, trata-se do segundo clube mais popular do país, o clube do coração do presidente da república e um dos clubes que mais atraem atenção da mídia e da população em geral. Os atrativos intangíveis são imensos, dificilmente oferecidos por qualquer outro tipo de atividade. Eu, no lugar dele, provavelmente também tentaria desfrutar dessa posição o maior tempo possível.
 
Acima de tudo, porém, a pseudo-deposição de Dualib do cargo ofereceu um grande argumento para aqueles que se posicionam contra a idéia do clube-empresa. Afinal, fosse o Corinthians uma empresa, e não um clube, poderia Alberto Dualib ter sido destituído do cargo? E se o clube fosse do próprio Dualib? Adiantaria alguma coisa os torcedores protestarem contra a sua permanência?
 
É essa, hoje, a grande briga que existe contra o formato empresarial dos clubes de futebol. Afinal, quando alguém compra alguma coisa, essa coisa é dela, e não dos outros. Supondo que Dualib fosse dono do clube, tudo que um torcedor poderia fazer caso discordasse desse fato, era deixar de torcer pelo clube. Foi o que aconteceu com o Manchester United, na verdade. Alguns torcedores ficaram tão desapontados com o fato de não ter nenhuma legitimidade de opinião contra o fato da família Glazer ter tomado comprado o clube que resolveram criar o próprio time, o FC United.
 
Bem ou mal, o regime associativo oferece canais mais diversos de acesso do torcedor ao clube, ainda que esses canais sejam bastante deturpados na realidade brasileira. Mas pelo menos eles existem. Um torcedor pode se associar a um clube, se tornar um conselheiro e eventualmente ter influência no poder decisório. É difícil, mas pelo menos existe a possibilidade de acontecer.
 
Um dos problemas, porém, é que o torcedor possui um comportamento naturalmente irracional, o que acaba deturpando a real legitimidade da sua opinião, principalmente no que se relaciona às questões administrativas. Acima de tudo, torcedores e conselheiros são motivados pela performance do seu clube e, portanto, suas opiniões e seus juízos serão diretamente influenciados pelo desempenho do time.
 
O que me leva a uma pergunta: Teria tudo isso acontecido caso o Corinthians estivesse no topo da tabela?

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br