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Quando se fala em exemplo de futebol para o mundo, logo se menciona a Europa, claro.

E quando se fala em exemplo de futebol Europeu, logo se menciona a Inglaterra, logicamente. Afinal, qual é a liga mais rica do mundo? Onde estão os melhores jogadores? Os maiores patrocinadores? A maior atenção do mercado? Inglaterra, claro.

Entretanto, porém, todavia, um novo fenômeno mercadológico vem tomando forma e despertando a atenção de todos quando se fala de desenvolvimento futebolístico: a Bundesliga.

A liga alemã vem, ano após ano, exibindo franco desenvolvimento e um modelo administrativo mais sustentável do que qualquer outro existente por aí. E os números comprovam. Hoje, a Bundesliga só perde em receita para a Premier League inglesa. No último relatório da Deloitte, a Bundesliga gerou 1,379 bilhões de euros contra 1,32 e 1, 16 da Primera Liga e da Serie A, respectivamente. A Premier League vai longe, com 2,2 bilhões de euros.

Logicamente que existem alguns fatores impulsionando a Bundesliga em relação aos campeonatos espanhol e italiano. Primeiramente, a Alemanha ainda está sob o efeito da Copa de 2006, que deve durar pelo menos mais uma temporada. Esse efeito aumenta o número de pessoas dentro do estádio, o que permite que a Bundesliga registre uma média de público de mais de 37 mil pessoas por jogo, a maior da Europa pela quinta vez consecutiva. Com isso, aumenta o potencial comercial dos clubes, fomentado pelos novos estádios construídos para a Copa. 

Além disso, a decadência do campeonato italiano, que enfrenta sérios problemas de público e de credibilidade após os recentes escândalos de arbitragem, e a concentração do poder comercial do campeonato espanhol na mão de dois clubes, Real e Barcelona, permitem que a Bundesliga consiga se sobrepor dentro do cenário.

Mais impressionante, porém, é o fato da Bundesliga ser também a liga mais rentável entre os principais campeonatos europeus. Mais, até, do que a Premier League. O lucro da Bundesliga na temporada 06/07 foi de 250 milhões de euros, 78% maior que o lucro da Premier League, que foi de 140 milhões de euros. Aos olhos dos investidores, portanto, é natural que a Bundesliga comece a tomar um lugar de destaque no mercado.

Naturalmente, esse cenário de grandes margens de lucro vem com um preço. Boa parte do lucro da Bundesliga é proveniente de uma forte política de controle de salários para jogadores. A Alemanha, de um modo geral, não consegue segurar jogadores mais qualificados porque não consegue competir no mercado. Como essa é uma situação comum à grande maioria dos clubes, ela não apresenta problemas internamente. Externamente, porém, é outra história. Grandes lucros internos significam pouca performance externa. Não é de se estranhar, portanto, que sejam raros os casos de clubes alemães que conseguem alcançar estágios mais avançados da Champions League, uma vez que as suas folhas salariais não se equiparem aos padrões ingleses, italianos e espanhóis.

Na indústria do futebol, como em quase qualquer outra coisa que existe, tudo que acontece tem um preço. Inclusive o lucro. Resta o velho dilema: ganhar dinheiro ou ganhar um jogo?

Typisch.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br