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Mito ou verdade. A utilização de scout no futebol (parte I)

Nessa seqüência de texto, cuja primeira parte iniciamos hoje, vamos trazer uma reflexão simples, com um olhar crítico como sempre, mas que ilustra como acreditamos que deve ser encarada, nos clubes, a questão da utilização do scout, e diria, mais precisamente, da “tecnologização” do scout, porque muitas vezes a tão famosa resistência que encontramos no meio do futebol é fundamentada no embate perspicácia humana x falta de maleabilidade do scout.

É o que o psicanalista (lembrem que em um dos textos, eu falei que nem Freud explicava, mas a gente tenta…)Waldemar Zusman denomina de “inércia dos mitos”.  O termo “inércia” remete as nossas aulas no colégio, quando o professor de física definia como “a resistência encontrada por um corpo para deixar sua condição de conforto (movimento ou repouso)”. Bom, imagino que, como eu, muitos devem ter pavor das aulas de física, mas fiquem tranqüilos, paramos por aqui.

Em tempo, onde falarmos scout, a referência é feita em relação ao scout com amparo tecnológico.

Diz Waldemar Zusman: “A inércia de um corpo não significa sua imobilidade”, mas sim uma conformidade com o que está ocorrendo,  e é isso que vemos no futebol, talvez por excesso de confiança, talvez por falta de aptidão de lidar com tecnologia, o que é normal para gerações que não cresceram imersas nesse mundo moderno.

Há um receio em sair da zona de conforto, e essa tal mobilidade é dada a passos lentos que não significam segurança e pés no chão, mas sim, a falta de uma visão mais integrada e aberta às possibilidades. É como se houvesse um consenso que não podemos nem precisamos aprender mais, nada pode nos ensinar a fazer o que fazemos há tantos anos, há uma inércia, e essa está fundamentada nos mitos.

Zusman afirma que: “Não se pode subestimar o poder inercial dos mitos, vale dizer das crenças e das crendices a que há mais de 6.000 anos estamos submetidos. Os mitos são o poder de propulsão das inércias históricas, o seu combustível essencial, seu ímpeto”.Criam-se os mitos e, em função deles, vem a inércia, adquirem tanta importância que desenvolve-se uma força que os sustentam e impede mudanças.

Vou ilustrar com um exemplo recente, mas reforço que tenho profunda admiração e respeito pelo trabalho dos profissionais envolvidos nessa história, apenas tomo como referência por se tratar de assunto tão recente. E a competência dos profissionais envolvidos só nos realça que a  questão é mais profunda, para além da comissão técnica, que em algumas vezes deseja algo diferente mais esbarra nos interesses ou na falta dele  por parte de quem está nos bastidores  do futebol (dirigentes, imprensa, etc).

A equipe do Internacional, dirigida pelo excelente e competente técnico Tite (ainda que alguns não o considerem desta forma), vai enfrentar o Boca Juniors e enviou o auxiliar-técnico para a Argentina para observar o jogo do Boca contra o River Plate.

Importantíssimo, extremamente necessário para o futebol hoje, conhecer seu adversário, sua fase atual, não tenho a menor dúvida.

Mas aproveito tal notícia para refletirmos sobre os mitos e verdades, que estabelecem uma inércia marcante no futebol, e não é em relação aos profissionais (neste caso sem aspas mesmo) em questão, mas sim em relação a uma atitude comumente utilizada pelos clubes brasileiros.

Mito ou verdade: É muito melhor mandar alguém pessoalmente fazer uma análise porque fazer tal avaliação por vídeo, não permite observar algumas características imprescindíveis, que só quem estiver no campo, consegue avaliar.

Mito ou verdade: Os custos para a utilização do scout são muito altos para a realidade brasileira, os clubes não possuem condições de investir.

Bom, deixo aqui um desafio ao amigo que me acompanha, quero saber sua opinião, escreva para a coluna, o que você considera acerca desses dois itens indicados. Na próxima parte desse texto proponho-me a expor as idéias e debater com todos, a fim de que possamos enriquecer essa discussão conjuntamente.

Aguardo sua opinião, escreva.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br