A tendência ao longo da última temporada européia, apontou para uma janela de inter-temporada fraca. A situação econômica européia não melhorou, os bancos estão na míngua, a libra caiu e o mercado está inseguro e avesso a risco. Um péssimo cenário para a transferência de jogadores entre clubes, ainda mais com os altos valores praticados pelo mercado nos últimos anos não só com transferências, mas também com salários. Difícil acreditar que haverá uma crescida salarial. Por isso, é natural que os jogadores prefiram manter seus contratos atuais. Um contrato novo pode significar menos dinheiro no bolso.
Entretanto, existem esperanças. Duas, para ser mais específico. Uma se chama Manchester City, que deve despejar algum petróleo no mercado para comprar jogadores de renome. Com isso, ele permitirá que os clubes que tenham vendido também se abasteçam com novos jogadores, e assim por diante, criando um ciclo que pode favorecer o mercado de um modo geral. A outra esperança se chama Florentino Pérez, que bastante possivelmente será novamente presidente do Real Madrid. Ele foi o grande responsável pela era dos Galáticos, e promete replicar o projeto. Ibrahimovic, Kaká e Cristiano Ronaldo são seus alvos declarados. Outros de grande quilate devem pintar. E aí vai descer dinheiro pra todo mundo.
O problema pro Brasil é que o jogador brasileiro está em relativo período de baixa. Dos quatro semifinalistas da Champions League, nenhum tinha brasileiros como peças fundamentais em seu esquema, tirando talvez o Barcelona com o Daniel Alves. Mas só. É muito pouco para um país que forma tantos jogadores. Além disso, os três times já campeões nas cinco principais ligas da Europa – Manchester United, Barcelona, Inter de Milão – também não possuem brasileiros como seus principais destaques. Talvez também dê pra adicionar o Júlio César e o Maicon para fazer companhia ao Daniel Alves, mas, novamente, é muito pouco. Os prováveis campeões da França e da Alemanha, Bordeaux e Wolfsburg, até tem brasileiros como destaques. Mas talvez a pequena representatividade desses clubes não seja o suficiente para compensar o cenário moldado pelas outras ligas.
A esperança, no entanto, é o Shakhtar. Esse sim é formado basicamente por brasileiros. E foi campeão da Copa da Uefa, o que já é alguma coisa. Não que vá despertar o interesse supremo dos mercados de ponta, mas certamente motivará clubes mais intermediários, de ligas menos famosas e representativas. O sucesso do Shakhtar pode fomentar o desejo dos clubes médios europeus por jogadores brasileiros, principalmente daqueles em que o dono é magnata e quer sucesso em curto prazo. E esse mercado, se não prima pelo valor, certamente prima pela quantidade. A vitória do Shakhtar pode ativar significativamente a janela de transferência para jogadores brasileiros.
Se isso vir a acontecer, virá muito bem a calhar para clubes e grupos de investimentos no Brasil. Essa janela é a janela que clubes e grupos efetivamente colocarão os seus modelos de negócio à prova. Jogador precisa ser vendido rápido. O risco de manter um atleta para valorizar é muito alto e quanto mais velho o jogador fica, mais cai o seu valor de mercado. Portanto, para clubes vendedores e para investidores, é extremamente importante que essa janela seja aquecida.
Se não, vai ter que ficar para 2010. E aí, para alguns, pode ser tarde demais.
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