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Inteligência competitiva

Muito tenho ouvido de amigos, reclamações sobre decisões dos dirigentes dos seus clubes do coração, sobre contratações, ou a falta delas, em busca da melhoria dos elencos e, consequentemente, da busca por títulos nas distintas competições.

Ao mesmo tempo, como torcedores inteligentes e críticos, sabem que os clubes também não devem realizar loucuras administrativas que ponham em risco o seu fôlego financeiro no médio-longo prazo.

Como resolver este impasse? Uma das respostas, um tanto óbvia, é investir na formação de jogadores em suas categorias de base. O problema, aqui, é o tempo que se leva para bons jogadores surgirem e se somarem aos elencos – a torcida, em geral, não tem paciência para esperar tal tempo…

Outro caminho é aproveitar oportunidades de mercado com jogadores experientes e que se encaixem no perfil desejado pelo clube, sem onerar o orçamento e, dentre outros obstáculos, sem concorrer em leilões com clubes de maior capacidade de investimento.

E como isso seria possível? Inteligência competitiva.

Segundo o site da Associação Brasileira de Inteligência Competitiva, ela é “um processo informacional proativo que conduz à melhor tomada de decisão, seja ela estratégica ou operacional. É um processo sistemático que visa descobrir as forças que regem os negócios, reduzir o risco e conduzir o tomador de decisão a agir antecipadamente, bem como proteger o conhecimento gerado. Esse processo informacional é composto pelas etapas de coleta e busca ética de dados, informes e informações formais e informais (tanto do macroambiente como do ambiente competitivo e interno da empresa), análise de forma filtrada e integrada e respectiva disseminação”.

Portanto, os diretores de futebol do seu clube deveriam buscar o máximo de informações possíveis sobre o mercado de jogadores no Brasil e, por que não, no exterior, com fontes que lhe sejam confiáveis, tais como treinadores, preparadores físicos, médicos, jornalistas, outros jogadores, para formar sua convicção quando tomarem uma decisão de contratar um candidato.

Normalmente, decisões como essa envolvem contratos de prazo longo e valores altos, razão pela qual devem ser minimizados os riscos em benefício da instituição.

E a maioria dos dados e informações são de acesso facilitado e público. Por exemplo, o próprio site da CBF informa sobre a vigência dos contratos dos jogadores com os clubes no Brasil.

Fernando Carvalho, respeitado ex-presidente do Internacional e que hoje desempenha função como diretor de futebol, revelou, recentemente, em entrevista, que possui uma caderneta onde anota e comenta todas as informações referentes aos jogadores que, supostamente, interessam ou podem vir a interessar ao seu clube. Também confirmou que seu processo de tomada de decisão passa por inúmeros conselhos dos profissionais citados acima. 

Resultados práticos em contratações onde a relação custo x benefício causou espanto positivo no mercado do futebol: Yarley (seguido desde quando atuava no Paysandu e contratado junto ao Dorados do México); Andrezinho (promissor no Flamengo e que veio ao final do contrato com o ex-clube coreano após quatro anos); Arilton (jovem lateral do Coritiba que despertou a atenção do dirigente na última partida disputa entre os dois clubes em 2008. Veio de graça, sem pagamento de transferência, pois o contrato havia terminado); Guiñazú (adversário de clubes brasileiros quando atuava pelo Libertad do Paraguai e se destacava pela articulação do jogo e vigor físico).

Portanto, no mundo dos negócios em que se encontra o futebol, a margem de erro nas decisões é cada vez menor. Nada será por mero acaso, sorte, azar. Será resultado de muito trabalho.

Inteligente. E ético. Procure essa palavra no texto, pois ela está aqui. 

Para azar do dirigente acomodado em sua cadeira e que dá meio-expediente no seu clube.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br