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Processo de treinamento: os conteúdos a serem desenvolvidos nos treinos não se resumem a preparação física

Tradicionalmente no futebol, o planejamento de treinos em curto, médio e longo prazo está associado a preparação física.

Isto quer dizer que é comum que a organização de cargas de treinamento seja, principalmente, orientada pela distribuição longitudinal de estímulos que desenvolvam capacidades “físicas”. Os aspectos técnicos, táticos, psicológicos e sócio-culturais ficam, então – ao menos para efeito de “planejamento” -, em segundo plano na programação.

São até folclóricos, no futebol, casos de treinadores que só resolviam o que treinar minutos antes da sessão de treino começar. Planejamento quase zero!

O processo de desenvolvimento do treino, para alcançar o jogar que se pretende, é um projeto de aplicação de cargas que devem estimular a evolução desse jogar, considerando todas as dimensões do jogo de futebol (física, técnica, tática e psicológica – dentro das particularidades que identificam as características sócio-culturais do meio).

Então, da mesma maneira que tradicionalmente os preparadores físicos vêm desenvolvendo e aplicando os conteúdos inerentes ao que chamam de “preparação física”, é necessário que para o desenvolvimento do jogar, outros conteúdos sejam considerados no planejamento.

Obviamente que mesmo que os conteúdos “físicos”, “técnicos”, “táticos”, etc., sejam levados em conta no planejamento para melhor preparação do futebolista, a grande contribuição deles na evolução do jogar só pode ser real se forem, os conteúdos, organizados como sobrecarga de treinamento de maneira integrada (e integral!).

Isso quer dizer que além de se conhecer e considerar os conteúdos das dimensões que englobam a preparação desportiva do jogador de futebol, é necessário que na prática do treino esses conteúdos sejam desenvolvidos de maneira não-fragmentada.

E se essa ideia não vale apenas para a preparação de uma equipe durante uma temporada qualquer, vale também, e muito mais, para o processo de desenvolvimento de conteúdos na formação de jogadores nas categorias de base.

Da mesma maneira que a dimensão física, fragmentada, é o conteúdo que acaba por reger os demais no planejamento e processo de treinamento em uma equipe profissional, nas categorias de base é também muito mais comum que se saiba que tipo de “estímulo físico” deve ser dado a cada faixa etária ou categoria, do que qual conteúdo técnico ou tático.

Se pensarmos em planejamento em longo prazo, para desenvolvimento de todos os conteúdos de maneira integrada, aí então que grande parte das nossas categorias de base, Brasil adentro, realmente está perdida, e não tem a menor ideia do que fazer.

Alguns projetos em nosso país começaram, ainda que de certa forma,
tardiamente, a se preocupar com isso.

E não tenho dúvidas: quando a grande maioria das equipes profissionais e departamentos de categorias de base acordar, aquelas e aqueles que hoje já vêm tentando estruturar esses conteúdos vão estar bem na frente.

Que toque o despertador!

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br