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Gestão de crises

É interessante como a solução recorrente nos clubes de futebol do Brasil, quando atingidos por alguma crise que se torna pública, colocam a culpa nas pessoas, demitindo-as ou as afastando dos trabalhos regulares. Seria essa a melhor alternativa para resolver todos os seus problemas?

Importa considerar que ainda impera em alguns clubes uma mentalidade um pouco “canibal”, em que determinados grupos internos tentam derrubar os que estão no poder, causando zonas frequentes de instabilidade, impedindo uma comunicação eficaz a partir de uma ação mais planejada para se gerir uma crise.

Casos como o do Flamengo diante de seu maior ídolo, Zico, que tomam rumos de uma catástrofe meteórica em poucos dias, mostra o quão despreparada é a gestão do clube em momentos negativos. Por isso, questiono:

1) Há um Código de Ética distribuído para todos os funcionários para mostrar como devem se comportar em relação à imagem e à marca da entidade?

2) Como deve ser o comportamento de um gerente de futebol (por exemplo) perante o ambiente externo e o mercado?

3) Isto está previsto na análise e descrição de cargos, no departamento de recursos humanos? Qual o perfil desejado? Como é o processo de recrutamento e preparação das pessoas que ocupam determinados cargos gerenciais?

4) O que fazer quando ocorre um determinado problema? Existe uma comissão que pensa estrategicamente nisso?

Todos esses questionamentos e devaneios fazem parte de uma reflexão maior, procurando entender se a solução de crises não estaria no modelo de gestão ao invés de estar nas pessoas. A opção de manipular os recursos humanos pode não ser tão eficaz quanto analisar, entender e preparar todos os processos internos de gerenciamento da organização afim de se evitar situações desconfortáveis para a imagem institucional do clube.

Impressiona como muitos clubes, em plena era da informação e do conhecimento, não têm o maior cuidado em preservar a imagem do presente e de suas mais belas histórias. Não preparam uma base de suporte para que a gestão seja bem sucedida no médio e longo prazo, dando sustentabilidade para os resultados esportivos, com um pensamento uniforme. Lamentável que as pessoas, de um modo geral e de maneira míope, enxergam apenas as quatro linhas do campo de jogo.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br