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Liberdade de imprensa?

Na reta final da votação do primeiro turno das eleições presidenciais, o tema “liberdade de imprensa” ganhou espaço, não apenas no noticiário, mas também no próprio discurso do presidente Lula. O debate acalorou-se ainda mais na última semana, quando o jornal “O Estado de S. Paulo” desfez-se dos serviços da psicanalista Maria Rita Khel, uma de suas articulistas.

O centro da decisão do jornal foi um artigo escrito por ela, em que se coloca relativamente contra o “Estadão” na decisão da escolha do candidato às eleições. Em seu texto, a articulista defende Dilma Roussef, candidata que não tem a preferência do veículo. Sim, o jornal já havia dito, publicamente, em editorial assinado na capa da edição do domingo anterior à eleição, que apoiava José Serra, e um dos motivos alegados era o de que Lula, o presidente, tentava cercear a liberdade de expressão da imprensa.

Cerca de duas semanas depois desse texto, o mesmo “Estadão” deixou de ter em sua equipe uma pessoa que publicamente posicionou-se de maneira diferente da do jornal. A saída de Khel foi a gota d’água para que o debate sobre liberdade de imprensa fosse ampliado, com o “Estadão” deixando a posição de vítima para a de vilão.

Em meio a muita discussão, o ponto crucial foi deixado de lado. O que é, afinal, liberdade de imprensa? E qual é a liberdade do profissional de imprensa? Esse é um dos pontos mais fundamentais do exercício da profissão de jornalista, e infelizmente é deixado de lado na maioria dos cursos de jornalismo, o que gera uma grande falha no exercício da profissão dentro dos veículos.

Mas o que tudo a isso tem de ver com o esporte? Bem, no meio esportivo, esse debate seria fundamental para aprimorar a qualidade do profissional de imprensa que trabalha no dia-a-dia da profissão.

A liberdade de imprensa é o direito de qualquer veículo divulgar uma informação verídica. Uma democracia depende disso para poder ser considerada uma democracia de fato. Afinal, quanto mais livres para expressar suas opiniões forem os veículos, mais direito a encontrar diferentes opiniões tem a população de um país.

Mas à liberdade de expressão da imprensa se opõe outro tipo de forma de expressão, que é a liberdade de expressão do profissional de imprensa. E, essa, infelizmente, é limitada.

Apesar do que é dito nas faculdades de jornalismo, o jornalista não é livre para expressar sua opinião. Essa liberdade termina, necessariamente, nos interesses comerciais do veículo para o qual aquele profissional trabalha.

A origem da imprensa foi exatamente quando o primeiro dono de um veículo definiu que criar um veículo para defender um ponto de vista, falando para um determinado tipo de público. Um país democrático tem diversos veículos de imprensa, exprimindo diferentes pontos de vista, dando às pessoas a liberdade de decidir qual tipo de informação quer consumir.

Foi isso o que aconteceu no caso do “Estadão”. A liberdade de expressão do jornalista (ou, no caso, do seu articulista) se encerra a partir do momento em que aquilo que ela escreve vai de encontro ao que pensa o veículo para o qual ele trabalha.

Nos veículos esportivos, vemos constantemente isso acontecer. Jornalistas que colocam os microfones a serviço do patrão. Não há erro algum nisso, desde que ficasse claro qual é o interesse do veículo com esse tipo de ação. Não é, muitas vezes, o caso.

Liberdade de imprensa é algo extremamente importante. A liberdade do profissional de imprensa, porém, tem um limite. E isso é que deveria ficar muito claro para quem recebe a informação.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br  

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Chief Football Officer

Não sou afeito a estrangeirismos à toa. Acredito que a língua portuguesa é rica e pródiga para que o que se queira expressar seja encontrado.

Da mesma forma, não radicalizo os usos e costumes linguísticos que preservam aquilo de essencial que venha do estrangeiro.

Com efeito, em reuniões profissionais nos ambientes corporativos e publicitários, é absolutamente frequente – e, para mim, exagerado – o uso destes termos.

É CEO pra cá, CMO pra lá, C alguma coisa… Invencionices para deixar de chamar estas pessoas de Diretor disso ou Diretor daquilo.

Pois bem, já que a sede por mudanças e modernidade em nosso futebol é enorme, proponho a criação do CFO: Chief Football Officer.

Isso se deve ao fato de que o tão sonhado cargo de manager, que Luxemburgo sempre postula, realmente é tão necessário quanto raro em sua existência nos clubes brasileiros e na existência de profissionais com o perfil para ocupá-lo.

Também difere radicalmente do diretor de futebol, pois este se alimenta – oficialmente – da paixão que dedica ao seu clube e não é remunerado por isso e, na maioria dos casos, o planejamento que segue é riscado em reuniões realizadas informalmente em jantares e baseado em suas convicções administrativas e políticas.

Rodrigo Caetano personifica o melhor deste incipiente cargo que defendemos.

Ex-jogador profissional do Grêmio, ele teve a carreira interrompida por uma lesão, antes de embarcar para a Espanha na década de 1990. Não lamentou. Ao contrário, foi complementar a sabedoria adquirida na prática com o curso de Administração de Empresas e outros cursos de pós-graduação na área de gestão esportiva.

Virou referência unânime de bom trabalho nos quatro anos no clube gaúcho, que o levaram ao Vasco. Na vitrine nacional, está cotado para assumir cargo executivo na CBF, pois Mano Menezes conhece de perto seu trabalho.

Suas planilhas com informações de jogadores brasileiros, bem como a rede de relacionamentos com empresários, agentes e treinadores é um dos trunfos que provoca tamanho interesse em contratá-lo.

A diretoria que acaba de assumir o Grêmio está mais preocupada em convencer Caetano a voltar ao Olímpico que manter Jonas no clube no ano que vem.

Paulo Odone, o presidente eleito, disse que o clube já tentou outros profissionais para o cargo, mas o perfil “boleiro” atrapalha o trabalho de longo prazo.

Literalmente, o futebol brasileiro carece de Executivos-Chefe de Futebol (CFOs) como Caetano.

Aliás, manager, no bom português, significa gerente, e, no meu organograma, ficaria abaixo do CFO.

O que deixaria, naturalmente e, por meritocracia, Luxemburgo submetido ao trabalho de Caetano

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br