Inspirado no FIAT Mio, apresentado neste último Salão do Automóvel como o carro conceito da montadora italiana e construído completamente pela opinião de internautas a fim de detalhar o carro do futuro é que estabelecemos o tema desta coluna. A pergunta naturalmente recai sobre a forma com que os clubes e o futebol como um todo tem se preparado para aproximar-se do seu público por meio de redes sociais.
Lembramos aqui de iniciativas como os “Fantasy Football”, promovidos pela Uefa, Fifa e em terras tupiniquins pelo SporTV, que compila a montagem de equipes pelas pessoas em uma espécie de “concurso” para ver quem é que escolhe os melhores atletas e times, fazendo um paralelo com o que ocorre na realidade das competições. No mesmo caminho, Uiner.com e Peladeiro.com.br, oferecem ferramentas para os grupos de amigos se organizarem socialmente e montarem festividades e eventos corriqueiramente. O caso do Corinthians com a “República Popular do Corinthians” também é um bom exemplo de uso das redes sociais para relacionamento com o seu público.
A utilização destas redes tem sido percebida como um fator de extrema relevância para aproximar pólos em torno de interesses comuns, facilitando em muito as ações de marketing em face da segmentação, uma vez que os indivíduos hão de procurar pela internet apenas aquilo que lhes causa maior apreço.
O que difere o exemplo do primeiro parágrafo com o do segundo é o aproveitamento desta comunhão de interesses para finalidades de melhorar e aperfeiçoar os produtos e serviços oferecidos pelas organizações.
Daqui partimos para o levantamento de inúmeras ações possíveis para que os apaixonados torcedores dos clubes possam definitivamente participar com ideias, sugestões, críticas e opiniões que ampliem a atuação deles dentro da organização.
Estabelecer um canal de relacionamento com a massa de aficionados poderá ser capaz de contribuir para a criação de novas campanhas para atração do torcedor para o estádio, de gerar maiores e melhores canais de consumo dentro das praças esportivas, da criação de novos produtos, do comportamento e características de jogadores a serem contratados, da proteção à marca e história do clube, dentre outras.
Enfim, o avanço para um lado ou outro deste tipo de contato com as redes sociais dependerá das condições possíveis de adaptação de cada entidade, que são os fatores culturais da organização, e pode ir até o limite da nossa imaginação. Importa frisar que essas hipóteses não podem proporcionar ingerência de terceiros, mas devem sim aproximar o clube de seus stakeholders.
Percebo que muitos clubes tratam ainda seus torcedores como meros delinquentes que apenas querem saber de protestar quando a equipe vai mal. Os temem ao invés de prestar atenção para os seus anseios com a finalidade de estabelecer uma aproximação maior, que oportunize um leque mais amplo de consumo à sua marca.
Philip Kotler tem batido bastante nesta tecla, conforme já mencionei em outras oportunidades nestas colunas a partir da ideia de seu livro, o “Marketing 3.0”. Fechar os olhos para aquilo que as pessoas dizem sobre os seus negócios pode se tornar um grande pesadelo no médio-longo prazo.
Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br