Reproduzo abaixo, com alguns ajustes (que permitem sua publicação), uma carta que enviei a alguém do futebol, que admiro pelo trabalho e caráter, e que está ligada a questões relativas ao processo de formação de jogadores nas categorias de base no futebol.
Vejamos:
“Em um processo plurianual de formação de jogadores, visando a excelência e o alto nível competitivo, é fundamental que haja uma visão ampla e clara daquilo que se deseja construir, em curto, médio e longo prazo.
Assim como diversas áreas da ciência, o conhecimento essencial sobre a preparação e formação desportiva está pautado em construtos basais e básicos. Esses construtos sustentam toda elaboração de um planejamento de treinos, seus conteúdos e seus ajustes (atividade a atividade, sessão a sessão, semana a semana, mês a mês, ano a ano).
Dentro de um processo bem elaborado para bom desenvolvimento e evolução da performance individual e coletiva dos jogadores, é necessário que, da planificação das cargas de treino (cognitiva, fisiológica, bioquímica, psicológica) até sua expressão na prática do dia a dia (expressão técnica, física e tática), haja um controle refinado (monitoramento) das respostas aos estímulos.
O respeito aos controles (e o acúmulo destes em bancos de dados), permite e é essencial para que, cada vez mais, haja maior clareza nas previsões de futuro (de possíveis desgastes, ou necessidade de ajustes para melhor performance), e na validade do planejamento.
Bons planejamentos e bons controles permitem bom direcionamento dos conteúdos de treino.
Planejamentos e controles excelentes permitem antecipar resultados e problemas que podem surgir (o que garante ajustes mais finos dos conteúdos de treino; e então melhores resultados).
Décadas e mais décadas de estudos (desde, ou talvez, anteriores a 1896) levaram as Ciências do Desporto, a alcançarem resultados jamais imaginados com relação ao desempenho humano em atividades esportivas competitivas.
O acúmulo de conhecimento propiciou o aperfeiçoamento metodológico, estímulos mais precisos e respostas cada vez melhores.
Conhecimento, planejamento, controle.
Todos os conteúdos de um treino (cognitivos, fisiológicos, neuromotores, bioquímicos / técnicos, táticos, físicos) dentro de um processo organizado de distribuição de cargas, devem se relacionar integralmente uns com os outros.
No cerne de todo planejamento, deve haver uma linha condutora de todo o processo (com conteúdos coerentes, condizentes e necessários).
Interferências que além de acontecerem em momento inoportuno, venham a desrespeitar dentro do processo, o planejamento organizado, correto e competente, acabam por romper com aquilo que se conseguiu construir – e turvam a imagem do objetivo final.
Não planejar, ou planejar errado, é planejar a derrota. E a derrota aqui, não se refere à perda ou conquista de um campeonato. Derrota aqui, diz respeito a perder de vista a excelência na formação de jogadores; significa fazer o processo ficar mais lento, com menos qualidade; significa, como negócio, perder dinheiro.”
É isso…
Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br