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Lições gaúchas

A novela envolvendo a contratação de Ronaldinho Gaúcho por algum clube brasileiro deveria ser usada como exemplo de como destruir a imagem de uma pessoa em menos de uma semana.

Ronaldinho não deveria deixar se tornar pública qualquer negociação em torno de sua volta. Ronaldinho não deveria ter sido tão omisso durante esse processo de definição de destino. Ronaldinho não poderia, em meio a um processo de escolha, mostrar tanto descuido com a sua imagem. Ronaldinho deveria ter se preocupado com a imagem que deixaria ao flertar com todos e não acertar com ninguém.

Mas não é só o jogador que erra. Tem ainda o seu empresário, o irmão Assis (que também foi craque de bola, mas péssimo fora das quatro linhas), que não se omite de maneira alguma, mas toda vez que aparece para falar, mostra o quão despreparado está para tratar da gestão da carreira de seu irmão.

Mas ainda tem a imprensa, que dá corda, aceita a palavra de qualquer um (clube, jogador, empresário, dirigente, papagaio, cachorro, galinha…) para formular teses brilhantes e publicar nos sites, jornais, rádios e televisões. A falta de compromisso com a informação (e, consequentemente, com o consumidor) dá lugar à necessidade de compromisso com a audiência (e, consequentemente, com o patrão).

E, claro, no meio disso tudo fica o torcedor, inflamado pelas teses mirabolantes da mídia, pelos discursos de ego ferido dos dirigentes, pela paixão irracional que consome qualquer apaixonado.

Com tanta lengalenga, algumas lições ficam claras.

Enquanto a imprensa não for crítica na concentração de esforços para determinar o que é, de fato, notícia, continuaremos a nos deparar com histórias sem-fim como a de Gaúcho e seu destino.

Uma coisa, pelo menos, está mais do que clara. O apetite do jogador para dar a “volta por cima” em gramados brasileiros é tão grande que ele não sai das churrascarias…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br