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Novo Rico

Quando eu era pequeno, tinha um amigo que era meio quebrado. Vida simples e sem maiores luxos. Em determinado momento, o pai ganhou uma bolada. Da noite pro dia, ou do dia pra noite, a vida mudou. Carrão, apartamento novo, restaurantes caros, viagens e afins. Tudo sem lá muita preocupação de esconder. Esbanjamento, leia-se.

Pois bem. Isso tudo é meio estereótipo de novo rico. Gente que está acostumada com pouco, mas que, quando recebe muito, faz questão de mostrar pra todos. Muitas vezes, recebe só um pouco mais do que normalmente recebia, mas gasta muitas vezes a mais do que o valor real do aumento. É uma tentação difícil de resistir. Satisfaz o ego como poucas coisas na vida.

É mais ou menos a essa tentação que alguns clubes do Brasil não estão conseguindo resistir. Clubes do Brasil hoje ganham como nunca ganharam na vida. Considerando a desvalorização das principais moedas frente ao Real, então, nem se fale. O poder econômico do futebol brasileiro no mercado de transferências teve um aumento real significativo no último par de anos.

Apesar de alto, porém, esse aumento nem de perto justifica o custo que os clubes começaram a assumir. O mercado brasileiro nem de longe está maduro o suficiente para justificar as transferências que estão acontecendo. Apesar de tudo, o desenho da indústria do futebol brasileiro não mudou. Ainda somos exportadores de talento, e desenvolvemos nossas atividades em função disso. Não somos importadores. Não temos nem dinheiro e muito menos uma boa razão para alterar esse panorama.

Mas isso não está sendo levado em conta. A hora é de gastar. No momento, o que importa é satisfazer o ego.

Isso tem um preço.
Em poucos anos ele será cobrado.

Meu amigo que o diga.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br