Ou revolta, levante, rebeldia, sedição.
Forte oposição ao estado de coisas.
O futebol brasileiro passa por isso.
Quase que coincidentemente com as manifestações populares no mundo árabe, que ameaçam a estabilidade – baseada em premissas não-democráticas – dos governos e seus governantes.
O Clube dos 13, entidade legitimada a representar os interesses dos maiores clubes do futebol do Brasil está ruindo, num período delicadíssimo, o da concorrência para se definir a venda dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro entre 2012 e 2014.
Como pano de fundo, a manipulação política de CBF-Globo x Record-C13.
A disputa não é meramente comercial, mas de poder político.
Varias alegações mercadológicas podem ser consideradas de cada lado.
A Globo, por entender que ela é que possibilitou o aumento do valor das competições do futebol brasileiro – das nacionais às internacionais, passando pelas estaduais.
A Record, porque quer justamente a audiência que o futebol já oferece à Globo, mas também prometendo ter a flexibilidade de horários na grade e o pagamento de um plus sobre a posição favorável de que goza a emissora carioca junto ao edital de concorrência.
O Clube dos 13, alegando que, pela primeira vez, uma concorrência real possibilitaria também um aumento real no valor de venda dos direitos – e não ficar à mercê do que a Globo ofertasse num mero reajuste, não no efetivo acréscimo.
E a CBF?
Esse é o verdadeiro problema.
A entidade sempre agiu tal qual os Estados Unidos frente aos regimes ditatoriais que se alinhavam a sua política externa, incluindo Egito e Arábia Saudita, na atual crise do Oriente Médio e países árabes.
Os americanos precisavam garantir certa estabilidade política, para fazer valer seus interesses comerciais. Quando a estabilidade política vencia ou não se sustentava nas mãos dos tiranos, muda-se o tirano, não o regime.
A CBF provocou essa instabilidade, pois ela precisa assegurar o lucrativo mercado que a seleção brasileira tem em mãos e que só foi possível graças à aliança longeva com a TV Globo.
Até porque a CBF não ta nem aí com o Campeonato Brasileiro. O que lhe interessa é a seleção brasileira e a Copa 2014.
Mexeram com a Globo, mexeram com a CBF.
A motivação é econômica, não política.
A política é a cortina de fumaça nessa história.
It’s the economy, stupid!
Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br