Muitos de nós, que trabalhamos na indústria do futebol, em algum momento, tivemos o sonho – mais, ou menos, plausível – de se tornar jogador de futebol.
Naturalmente, neste sonho, nos víamos marcando gols, fazendo belas jogadas, levantando taças e troféus, por grandes clubes brasileiros e, altar-mor, jogando pela seleção brasileira numa Copa do Mundo.
A partir da década de 1990, esse sonho passou a incorporar a atuação por grandes clubes da Europa, para coroar o êxito de uma carreira iniciada no Brasil, bem como desfrutar da polpuda remuneração inerente a esta realidade.
Eis o resumo geral daquilo que move muitas famílias espalhadas pelo “país do futebol”. Na maioria dos casos, é também a redenção do sustento dos seus integrantes.
Entretanto, chama a atenção, há certo tempo, a qualidade da produção, da condução e da abordagem do programa Expresso da Bola, do canal pago Sportv.
Nas mãos de Decio Lopes, a quem tive o privilegio de conhecer em um evento em 2008, o programa fica saboroso.
Somos levados a ter contato com o dia-a-dia de nossos ídolos que jogam no exterior, além da história e da organização dos clubes que lhes acolheram.
Ficamos sabendo como é a vida da família do jogador, o convívio com os colegas, como foi a adaptação no clube e na cidade.
E o que mais chama a atenção é o fato de que todos os protagonistas dos programas transmitem grande maturidade pessoal, principalmente porque aprendem e apreendem aquilo que a Europa tem de melhor a oferecer.
Percebe-se uma verdadeira imersão cultural dos jogadores, pela gastronomia, arte, educação.
O exercício pleno da cidadania, que gostaríamos de ter – e oferecer – por aqui.
Vendo por esse lado, fica fácil saber por que Zé Roberto, hoje no Hamburgo e ídolo na Alemanha, desde os tempos de Bayer Leverkusen e Bayern de Munique, declarou ser muito difícil trocar o padrão de vida da família na Europa para um ambiente de insegurança e falta de respeito às pessoas que ainda vigora no Brasil.
E isso era uma coisa que, eu, quando menino, nos meus sonhos, apenas imaginava almejar algum dia.
O que jamais me movia era o dinheiro. Era a rica experiência de vida.
Enquanto uns amigos desejavam um intercâmbio estudantil nos Estados Unidos, eu queria um intercâmbio cultural na Europa, tendo como profissão o futebol.
Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br