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Agentes do destino

Deveria ter enviado este texto antes aos meus editores da Universidade do Futebol.

Entretanto, por um conjunto de fatores alheios à minha vontade, o fiz com certo atraso, sujeitando-me às punições cabíveis e devidas.

Quis alguma força maior que houvesse visto o filme “Agentes do Destino” antes de publicá-lo.

A mesma força que me faz, uma vez mais, invocar um bom filme para escrever sobre o mundo do futebol, de forma análoga.

David Norris (Matt Damon) é um político importante com uma carreira promissora, mas um escândalo atrapalha a sua corrida ao Senado. Tão logo perde a disputa pela vaga, ele conhece a enigmática Elise, bailarina por quem se apaixona.

Contudo, homens com estranhos poderes de interferir no futuro aparecem do nada e começam a pressioná-lo para que ele não dê continuidade a este romance porque isso poderá atrapalhar o futuro de ambos.

Como se houvesse um plano pré-definido por alguém, os dois não podem ficar juntos, ainda que o protagonista não só sinta como queira a mulher ao seu lado para toda vida.


 

Neste fim de semana, o futebol brasileiro teve muitos heróis e vilões.

Homens agindo a favor ou contra o desfecho das histórias.

Gols feitos. Gols perdidos. Pênaltis marcados. Pênaltis defendidos.

Ah, se aquela bola na trave tivesse sido gol…

Talvez seu time, nesta segunda-feira, iria achar que estava tudo bem, com mais uma taça no museu e menos pressão por melhorar a gestão, o marketing, as finanças, o futebol…

Nossa vida é a soma de todas as coisas. Muitas delas dependem de nossa vontade, de nossos esforços, do livre arbítrio que diferencia os homens dos animais.

Um outro tanto talvez esteja além de nossa capacidade de interferência e compreensão.

No meio disso, devemos exercitar nossos planos com convicção, e suportar os resultados, sem transferir culpa ou responsabilidade.

Tentar, enfim, ser pelo menos um dos agentes do nosso próprio destino.

Segunda-feira é um ótimo dia pra começar.

Inclusive para não entregar esta coluna semanal com atraso.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br  

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Jornalista é notícia?

Na semana passada, os jornais esportivos da hora do almoço na Globo e na Band dedicaram parte de seu tempo com reportagens sobre a Copa Nike Aceesp de Imprensa, que acontece na capital paulista. Os dois programas deixaram de noticiar outros fatos relevantes do universo esportivo para dedicarem sua reportagem ao torneio disputado entre jornalistas.

No último domingo, o programa “Pânico na TV” produziu uma matéria sobre o embate entre os colegas de imprensa, mas o foco da pauta era polemizar sobre a briga entre o comentarista da Band Neto e o apresentador do Globo Esporte Tiago Leifert. Em determinado momento da reportagem, os repórteres questionaram Mauro Beting, comentarista da Band e de diversos outros veículos, sobre o que ele achava da briga e quem teria razão:

“Ninguém tem razão. Nem quem acha que jornalista é notícia. A imprensa não pode ter essa importância toda”.

Os repórteres caíram no riso e brincaram com Mauro, dizendo que ele tinha acabado de “estragar a pauta”. Mas aí é que é o ponto. Jornalista, realmente, é notícia?

A discussão sobre isso passa, necessariamente, pelo debate do que é notícia. O que é relevante para o consumidor da informação? O que a pessoa que vai comprar o seu jornal, ler a sua revista, ligar a TV ou o rádio e clicar na internet espera?

Dedicar parte de um programa de 20 minutos para falar sobre uma partida de futebol entre jornalistas é um pouco demais da conta. Muito mais ainda é perder tempo discutindo se um ou outro jornalista está com a razão dentro de um conflito de ideias, algo absolutamente natural de acontecer e salutar para o desenvolvimento do processo democrático.

Quase sempre vivemos nos extremos. Ou o noticiário deve ser denso e crítico, ou então leve e descontraído. Essa é a graça do surgimento dos veículos de imprensa. A função é exatamente defender um ponto de vista e comunicar-se para aqueles que têm interesse naquele tipo de informação e, mais do que isso, de forma de abordagem do noticiário.

Não podemos incorrer no erro de acreditar, porém, que a notícia é o jornalista. Qual a relevância em saber, dentro do noticiário de esportes, sobre o feito alcançado por um profissional da imprensa? Não seria mais correto com o consumidor abordar o tema pelo qual ele se propõe a dedicar o seu tempo?

O jornalista pode ser a notícia, desde que tenha sentido abordá-lo como tal. O que não se pode admitir é a busca sedenta do profissional por virar notícia. Mesmo que seja de forma “ingênua”, como no relato de um simples torneio entre jornalistas.

Notícia é notícia. A função do jornalista é relatar para o público o que ele presenciou ou descobriu.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br